First day.



Primeiro dia de aula, em uma escola trouxa ou bruxa, é sempre horrível.


Principalmente se você é a garota nova.


Eu sou a garota nova. É uma merda ser a garota nova.


Além daquela sensação escrota de que todos estão te olhando, há aquela certeza de que isso é verdade e de que além de te olhando eles estão te analisando, te julgando. Argh! Odiava isso.


Sorte que Ron logo apareceu no Salão Principal para me resgatar. Obviamente Harry e Hermione estavam juntos.


-Bom dia. – Ele disse.


- Bom dia? – Eu resmunguei. – Eu estou no inferno.


- O que foi? – Harry me perguntou.


- Isso é o inferno. – Respondi.


- Hogwarts? – Hermione perguntou.


- Gente, comensais podem ter matado minha mãe e minha avó, eu posso ter conhecido meu pai há apenas alguns dias e posso estar correndo risco de ser morta ou pelo menos torturada, mas eu ainda tenho 15 anos... Primeiro dia de aula em uma escola nova ainda é considerado um pesadelo para mim. – Eu respondi. Milagrosamente eles riram de mim.


- Não sabia que você fazia piadas. – Harry disse.


- Você acha que eu estou brincando? – Perguntei rindo também. – Eles estão todos pensando mil pensamentos horríveis sobre mim!


- Eles provavelmente estão com curiosos sobre você Louise. – Hermione disse. – Uma Black aparece na escola e entra no quinto ano? Normal a curiosidade.


- É, eu não gosto. Acho melhor eles irem cuidar das próprias vidas ou eu irei machucá-los. – Disse nervosa.


Todos olharam para mim assustados.


- Você está brincando de novo, não é? – Ron perguntou.


Eu ri.


- Vocês são paranóicos. – Respondi caminhando para a mesa.


Não sei se eles perceberam que eu estava brincando com eles. Ingênuos.


Sentamos à mesa e eu comecei a analisar as pessoas, da mesma forma como eles estavam fazendo comigo. Não pude deixar de reparar em uma garota de olhos puxados sentada em outra mesa que insistia em olhar para mim.


- Ela está me irritando. – Eu disse baixinho, apenas Hermione escutou.


- Quem? – Hermione perguntou.


-Aquela garota descendente de algum oriental. Eu não sei diferenciá-los. – Eu disse.


- Ah, Cho Chang. Não se preocupe, ela deve estar olhando para Harry. – Hermione disse.


Ah, ela está encarando Harry e EU não devia me preocupar? Argh! Comecei minha investigação.


-Por quê? Ex-namorada? – Perguntei fingindo ser pura curiosidade.


- Ah... Não. – Hermione disse, tentando não me dar detalhes


- Qual é Hermione. – Eu disse. – Qual a história?


- Harry tinha algo por ela, ela sentia algo por Cedrico e ele morreu. Agora eu acho que ela está afim do Harry. – Hermione me confessou.


- Você não gosta muito dela, não é mesmo? -  Perguntei.


- Não mesmo. – Ela me respondeu.


- O que é que vocês duas estão cochichando? – Ron perguntou.


- Coisas de garotas. – Respondi.


Ela não parecia tão horrível como eu achava. Talvez acabássemos sendo amigas. Ou no mínimo nos unindo para separar Harry da tal Cho Chang caso eles tivesse algo


- Então, vocês viram a nova professora de DCAT? – Harry disse. – Professora Tonks. Já ouviu falar dela, Hermione.


- Eu já! – Eu respondi antes de Hermione dizer. – Quando nós fomos comprar minha varinha Ron, nós a encontramos...


- O cabelo dela não era azul Louise, era verde. – Ron disse.


- Idiota. – Eu respondi. – Ela é uma daquelas pessoas que pode mudar a cor do cabelo e tal.


- Uma metamórfaga. – Hermione disse.


- Algo assim. – Respondi. – Ela é amiga do Remus.


- Então ela deve ser boa. – Hermione disse. – Lupin foi um dos poucos professores de DCAT que foram excepcionalmente bons.


- Um dos poucos? Quantos professores vocês tiveram? – Perguntei.


- Com Tonks, cinco. – Hermione me respondeu. – Um para cada ano.


- Isso não é normal. – Eu disse. – Essa profissão deve ser traumatizante.


- Ou amaldiçoada. – Ron me disse.


- O estranho é que isso realmente pode ser verdade nessa escola. – Eu falei.


Assim que terminando de comer fomos para a sala de aula. Estava ansiosa, o primeiro horário do dia era Poções, a aula que meu padrinho dava e que eu, modéstia a parte era muito boa.


- Começar o dia logo com poções? É castigo. – Ron disse.


- Eu acho ótimo. – Eu disse.


- Porque Snape é seu padrinho e gosta de você. – Harry disse.


- É, vantagens de ser bem relacionada... – Respondi enquanto entrávamos na sala.


Dei “olá” de longe para Severo que sorriu discretamente. Eu o compreendia, ele tinha que fazer aquele papel de “Professor rígido” e tal.


Hermione se sentou na primeira fileira e Ron se sentou ao lado dela.


- Você não se importa de fazer dupla com o Harry, não é? É que Hermione pode me ajudar a passar de ano... – Ron disse e Hermione não gostou. Eu sabia que ele estava mentindo, que esse não era o único motivo dele se sentar ao lado dela.


- Claro que não. – Eu respondi me sentando atrás de Hermione, na segunda fileira.


Harry se sentou ao meu lado. É, eu não me importava mesmo com o fato de Ron se sentar com Hermione. Ele pode se sentar com ela quantas aulas ele quiser.


A aula foi normal. Eu e Hermione (sim, nós duas, porque Harry e Ron são inúteis) conseguimos fazer a poção perfeitamente e ganhamos 20 pontos para nossa casa! Sim, fiquei feliz, primeiro dia de aula e eu estou conseguindo pontos para a minha casa. Eu fiquei orgulhosa. Eu sei que minha mãe ficaria.


- Sério, Malfoy passou a aula inteira te olhando. – Ron confirmou minhas suspeitas. – Chega a ser assustador.


- Não posso culpá-lo. – Eu disse. – Eu sou uma gracinha.


Hermione riu, Ron e Harry fecharam a cara. Acho que só Hermione entendeu meu sarcasmo.


- Isso é sério Louise. – Harry disse. – Malfoys tem fama de serem comensais. Não me assustaria se Draco já fosse um, mesmo com quinze anos.


- Paranóicos. – Eu disse.


- Por mais paranóicos nós sejamos, eles tem razão. – Hermione disse.


- Até agora eu não tive nenhum problema. – Eu disse. – Eu não vou criar problemas, ok? Vamos apenas ter aulas e agir como pessoas de quinze anos, certo?


- Boa sorte com isso. – Harry disse perto do meu ouvido e eu arrepiei.


Devia ser pecado isso. Eu devia jogar algum feitiço que o torturasse agora.


Respire.


- Black. – Uma voz me chamou.


Eu me virei e vi Malfoy e seus dois “carrascos” (essa palavra eu roubei do Ron).


- O que foi? – Perguntei meio rude.


- Posso falar com você? – Ele perguntou.


- Fale. – Eu disse.


- A sós. – Ele me pediu.


Harry chegou perto de mim e sussurrou:


- Não vou deixar sozinha com ele. Nem tente.


Eu sorri e achei bonitinho.


- Eu posso me cuidar. – Eu disse baixinho para Harry e então me virei para Malfoy: - Ás sós com seus guarda-costas?


Draco apenas olhou para os dois brutamontes atrás dele e os dois se afastaram dele.


- Está tudo bem. – Eu disse para Ron que me olhava como se eu estivesse maluca. – Eu encontro vocês na sala de Transfiguração.


- Mas você não sabe onde é. – Ron disse.


- Eu a levo lá. – Malfoy se impôs.


Eu caminhei para perto dele e nós começamos a nos afastar dos meus amigos, que seguiram na direção oposta.


- Agora que estamos a sós você pode me dizer o que você quer? – Perguntei, já que caminhávamos calados havia alguns minutos.


- Você é muito bom em Poções. – Ele disse.


- Eu tenho que ser. – Eu disse.


- Você deveria ser tutora. A maioria dos alunos não é tão boa quanto você.


- Você é um desses alunos? – Perguntei dando meu sorriso mais sedutor.


- Sim, sou. – Ele respondeu com um sorriso bem mais sedutor que o meu.


Fiquei séria e parei de caminhar. Ele também parou.


- Algum problema? – Ele me perguntou.


- Estou tentando entender porque um dos alunos que meu padrinho diz ser “um dos melhores” está me pedindo para lhe ajudar com Poções. – Eu disse séria.


Ele corou e sorriu. Lindo.


- Qual é seu palpite? – Ele me perguntou.


- Você imaginou que esse seria o único jeito de se aproximar de mim sem Harry Potter por perto. – Eu disse. – Estou certa?


- Está. – Ele respondeu. – Bem, essa é sua sala.


- Obrigada por me trazer aqui, Malfoy. – Eu disse.


Ele sorriu, se virou e caminhou para longe.


- Malfoy! – Eu chamei por ele, que se virou. – Que dia você quer estudar?


Ele sorriu para mim.


- Hoje, depois do jantar, na biblioteca? – Ele perguntou.


- É uma boa hora. – Respondi e entrei na sala.


Harry estava sentado emburrado e havia um lugar ao lado dele. Eu me sentei ao lado dele e sorri para ele.


- Pare. – Ele disse.


- Não estou fazendo nada. – Respondi sem entender.


- Você está feliz por ter conversado a sós com Malfoy. Seu pai vai odiar isso. – Ele me disse.


Eu percebi que ele estava com ciúmes.


- Potter, ele apenas quer que eu o ajude em Poções. – Eu disse. – E mesmo assim, e daí, o que é que você tem a ver com o fato dele querer falar a sós comigo e eu aceitar isso?


- Louise, não seja ridícula, você sabe o que seu pai diria sobre isso... – Eu o interrompi.


- Não, eu não sei. Eu não o conheço. – Eu cheguei perto dele e disse mais baixo: - Você realmente acha que eu vou ser uma garota normal? Eu não posso, eu devo algo à minha mãe e Malfoy é o melhor e único jeito que eu vejo de conseguir isso.


- É só sobre isso? – Ele perguntou um pouco envergonhado.


- É.


- Você sabe que é perigoso, não é?


- Eu não tenho medo. – Respondi convicta e me virei para frente, pois a professora havia chegado.


- Não se preocupe, eu te darei cobertura. – Ele me disse olhando para frente também.


- Eu sei, você prometeu para meu pai. – Respondi rindo e fazendo-o rir.


McGonagall começou a falar e eu a copiar furiosamente cada palavra que ela dizia.

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