Capítulo 6



Hermione terminou o pacote cuidadosamente, ao mesmo tempo que ouviu a porta bater.


-Jenny! - ela chamou – Vem dar um beijo na mamãe.


Ela ouviu os passos apressados na escada, e então a porta abriu.


-Oi, mamãe. -  ela abraçou-a e ganhou um beijo estralado que sempre fazia ela rir.


-Tenho um presente de aniversário pra você, Jenny. - entregou o embrulho a menina.


Hermione passou a mão pelos cabelos da menina, loiros e lisos, iguais aos do pai. Ela era muito parecida com Draco, loira de olhos cinzentos, impaciente e esperta, mas tinha puxado algo dela também, além da boca e nariz, era esforçada, pedia pra ler seus livros de feitiço e queria explorar o dom tanto quanto Hermione já quis o seu.


-O que é isso? - a menina folheava o livro com páginas em branco – É mágico, mamãe?


-Não querida, é um diário. Eu tinha um quando estava em Hogwarts – como Hermione sabia que faria, a menção da escola animou Jennifer. -Você escreve nele o que você tiver vontade, o meu tinha todos os meus segredos. Você já está com oito anos, e logo vai pra lá, então pensei que você podia praticar.


-Como é lá? Em Hogwarts, mãe. - ela sabia mais ou menos, pois tinha pego uma caixa de fotos do armário da mãe, ela nunca havia dado falta.


-Hogwarts é linda, é enorme, maior do que se pode imaginar, é provável que nem Minerva conheça todas as salas. -ela sorriu, lembrando – Vai fazer amigos que nunca vai esquecer, porque quando se passa por tantas experiências novas e fascinantes, as amizades não terminam.


Hermione sorriu de um jeito triste, Jenny sabia que algo ruim tinha acontecido com a mãe em Hogwarts, porque ela sempre ficava assim quando falava de lá, e também porque nunca tinha visto nenhuma das pessoas das fotos, talvez se uma delas aparecesse, a mãe parasse de chorar a noite, quando achava que ela estava dormindo.


 


 


A secretaria desligou o telefone revirando os olhos, nem ela sabia como tinha aguentado tanto tempo trabalhando ali, mas tinha sido a única, além do homem a sua frente.


-Pode subir sr. Cuningham, e boa sorte, ele está de péssimo humor hoje.


-Hora, Maggie, quando que o homem não está de mau humor? - o homem baixinho e roliço riu, como se fosse fácil aguentar Draco Malfoy de mau humor.


  Normalmente Albert Cuningham torcia que o elevador demorasse o maior tempo possível, hoje estava praticamente pensando subir correndo até o 11º andar, pelas as escadas, mas o esforço provavelmente o mataria do coração. Ele praticamente pulou do elevador até a sala de Malfoy.


-Sr. Malfoy! - ofegante ele se sentou na frente de Draco.- Trago boas noticias.


-Ora, meio raro você vir até aqui me dizer isso, não é? - ele sorriu com escarnio – Boas noticias não podem esperar, não é?


-Oh sim, sim – ele ajeitou-se na cadeira – Localizamos a Srta. Granger, ela está em Annecy e atualmente é sócia de uma livraria lá...Sr. Malfoy? O Sr. está bem?


-Sim, mas preciso de um conhaque.


 


 


Hermione ficava contente de ser sócia da Sagese e poder trabalhar em casa, assim tinha mais tempo pra Jenny. Por isso ela nem desconfiou quando bateram na porta, apenas concluiu que fosse algo relacionado ao trabalho, o que não era incomum.


Ela abriu a porta, sem nem mesmo verificar quem era. Deveria ter verificado. Ela sentiu as pernas tremulas e dificuldade em respirar. Não sabia o que fazer. Alguém estava parado a sua porta, alguém exatamente igual à Draco Malfoy. Mas não podia ser ele, não podia, não depois de oito anos.


Ele deu um passo pra frente e ela afastou-se pra que ele entrasse sem saber direito o que estava fazendo. Como podia pensar que ele iria procura-la? Ah, Merlin, devia ter pensado, afinal sua filha não era a coisa mais preciosa que tinha? Havia privado Draco de Jennifer, e não protegido seu futuro, havia estragado qualquer esperança de futuro que tinham ao fugir, demorou tempo demais pra entender Draco.


-Draco...- o som saiu por seus lábios, quase inaudível, mas a fez tremer.


Ao ir para Annecy, ele estava furioso, queria exigir a filha e deixar Hermione tão desesperada quanto ele ficou durante aqueles oito anos, mas quando a viu ali, tremula, soube que não podia fazer aquilo. Não que não merecesse uma vingança, afinal, é difícil perdoar uma mulher que o privou de ver os primeiros passos da filha, a primeira febre, as primeiras palavras. Ele deveria odiá-la.


-Sou eu, Hermione. - o cumprimento foi frio, mas ele pegou sua mão e a fez sentar no sofá. - Precisamos conversar sobre alguns assuntos pendentes.


 


 


 


Diário;


Meu nome é Jennifer Granger Malfoy, e eu ganhei você ontem, da minha mãe.


Ela se chama Hermione Granger, o meu pai é Draco Malfoy, e eu descobri isso hoje!


Bem, a mamãe é muito legal, mas ela não gosta de falar do papai, isso deixa ela triste. Então, como eu queria saber quem ele era, peguei uma caixa com fotos no quarto dela, bom eu não pedi, mas não estraguei nada, e vou devolver. Eu olhei todas as fotos e tinha um homem em várias delas, ele era loiro de olhos acinzentados, e sei que é meu pai, porque olha mamãe de um jeito apaixonado e atira beijos pra ela, e também porque é parecido comigo. Ele estava aqui em casa quando cheguei da escola, e mamãe o apesentou como Draco, e pronto, juntei as peças e descobri.


Eles pareciam tão felizes na foto, eu tenho certeza que se ficassem juntos de novo, a mamãe pararia de chorar. Eu vou ter que dar um jeito nisso, e vou ter bastante tempo, já que nós vamos pra Londres, é que papai trabalha lá e quer que eu e a mamãe moremos lá. Vamos amanhã, não é emocionante?


Boa noite Diário


 Estou morrendo de sono.


   


 


A Mansão Malfoy continuava exatamente igual ao que Hermione lembrava, grande, imponente e linda. Então era de se esperar que uma garotinha de oito anos ficasse impressionada. Draco a levou pela mão para conhecer a casa, e Jenny nem mesmo olhou pra mãe, como faria se fosse outro estranho. Hermione foi para o quarto em que Draco a colocara, ele queria retomar o tempo perdido ao lado da filha, e tinha todo direito, mesmo assim, ameaçá-la daquele jeito, dizendo que levaria Jenny embora caso ela não viesse pra mansão... Não sabia se ele seria capaz, mas era melhor não arriscar.


 


Diário;


É tudo tão lindo aqui, meu quarto é enorme, tem uma estante com livros, outra com bonecas, outra com ursinhos...E é bem colorido, é o melhor presente que eu já ganhei, eu disse isso ao papai, quando ele disse que era pra mim, pra sempre, não tipo o quarto de hospedes ou algo assim. O quarto da mamãe fica um pouco mais no fundo do corredor, mas é bem perto do meu, o do papai é bem em frente.


A mamãe parece triste, eu não acho que é porque não estamos mais em Annecy, ela deve gostar da mansão. Acho que é por causa do papai, minha colega Annie diz que quando o pai dela estava quase indo embora, ele e a mãe ficavam muito estranhos, então talvez seja algo como o contrário, eles ficaram muito tempo separados, e agora que vão voltar vão deixar de ficar tristes aos poucos!


Eu tenho que dar um jeito nisso, aposto que posso fazer eles ficarem juntos mais rápido, aí a mamãe vai parar de chorar.


 


Ele acordou com as batidas fracas na porta, devia ser um daqueles sensores de pai, ele imaginou, você vê seu filho pela primeira vez e já adquire todos. Levantou e abriu a porta, Jenny estava ali, realmente estava ali, mesmo com a mãe do outro lado do corredor ela vaio procurá-lo.


-Oi... - ela disse, a voz cheia de sono – Eu...posso entrar?


-Claro.- ele sorriu – teve um pesadelo?


-Não. A mamãe está chorando. Achei que você pudesse ir lá.


-Não posso, meu bem – ele se agachou e passou a mão pelos cabelos dela, iguais aos seus.- Sua mãe vai querer ficar sozinha.


-Não vai, eu sei que não  - ela pediu, o bico se formando – Você podia trazer ela pra cá, assim eu podia dormir aqui, com vocês dois.


Ele não se imaginava dizendo não pra ela, como podia explicar pra ela situação delicada em que se encontrava com Hermione? Era a primeira coisa que sua filha lhe pedia, não podia dizer não! Não queria ver Hermione, não queria dormir perto dela, a mulher que tinha roubado oito anos da sua vida, que o tinha impedido de ver sua filha crescer. Mas ele foi, e ela realmente estava chorando, não a consolou como teria feito há oito anos. Algo havia se quebrado entre eles, refletiu, e dificilmente seria consertado.


-Jennifer ouviu você chorando. - ele se recostou no batente da porta – Ficou preocupada.


-Oh, Merlin!- ela sentou limpando as lágrimas, as mães é que deviam se preocupar com as filhas e não o contrário, nunca sua garotinha – Eu não imaginei que ela fosse escutar.


-Ela escutou – Draco entrou no quarto, não sabia o que fazer com Hermione, tinha tirado a filha dele, mas como podia odiá-la quando estava tão frágil? - Jenny quer que você venha pro meu quarto, e eu não vou dizer não pra minha filha no primeiro dia que ela fica comigo.


-Tudo bem, Draco. - ela suspirou e levantou-se, não se importou de estar de camisola, ele já a tinha visto assim antes – Não vou ficar vermelha por dividir a cama com você.


E ela realmente foi, e deitou, um tanto quanto sem jeito na cama dele, com Jennifer no meio. Se perguntou se teria sido assim, Draco não a amava agora, mas se tivesse ficado, talvez ele tivesse amado a ela e a filha. Não, lembrou do dia em que ele foi buscá-la e viu o teste de gravidez, e do olhar dele, tinha feito a escolha certa, e mesmo que não tivesse não adiantava remoer a decisão agora.


Draco passou o braço por cima de Jenny e alcançou a cintura da castanha, tinha os olhos fechados, fingindo que dormia e teve que esconder o sorriso quando ela tremeu ao seu toque.


 


Diário;


Ontem eu dormi com o papai e a mamãe, ela estava chorando, então eu pedi pro papai trazer ela pro quarto, e ele trouxe e mamãe parou de chorar, e acho que ela dormiu realmente bem, porque os dois ainda estão dormindo, e eu não sei sobre o papai, mas mamãe costuma já estar acordada a está hora, aliás, são dez horas.


Eu sei que a mamãe e o papai se gostam porque minha colega, Laura, diz que quando os pais dela ainda se gostavam eles ficavam abraçados quando ela saia da cama, só que depois eles pararam de dormir juntos , e ontem assim que eu sai de lá, eles se abraçaram, então eu sei que os meus pais vão ficar juntos. E vai ser pra sempre, porque como eu sei que os pais podem ir embora, vou cuidar pra que eles fiquem juntos.


 


Hermione acordou, fechou os olhos com força quando viu onde estava, porque não tinha a menor vontade de sair dali, queria ficar pra sempre nos braços de Draco Malfoy. Devia ter ficado anos atrás, agora era tarde. Ele estava acordado, Hermione sabia disso, tanto quanto Draco sabia que ela estava acordada. Perguntou-se porque havia ido embora, e tinha quase certeza que tinha feito a escolha errada.


Hermione levantou porque estava tarde, e Jenny devia precisar dela, Draco abriu os olhos no mesmo instante, sem nem fingir que estava dormindo. Ela o encarou, oh, Merlin! Como o queria, como o desejava!


-Aonde vai?


-Jenny... deve precisar de mim.


Ele também se levantou, afinal a filha era dele, e não queria perder tempo.


 


Diário;


Hoje o papai me levou ao parque, a mamãe não foi. Eles acham que eu não sei que Draco é meu pai, mas é claro que sei. Acho que eles querem que eu me acostume com ele antes de contar, pra que eu não fique chocada, talvez.


De qualquer forma o dia foi ótimo, o papai é muito divertido, gostaria de ter conhecido ele antes. Mas a mamãe não foi, então não pude fazer eles ficarem juntos o dia inteirinho.


Talvez eu consiga algo hoje a noite, mas tem que ser algo diferente, talvez eu possa trancá-los em um armário ou algo assim. Sei que o papai tem elfos domésticos, possivelmente eles me ajudariam.


 


Hermione estava na cozinha da mansão, mal podia acreditar que tinha voltado. Há quanto tempo Draco a estava procurando? E como ele soube que estava grávida? Ela queria tanto ver seus amigos de novo, nem mesmo tinha dito pra onde iria pra Draco não poder acha-la, e tinha sido em vão. Ela se perguntava o que tinha acontecido, o quanto eles mudaram e se estariam furiosos com ela.


Draco entrou na cozinha, ele não falou com Hermione, e ela nem sequer olhou pra ele. O que foi tomado como indiferença era na verdade vergonha, ela deveria ter confiado nele antes, agora sabia disso. Ela tinha a incrível capacidade de saber as coisas apenas quando era tarde demais, como se estivesse sempre um passo atrás. Ela terminou de comer e lavou a louça, sem ouvir nenhum comentário sobre os elfos poderem fazer isso e saiu da cozinha ignorando Draco completamente.


 


Diário;


Eu falei com os elfos. Eles não quiseram me ajudar... foi aí que eu disse que daria roupas a eles. Sabe, papai disse que era pra eles que eu e mamãe somos da casa, então se eu presenteá-los eles estão livres, é claro que mamãe é totalmente contra maltratá-los...embora ela pense que é bom libertar elfos, o que não faz muito sentido, deve ser a parte trouxa dela( mamãe também não gosta que fale assim, ela diz que  preconceito, mas que é verdade, é verdade. )


Bem...o que importa é que depois disso os elfos domésticos resolveram me ajudar, o plano é bem simples, vamos amarrar e vendar a mamãe, e então coloca-la dentro do armário, depois eu direi pro papai onde a mamãe está, e quando ele entrar para desamarrá-la trancaremos eles lá dentro, e abriremos só no dia seguinte, brilhante, não é? Bem, nem tanto já que eu vou ficar de castigo, mas se meus pais voltarem a ficar juntos já está bom.


Vou indo, quanto mais tempo eles ficarem presos melhor.


 


 


Hermione estava lendo quando três elfos domésticos entraram no quarto. Eles ficaram parados por um tempo se entreolhando, pareciam bem nervosos. Provavelmente Draco tinha dado alguma ordem absurda pra eles.


-Nos desculpe por isso, senhorita. – disse um deles, e então ela se viu envolta em cordas, com a boca tapada e levitando em direção ao armário, mas o que diabos Draco tinha na cabeça pra mandar uma coisa absurda dessas? Será que ele tinha ficado bravo por ela ignorá-lo mais cedo?


 


Jenny acompanhou tudo de longe, ela viu quando os elfos colocaram a mãe dentro do armário, e então foi correndo falar com o pai.

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Comentários (3)

  • Carla Jean Malfoy

    continua a fic pelo amor de Deus )):

    2011-08-04
  • Chrys Malfoy

    Caraca maluco, a garotinha tem só 8 anos e já é do mal!  kkkVocê não podia ter parado de escrever a fic cara, tem que continuar, é muuuuito boa MESMO!

    2011-07-26
  • vanessa diamante

    ai meu deus como eu amo essa historia!!! vc nao podia ter parado de escrever agora! eu estou tendo SONHOS com eles! parou na parte triste :(

    2011-07-21
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