Jogando Sujo




Thiago afastou-se lentamente. Queria aproveitar cada segundo aspirando o perfume que emanava do pescoço de Lily. Queria estender ao máximo os segundos que passava compartilhando o mesmo oxigênio que ela respirava. Queria poder capturar o brilho fugaz de seus olhos, enquanto ela os abria lentamente, sem saber exatamente o que tinha acontecido. Ainda confusa, ainda surpresa. Queria poder roubar esse momento e carrega-lo sempre consigo, no bolso.

Ele sorriu.

E, no instante seguinte, o tapa estalou tão alto que fez alguns passarinhos na borda da floresta proibida alçarem vôo.

_Ai! _Thiago exclamou, enquanto afagava a bochecha vermelha com uma das mãos _Achei que fosse doer um pouco menos. _ele reclamou. A mão de Lily estava marcada em um vermelho vivo em sua face. Parecia até mesmo desenhada.

_O que diabos você está pensando? _ela perguntou ainda com a mão erguida _Quem você pensa que é _e começou a dar tapas em seus braços e em seu peito _para me beijar desse jeito, como se eu fosse uma _os tapas ficavam cada vez mais fortes. Thiago dava passos cambaleantes para trás, tentando desviar, e ela avançava com furor em sua direção _ uma qualquer, que você escolhe no meio da escola e pronto!

_Lily! _ele segurou seus pulsos no ar _Chega! Um beijo por um tapa. Se continuar me batendo, vou ter que beija-la novamente.

Lily encarou-o com raiva. Então puxou os braços com força e livrou-se de suas mãos.

_Se você chegar perto de mim de novo, eu juro que... Que...

Thiago ergueu as sobrancelhas. _Que o quê, Lily? _ele perguntou, cruzando os braços _Seja lá o que você for falar, não pode ser pior do que nunca mais chegar perto de você de novo.

Lílian deixou os braços penderem ao lado do corpo, cansada. _Por que você faz isso, Potter? Por que essa implicância comigo?

Thiago descruzou os braços. _É isso que você acha que é? Implicância? _ele perguntou, parecendo realmente surpreso. _Vou lhe contar uma história, de quando eu ainda era uma jovem e inocente criança. _Lily revirou os olhos, duvidando sabiamente de Thiago ter sido inocente algum dia _No meu primeiro ano de Hogwarts, Lílian, antes mesmo de vir para a escola, eu conheci uma pessoa que iria estudar comigo pelos sete anos seguintes. Foi a primeira pessoa da escola que eu conheci, e não foi o Sírius. Foi uma menina, na verdade. _Lílian cruzou os braços _Eu estava comprando meu material escolar com meus pais e a vi parada na frente do Gringotes. _ele assumia lentamente um ar sonhador, como se pudesse passar por isso novamente _Ela parecia ter minha idade, e eu achei que os pais dela eram trouxas, porque eles estavam totalmente atrapalhados, trocando dinheiro na porta do banco. Eles se distraíram, e ela desceu as escadas de mármore branco, até a esquina da Travessa do Tranco. Eu a segui com os olhos, porque achei que ela era muito nova para ir até lá, mas ela não sabia o que tinha ali. Ela era jovem, inocente, e achava que a velhinha sentada na calçada com um balde cheio de um líquido mal cheiroso estava pedindo esmolas, e não vendendo veneno.

Lílian baixou os olhos e ele sorriu ternamente. _Ela tinha o coração tão puro, Lily, que comprou um sanduíche na Florean Fortescue e tentou dá-lo à velhinha. Ela foi a pessoa mais pura e mais generosa que eu já conheci. E quando a encontrei na escola, minha admiração só aumentou, porque ela era assim com todo mundo. Ela era justa, honesta e bondosa. _ele inclinou a cabeça e sorriu _Acho que você a conhece, Lílian. Você a vê todo dia no espelho.

Lílian ergueu os olhos. _Achei que ela estivesse com fome. _ela respondeu com uma voz fraca.

_E, se o Florean não tivesse visto o que você estava fazendo e lhe carregado para longe dali, ela teria a enfeitiçado. _e fez uma pausa, observando a reação da menina. _Porque é tão difícil aceitar que eu gosto de você, Lílian? Como eu poderia não gostar?

Eles apenas se encararam por alguns momentos. Thiago tinha o olhar de tranqüilo de quem abre sua alma. De quem se livra de todos os segredos que não podia mais guardar.

Lílian tinha a expressão de quem não sabe se deve acreditar nesses segredos.

_Você me disse que ia ter juízo, Potter. _ela murmurou. Parecia importante ressaltar-lhe isso agora. Parecia importante segurar-se em algo que ela sabia que era real. Parecia vital forçar-se a lembrar que Thiago Potter não era a pessoa que ela queria ao seu lado.

_Eu disse que ia ter, se você pedisse. _ele respondeu, largando-se sentado no chão, com os joelhos dobrados e os braços descansando displicentemente sobre eles.

Lílian ajoelhou-se a sua frente. _Eu peço. _ela retrucou com a voz firme. _Estou pedindo agora.

Thiago sorriu. _Que seja feita a sua vontade, Lírio. _e deitou de costas, na grama, com os braços abertos olhando o céu.

_Você podia começar levantando-se daí e indo terminar sua detenção. _ela completou, levantando-se.

Thiago ergueu-se, como se tivesse levado um choque. _Está brincando?

Lílian fez que não com a cabeça, com um minúsculo sorrisinho no rosto. Thiago deu um suspirou cansado, levantou-se e, preguiçosamente, começou a caminhar de volta ao castelo.

***

Sírius marchou até a torre da grifinória, entrou em seu dormitório batendo a porta e acordou Pedro.

_O quê? _ele perguntou, aparvalhado, sentando-se na cama, enquanto Sírius revirava a mochila de Thiago _Já estão invadindo a escola?

Sírius encarou-o sem entender. _Está falando de quem?

Pedro ficou sem responder. _Hm. Ninguém. _ele respondeu e levantou-se _Acho que sonhei. _Sírius fechou a mochila e virou-se novamente para a porta _Aonde vai? _Pedro perguntou, começando a se vestir.

_Eu não gosto de não ter o que eu quero, Pedro. _ele falou, como se isso respondesse a pergunta.

_Sei disso. _ele respondeu, sem entender.

_É, tem alguém que parece que não sabe. _e saiu novamente, batendo a porta ainda mais.

Desceu as escadas com o nariz enfiado no mapa. Acompanhou o pontinho rotulado de Belatriz Black saindo da sala comunal da sonserina e subindo as escadas que saiam das masmorras. Se ele corresse um pouco, a alcançaria antes das escadas do saguão de entrada.

Desceu as escadarias de mármore, enquanto Belatriz surgia na passagem que dava para as masmorras. Pulou os últimos degraus, aterrissando a sua frente, feito um felino. Belatriz estancou, surpresa. Algumas garotas ao redor deram risadinhas e suspiros.

_Sírius! _ela exclamou, pondo as duas mãos na cintura.

Ele não respondeu. Segurou-a pelo antebraço e puxou-a para baixo das escadarias.

_O que diabos pensa que está fazendo? _ela perguntou, com o rosto zangado _As pessoas estão olhando!

_Qual o problema? _ele retrucou erguendo uma das sobrancelhas. Ela já havia esquecido como aquela mania cínica a deixava simplesmente deslumbrada _Eu sou solteiro.

_Eu não. _ela retrucou, mantendo a compostura.

_Você não pode me dizer que leva a sério o que você tem com ele. _ele protestou, aproximando-se dela e baixando o rosto. Bela sentiu a ponta de seu nariz roçando em sua bochecha e sua respiração deslizando por seu pescoço.

_Mas estou. _ela retrucou, sacudindo o rosto e livrando-se de qualquer besteira que sua cabeça pudesse começar a pensar _Eu já disse que estou. Rodolfo é a pessoa certa para mim. _e virou-se.

Sírius não deixou que ela fosse. Abraçou-a pela cintura, virou-a e prensou-a contra a parede _Mas ele é o que você quer para você, Bela? _ele perguntou de um modo provocador, segurando-a com força. Bela sentia os músculos dos braços ao redor de si se retesarem.

_Me deixa ir. _ela murmurou com a voz fraca.

_Você pode me dizer, Bela, que nunca pensou em mim enquanto estava com ele? _ele perguntou novamente, apertando-a mais firmemente e passando a boca por seu pescoço, deixando uma trilha de arrepios por onde seus lábios passavam.

_Me deixa ir. _ela repetiu, com ainda menos ímpeto e virando o rosto para o outro lado. Sírius tinha alguma droga. Tinha alguma fórmula secreta que a deixava ensandecida. Alguns minutos respirando o mesmo ar que ele eram o suficiente para deixá-la entorpecida.

_Você vai mesmo dizer que não está sentindo nada agora? _ele seguiu seu rosto e selou-lhe os lábios com um beijo rápido e urgente _Nenhum desejo? Nenhum déja-vu de alguma das noites na sua cama _ele mordeu seu lábio inferior _ou na minha?

Belatriz encarou-o com os olhos apertados. Então, sem prévio aviso, ela jogou os dois braços em volta de seu pescoço e beijou-o também.

Sírius aproveitou a abertura para tirá-la do chão e ergue-la no colo. Essa era a Belatriz que ele conhecia. A Belatriz inconseqüente e linda que ele deixara na mansão dos Black durante o verão. Era a Belatriz que ele conquistara e que amava. Claro, Sírius Black morreria sem admitir que amava alguém. Talvez ele sequer percebesse onde aquele romance despreocupado chegara, mas era apenas somar os sintomas.

Toda aquela raiva que ele sentia de Rodolfo. Todo aquele ciúme doentio da prima. Toda a falta que ele sentia dela.

O que mais poderia ser?

E agora ele a tinha de volta. A sua Belatriz. Só sua. De mais ninguém.

_Sala precisa. _ele murmurou rapidamente enquanto ela tomava fôlego _Agora.

_O quê? _ela perguntou sem entender.

Ele colocou-a de volta no chão. _Só me segue. _ele respondeu, caminhando a frente.

Bela pensou por um milésimo de segundo. Depois o seguiu.

Afinal, Belatriz Black não era do tipo que passava vontade.

***

O domingo amanheceu muito diferente naquela semana. Olhares desatentos que vagassem pela mesa do café da manhã das quatro casas, não seriam capazes de perceber as sutis mudanças. Mas qualquer que reservasse alguns minutos de sua manhã de domingo para examinar mais minuciosamente alguns alunos, notaria alguns fatos incomuns.

Como por exemplo, Lílian Evans, a monitora chefe do sétimo ano, tomando café da manhã com Thiago Potter, o mestre das encrencas e das confusões mal resolvidas de Hogwarts. Um olhar mais perspicaz repararia em seu sorriso complacente, enquanto ele lhe contava de Smurf, seu pomo de estimação, que agora habitava uma casinha de madeira perto da entrada da floresta proibida.

_Acho que ele pode querer exercitar as asas... _ele comentou, servindo-se de suco de laranja.

_Ele é um pomo, Thiago. _Lily riu _E é propriedade da escola.

_Ele ainda está na escola, não está?

Remo, sentado do outro lado de Thiago, não estudava. A lua cheia se aproximava e o cansaço, tão presente em todas as suas transformações, começava a se aproximar rapidamente.

Tonks, habitualmente tagarela, estava quieta, sentada do outro lado da mesa. Estava achando Remo anormalmente pálido, com olheiras e quieto. Mastigava seus cereais desviando os olhos a todo instante para ele, como se, a qualquer momento, ele pudesse cair de cara em sua tigela com leite.

Pedro estava sentado ao lado de Remo, também muito quieto. Roia as unhas de um modo compulsivo, como se alguma coisa o estivesse perturbando. Remo já cansara de perguntar o que ele tinha. Thiago já se oferecera para quebrar o nariz de meia dúzia de sonserinos (Até Lílian pigarrear e lembrar-lhe de que isso não era exatamente o que ela chamaria de ter juízo), mas Pedro insistia em dizer que não tinha nada.

Rodolfo Lestrange estava zangado. Quando fora chamar Bela em seu quarto não a encontrara e, já tendo a procurado no corujal e na biblioteca, não fazia a menor idéia de onde ela poderia estar.

Severo sentado ao seu lado, lançava olhares confusos e raivosos para a mesa da Grifinória. Isso seria algo normal, se seus olhares se destinassem apenas a Thiago Potter e seu grupinho indigesto de baba-ovos. Mas, nesta manhã, uma certa garota de cabelos ruivos e vivos, também era alvo de seus olhares maldosos. Lily conversara o tempo todo com Thiago no dia anterior, durante a detenção, e ele sentia-se traído e violado.

Sírius Black, que normalmente não se dava ao luxo de aparecer para o café da manhã de domingo e depois roubava comida das cozinhas, apareceu com uma expressão leve e satisfeita.

E sorria!

Belatriz chegou logo depois. E Rodolfo não se levantou para puxar-lhe uma cadeira.

São pequenas coisas que nos passam despercebidas e se transformam em uma comum rotina. Dia após dia, Lily podia ser vista com Thiago Potter pelos corredores. Assumira o encargo de vigiar se ele estava cumprindo sua promessa. E, de fato, não estava achando uma tarefa tão desagradável. Ao contrário do que ela pensava, Thiago era capaz de conversar sobre tudo. Não somente sobre quadribol. Mas também sobre plantas, feitiços, as notícias do Profeta Diário, os rumores sobre as Artes das Trevas que se expandiam fora do castelo.

E ela já não se importava com o fato de ele conhecer seu lado fraco. Ela também conhecia o dele.

Severo estava inconformado. Seguia-os com os olhos sempre que se encontravam. Parecia procurar algum indício de que aquilo era alguma espécie de farsa. Algum truque de Lílian Evans, para manter Thiago Potter na linha. Ou até mesmo para irritar-lhe, quem sabe? Andar com alguém que ele não gostava para pagar o fato de que ele andava com alguém que ela não gostava? Era possível, certo?

E a lua cheia aproximava-se cada vez mais. Remo começou a faltar às aulas conforme os sintomas se agravavam. Ele já estava mais cansado, fisicamente mais forte e mais irritadiço. Quando a lua cheia chegou, Thiago e Sírius encarregaram-se de espalhar pela escola o boato de que sua mãe estava doente e que queria ver o filho e ele retirou-se para A Casa dos Gritos, através do túnel do salgueiro lutador.

Pedro, Thiago e Sírius estavam sentados na mesa mais isolada do salão comunal, combinando as aventuras da madrugada. De acordo com os planos, eles desceriam para os jardins cobertos pela capa de invisibilidade de Thiago, se transformariam e iriam para as montanhas. Nos sete anos de Hogwarts, nunca haviam ido para os lados oeste da montanha. E realmente não tinham vontade de sair de Hogwarts sem conhecer cada centímetro das redondezas.

Lily estava sentada em um sofá, ao lado deles, estudando. De vez em quando, erguia os olhos, tentando prestar atenção ao que eles falavam. Os marotos quietos daquela forma, não podia ser um bom sinal. Mas eles falavam muito baixo. Ela não conseguia ouvir de onde estava, a não ser que subisse no braço do sofá e se empoleirasse até o meio da mesa.

Mas achou que isso daria muito na vista.

Cansada, espreguiçou-se, levantou-se e deu a volta na mesa. _Vou fazer minha ronda noturna. _ela avisou, bagunçando os cabelos de Thiago _Comporte-se. _e piscou para ele.

Thiago sorriu. Gostava do ritmo em que as coisas andavam. Sírius, no entanto, ergueu as sobrancelhas para ele. _Você também tem que avisar aonde vai, toda hora?

_Não preciso, ela vai comigo. _ele respondeu, sem se importar.

_Quem diria... _ele respondeu, erguendo ainda mais as sobrancelhas.

_Lily, estou indo à biblioteca... _Pedro zombou com uma voz fina _Lily, posso ir ao banheiro, agora? Lírio, com licença, estou indo até o meu dormitório pegar minha capa da invisibilidade para fugir da escola com meus amigos, posso, Lily, posso?

Sírius riu e Thiago arremessou uma almofada por cima da mesa. Pedro desviou e continuou rindo, mas Sírius puxou um pequeno livro preto do bolso e parou de rir.

_Bom, vocês vão esperar a sala comunal esvaziar, certo? _mas ele não esperou ninguém responder e levantou-se, enquanto completava _Então esperem por mim... Eu preciso só... Resolver uma coisa.

_Hei! _Thiago gritou enquanto ele atravessava a sala _Aonde você vai? Lílian acabou de sair para fazer a ronda.

Sírius não deu atenção. Saiu fechando o quadro atrás de si e saiu caminhando calmamente pelos corredores.

Era simples assim. Bastava Bela chamar. Bastava ela pedir. Ele fazia. Qualquer coisa. Tudo que Bela pedisse.

Desceu as escadas, tomando o cuidado de não fazer barulho. Belatriz esperava embaixo da escadaria de mármore do saguão de entrada, onde haviam reatado.

Mal ele se aproximou, ela jogou os braços em volta de seu pescoço e puxou-o para si.

_Quero vinho, hoje. _ela disse, com uma voz doce e melosa.

_Sinto muito, Bela, não posso passar a noite com você hoje. _ele respondeu, passando as mãos por sua cintura e subindo-as por suas costas.

Belatriz se afastou. _Por que não?

Sírius puxou-a novamente e beijou seu pescoço. _Porque eu prometi que ia fazer umas coisas com o Thiago e o Pedro hoje.

Belatriz deslizou as mãos por baixo de sua camisa e por sua barriga e costas definidas _Você prefere ficar com eles a ficar comigo?

Sírius ergueu-a no colo e ela passou as pernas em volta de sua cintura _Prefiro você. _ele respondeu, sério _Mas isso é importante. Não sei se você entenderia, Bela, mas tem coisas que a gente precisa fazer por nossos amigos.

Belatriz deu uma risada irônica. _Entender o que é fazer sacrifícios por alguém que é importante para nós? Não faço idéia. _e desceu do colo dele.

_Bela. _ele puxou seu braço, impedindo-a de ir embora _Pára com isso, eu dormi com você a semana inteira.

_Eu queria mais. _ela retrucou com uma voz provocante _Queria agora.

_Mas agora eu não posso. Caramba, Bela, eu tenho que dividir você com o Rodolfo Lestrange e você fica aí reclamando de me dividir com os meus amigos?

Bela apertou tanto os olhos que eles se tornaram fendas. Então, avançou até ele e deu um tapa forte e estalado em seu rosto.

_Eu sou a pessoa mais idiota do mundo por gostar de você. _ela sibilou _Eu tenho tudo o que eu quero. Um noivo rico, de boa família, influente, inteligente, com um futuro brilhante e sedento de poder. E eu ponho tudo isso em risco por você? _e fez uma careta _Mas onde é que eu estou com a cabeça? _e virou-se novamente, saindo de baixo das escadas.

_Bela! _ele chamou, mas ela ignorou _Belatriz, não me deixe falando sozinho. _e puxou-a novamente. _Você não é idiota, Bela, você é muito inteligente. _ele segurou seu rosto _Você é inteligente até demais. Mas nós fomos feitos da mesma matéria. _ele deu o sorriso cínico que a deixava enlouquecida _Nós somos lindos, cobiçados e totalmente sem moral. _puxou e beijou-a com violência _É por isso que não resistimos um ao outro. _e beijou-a novamente.

Coisa que, talvez, não teria feito, se tivesse visto Severo Snape parado no topo das escadas das masmorras com a boca totalmente aberta e com uma expressão de quem descobriu que o Natal ia chegar mais cedo.

Saíra da cama apenas para falar com Lílian. Esperava talvez que se entendesse com ela. Talvez voltassem a ser amigos. Talvez ela parasse de falar com Potter. Mas nunca imaginara que sua sorte lhe sorriria tão abertamente.

Para ele, Belatriz também era culpada por ele ter perdido Lílian. Ela aparecera no meio da noite para ofendê-la, fazendo com que Thiago tivesse que defendê-la. Ela o chantageara, ameaçando contar a Lucius e a Rodolfo que ele estava andando com uma Sangue ruim. E ali estava a oportunidade perfeita de se vingar: contar para Rodolfo que ele tinha um belíssimo par de chifres na testa.

_Ora, ora... _ele murmurou, com leveza, encostando-se ao espaldar da porta.

Belatriz soltou-se de Sírius como se tivesse levado um choque. Seu rosto bronzeado ficou repentinamente pálido, mas, ao ver quem era, ela empinou o rosto com altivez.

_Algum problema, Seboso? _Sírius perguntou _Perdeu alguma coisa aqui?

_Não, mas acho que Rodolfo gostaria de saber que perdeu a noiva.

Sírius precipitou-se para cima dele, mas Belatriz segurou-o pela manga da blusa.

_Pára, Sírius! _e empurrou-o para trás de si mesma, enquanto Severo dava alguns passos involuntários para trás _Pára com isso.

_Deixa os nossos instrutores saberem disso, Bela! _Severo falou mais alto, para se sobrepor aos gritos da garota _Deixa eles saberem que você está saindo com um maroto! E você NAMORA!

_Você não tem nada a ver com isso, Seboso! _Sírius exclamou, tentando passar por Belatriz.

_Pára com isso, Sírius! _Ela exclamou com urgência e depois se voltou para Severo _Escuta, Severo, eles não precisam saber disso... _sua voz ficou trêmula _porque... porque não vai continuar.

Sírius parou de tentar passar por ela. _O quê?!

_Eu não posso perder as coisas que eu já conquistei, Sírius. _ela murmurou, voltando-se para ele _É a mesma coisa que acontece com seus amigos. Você escolhe sempre eles, não é mesmo? Eu também escolho os meus.

_Não é a mesma coisa, Belatriz. Eu não tenho que abrir mão de você para escolhê-los. Eu posso ter as duas coisas.

Belatriz curvou-se para mais perto dele. _Seu problema, Sírius Black, é achar que pode ter tudo que quer. _e começou a caminhar de costas _e você não pode. _então se virou e foi em direção às escadas _Por favor, Severo, não conte nada. _ela sussurrou ao passar por ele _Eu não contei sobre você e Lílian Evans. _e desceu as escadas.

Severo cruzou os braços e ficou encarando Sírius com um olhar presunçoso. Sírius parecia capaz de matá-lo. _Seu maldito intrometido! _ele exclamou, estalando de fúria. Não era suficientemente tolo para começar um duelo no meio da noite e atrair a atenção de Lílian e dos professores através do barulho. Ao invés disso, aproximou-se de Snape com passos largos e rápidos e segurou-o pelos dois ombros. O olhar debochado de Snape sumiu e foi substituído por um rosto aterrorizado. Mas Sírius meramente bateu-o contra a parede _Porque você não vai cuidar da sua vida ao invés de ficar se intrometendo na dos outros? Não é da Lílian Evans que você gosta, Seboso? Então porque não vai atrás dela e deixa Bela em paz? Já reparou como ela anda muito grudada com o Thiago? Porque não faz algo a respeito, ao invés de ficar me enchendo o saco? Não é capaz de fazer alguma coisa útil por si mesmo? _e soltando-o, deu meia volta e subiu as escadas do saguão.

Severo respirou aliviado quando o viu fazer a curva no corredor acima. Esperou alguns minutos, para ter certeza de que não cruzaria seu caminho e então subiu atrás dele. Ele sabia que Sírius só dissera aquilo para extravasar sua própria raiva e que, na verdade, ele não esperava que ele fizesse alguma coisa para estragar a amizade de Lílian e Thiago.

Mas aquilo o deixara com raiva. Sírius tinha razão. O que ele estava fazendo para ter Lily de volta. Na verdade, o problema principal, no momento, não era conquistar Lily. Era afastá-la de Thiago. Porque uma coisa que ele nunca imaginara estava acontecendo bem diante de seus olhos: Lílian e Thiago estavam se tornando amigos!

E se ele tivesse se enganado quando ao resto também? E se, afinal de contas, Thiago e Lílian... A idéia era tão repugnante que ele nem queria pensar... Combinassem?

Eca.

Ele precisava fazer alguma coisa a respeito. Precisava fazer Lílian enxergar que Thiago era um sujeito deploravelmente transgressor. Era praticamente um delinqüente.

E para sua sorte, era lua cheia.

E ele sabia o que acontecia na lua cheia.

_Severo! _uma voz exclamou atrás dele. Severo virou-se contente, sabendo quem estava atrás dele _Mas o que é que você está fazendo aqui? _Lílian perguntou, aproximando-se dele?

_Eu precisava falar com você, Lílian. _ele respondeu com uma expressão séria.

_Severo, você já me colocou em encrencas uma vez, dessa mesma forma. _ela retrucou, rispidamente _Quer repetir o feito?

_Não, Lily, olha, entra aqui. _e, abrindo uma porta ao seu lado, puxou-a para dentro. Era um armário de vassouras _Senta, é muito sério. _Lílian revirou os olhos e sentou-se em uma caixa de removedor mágico. Severo sentou-se em um balde e puxou suas mãos, aninhando-as entre as suas _Eu preciso que você saiba, Lílian, que o Thiago e os Marotos não são os garotos corretos que aparentam ser.

Lílian franziu as sobrancelhas para ele. _Severo. Primeiro, eles não aparentam ser bons garotos. Na verdade, eles não fazem questão nenhuma de aparentar isso. Eles mostram para qualquer um que quiser ver as pessoas perturbadas mentalmente que eles são. Segundo... _e colocou as duas mãos na cintura _Do que é que você está falando?

_Lílian. _ele falou solenemente, puxando novamente suas mãos _Remo Lupin é um lobisomem.

Lílian ficou muda por alguns instantes. Então, cruzou os braços. _Severo, eu acho muito indelicado da sua parte ficar comentando essas coisas. Apreciaria muitíssimo se você não repetisse isso.

_Você sabia? _Ele arregalou os olhos _Sabia disso?

_Não subestime minha inteligência, Severo. _ela repreendeu _Acha que eu não ia perceber os sintomas? Que eu não ia examinar o calendário lunar? Mas Dumbledore conversou comigo sobre as condições especiais e... Bem... _ela deu de ombros _Não está atrapalhando ninguém, está? E ele tem uma chance aqui...

_Lílian, Lílian... _Severo balançou a cabeça, indulgente _Você não sabe com que tipo de pessoas está lidando...

_Acha que sou estúpida? _ela perguntou, estreitando os olhos _Eu sei muito bem com que tipo de pessoas eu ando, Severo. Eu sei exatamente do que eles são ou não capazes. _e levantou-se _Mas acho que você não pode dizer o mesmo. _e ergueu a mão até a maçaneta.

_Não. _Severo ergueu a mão e puxou-a _Aposto que tem coisas sobre eles que você não sabe. Tudo bem, você sabe que Remo Lupin se transforma em um animal. Mas e os outros? Sabia que eles podem fazer o mesmo? Sabia que Pedro, Thiago e Sírius transformaram-se em animagos ilegais?

Lílian virou-se lentamente para ele, com os olhos ainda mais estreitos.

_Está mentindo. _ela respondeu com frieza.

_Não, não estou. _ele levantou-se, percebendo que a afetara e ganhando um novo ânimo _E toda noite que o Lupin se transforma, eles se transformam também, para poderem acompanhá-lo em farras que você nem imaginaria. Eles saem da propriedade como animais, Lily. Exploram as montanhas. Invadem a Floresta. Como acha que eles conhecem tão bem o castelo?

_Não é verdade. _ela retrucou com o mesmo tom. Não acreditava que eles seriam capazes de ultrapassar esses limites. Não acreditava que Thiago seria tão irresponsável e tão inconseqüente. Sair da propriedade em companhia de um lobisomem. E se ele mordesse alguém?

_Pois eu posso mostrar-lhe, Lily. _ele afirmou, com convicção _Sei que eles vão fazer isso hoje. E sei exatamente onde encontra-los.

Lílian ficou parada por alguns segundos. Ela tinha o princípio de considerar os Marotos culpados, até que se provasse o contrário. Mas ir atrás de Severo era considerar a hipótese de que Thiago não era somente um aluno sem limites. Ele estava desrespeitando uma lei. Era um criminoso. E ela simplesmente não queria acreditar nisso.

Não queria duvidar que Thiago, no fundo, era uma ótima pessoa.

Por outro lado, a convicção de Snape a deixava abalada. Como ele iria sustentar toda essa história se ela fosse mentira.

Por fim, após pesar todos os prós e os contras e desconsiderar o fato de que ela mesma estava transgredindo uma regra da escola, deixando Snape circular pela escola depois do horário de recolhe, ela saiu pela porta e disse por sobre o ombro:

_Vamos.



Nas:


Jeh, puxa, fico feliz por vc estar achando bem escrita. Feliz msm. Pode dexar, vou continur ateh o final. Rsrsrsrs.... Obrigada por ter comentado. Bjssssss

Jack, Essa vai ser única (e dessa vez eh verdadinha, rsrsrsrsrs, naum vou enganar td mundo de novo, hehehehe) Q maahhhh! Adorava ver o Harry sofrer, neh? Bm, acho que o Thiago vai sofrer um pouco menos q o filho nas minhas mãos. Soh um pouco hehehehehe.... Espero q esteja gostando (Vc sabe q sua aprovação eh super importante pra mim, neh? rsrsrsrs) Bjsssss

Bom, a fic ainda naum tah no pic, mas vamos lah, gente, comenta aí, senaum eu desanimo e ela naum chega lah
rsrsrrs
bjsssssssssss a todossssssssss

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