Passeio em Hogsmeade
Pela segunda vez naquele dia, Harry olhou para a mesa dos professores, encarando a cadeira vazia de Dumbledore. Ele já havia percebido a ausência do diretor na hora das refeições várias vezes nas semanas anteriores, e se perguntava sobre onde estaria Dumbledore, e o que estaria fazendo nos dias em que se ausentava da escola. Depois daquela primeira “aula”, na qual haviam visitado uma parte do passado de Voldemort, Harry não fora mais chamado ao gabinete do diretor, nem recebido qualquer aviso sobre o próximo encontro, e isto o estava deixando bastante inquieto.
Por sugestão de Sophie, Harry escreveu uma carta a Sirius, pedindo notícias do padrinho, que há muito não lhe escrevia, e também falando um pouco sobre o que estava acontecendo na escola, a mudança de cargo de Snape, as aulas com Dumbledore e algumas outras coisas que estavam em sua cabeça já há algum tempo. Enquanto Sophie e Rony estavam concentrados em uma partida de xadrez, – na qual o ruivo estava perdendo – e Hermione lia um grosso livro de Aritmancia, – cujo conteúdo lhe era incompreensível – Harry foi até o corujal para despachar sua carta. Ele havia acabado de soltar Misty – Edwiges estava caçando – quando ouviu a voz de Draco Malfoy, vindo da escada que levava ao corujal.
- Finalmente Borgin conseguiu consertar aquilo. – dizia ele, mais para si mesmo, quando entrou no corujal, acompanhado por Crabbe e Goyle, um segundo depois de Harry ter desaparecido debaixo da sua capa de invisibilidade.
A pedido de Dumbledore, Harry agora carregava a capa para onde quer que fosse, o que acabou sendo providencial naquele momento. Com cuidado para não fazer nenhum barulho, ele se escondeu atrás de um dos enormes poleiros, longe da porta para evitar que o vento agitasse a capa e pudesse revelar sua presença.
- Preciso avisar aquele imbecil para não mandar aquilo pra cá. – continuou Malfoy, enquanto escolhia uma coruja – Não com Filch enfiando aquele sensor de segredos em tudo o que entra no castelo.
- Mas se ele não vai mandar pra cá, – disse Crabbe – pra onde vai mandar?
- Pra isso serve o correio, seu idiota. – respondeu Malfoy – Vou mandar ele enviar pra lá, e no passeio do próximo fim de semana, dou um jeito de apanhar, ou melhor, de alguém apanhar pra mim. Quanto menos contato eu tiver com aquilo, melhor.
- Mas não dá pra levar nada pra dentro do castelo sem passar pelo Filch. – disse Goyle.
- Existem outros meios de se entrar, além da porta principal. – disse Malfoy – Agora calem a boca e cuidem a porta.
Cuidadosamente, Harry passou mais para perto de onde Malfoy estava. O sonserino prendeu uma carta à pata de uma coruja marrom, pertencente à escola, enquanto Crabbe e Goyle bloqueavam a porta do corujal, e assim que Malfoy soltou a coruja, os três deixaram rapidamente o corujal, rumo ao castelo. Harry ainda esperou algum tempo, esperando que eles se distanciassem o bastante para não vê-lo deixar o corujal, e então deixou também o local. Do que Malfoy estava falando? Borgin iria mandar alguma coisa para ele... ele só podia estar falando do dono da Borgin & Burkes, a obscura loja da Travessa do Tranco, na qual Harry já havia visto o sonserino e seu pai fazendo negócios. O que Borgin iria mandar a Malfoy, que não podia passar pelo sensor de segredos de Filch?
Foi com estas perguntas repetindo-se incessantemente em sua cabeça que Harry voltou ao castelo, correndo até a torre da Grifinória para contar aos amigos sobre o que havia ouvido no corujal.
- Como é? – perguntou Rony, depois que o amigo contou o que havia acontecido no corujal – Malfoy vai receber alguma coisa da Borgin & Burkes? Alguma coisa que não possa passar pela revista do Filch?
- Não acho que alguma coisa de lá pudesse. – comentou Sophie.
- Bom, foi o que ele disse. – disse Harry – Que Borgin tinha consertado alguma coisa, e que ele não podia mandar pra cá.
- Mas o que ele pode estar tentando trazer pra dentro do castelo? – perguntou Sophie.
- Vindo da Borgin & Burkes? – perguntou Rony – Só pode ter a ver com artes das trevas.
- O que vai fazer agora, Harry? – perguntou Hermione.
- Tenho que avisar Dumbledore. – respondeu Harry – Seja lá o que for que Malfoy tá aprontando, ele precisa saber.
- Mas, Harry, você não tem nenhuma prova. – argumentou Hermione – E nem mesmo sabe do que ele realmente tava falando.
- Talvez eu possa descobrir. – disse Sophie – Amanhã nossa primeira aula é Poções, junto com a Sonserina. Ele não vai perceber se eu der uma espiadinha no que ele estiver pensando.
- Não custa tentar. – disse Hermione.
- Ótimo. – disse Harry, animado – Amanhã pegamos o Malfoy.
No dia seguinte, chegaram, via correio-coruja, os exemplares de “Estudo Avançado em Poções” encomendados por ele e Rony na Floreios e Borrões. No entanto, depois de haver encontrado, além das dicas e atalhos para o preparo de poções – os quais vinham lhe sendo muito úteis nas aulas com Slughorn – vários pequenos feitiços e azarações interessantes, em meio às anotações feitas pelo antigo dono do livro que lhe fora emprestado pelo professor, Harry decidiu ficar com ele. Ele retirou as capas do livro novo e do velho, trocando-as e recolocando-as em seus novos lugares com um simples “Reparo” , devolvendo o livro novo, com a capa velha, para Slughorn, e mantendo o antigo consigo, com a capa novinha em folha. Foi com uma grande expectativa que Harry entrou na aula de Poções naquela manhã. Se tudo corresse bem, eles logo saberiam o que Malfoy estava tramando.
No entanto, as coisas não saíram exatamente como ele esperava. Durante a aula de Poções, sentada ao lado de Hermione, Sophie não ouvia sequer uma palavra da explicação de Slughorn sobre a poção Polissuco. Bem, pelo menos não diretamente. Com o olhar cravado no quadro-negro, ela voltava sua mente para os pensamentos de Malfoy. Mas tudo o que conseguia ouvir na mente do garoto era o eco da explicação do professor, palavra por palavra. Ela olhou para Harry, sacudindo a cabeça negativamente. Não conseguiria arrancar nada de Malfoy.
- Parecia que ele tava fazendo de propósito! – disse ela, em voz baixa, depois que eles saíram da masmorra – Era mais ou menos como eu ensinei pra você no ano passado, Harry, só que ao invés da Firebolt, era a poção Polissuco.
- Mas... e se fosse mesmo de propósito? – perguntou Hermione.
- Como assim, Mione? – perguntou Sophie.
- O seu... talento pra descobrir coisas não é bem um segredo, né, Soph? – perguntou Hermione – Muita gente sabe o que você pode fazer.
- É... isso faz sentido... – concordou Sophie, pensativa.
- Mais do que isso. – disse Harry – Se ele tava usando Oclumencia pra proteger a mente dele, quer dizer que tem mesmo alguma coisa a esconder.
- Bom, então chegamos ao acordo de que ele tá mesmo escondendo alguma coisa. – disse Hermione – A questão agora é saber o quê.
Aquela semana passou rapidamente, e para a frustração de Harry, Dumbledore esteve fora da escola durante a semana inteira. Na sexta-feira, Sophie enviou um bilhete a Fred, avisando sobre a visita que fariam a Hogsmeade no sábado, e o garoto respondeu dizendo que iria ao vilarejo para encontrar-se com ela. Todos estavam muito animados com o passeio; com as medidas de segurança que haviam sido implantadas, o pensamento geral era de que as visitas a Hogsmeade seriam suspensas, e o anúncio de que elas continuariam acontecendo trouxeram novo ânimo aos alunos que ultimamente recebiam apenas más notícias vindas de fora da escola.
O sábado amanheceu frio e tempestuoso. Um vento gelado assobiava pelas janelas, e todos prepararam-se para sair colocando casacos pesados, luvas, gorros e cachecóis. Harry, Sophie, Rony e Hermione se encontraram no salão comunal, e foram juntos tomar café. Quando se preparavam para deixar o Grande Salão, Gina veio até onde eles estavam, trazendo um pergaminho enrolado, que entregou a Harry.
- É do Dumbledore! – disse ele, rompendo o lacre de cera, e desenrolando o pergaminho – É a data da próxima aula. – disse, depois de ler o conteúdo da correspondência – Segunda à noite.
- Vai poder contar a ele sobre o Malfoy. – disse Rony, e Gina, que continuava ali, fitou-os, franzindo o cenho.
- Vai com a gente a Hogsmeade, Gina? – perguntou Sophie, para desviar a atenção da ruivinha.
- Ah... não. – respondeu Gina – Eu vou com o Dino.
A alegria de Harry pela chegada da carta de Dumbledore pareceu ter se esvaído ao ouvir as palavras de Gina. Sophie percebeu o sorriso no rosto do garoto diminuir até desaparecer.
- Até mais tarde, então. – disse Gina, se afastando.
- Até.
Como sempre, Filch estava parado à beira das enormes portas de carvalho, verificando em uma enorme lista, os nomes dos alunos que tinham permissão para ir a Hogsmeade, mas agora também verificava cada um dos jovens com seu sensor de segredos.
- Que diferença faz o que estamos levando pra fora do castelo? – perguntou Rony, aos sussurros – Deviam verificar o que é trazido pra dentro!
Depois que Filch terminou de verificar a todos eles, os jovens encaminharam-se então às carruagens que os levariam a Hogsmeade. Todos hesitaram na hora de desembarcar das carruagens, na chegada ao vilarejo; o vento gélido açoitava seus rostos, deixando-os dormentes e ardidos.
- Vamos primeiro ao Três Vassouras? – perguntou Sophie – Combinei de encontrar com o Fred lá.
- Vamos sim. – concordou Rony – Uma cerveja amanteigada cai bem com esse frio.
- Nós temos que achar o Malfoy. – disse Harry.
- Tá muito frio, Harry! – disse Hermione.
- Fred tá me esperando, Harry. – disse Sophie – Depois que eu encontrar com ele, podemos ir onde você quiser.
Os três dirigiram-se então até o pub de Madame Rosmerta, andando bem juntos, e de braços dados – Harry e Sophie, e Rony e Hermione – para tentar protegerem-se do frio. Lá chegando, encontraram Fred, que já os esperava com cinco garrafas de cerveja amanteigada sobre a mesa.
- Oi, galera! – cumprimentou ele – Achei que vocês iam precisar de alguma coisa que esquentasse. – disse ele, enquanto o grupo se sentava à mesa – Oi, meu amor. – disse, beijando Sophie – Brrr... você tá gelada!
- Tá ventando muito lá fora. – respondeu a garota.
- Hmm... vem cá, eu esquento você. – disse Fred, puxando-a mais para perto.
Eles conversaram durante algum tempo, enquanto bebiam algumas cervejas amanteigadas. Por mais que Harry quisesse sair do Três Vassouras para procurar por Malfoy, a idéia de voltar ao vento frio que assobiava lá fora não era nada agradável, e ele acabou por se deixar ficar um pouco mais no ambiente quentinho do pub.
- E então, Fred, como vão as coisas na loja?
- Tudo ótimo! – respondeu Fred – Temos vendido muito, até pra fora da Inglaterra. – disse ele – E agora, recebemos uma encomenda do Ministério.
- Sério? – perguntou Sophie – Encomenda de quê?
- Criamos algumas capas de escudo, que eram só um protótipo. – contou Fred – Mas papai levou a idéia pro Ministério, e eles encomendaram um monte delas!
- Nossa, que incrível!
Mais tarde, depois de mais algumas rodadas de cerveja amanteigada, o grupo decidiu deixar o Três Vassouras, para dar uma volta pelo vilarejo. Hermione e Sophie queriam algumas coisas da Escribas, e Rony queria passar pela Dedosdemel para comprar alguns doces. A caminhada pela rua principal de Hogsmeade, no entanto, não foi lá muito animada. Além do vento cortante que os enregelava até o último fio de cabelo, algumas coisas que viram os desanimaram também. Viram a Zonko's fechada, as portas e vidros das vitrines cobertas por tábuas. Assim como haviam visto no Beco Diagonal, havia cartazes do Ministério da Magia espalhados por todo o vilarejo. Apesar de terem percorrido todo o vilarejo, eles não encontraram qualquer sinal da presença de Malfoy em Hogsmeade. Os cinco então passaram pela Escribas, para que as meninas comprassem o que desejavam, e depois rumaram para a Dedosdemel. Assim como o Três Vassouras, o ambiente estava aquecido, e o aroma doce e agradável os distraiu do clima desanimado da rua.
- Ah, Harry!
Todos se viraram para olhar. O professor Slughorn vinha na direção do grupo, carregando várias caixas de abacaxis cristalizados. Ele ostentava um largo sorriso enquanto se aproximava, o corpo grande balançando de um lado para o outro.
- Olá, Professor. – cumprimentou Harry, sem muito ânimo.
- Oh, olá, todos vocês. – disse Slughorn aos demais – Srta. D'Argento. – disse ele, fitando Sophie, e depois olhando ostensivamente para as mãos unidas dela e de Fred – Ou deveria dizer Black?
Sophie olhou para os amigos, abrindo um sorriso forçado para o professor, que não pareceu perceber o desagrado da garota, continuando a sorrir.
- Seu talento para poções tinha que vir de algum lugar. – disse ele – Sua mãe era geniosa, ah, sim, mas tinha uma ótima mão para poções. – Sophie não respondeu, e o professor então voltou-se para Harry – Mas, diga, Harry, o Ministério não criou objeções quanto à sua vinda a Hogsmeade?
- Acho que o Ministério tem mais o que fazer além de bancar a minha babá. – disse Harry, um tanto rispidamente.
- Ah, sim, com certeza. – disse Slughorn, parecendo levemente desconcertado.
- Harry!
Todos olharam por cima do ombro de Slughorn. Gina acenava para os amigos, chamando-os para onde ela estava. Eles se entreolharam, com expressões de disfarçada satisfação no rosto. Slughorn pareceu perceber que era hora de partir.
- Ah, bem, não vou impedi-los de se divertir. – disse ele – Afinal, não se sabe quando poderão vir a Hogsmeade novamente. Vão, vão encontrar com sua amiguinha.
Ele então abriu caminho para que o grupo passasse, dirigindo-se ao caixa da loja, onde ficou conversando com o dono. Harry e os outros foram então ao encontro de Gina.
- Valeu, Gina. – disse ele, quando alcançaram a amiga – Nos salvou de uma boa.
- Eu imagino. – disse Gina – Ele tava procurando por você há um tempão.
- É, e agora ele descobriu a Soph. – comentou Hermione.
- Nem me fala. – disse Sophie, fazendo uma careta – Vocês viram o jeito como ele olhou pra mim e pro Fred?
- Bom, já fiz minha boa ação do dia. – disse Gina – Deixa eu ir nessa.
- Não vai ficar com a gente? – perguntou Harry.
- Ah, não, Dino tá me esperando, ele ia passar no caixa. – respondeu a ruivinha – Nós vamos dar uma volta, beber alguma coisa que esquente... bom, tchau, gente.
- Tchau. – responderam todos, em uníssono.
Eles andaram, da maneira que foi possível, pela loja, apinhada de gente, e depois de comprarem os doces que queriam, decidiram voltar para a escola.
- Ah, eu acho que já podemos encerrar o dia, né, gente? – perguntou Hermione.
- Com certeza. – concordou Rony – O salão comunal deve estar quentinho, a lareira acesa...
- É, acho que é uma boa. – disse Harry, olhando através da vitrine para a rua. Ele se perguntava se Gina e Dino já haviam voltado para o castelo.
- Você também vai, Soph? – perguntou Hermione.
- Não, eu vou ficar mais um pouco. – respondeu Sophie.
- Então, até mais tarde. – despediu-se Hermione – Tchau, Fred!
- Tchau pra vocês.
- Até outra hora, Fred. – disse Harry, já se virando para a porta – Soph, não volta muito tarde.
- Pode deixar. – respondeu a garota – Até mais tarde.
Harry, Hermione e Rony então deixaram a Dedosdemel. Logo em seguida, Sophie e Fred também saíram, rumando para a Casa dos Gritos.
- O que foi aquilo, com o Harry? – perguntou o garoto, levemente enciumado.
- Ele só fica preocupado. – respondeu Sophie – Boa parte por causa do meu pai, eu acho.
- Hmm...
Enquanto isso, Harry e os demais rumavam para o local onde estavam as carruagens. À sua frente, Katie Bell e uma amiga seguiam na mesma direção, e pareciam estar discutindo por algum motivo.
- ... e eu ainda acho que você não devia ter trazido isso. – dizia a garota, que Harry reconheceu como sendo Liane, colega de Katie do sétimo ano – Você nem sabe o que tem aí dentro, vai acabar se metendo em encrenca.
- Eu não preciso entrar no castelo com isso. – disse Katie – Só preciso levar comigo até a escola. Quando chegarmos a Hogwarts, vou deixar o pacote dentro da carruagem, simples assim.
- E como a pessoa vai saber que é a carruagem certa? – perguntou Liane.
- Vou marcar a carruagem.
Harry, Rony e Hermione se entreolharam. Era muita coincidência. Eles apressaram o passo, para não perder Katie de vista e acompanhar a carruagem dela de perto. Durante todo o trajeto até a escola, nenhum dos três desviou o olhar da carruagem da colega, e ao chegarem a Hogwarts, não desembarcaram, continuando a observar tudo o que Katie iria fazer. Katie desceu da carruagem, e, discretamente, marcou-a com um “X” fulgurante, perto da roda direita, afastando-se em seguida, junto com a amiga, na direção do castelo. Harry já ia abrir a porta da carruagem para ir verificar a outra, em que Katie viera, quando viu Liane voltando, a passos rápidos e olhando por cima do ombro a todo instante, à carruagem marcada com o “X”. Logo em seguida, Katie também voltou, correndo e encontrou Liane saindo da carruagem, com um pacote nas mãos. As duas disputaram o pacote, que se rasgou, fazendo com que algo brilhante caísse no chão. Apesar dos protestos de Liane, Katie abaixou-se, apanhando o objeto, mas logo o deixando cair novamente. Um grito pavoroso, de dor e aflição ecoou pelos jardins, acima do barulho do vento forte. Hermione, Harry e Rony correram até onde as duas garotas estavam. Liane, tentava se aproximar de Katie, que se encolhia contra a carruagem, os olhos arregalados de terror, como se visse algo que a apavorasse profundamente. Ela gritava, e se debatia, como se algo invisível estivesse diante dela, prestes a atacá-la.
- Katie... – chamou Hermione, mas a garota parecia não reconhecê-la, continuando a se debater.
- Rápido! – disse Harry a Rony – Precisamos chamar alguém.
Os dois correram até a entrada do castelo, encontrando com, Hagrid, que, junto com Filch, acompanhava o retorno dos alunos do passeio em Hogsmeade.
- Hagrid! – chamou Harry – Depressa!
- Harry?! O que foi? – perguntou Hagrid, alarmado – Onde estão Hermione e Sophie?
- Não é nada com elas. – respondeu Harry, pressuroso – Vem comigo, é urgente! Tem uma garota, acho que foi enfeitiçada!
- Enfeitiçada? – ecoou Hagrid – Me mostre onde ela está. – pediu ele, e então voltou-se para Filch – Você, vá chamar o professor Snape.
- Mas... – começou o zelador.
- Agora!
Hagrid voltou, junto com Harry e Rony até onde Hermione estava com as duas garotas. Katie continuava a se encolher contra a carruagem, com uma expressão de terror no rosto, gritando a cada vez que Hermione ou Liane tentavam se aproximar. Hagrid apanhou a garota, que voltou a se debater e a gritar, no colo, no mesmo instante em que Snape chegava até onde eles estavam.
- O que aconteceu? – perguntou ele.
- Nós a ouvimos gritar. – respondeu Hermione – Viemos ver o que tinha acontecido e ela estava assim.
- Ela tava com isso aqui. – disse Rony, abaixando-se para apanhar algo no chão, ao lado da carruagem.
- Não toque nisso! – gritou Snape, e o ruivo congelou o movimento.
Snape pegou o cachecol de Katie, que estava caído no chão, e cobriu o objeto brilhante, apanhando-o do chão.
- Vamos, todos para dentro. – ordenou ele.
Eles entraram no castelo, passando direto por Filch, que ficou resmungando com Madame Norra à beira da porta, e enquanto Hagrid, acompanhado por Snape, levava Katie até a Ala Hospitalar, Harry, Hermione, Rony e Liane foram mandados à sala da professora Minerva.
- E então? – perguntou a professora – O que aconteceu?
Harry então relatou à professora tudo o que havia acontecido, desde o momento em que haviam visto Katie e Liane conversando no caminho rumo às carruagens em Hogsmeade. Liane, encolhida em uma das poltronas conjuradas por McGonagall, apenas chorava baixinho, torcendo as mãos, de forma nervosa. Ela contou a McGonagall que Katie estava levando o pacote para a escola a pedido de alguém, mas que não sabia quem havia pedido à amiga que o fizesse. Ela disse que Katie e ela estavam no Três Vassouras, tomando cervejas amanteigadas, e que Katie havia ido ao banheiro, voltando de lá com o pacote, e se comportando de forma estranha.
- Ela só dizia que tinha que trazer, que era muito importante. – contou a garota – E ela não me ouvia quando eu dizia que aquilo não era boa idéia. Daí nós voltamos, e... e... aconteceu tudo aquilo, e... – ela recomeçou a chorar.
- Shh... tudo bem. – disse a professora Minerva, em tom bondoso – Vá até a Ala Hospitalar, Madame Pomfrey cuidará de você. Ah, – fez McGonagall – faça-me um favor, sim? Avise ao Sr. Malfoy que ele está dispensado por hoje, mas que terminará de cumprir sua detenção amanhã. Ele está na biblioteca.
Harry, Rony e Hermione se entreolharam. Liane assentiu com a cabeça e deixou o escritório, e então Harry voltou-se para a professora Minerva.
- Detenção? – perguntou ele – Malfoy estava em detenção?
- Sim. – confirmou McGonagall – É a terceira vez que ele não faz seus deveres, então foi proibido de ir a Hogsmeade hoje, e ficou cumprindo detenção comigo. Por que a pergunta, Sr. Potter?
Harry espiou Hermione com o canto do olho antes de responder para a professora.
- Por nada. – mentiu. McGonagall fitou-o por um instante.
- Bem, podem ir, então.
Rony e Hermione se adiantaram em direção à porta, mas Harry hesitou por um instante, olhando para McGonagall, com uma expressão de dúvida.
- Há algo que queira me dizer, Sr. Potter? – perguntou ela.
- Não. – mentiu Harry – Não, senhora.
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