Briga em três atos
Cap. 08_
_Bom, acho que a solução é bem simples. _Pedro comentou lentamente, como se tivesse levado muito tempo para chegar a essa conclusão _Entramos no quarto dela, reviramos suas coisas e achamos o mapa.
O ar parecia palpável ao redor deles. Tinham acabado de voltar da detenção, sujos e cansados, e encontraram Frank esperando por eles ao lado da lareira. Pedro, ao seu lado, roia as unhas nervoso, enquanto ele contava que encontrara Lílian mexendo nas coisas de Thiago de manhã. Ele riu, supondo que provavelmente ela só estava procurando artigos de logros para confiscar, sem saber a gravidade do que acontecera.
Thiago percebeu antes do que qualquer outro, porque ele sabia que Lily conhecia o mapa. Seu rosto ficou branco feito giz e ele procurou os olhos de Pedro, procurando a confirmação.
O amigo fez um mínimo sim com a cabeça, e Thiago exclamou um palavrão alto, que fez um pequeno grupo de meninas em uma mesa próxima olha-lo com reprovação.
_VOCÊ DEIXOU QUE ELA VISSE O MAPA?! _o berro de Sírius explodiu na mesa em que estavam, alguns minutos depois de Frank ter ido embora. Thiago acabara de contar o que tinha acontecido e Pedro confirmara que realmente era o mapa que tinha sido roubado.
_Sabe, eu não tirei o mapa do bolso e falei assim “olha, Lily, olha o que eu tenho aqui” _ele retrucou irritado _Foi um acidente.
_Ótimo, chega, não nos serve de nada ficar aqui discutindo se alguém tem culpa disso ter acontecido. _Remo declarou sabiamente.
_Mas não estamos discutindo. _Pedro objetou _Acho que todos concordamos que a culpa é do Pontas. _Thiago fechou a cara para ele.
_Quero dizer que nossa energia será mais bem gasta se pensarmos em como trazer o mapa de volta.
E desde então estavam sentados, discutindo como reaveriam o mapa.
_Lily não é idiota, Rabicho. _Remo respondeu a única idéia que lhes surgira até então _Ela não deve ter deixado o mapa no quarto. Deve estar levando-o consigo para todos os lados, provavelmente enfiado dentro da blusa.
Lílian sabiamente não aparecera no salão comunal o dia inteiro.
_Bom, eu não me incomodaria de enfiar a mão dentro da blusa dela e pegar o mapa. _Sírius resmungou _Espero que ela saiba que eu não tenho pudor o bastante para me impedir de fazer isso.
_Faça isso, Almofadinhas _Thiago respondeu com os olhos estreitos _se você não tiver amor à vida.
Sírius ignorou-o. _Bom, então sabemos o que precisamos fazer. _ele se inclinou sobre a mesa, para chegar mais perto dos amigos _Precisamos achar Lily. Ela está nos evitando, porque sabe que nós sabemos, e está em vantagem porque tem o mapa. Mas precisamos descobrir onde ela está. E aí a encurralamos. Somos quatro, não é impossível.
_Espera, espera, _Thiago se pôs de pé com um pulo e se inclinou sobre a mesa com uma careta _Está sugerindo que nós vamos atacar Lily?
Sírius também afastou a cadeira e encarou-o como se ele fosse insano _Mas é claro que vamos atacar Lily.
Thiago riu, descontraído, e voltou a ficar reto, mas quando voltou a falar sua voz e sua expressão eram um contraste perfeito de sua risada, fria e cortante.
_Não se atrevam a tocar nela. _ele falou para os três _Se fizerem isso, juro que não respondo pelas conseqüências.
Sírius se pôs de pé repentinamente. Sua expressão era agressiva e indignada. Pedro se encolheu na cadeira. Remo ficou em pé, também, pronto para apartar um possível duelo. Diversas cabeças se viraram para olhar. Essa era a primeiríssima vez, em sete anos, que Thiago e Sírius brigavam e ninguém sabia exatamente qual seria o resultado daquilo. Sírius podia ser bem mais forte do que Thiago, mas Thiago ainda era o apanhador mais rápido do século. Seus reflexos eram infinitamente melhores que os de Sírius.
_Está ameaçando seus amigos? _Sírius sibilou com uma voz cortante _Por ela?
Thiago parecia ainda menor quando comparado ao Sírius bravo. Sírius era, pelo menos, duas vezes mais forte do que ele, mas quando Thiago o encarou não demonstrou nenhuma espécie de medo, e nem mesmo receio.
_Estou avisando meus amigos de algo que eu sou capaz de fazer e que aparentemente, eles não sabem.
Sírius ficou encarando-o com uma expressão furiosa por alguns segundos. Todos na sala o encaravam com expectativa.
_Tudo bem. _ele murmurou contrafeito por fim e baixou a voz _Você tem uma semana para tirar esse mapa das mãos dela. _e deu lhe deu as costas _Senão vai ser do meu jeito. _e subiu a escadaria, batendo os pés.
Remo desmontou na cadeira. Pedro se descontraiu.
Thiago bagunçou os cabelos, despreocupado, e então saiu pelo buraco do retrato.
***
Remo ficou ainda algum tempo sentado a mesa, sozinho, depois de Pedro ter seguido Sírius para o quarto. Ficou batucando com a pena no tampo da mesa, pensando exatamente o oposto do que Lily receava que ele fosse pensar.
Não chegara a conclusão, ao contrário do que ela imaginara, de que ela se aproximara dele para ter mais chances de roubar o mapa. A hipótese sequer passava por sua cabeça. O que ele pensava, na verdade, era em quais seriam as conseqüências daquilo.
Porque estava bem nítido, para ele, apesar de não estar tanto assim para os outros três, que Lily se afeiçoara imensamente a Thiago. Mas, assim que ele descobriu o que ela tinha feito, entendeu o porquê de tê-lo feito. Ela ainda nutria um sentimento muito forte por Severo Snape. Era claro como água. Obviamente, tinha a esperança de que, tendo o mapa do Maroto, conseguiria controlar melhor as atividades do sonserino.
Não queria perdê-lo. Não queria perdê-lo com tanta facilidade para o lado das trevas.
Remo deu um suspiro cansado, parando de batucar e recostando-se a cadeira. Mas será que ela compreendia a complexidade do que tinha feito? Será que percebia o quanto os laços já frágeis que Thiago tentava criar com ela ficariam abalados?
Na realidade, nem ele sabia ao certo qual seria a reação de Thiago à pequena traição. Thiago tinha o hábito de surpreender os amigos. Talvez ele não se importasse realmente com isso. Talvez ficasse com mais ciúme do que com raiva, e o primeiro se sobressairia. O fato é que ele gostava muito da garota. Muito mais do que qualquer um deles poderia ter imaginado que ele fosse capaz. Remo se deu conta disso, no momento em que ele pulou da cadeira para enfrentar o melhor amigo, simplesmente para defendê-la.
Será que Lily tinha consciência da força do sentimento que tinha nas mãos?
Remo levantou-se, cansado de ficar sentando, e resolveu ir atrás dela. Se ele a encontrasse antes de Thiago, talvez pudesse explicar-lhe isso. Talvez pudesse a convencer a devolver o mapa. Talvez ela entendesse que Sírius e Pedro nunca a deixariam em paz enquanto ela estivesse em posse daquilo.
Mas quando ele cruzou o retrato da mulher gorda, uma pequena figura atravessou seu caminho e o fez parar.
Tonks, surpresa com o encontro casual, já que normalmente era ela quem os causava, ficou paralisada também. Remo tinha os cabelos mais acinzentados do que quando ela o conhecera, e olheiras mais profundas também. Mas seus olhos continuavam tão doces quanto os que ela se lembrava de ter conhecido no Expresso de Hogwarts.
_Hei, Tonks. _ele cumprimentou com uma animação que ele não sentia no momento _Viu a Lily por aí hoje?
Tonks fechou a cara imediatamente. Tudo, exatamente tudo o que figurava nos pensamentos de Remo, em sua ingênua opinião, era Lily Evans.
_Não, não vi. _ela retrucou com maus modos _E desejo profundamente não ver novamente. _e saiu batendo os pés pelo corredor.
Remo ficou estático por um momento. Já percebera, não era cego, é claro, que Tonks andava se esforçando o máximo que podia para ser desagradável. Mas atribuía isso ao início da puberdade. Afinal, ela tinha só onze anos de idade. Não podia esperar dela uma maturidade que ele próprio não tinha em sua idade. Mas voltar-se contra Lily daquela forma? O que ela tinha feito à garota?
_Tonks. _ele chamou, caminhando atrás dela, mas ela não se virou _Tonks, volte aqui, agora.
Tonks finalmente parou, virou-se e cruzou os braços, em um legítimo ato de desafio. _O que foi? _ela perguntou ríspida _Agora que não sabe onde ela está, lembrou-se que eu existo?
Remo fez uma careta. _Mas que diabos... ?
Parecia ter sido o estopim. Tonks tinha um temperamento forte e impulsivo e, agora que encontrava a oportunidade de falar, não parecia muito impelida a parar.
_É isso mesmo! _ela descruzou os braços e começou a berrar, no meio do corredor _Desde que começou a andar com ela, você praticamente não passa nenhum tempo comigo!
Remo pareceu em choque. Tonks bufava a sua frente, sem fôlego. Diversas pessoas que passavam por eles, a caminho da sala comunal, viravam a cabeça para olha-los. Constrangido, ele segurou o braço da garota e puxou-a até uma sala vazia.
_Isso _Tonks jogou-se em uma cadeira quando ele a soltou e ele apontou ameaçadoramente para ela _que você está dizendo é um absurdo.
_Não, é, não! _ela cuspiu as palavras com agressividade _Você começou a trazê-la para nossas aulas! Depois, começou a me evitar!
_Tonks, você estava sendo intratável! _ele tentou argumentar, com um tom urgente na voz _Estava sendo grosseira. Você é jovem, achei que precisava de espaço. E eu lhe dei espaço.
_Não, não deu! _ela gritou ainda mais alto _Você precisava de espaço para si mesmo! _e levantou-se _Para vocês dois! Foi esse espaço que você fez questão de garantir.
_Tonks... _Remo murmurou, aproximando-se dela _Você está sendo irracional. Eu lhe apresentei Lily porque ela é monitora chefe. _Tonks bufou _Ela é aluna modelo. É inteligente. Todos os professores gostam dela. Ela podia ajudar você mais do que... E NÃO FAÇA ESSA CARA DE POUCO CASO, TONKS! _ele interrompeu o que dizia, vendo a expressão de descaso da garota.
_Isso mesmo, Remo... _ela murmurou e voltou a se sentar _Fica mesmo babando por ela.
Ele encarou-a por um segundo e então sacudiu a cabeça, cansando. _Você está sendo muito infantil, Tonks. Achei que você fosse mais madura do que isso.
Ela deu de ombros. _Vai ver você achou errado. Vai ver você nunca me conheceu mesmo, de verdade.
_Conheci, sim. _ele sibilou e inclinou-se sobre sua carteira. Tonks ergueu os olhos para o rosto a centímetros do seu _Você é uma menina meiga, gentil, esperta e educada. Mas você não está sendo essa menina agora.
Os olhos dela encheram-se de água e ela apertou os lábios. _Porque isso não era o bastante, não é mesmo? Isso não me fazia chegar nem perto dela...
_Mas porque você está se comparando a ela?! _ele perguntou exasperado, se afastando novamente _Ela é anos mais velha do que você. É óbvio que existem algumas coisas nela que você...
_POR ISSO EU VOU FICAR EM SEGUNDO LUGAR AGORA?! _ela berrou interrompendo. As lágrimas desvencilharam-se de suas pálpebras e desceram por suas bochechas _VOCÊ PREFERE FICAR COM ELA, PORQUE ELA É MAIS VELHA, MAIS BONITA, MAIS INTELIGENTE? NÃO É JUSTO EU COMPETIR COM ISSO! PORQUE SE EU FOSSE VOCÊ _ ela completou, rancorosa _EU TAMBÉM ESCOLHERIA ELA!
_Mas, Merlin, quem disse que eu preciso escolher uma de... _mas ele ficou mudo, de repente, entendendo, subitamente, onde ela queria chegar. Ele ficou paralisado, no mesmo lugar, encarando o rosto choroso a sua frente _Tonks, você está... _ela se encolheu mais na cadeira, percebendo que tinha, obviamente, ido além dos limites. Ele franziu os olhos e ficou alguns segundos mudo, incapaz de concluir a frase que iniciara _Está com ciúme? _ele terminou por fim, usando uma palavra muito mais leve do que a que pretendia.
Ela entendeu que não era isso que ele queria dizer. Entendeu que por trás dos olhos cinzentos, uma outra pergunta muito mais indiscreta fora ocultada. Mas não respondeu.
_Eu... _ele murmurou, constrangido, depois de mais alguns longos segundos silenciosos _Eu acho que... _ele começou a caminhar, de costas, em direção à porta. Ele parecia cansado e muito mais abatido do que antes de entrar na sala _Acho que é melhor não nos vermos mais. _e virou-se para a porta.
_Remo... _Tonks chamou, baixinho, mas ele não deu atenção. Abriu a porta e saiu para o corredor, batendo-a atrás de si.
Tonks enterrou a cabeça nos braços e começou a chorar com ainda mais vontade.
***
Belatriz atirou-se no vão entre uma estátua e a parede, quando a porta da sala se abriu e Remo Lupin marchou para fora, com a expressão devastada de quem não dorme há séculos.
Quando ele sumiu na outra ponta do corredor, Bela se levantou com um sorriso cínico e vitorioso no rosto. Fez a curva no corredor mais próximo, e uma varinha ergueu-se a sua frente, barrando seu caminho.
_Espionando? _ela virou o rosto, passando pela mão que empunhava a varinha, pelos braços fortes depois dela e finalmente para o rosto sério e impenetrável. Mas ela não precisava fazer isso para saber que era Sírius Black.
_E você, não? _ela perguntou com o mesmo sorriso, e colocando uma mão na cintura.
_Só os idiotas respondem uma pergunta com outra pergunta. _ele retrucou e ela estreitou os olhos.
_Saia do meu caminho, Black. _e tentou passar por ele, mas ele segurou seu braço e empurrou-a contra a parede.
_Eu vi você seguindo o Remo. _ele afirmou com a voz baixa e sibilante.
Ela arqueou uma sobrancelha _Está com ciúme?
Sírius riu. _Se eu não conhecesse você, Bela, estaria. _e ficou sério novamente _O que você está tramando?
_Não acho que seja da sua conta. _ela respondeu, displicentemente, dando de ombros, e tentou soltar-se. Sírius empurrou-a novamente.
_Thiago me contou que Greyback foi atrás do Remo. _Belatriz continuou impassível _E não faça essa cara de quem não está entendendo, porque você sabe do que eu estou falando. Greyback está unindo forças com esse Lordezinho não sei das quantas. _Belatriz abriu a boca, ofendida _E ele veio atrás do nosso Remo, tentando convence-lo a se juntar a ele...
_Ora, Sírius, eu nem faço idéia do que você está falando... _ela se debateu tentando se soltar, com uma expressão zangada e ultrajada, mas ele segurou-a novamente.
_Então, se você estiver tramando alguma coisa para... _ele ignorou-a e continuou _Para levá-lo até ele, ou para forçá-lo de alguma forma, Bella...
_Pare com isso, Sírius, eu não tenho interesse nenhum em Lupin! _ela se debateu com ainda mais força.
_Se você se meter com ele, _ele continuou como se ela estivesse ouvindo docilmente o que ele dizia _se fizer qualquer coisa que o faça sofrer, eu juro que faço você sofrer em dobro.
Bella parou de se debater. _Está me ameaçando? _ela perguntou com uma voz fraca e apontou para si mesma _A mim? Eu era sua namorada, Black, por Merlin! Será que isso não vale nada?
_Era, é? _ele perguntou, finalmente soltando-a _Mas ele é meu amigo. Então, cuidado com o que você faz, porque se você se mete com um Maroto, Bella, você se mete com todos.
Belatriz apoiou-se à parede, com uma expressão desolada. _Você seria capaz de me... De me machucar, Sírius? _ele não respondeu, apenas encarou-a com o mesmo olhar sério e penetrante, e ela deu de ombros, simulando um desinteresse que, na verdade, não sentia _É claro, eu devia imaginar que na sua balancinha de latão o peso dos seus amigos é bem maior do que o meu. _e, desviando-se dele, saiu caminhando com passos elegantes e leves pelo corredor. Quis fingir que não se importava com o que tinha acabado de ouvir. Mas, seguindo o exemplo de Tonks, trancou-se na primeira sala vazia que encontrou e ficou se torturando, durante a meia hora seguinte, repetindo a si mesma que ela nunca tivera, para Sírius, o mesmo valor que seus amigos tinham.
***
Thiago não estava tão preocupado assim com o que Lílian podia fazer com o mapa. Para ele, seus amigos estavam sendo neuróticos e paranóicos, já que a ruiva não fazia a minimíssima idéia de como faze-lo funcionar.
Também não tinha pretensão nenhuma de encontrá-la no dormitório, no salão principal ou nos jardins. Ele, ao contrário dos demais Marotos, a conhecia suficientemente bem para saber que o único lugar onde ele a encontraria, agora, o único lugar para onde ela ia sempre que tinha nas mãos perguntas sem respostas, o único lugar onde ela se sentia verdadeiramente protegida de qualquer outra coisa, era a biblioteca.
Entrou silenciosamente, o que atraiu mais a atenção da jovem bibliotecária, Srta. Pince, do que teria atraído se tivesse entrado aos berros, como era comum. Sem encontrar motivos suficientemente bons para brigar com ele, ela contentou-se em voltar ao velho e empoeirado registro de empréstimos que lia, e ele começou a contornar as mesas, procurando os cabelos acaju de Lílian Evans.
Encontrou-a em uma das mesmas mais escuras e mais afastadas, entre as estantes mais empoeiradas do fundo da biblioteca. Aproximou-se devagar, olhando-a por entre os espaços vazios nas prateleiras, tentando não chamar sua atenção.
_Vamos, seu mapa velho e burro. _ela resmungou, baixinho, passando sobre a superfície do mapa uma borracha reveladora. Thiago franziu o nariz ofendido. _Deve haver um jeito de você _e esfregou a borracha com mais força _Funcionar.
_Ora, Lily... _ele murmurou aparecendo entre as estantes _Se o acha tão burro e velho assim, por que não o devolve?
Lily pulou na cadeira, surpresa e enfiou o mapa, rapidamente, dentro da blusa do uniforme, passando-o, sem muita delicadeza, por cima dos botões enfileirados e fechados da camisa branca.
Thiago olhou o mapa desaparecer por dentro da gola da camisa e ficou pensando que seria realmente muito fácil derruba-la da cadeira, abrir-lhe a blusa e tirar-lhe o mapa a força.
Então ele forçou-se a lembrar que aquela era Lily, no intuito de diminuir essas idéias ridículas.
Mas, lembrar que era Lily, não diminuía sua vontade de abrir-lhe a blusa.
“Lugar Público, Pontas!” _sua consciência emendou rapidamente “Lugar Público!”
_O que quer? _Lílian perguntou, defensivamente, enquanto ele ocupva a cadeira a sua frente de forma relaxada e despreocupada _Veio aqui para tentar levar o mapa à força? _seus olhos faiscaram _Por que eu estou com a minha varinha, Potter. _ela levantou uma sobrancelha com malícia _E eu ainda sou a melhor aluna do NIENS de feitiços.
Thiago curvou-se para frente e deu um suspiro calmo _Eu não vim aqui atacar você. _Lílian estreitou os olhos desconfiada _Eu vim perguntar se você tem a mínima idéia do que você fez.
Lílian pensou por alguns instantes. Então de ombros. _Roubei uma coisa sua. _ela respondeu por fim _Uma coisa que você definitivamente não deveria ter. Então, mesmo que você me denuncie, não acho que você vá conseguir explicar para que usava isso, e como o criou, para início de conversa.
Thiago inclinou-se para trás, deixando apenas dois pés da cadeira no chão. _Quem disse que eu vou denunciá-la? Isso nem passou pela minha cabeça.
_Então, o quê? _ela perguntou cruzando os braços.
Thiago soltou a cadeira e ela voltou com um baque ao chão. _Lily, mas será possível, que mesmo depois de sete anos, você não aprendeu nada sobre os Marotos? Nada mesmo? _Lílian não respondeu, nem esboçou nenhuma reação _Eles vão vir atrás do mapa, Lily.
_Eu não tenho medo deles. _ela retrucou, séria.
_Não estou pedindo para ter, porque eu sei que você nem tem juízo o bastante para ter medo. _ele voltou a se inclinar mais para frente e continuou com uma voz mais séria e mais baixa _Mas eles vão vir atrás de você, e eu vou ficar no meio. E se eles atacarem você, Lily, eu vou ter que brigar com os meus melhores amigos. E eu não queria ter que fazer, porque eu realmente gosto deles. De verdade.
_Se você está tentando fazer uma chantagem emocional, Thiago, saiba que eu... _ela respondeu ainda impassível, mas ele não a deixou terminar.
_Não estou tentando nada. Eu só queria que você tivesse ciência disso tudo, porque é exatamente isso que vai acontecer. Mas tudo bem... _ele empurrou a cadeira e levantou-se _Se você acha que isso vale você ter um pedaço de pergaminho velho _ele fez um sinal de aspas com a mão _que você nem sabe usar, fique com ele.
_Eu não estou pedindo para você me defender. _ela fulminou-o com o olhar.
_Ah, _ele riu e bagunçou os cabelos _mas você sabe que é exatamente o que eu vou fazer. Sempre soube. _piscou para ela, virou-se e foi embora.
Lílian vacilou por uns instantes. Tirou lentamente o mapa de dentro da blusa e voltou a encarar sua superfície em branco.
_Aqui é Lílian Evans, monitora chefe, e eu preciso que você funcione. _ela murmurou, por fim, com um tom solene, batendo levemente com a varinha no topo do pergaminho.
Seu rosto iluminou-se, como se ela tivesse acabado de achar um tesouro. Ansiosa, ela inclinou-se mais para perto do mapa, mordendo o lábio inferior, enquanto uma letra rebuscada se formava no alto da página, formando uma saudação em nome de Pontas, Rabicho, Almofadinhas e Aluado.
E que raio de nomes eram esses, agora?
Em letras maiores o nome “Mapa do Maroto” era formado lentamente, seguido de diversas linhas no centro do pergaminho.
Lílian curvou-se mais para frente para ler.
O Sr Aluado apresenta seus cumprimentos a Srta Evans, e pergunta se finalmente todos os anos que ela passou estudando afetaram sua noção de perigo. Meter-se em assuntos de Marotos? Não foi uma idéia muito ajuizada, Srta Evans.
O Sr Rabicho concorda com o Sr Aluado e pergunta também se seu cabelo ruivo está finalmente afetando seu cérebro.
O Sr Pontas declara que tem absoluta certeza de que a Srta Evans está tão perfeita quanto sempre foi. E ainda acrescenta que ela, por favor, não se preocupe, porque mesmo se seu cérebro tiver sido afetado, ele vai visitá-la todos os dias no St Mungus.
O Sr Almofadinhas espera, sinceramente, que a Srta Evans tenha seguro de vida. Porque se está em poder deste mapa, ela vai precisar.
Lílian afastou-se bruscamente ao ler a última linha.
Cre. Tinos.
***
Remo se trancou no banheiro dos monitores sem ter a mínima idéia do que fazer.
Tonks? Ninphadora Tonks, prima mais nova de Sírius Black, apaixonada por ele?
Sírius pedira para ele cuidar dela. Cuidar! E ele fazia a menina se apaixonar por ele?
Pobrezinha, ela devia estar arrasada. Era só uma menina, uma criança, devia estar com o coração partido agora.
Sírius ia odiá-lo. Sabia disso, Sírius ia odiá-lo e ele iria lhe dar toda a razão. Sírius sempre o apoiara em tudo, nos últimos sete anos. E agora ele lhe pedia uma coisinha, só uma coisinha minúscula, e ele não era capaz de fazer.
Merlin, onde ele estava com a cabeça quando deixou isso acontecer? Como ele podia não ter percebido? Não ter evitado?
Pobre Tonks. É óbvio que era culpa dele. Ele fora cego e não vira o que estava bem embaixo de seu nariz, a tempo de impedir.
Bom, só lhe restava usar o único remédio para isso que ele conhecia.
Gelo. Um bom gelo.
Tinha certeza de que umas semanas longe da menina seriam o bastante para que ela o esquecesse.
***
Belatriz era uma eterna positivista. É óbvio que ela não ia passar a tarde inteira sentada em uma cadeira dura, em uma sala de aula vazia, choramingando porque Sírius Black dava mais valor aos seus amiguinhos estúpidos do que a ela.
Sírius Black era um idiota. Ela tinha certeza absoluta de que podia viver sem ele.
Ainda que fosse bastante chato fazer isso, mas enfim...
Forçou-se a encarar o lado positivo da coisa toda. Ela ouvira cada palavra de Remo Lupin, trancando naquela sala de aula com sua pequena sobrinha. Ouvira a voz arrasada de Tonks. Ouvira quando ele bateu a porta e quando ela começou a chorar.
E isso era muito bom. De verdade, melhor do que ela desejaria.
Claro, porque Sírius Black era o único outro parente de Tonks, na escola, fora Régulos que também era sonserino e não iria de forma nenhuma falar com Tonks porque sua mãe havia sido deserdada muitos anos antes. E ela tinha certeza de que, depois de ter sido desiludida por um dos melhores e preciosos amiguinhos dele, Tonks não ia querer vê-lo, nem pintado de ouro.
E aí entrava... Ela. A tia boazinha. A tia que também tinha sido rejeitada pelo priminho malvado, o Sírius, vejam só que coincidência. Elas podiam se unir para odiar os Marotos juntas.
E então Bella lhe mostraria que o mundo não se resume à Hogwarts. O mundo é um lugar muito, muito maior. Muito mais cheio de promessas. E ela tinha um lugar especial guardado nesse mundo.
Mas quanta boa idéia de uma vez só.
Bella saltitou até a sala de aula, aparentemente vazia, mas que ela sabia estar ocupada. Abriu a porta repentinamente, deixando a luz do corredor vazar para dentro.
As cortinas estavam fechadas, os archotes apagados e Tonks franziu os olhos, ofuscados pela claridade repentina.
_Oh, desculpe... _Bella fez uma ótima encenação de estudante constrangida _Eu achei que a sala estava vazia.
Tonks passou as mãos pelas bochechas e esfregou os olhos vermelhos. _Não, tudo bem. _ela respondeu se levantando _Eu já estava saída.
_Hei, espera. _Bella ensaiou sua voz mais doce, e barrou seu caminho, quando ela passou a sua frente _Você estava chorando, minha querida?
_Não é nada. _Tonks repetiu ainda chorosa. Bella ajoelhou-se a sua frente.
_É alguma coisa sim. Porque se tem alguma coisa que está incomodando você a ponto de fazê-la chorar, é uma coisa importante. E se é importante, tem que ser resolvida, não concorda?
Tonks ergueu os olhos para a mulher a sua frente. Ela era bonita. Muito bonita. Era alta, tinha cabelos negros e abundantes e olhos escuros e grandes. Parecia ser bem mais velha. Devia ser sextanista, ou setimanista, não podia ter certeza. Mas ela se sentiu bem, ao pensar que ainda existiam pessoas com o coração tão bom a ponto de terem uma beleza tão estonteante e não se tornarem arrogantes, se preocupando com alguém tão pequeno e insignificante quanto ela.
_Tonks. _ela estendeu a mão. Quando Bella estendeu a mão para apertar a sua, Tonks viu a serpente da sonserina bordada em seu peito.
_Tonks? _a morena franziu as sobrancelhas bem desenhadas _Você é Ninphadora Tonks?
_Sou. _ela respondeu meio intrigada.
_Mas olha só que coincidência. _Bella levantou-se com um sorriso iluminado _Sabe quem eu sou?
_Não.
_Belatriz Black. Sou irmã de sua mãe, Andrômeda.
Tonks encolheu-se instintivamente. Sua tia. Sua tia Belatriz. É óbvio que Andrômeda já tinha falado da pequena irmã do meio, audaciosa, impetuosa, gananciosa. Mas nunca fora em um tom muito elogioso.
Bella percebeu o movimento e ajoelhou-se novamente a sua frente _Olha, _e colocou uma mão em seu ombro _Eu sei que Andrômeda teve muitos problemas com a nossa família. E eu sei que meus pais não se comportaram do modo mais honroso quando ela fez sua escolha de casamento. Tenho certeza de que se ela escolheu Ted, então Ted é uma boa pessoa. _e sorriu _E eu sei que ela e eu tivemos nossas desavenças quando éramos mais novas, mas eu era uma criança, Tonks. _balançou a cabeça de um modo displicente _Sabe, eu realmente não vejo motivos para não tentarmos reunir a família novamente, o que me diz?
Tonks deu um sorriso esperançoso. _Não acho uma má escolha. Tenho certeza de que minha mãe estava se precipitando ao chamar você de cobra rançosa. Você não parece isso.
Bella fez uma careta de despeito, mas se recuperou novamente. Levantou-se e segurou a mão da sobrinha. _Vamos lá, o que acha de tomarmos um ar fresco no lago, enquanto você me conta porque estava chorando.
_Certo. _Tonks concordou, antes de seguir, animada, a tia pelos corredores.
Bella sorriu vitoriosa.
***
Lílian estava muito, muito desanimada. Não fazia a mínima idéia de quanto tempo passara na biblioteca, lendo as frases ofensivas que o mapa formulava para ela. A certa altura, ela desistiu de dizer quem era, para ficar batucando no mapa vazio, enquanto dizia frases incongruentes.
Thiago tinha razão. O melhor que ela tinha a fazer era devolver a porcaria do mapa e evitar que ele entrasse em conflito com os amigos por causa dela. Dela e de um pergaminho idiota que ela nem sabia usar.
Mas isso era tão, tão injusto. Ela tinha passado a vida inteira andando nos eixos. Nunca transgredira uma regra sequer. Uma só que fosse. E o que ela tinha recebido com isso? Absolutamente nada a mais do que os Marotos tinham recebido.
Ela tinha ótimas notas. Grandessíssima coisa. Thiago e Sírius também tinham, e ela nunca tinha os visto pegar em um livro para estudar de verdade. Ela era monitora. Grande também. Remo também era, e ele tinha aprontado só no primeiro ano de aula muito mais do que ela sequer sonhara aprontar em toda a sua vida.
E era assim que as coisas funcionavam. Eles eram as criaturas mais encrenqueiras que já tinham posto os pés naquele castelo. E estavam sempre se safando. Sempre conseguiam o que queriam. Sempre passavam nas provas. Nunca eram expulsos.
E ela tinha passado a vida toda sendo um exemplo de boa conduta. Nunca precisara da sorte que eles usavam desde sempre. E agora que ela resolvia simplesmente que não ia ser uma boa garota desta vez, a sorte não se dignava a ajudá-la, nem mesmo um pouquinho.
_Por quê? _ela perguntou ainda batendo irritada no pergaminho vazio. Diversos estudantes que passavam por ali no momento iriam conversar com os diretores de sua casa a respeito da sanidade mental de sua monitora chefe _Isso é muito injusto. Eu sempre fui bozinha. E agora que eu resolvo que eu não quero. _batida _Mais _batida _Fazer nada de bom _batida _a sorte simplesmente não me ajuda.
Mas logo que acabou a frase e deu uma última batida nervosa no mapa, diversas linhas começaram a se traçar, passando do ponto onde sua varinha batera.
Lílian arregalou os olhos para o mapa, simplesmente aterrada, incapaz de acreditar que uma frase declarando que o usuário não ia fazer nada de bom era o a senha para fazer o mapa funcionar. Vários pontinhos rotulados começavam a surgir e a se mover por entre as linhas. Um sorriso radiante abriu-se em seu rosto e ela olhou para o céu.
_Obrigada, Sorte. _e voltou a olhar o mapa, procurando o nome de Severo Snape.
Encontrou rapidamente o próprio nome no canto da biblioteca, E então franziu os olhos para a superfície toda desenhada. O nome Thiago Potter figurava bem atrás do pontinho nomeado Lílian Evans.
Lílian virou-se bruscamente para trás, mas não viu nada ali. Sem saber se isso significava que o intuito de Thiago Potter era ir até ali e o mapa mostrava isso, ou se ele estava apresentando algum tipo de defeito, Lily juntou rapidamente suas coisas e se foi embora.
Não sabia o que significava, mas não queria descobrir. Guardou o mapa novamente nas vestes e saiu da biblioteca.
Um resmungo frustrado e cansado, aparentemente sem corpo, pode ser ouvido por entre as estantes.
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Nas:
Bom, para qm ainda tem a sta paciência de estar acompanhando (rsrsrsrs) peço milhaaares de desculpas pela demora :( eh q eu tive um problema com o HD do meu computador, e o cap foi pra cucuia...
Maaaas para minha mais imensa felicidade, conseguiram recuperar o HD (êêêê)
entaum eu vim postar.
Para vc q ainda estah aki: obrigada. Obrigada de verdd ;)
Jack, posteii hj (viva, autora com cara de feliz) Jack, meu HD, meu HDzinho querido voltou :D :D
aaahh, eu sei, eu sei uma notícia boa. Taum procurando um oitavo membro pro CQC. ;) Uhhhh, hein? O q acha? naum eh akelas coisas q se diga, nouza q notícia boa q eh akela, mas jah pensou, trabalhar com o Felipe Andreóli ou com o Rafinha Bastos? Eu, pessoalmente, naum ia querer exatamente trabalhar rsrsrsrsrs. Siiim, agora eu to livre (viva tbm!!) mas eh moh estranho. Eu trabalhava tanto q agora eu nem sei o q fazer com tanto tempo livre... rsrsrsrs e... Jack.... Entaum, eu naum lembro qm eh Tiziano Ferro... :P hehehehe.... Bjsss amigaa! Teh maisssss!!!!!
Lilly, acho q a Jack tava xingando a Lily da fic. rsrsrsrsrs Olhaaa, se vc achou q a Bella jah naum tinha escrúpulos, imagina agora... rsrsrsrs Aahh, isso eh verdd, a Lily tah virando uma delinquente e nem percebe neh? No prox aparece o que o Thiago achou da idéia rsrsrs.... Iiih q nd, a Tonks eh bem cara de Sírius msm, ela quebra a cara mas naum vai conversar com qm ela acha q eh a rival dela... Rsrs bobinha, mas sabe q o coração da Lily tem dono... AAaahhh, eu li sua fic, achei taum fofa ^^ Eu comentei, vc me viu lah? Puxa, verdd, parece q a gente fica sentada na banca lendo soh os obituários dos jornais.... credo... rsrsrsrsrs huahauhauhauha, melhor, os coments viram bate papo e a gente conversa melhor :D Eu achei q esse cap tah meio sem gracinha pq eu fikei tanto tempo sem escrever que perdi o fio da meada rsrsrs Mas me fala o que achou, tah? Bjssss Teh maissss
Lorii, q bom t ver por aki mais uma vez ^^ Me fala o q achou desse, tah? Se vc concordar comigo e achar q tbm tah fraquinho, fala msm assim rsrsrsrs Vou dar uma passada lah ^^ Bjssss, teh maissss
Gente....
Se tem mais algm aí....
Comenta um pokinhu vai?
bjsssssssss
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