Pensamentos proibidos
Enquanto isso, em Hogsmeade, Fred e Sophie aproveitavam o restinho do tempo que tinham para ficar juntos. Eles haviam ido até a Casa dos Gritos, onde, como já havia feito uma vez, Fred havia limpado e preparado um cômodo para receber Sophie. Havia chamas azuis na lareira, que esquentavam e não faziam fumaça – eles não queriam destruir a reputação de mal-assombrada da casa – e os dois estavam confortavelmente acomodados em um sofá, e cobertos com um grosso e pesado edredom.
- Seu pai ia ficar maluco se nos visse assim... – disse Fred, de olhos fechados, enquanto Sophie traçava a linha de seu maxilar com a ponta dos dedos. Ela estava sentada entre as pernas dele, de lado, e suas pernas passavam por baixo da perna direita do garoto.
- É, mas você é um genro muito bem comportado. – disse Sophie.
- É, sou sim. – retrucou Fred – Mas tenho que me esforçar um pouquinho pra isso.
- Hmm... pobrezinho... – disse Sophie, sorrindo, e beijando de leve os cantos da boca dele.
- E fica bem mais difícil com você fazendo isso, sabia? – perguntou o garoto.
Sophie riu, parando com a brincadeira e recostando a cabeça no peito de Fred, que a abraçou.
- Tá ficando tarde, Soph. – disse o garoto – Melhor você voltar pro castelo.
- Tá me mandando embora, é? – perguntou a garota, brincalhona.
- Por mim você não saía mais daqui. – respondeu Fred – Mas você prometeu ao Harry. Não quero que ele vá dizer pro meu sogrinho que eu raptei a filha dele.
Sophie revirou os olhos, rindo.
- Ok, você venceu. – disse ela, tirando as pernas de baixo da dele e levantando-se – Brrr... tá frio! Quero voltar pra debaixo do edredom.
Fred riu.
- Põe o meu casaco. – disse ele, levantando-se também, e apanhando o casaco para que ela o vestisse – Vai ficar mais aquecida.
Fred aparatou, levando Sophie consigo, direto no porão da Dedosdemel. Ele abriu o alçapão para o túnel que a levaria de volta a Hogwarts.
- Não, fica com ele. – disse o garoto, quando ela fez menção de tirar o casaco para devolver a ele.
- E você?
- Eu vou aparatar direto em casa, nem vai dar tempo de sentir frio. – disse o garoto – Agora vai, amor, vai se atrasar pro jantar se não correr.
- Tá. – disse Sophie, beijando-o – Eu amo você.
- Eu amo você mais. – disse Fred – Agora vai. Cuide-se.
- Você também.
Eles voltaram a se beijar, e Sophie então desceu pelo alçapão até o túnel escuro. Ela sacou a varinha do bolso do casaco.
- Lumus! – disse, e a ponta da varinha se acendeu. Ela então começou a andar; era um longo caminho até Hogwarts.
- Mas onde é que ela se meteu? – perguntava Harry, olhando para a entrada do Grande Salão.
Todos já estavam acomodados nas mesas das casas para o jantar, e Sophie ainda não havia aparecido, nem dado qualquer sinal, desde que eles a deixaram em Hogsmeade com Fred.
- Calma, Harry, ela já deve estar chegando. – disse Gina.
- Eu pedi pra ela não vir muito tarde.
- Deixa ela curtir um pouco, Harry. – disse Hermione – Eles quase não se vêem agora.
- Sirius pediu que eu tomasse conta dela.
- Eu sei, Harry, mas ela não está em perigo, né?! – disse a garota – Ela tá com o Fred, e ele não vai deixar acontecer nada com ela.
- Eu sei disso. Mas... onde é que eles andam? – perguntou o garoto – E o que estão fazendo até essa hora?
- Ah, meu Merlin... – disse Hermione, revirando os olhos.
- É sério, Mione! Ele é um cara, e é mais velho do que a Soph.
- Harry, acredita em mim, Sophie não é assim tão influenciável. – disse Hermione, meio sem querer.
- Mione, você tá sabendo de alguma coisa que eu não sei? – perguntou Harry, desconfiado.
- Ahn... não... – mentiu Hermione.
- Mione...
- Eu não sei de nada, Harry. – disse a garota, logo desviando o olhar e começando a conversar com Gina.
Sophie abriu a passagem da bruxa de um olho só com todo o cuidado, certificando-se de que não havia ninguém no corredor antes de passar pelo buraco e fechar a passagem. Já era hora do jantar, e todos já deveriam estar no Grande Salão, então foi para lá que ela se dirigiu.
- Ufa, cheguei bem a tempo! – disse ela, a o alcançar o ponto da mesa onde estavam os amigos. Hermione havia guardado um lugar para ela – Valeu, Mione.
- Tava começando a ficar preocupado, Soph. – disse Harry.
- Desculpa, eu perdi a hora. – justificou-se a garota.
- Temos um monte de coisas pra contar pra você, Soph. – disse Hermione.
- O que foi que aconteceu? – perguntou Sophie, notando as expressões sérias nos rostos dos amigos.
- Só um minuto. – disse Harry, sacando a varinha – Abaffiato. – murmurou ele – Pronto, agora podemos conversar. – disse ele, e então começou a colocá-la a par do que havia acontecido.
- Merlin, isso é horrível! – disse Sophie, depois de ouvir todo o relato, e Hermione concordou – Mas, pelo que você disse, Malfoy tava no castelo o tempo todo. – disse ela – Não tem como ele ter dado aquilo pra ela.
- Ele deve ter dado um jeito. – disse Harry.
- Talvez seja só uma coincidência, Harry. – disse Hermione.
- Não foi uma coincidência, Mione. – insistiu Harry – Simplesmente não foi.
Katie foi transferida para o Hospital St. Mungus na manhã seguinte, e, naturalmente, toda a escola já sabia sobre o incidente de que ela fora vítima, embora ninguém soubesse como realmente ela fora enfeitiçada e a quem de fato pertencia o pacote que ela havia recebido em Hogsmeade.
Na segunda-feira à noite, Harry estava mais uma vez no escritório de Dumbledore, sentado diante da escrivaninha do professor. Dumbledore tinha uma aparência cansada, mas não foi isso o que mais impressionou Harry naquela noite. A mão direita do diretor estava escura e enrugada, como se houvesse sofrido uma grave queimadura. Por educação, Harry tentou não perguntar sobre aquilo, mas não conseguia deixar e olhar para a mão do diretor, que parecia simplesmente morta.
- Professor, o que aconteceu com a sua mão? – perguntou Harry, sem conseguir se conter.
- Ah, sim. – disse Dumbledore – Foi apenas um pequeno acidente de percurso, nada para se preocupar no momento. – disse Dumbledore – Soube que estava presente no momento do incidente com a Srta. Bell..
- É, eu estava. – confirmou Harry – Como ela está?
- Nada bem, ainda. – respondeu Dumbledore – Mas vai se recuperar. O objeto dentro do pacote estava impregnado de magia negra, – continuou ele, respondendo à pergunta que Harry não chegara a fazer em voz alta – e foi uma grande sorte da parte da Srta. Bell que o objeto tenha tido contato com uma parte muito pequena da pele dela, pois de outra forma, ela provavelmente estaria morta.
Harry engoliu em seco ao ouvir as palavras do diretor.
- Mas não se preocupe, Harry, – disse Dumbledore – o pior já passou, e ela irá se recuperar em breve.
- Professor, sobre isto... acho que sei quem deu aquilo para a Katie. – disse Harry.
- Sabe? – perguntou Dumbledore.
- Sim, senhor. – confirmou Harry – acho que foi Draco Malfoy.
- O Sr. Malfoy? – ecoou Dumbledore – E por que acha isto, Harry?
O garoto entào contou ao professor tudo o que havia escutado de Malfoy no corujal. Dumbledore ouviu a tudo, impassível, só voltando a falar quando Harry terminou seu relato.
- Esta é uma acusação bastante grave, Harry. – disse ele, e pareceu a Harry que o professor estava levemente perturbado, embora tentasse disfarçar – Além disso, pelo que eu soube, o Sr. Malfoy não esteve em Hogsmeade naquela ocasião.
- Ele deve ter dado um jeito de fazer o pacote chegar nas mãos dela. – insistiu Harry.
- É uma acusação vaga, Harry, baseada em algo que você ouviu por acaso do Sr. Malfoy.
- Mas, Professor...
- Agradeço que tenha compartilhado suas suspeitas comigo, Harry, e lhe asseguro que tudo será feito para encontrar o verdadeiro culpado. – disse Dumbledore, no tom que Harry conhecia como o de fim de assunto – Mas no momento, temos um assunto de maior importância para tratar.
Com um aceno de varinha, Dumbledore fez a Penseira sair de dentro do armário onde ficava guardada, e flutuar até a escrivaninha.
Com a mão esquerda, ele apanhou do meio das vestes um frasquinho de cristal, cujo conteúdo, nem líquido, nem gasoso, despejou dentro da Penseira. A substância branco-prateada rodopiou dentro da bacia de pedra, enquanto o diretor fechava o frasquinho de cristal e depois voltava-se para Harry.
- Na nossa primeira “aula”, conhecemos a família de Lorde Voldemort, antes de seu nascimento. Você viu como era a casa dos Gaunt, e como Mérope, a mãe dele, conheceu seu pai, Tom Riddle Sênior. – lembrou ele, e Harry assentiu – Hoje vamos visitar uma lembrança minha, do meu primeiro encontro com Tom Riddle, no orfanato em que ele vivia. Vamos ver a que conclusões conseguiremos chegar depois de nosso passeio. – disse o diretor, e então apontou a Penseira – Você vai na frente?
Harry levantou-se da cadeira, aproximando-se da Penseira. Inclinou-se sobre a bacia de pedra, tocando seu conteúdo, levemente gelado, com a ponta do nariz, sentindo o chão do escritório de Dumbledore desaparecer sob seus pés. Mais uma lição estava para começar.
Muito longe dali, em uma sala fria e escura, mal iluminada por algumas poucas velas, e pela luz da lua, que se infiltrava pela janela entreaberta, um Comensal da Morte recebia instruções de seu mestre.
- Deve trazê-la com você. – ordenou Voldemort – Vá ao seu encontro, e diga que eu a estou chamando. Deve trazê-la diretamente para cá.
- Sim, milorde. – respondeu o Comensal, de cabeça baixa.
- Mas lembre-se, Rabastan, ela não pode ser vista. – instruiu o bruxo – Ainda que o tempo tenha passado, estou certo de que ainda existem muitas pessoas que a reconheceriam.
- Sim, milorde. – respondeu Rabastan – Ela ficará aqui?
- Sei o que está pensando, Rabastan. – disse Voldemort – A mulher que conheceu está morta. Ela é Annabella. Nada que possa fazê-la lembrar-se de seu passado deve ser mencionado enquanto estiver aqui. E não, ela não ficará. Quero-a longe de todos os que a conhecem. Agora vá.
Rabastan se retirou, deixando seu mestre sozinho no escritório escuro. Voldemort observava o fogo que crepitava na lareira com uma expressão pensativa.
“Somente sua presença será suficiente para criar problemas com vários membros da Ordem. – pensava ele, um sorriso maldoso no rosto ofídico – Black, Black... poderia ter sido um de nós... Como irá reagir ao ver que justamente ela assumiu o lugar que deveria ter sido seu?”
A viagem através da lembrança de Dumbledore durou cerca de uma hora e meia, e então Harry e o diretor estavam de volta ao gabinete em Hogwarts.
- Sente-se, Harry. – disse Dumbledore – E então, o que tem a me dizer sobre o que viu?
- Tem... algumas coisas que eu notei. – disse Harry – Por exemplo, ele aceitou muito rápido quando o senhor disse a ele que ele era um bruxo.
- Sim. – concordou Dumbledore – Ele estava totalmente pronto para aceitar ser, como ele próprio definiu, especial, diferente dos outros. Seus poderes eram, como você viu, bastante desenvolvidos para alguém de sua idade, e ele já aprendera a usá-los de forma consciente, embora não correta.
Harry assentiu com a cabeça em concordância.
- E ele era ofidioglota. – comentou ele.
- Sim, um talento raro. – disse Dumbledore – Mas, confesso que não foi isto o que mais me impressionou ao conhecer o jovem Tom Riddle, mas sim suas visíveis tendências à crueldade e ao desejo de dominar os outros.
Harry voltou a assentir.
- Além disso, existem outras características para as quais devo chamar sua atenção, Harry. – continuou Dumbledore – Ele demonstrava desprezo por tudo o que o ligasse a outras pessoas, que o tornasse comum, como seu nome, por exemplo. Também era muito auto-suficiente, desprezando sempre qualquer tipo de ajuda ou companhia. – lembrou o diretor – O Voldemort adulto é exatamente igual. Os Comensais que pensam gozar de sua estima e confiança, estão completamente enganados. Ele não tem, e creio que nunca desejou ter amigos.
- Bellatrix Lestrange acha que é especial para ele... – comentou Harry.
- Sim. Sua devoção é tão cega, que ela não é capaz de perceber que não há recíproca alguma. – disse Dumbledore – Mas, voltando ao nosso ponto, temos finalmente o hábito dele de colecionar troféus, como os objetos que guardou após tê-los tirado de outras pessoas. Quero que guarde bem este fato, Harry, pois essa mania será um ponto importante em nossas lições futuras.
Harry concordou, tentando fazer com que sua cabeça absorvesse toda aquela informação. Já era tarde, e ele estava bastante cansado.
- Agora vá, Harry, – disse Dumbledore – ou a professora Minerva virá se queixar a mim por você estar dormindo durante a aula dela amanhã.
Harry levantou da cadeira, só então percebendo o quão sonolento realmente estava.
- Boa noite, Professor. – disse ele, dando a volta na cadeira para dirigir-se rumo à porta.
- Boa noite, Harry.
No café da manhã do dia seguinte, Harry não pôde contar aos amigos sobre a aula com Dumbledore, pois havia muita gente ao seu redor. Como Katie continuava no St. Mungus, sem previsão de volta, o time tão bem montado e que Harry vinha treinando com tanto empenho e dedicação, estava desfalcado, e talvez fosse precisar de um novo artilheiro para substituir a garota no jogo contra Sonserina, no fim de semana seguinte. Vários candidatos orbitavam ao redor de Harry, desde o instante em que ele entrara no Grande Salão, impedindo-o de falar qualquer coisa sobre aquilo com os amigos.
Durante a aula de Transfiguração, com a severa professora McGonagall, não era possível conversar sobre aquilo, ou qualquer outra coisa, exceto sobre o tema que estava sendo desenvolvido naquela manhã. A professora discorria sobre um difícil tópico de Transfiguração Humana, exigindo atenção total dos alunos durante a explicação. Mesmo na hora da prática, durante a qual os alunos deviam tentar mudar a cor dos próprios olhos, era impossível iniciar uma conversa, não com a professora perambulando pela sala, para acompanhar os progressos da classe.
- Ótimo, Srta. D'Argento! – elogiou ela, quando Sophie conseguiu deixar seus olhos em um tom de azul bem claro.
- Soph, você ficou igual à sua mãe! – disse Harry, e Sophie riu.
- Você conseguiu, Mione! – exclamou ela, ao ver os olhos da amiga assumirem um tom de castanho bem escuro.
- Legal!
Ao fim da aula, os quatro, que tinham aquele período livre, rumaram para os jardins, apesar do frio, para que pudessem conversar sobre a aula de Harry sem serem ouvidos.
- Meio assustador, esse garoto Você-Sabe-Quem. – comentou Rony – Mas eu ainda não consigo entender por que Dumbledore tá mostrando tudo isso pra você.
- Eu acho fascinante. – disse Hermione – Poder conhecer o que há por trás daquilo em que ele se transformou.
- É importante que Harry conheça a história dele, Rony. – disse Sophie – Quanto mais ele souber a respeito, mais bem preparado estará para enfrentá-lo quando chegar a hora.
- Ah, gente, espera aí! – pediu Harry – Dino! Dino!!
Ele saiu meio que correndo até onde o colega estava. Havia adiado a substituição de Katie o máximo que podia, esperando que ela pudesse retornar antes do jogo contra Sonserina, mas agora que recebera a confirmação de que isto não aconteceria, precisava encontrar alguém que a substituísse o mais rápido possível. Dentre todos os que haviam feito os testes da outra vez, Dino era o que melhor se saíra, depois dos que haviam sido selecionados para o time.
- E aí, Harry? – disse Dino, ao vê-lo se aproximar.
- Oi. – respondeu Harry – Olha só, você ainda tá interessado em ser artilheiro?
- Quê? – perguntou o garoto, surpreso – Claro que tô!
- Ótimo. Então você tá no time. – disse Harry – Temos um treino hoje, às sete.
- Beleza. – disse Dino, animado – Mal posso esperar pra contar pra Gina.
Como acontecera antes, Harry sentiu algo muito incômodo se mover em seu estômago ao lembrar-se do namoro de Dino com a ruivinha. Ele observou o colega sair correndo rumo ao castelo, enquanto esperava que Rony, Hermione e Sophie o alcançassem.
- Tudo bem aí, Harry? – perguntou Sophie, ao ver a expressão do rosto dele.
- Hã? – perguntou ele – Tá, tudo bem.
Harry percebeu que havia feito uma ótima escolha ao ver Dino voando no treino daquele dia. O garoto havia se entrosado muito bem com Gina e Demelza, e parecia que o time estava firme o suficiente para o jogo, os batedores estavam melhorando a cada treino, e todos os jogadores estavam bastante animados. O único problema era Rony. Harry sempre soube que o amigo era um jogador irregular, nervoso, e com um sério problema de falta de confiança. No entanto, aquele treino foi bastante proveitoso, e ao fim dele, Harry estava bastante confiante para o jogo.
Ele e Rony iam em direção à torre da Grifinória, onde iriam encontrar com Hermione e Sophie, conversando sobre o treino. Harry tentava infundir alguma confiança em Rony, e parecia estar atingindo seu objetivo. Eles decidiram pegar um atalho, no segundo andar, que os faria chegar mais rápido ao salão comunal, mas ao afastar a tapeçaria que escondia a passagem, depararam-se com Gina e Dino Thomas, ainda com os uniformes do time, beijando-se de forma bastante intensa.
De súbito, Harry sentiu o sangue borbulhando em suas veias, os punhos se fecharam e na mente dele, todo e qualquer pensamento racional foi substituído pelo desejo quase incontrolável de azarar Dino até que ele parecesse geléia de abóbora. Ele ainda tentava controlar a vontade de sacar a varinha para fazer o que se passava em sua cabeça quando ouviu, longe, a voz de Rony falando.
- Mas que droga é essa?
Dino e Gina se separaram e viraram para olhar. Uma voz irada, dentro da cabeça de Harry, exigia a expulsão imediata de Dino da equipe.
- Que foi? – perguntou Gina, parecendo levemente irritada.
- Que foi? – ecoou Rony – Encontro você aqui, se agarrando com um cara pra todo mundo ver, e você ainda pergunta o que foi?
- Não tinha ninguém aqui até você chegar. – retrucou a ruivinha.
- Gina, vem, vamos pra torre... – disse Dino, visivelmente embaraçado, puxando-a pela mão.
- Vai indo na frente. – disse Gina – Eu só vou dar uma palavrinha com o meu irmão.
Não foi preciso pedir duas vezes. Lançando um último olhar cheio de culpa, Dino deixou o corredor, enquanto Gina e Rony se encaravam com olhares furiosos, e Harry observava os dois, ainda sem reação.
- Vamos esclarecer algumas coisinhas aqui. – disse Gina, ainda encarando Rony – Não é da sua conta com quem eu saio, quando eu saio, ou o que eu faço...
- É sim! – rebateu Rony – Não quero ouvir por aí que minha irmã é uma...
- Uma o quê? – interrompeu Gina, irada – Fala, Ronald, uma o quê?
- Gina... – chamou Harry – Ele não quis dizer...
- Ele quis sim! – disse a ruivinha, sem olhar para ele – O que eu faço não é da sua conta, Ronald Weasley. O grande problema é que você não tem quem queira dar uns amassos, então fica enchendo o saco de quem tem!
- Cala a boca! – gritou Rony, adiantando-se na direção dela. Harry colocou-se entre os dois, que já tinham as varinhas em punho.
- Harry ficou com a Cho Chang! – continuou Gina, os olhos cheios de lágrimas de raiva – E Hermione com o Krum! Só você se comporta como se isso fosse feio, porque não tem quem faça o mesmo com você!
E dizendo isso, deu as costas aos dois, caminhando enfurecida rumo ao fim do corredor, enquanto Harry e Rony continuaram parados no mesmo lugar, os dois respirando pesadamente. Eles então ouviram a respiração asmática de Filch, que deveria estar vindo quem eram os causadores da gritaria.
- Vamos. – disse Harry – Vamos dar o fora daqui.
Eles subiram a escadaria até o sétimo andar, passaram pelo retrato da Mulher Gorda, e foram direto para o dormitório. Rony foi direto para o banho, enquanto Harry se jogava na cama, a mente trabalhando sem parar.
“Só por que ela é irmã do Rony...” – repetia ele, para si mesmo – “Não gostei de ver Gina beijando o Dino porque ela é irmã do Rony...”
Virou-se na cama, com um suspiro, fitando a janela, sem de fato enxergá-la.
“Será que ele ia reagir do mesmo jeito se fosse eu, ao invés do Dino? – pensou ele, sobressaltando-se logo em seguida – “Mas o que eu tô pensando?”
- Harry?
Harry virou-se de súbito na direção da porta do banheiro, por onde Rony saía. O ruivo tinha uma expressão incomodada no rosto.
- Você acha... acha que Hermione ficou com o Krum?
“Acho. Com certeza, acho.” – pensou Harry, mas não foi o que disse ao amigo.
- Ahn... eu não sei, Rony... – mentiu ele.
- Tá. – disse o ruivo, desanimado.
Os assuntos Gina e Hermione não voltaram a ser mencionados por nenhum dos dois naquela noite. Na verdade, eles mal se falaram, tendo ido dormir em silêncio, bem mais cedo do que de costume, cada qual concentrado em seus próprios pensamentos.
Harry demorou a adormecer naquela noite. Ficou observando o dossel da cama, enquanto tentava, inutilmente, se convencer de que seus sentimentos por Gina eram unicamente fraternais. Afinal, não haviam passado juntos boa parte dos últimos verões, como irmãos? Jogando Quadribol, implicando com Rony... Ele a conhecia há muito tempo, já a salvara uma vez, era natural que prestasse atenção nela, que quisesse protegê-la... que quisesse socar Dino até que ele se transformasse em polpa simplesmente por tocá-la... não, essa parte não era assim tão natural.
“Ela é irmã do Rony.” – pensou severamente – “Irmã do Rony. Proibida.”
Não, ele não iria arriscar sua amizade com Rony, de jeito nenhum. Inspirou fundo, ajeitando o travesseiro de forma a deixá-lo mais confortável, e deitou novamente para esperar que o sono viesse, tentando manter seus pensamentos o mais longe que pudesse de Gina.
N/A: gente, eu tô correndo, então neem vou me alongar na N/A. Eu PRECISO saber o que vocês estão achando da fic!! Eu tô no escuro, não sei se estão gostando, ou não... Aaaaff!! Pra quem veio direto pra cá, postei dois capítulos de uma vez só, então, voltem uma casa, ok?! =*
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