Cap. XXV - Decepção e reflexão



Decepção e reflexão


 


 


Gina piscou várias vezes para ver a cena. Harry estava sem camisa com Cho agarrada a seu pescoço com as vestes completamente reviradas.


Ela não percebeu nada... Cegou momentaneamente de raiva.


Não percebeu que Harry não conseguia falar, tanto que o seu nome foi pronunciado pela oriental, não percebeu a varinha dele largada longe ou a própria Cho com a varinha na mão.


Suas pernas fraquejaram no mesmo segundo em que seus olhos encheram de lágrimas.


Harry não se moveu, continuou na mesma posição.


Gina respirou fundo contendo as lágrimas e reuniu forças para correr de lá. O mais rápido que pôde.


 


Quando Gina saiu Cho afastou-se de Harry lentamente, ajeitou suas vestes e o olhou. Ele não conseguia mover muitos músculos, mas seus olhos irradiavam ódio.


- Sei que está com raiva de mim Harry, mas quando finalmente abrir os olhos, entenderá que seu lugar é nos meus braços e que fiz isso por amor.


 


Após isso ela murmurou um feitiço baixo.


- Estará livre em alguns minutos meu amor.


Depois disso ela saiu de lá, deixando Harry paralisado e desesperado.


 


...


 


Gina não conseguia articular os pensamentos, conseguia apenas chorar. Nem se importava se já passava das dez ou se Filch poderia vê-la. Ela não queria saber se pegaria uma detenção ou se seria expulsa. Ela só queria sair dali. Ir pra longe, bem longe dali.


Não conseguia ainda acreditar que Harry tivesse feito tal coisa.


Eles pareciam tão bem, tão apaixonados.


Parou em frente a entrada do salão comunal, mas hesitou em entrar. Sabia que Rony e Hermione a encheriam de perguntas e ela ainda não estava disposta a responder. Talvez quisesse a companhia da amiga, mas seria inevitável que Rony a visse de olhos inchados e ele não a deixaria em paz até que ela revelasse o motivo do choro.


Então Gina recuou e então disparou para o corredor do sétimo andar em busca do único lugar onde de fato poderia ficar sozinha.


 


...


 


A primeira coisa que Harry fez ao sentir que o efeito do feitiço imobilus havia passado foi apanhar sua varinha e correr. Tinha de alcançar Gina, precisava explicar a ela que nada daquilo era verdade. Conhecia bem sua ruiva e sabia que a estas alturas ela já deveria estar no limite.


Seu coração havia diminuído de tamanho. O medo de perdê-la lhe apertou o peito. Sabia que se Gina não acreditasse em sua palavra a teria perdido.


Chegou ao salão comunal. Para sua felicidade haviam poucas pessoas espalhadas pelo local e quase ninguém percebera seu desespero.


Adiantou-se até Rony e Hermione que namoravam tranquilamente no sofá.


- Onde está Gina!


A exasperação na voz fora tanta que os amigos sobressaltaram-se.


- Ai Harry! Quer me matar de susto?


- Gina! Onde está Gina?


Ele disse ainda mais desesperado.


- Hey cara! Calma. O que foi que houve?


- A Gina veio para cá?


- Eu não sei Harry, chegamos a pouco das rondas, ela deve estar lá em cima.


- Chame-a Mione. Rápido. Preciso falar com ela agora. Se ela não quiser vir arraste-a.


- Hey Harry. O que é isso cara? Isso é jeito de... – Rony começou mas o moreno estava demasiado desesperado e então cortou o amigo.


- Você não entende Rony! Preciso falar com Gina e tem que ser agora, antes que seja tarde demais...


As lágrimas começaram a rolar pelo rosto do moreno e os amigos se assustaram.


- Harry pelo amor de Deus! O que houve? – perguntou Hermione. – Diga-me o que houve.


- Cho...armou...Meu Deus! Gina nunca vai me perdoar.


- O que a Cho armou Harry? O que houve?


- Mione, se me ama como diz, suba e chame a Gina. Por favor, por favor.


 


Rony olhou para Hermione pedindo com os olhos que ela fosse. Nunca havia visto Harry tão descontrolado, nem na morte de Sirius ou Dumbledore, o vira tão desesperado.


 


- Calma Harry;  vou chamar Gina ok? Eu já vou trazê-la.


 


Depois de algum tempo Hermione voltou, com um ar desanimado.


- desculpe Harry, mas a Gina não está no quarto.


- Como assim não está lá? Ela tem que estar. Onde ela esta?


- Harry quer se acalmar? – Disse Rony.


- Não sei onde ela está Harry, mas se o que você disse é verdade não vai adiantar falar com ela hoje, terá que dar tempo.


- Pelo amor de Deus Hermione, como quer que eu me acalme, sabe-se lá o que está passando na cabeça da Gina neste momento. Sabe-se lá o que ela vai fazer.


- Eu entendo Harry, mas não adianta nada ficar assim. A Gina é cabeça quente, você precisa esperar ela esfriar a cabeça.


O moreno andou de um lado para o outro, sem conseguir disfarçar a raiva e a tristeza.


- Onde você esta Gina? – ele falava baixinho, como se cantasse um mantra, até que de repente ele sobressaltou-se, assustando Hermione e Rony.


- Já sei! – ele disse com triunfo. – O mapa do maroto!


E sem esperar ele correu para o dormitório afim de pegar o mapa.


Quando Harry desceu sua expressão era de puro descontentamento, ele balançava a cabeça negativamente e seus olhos estavam mais molhados e vermelhos.


- Não é possível. Gina não está em lugar algum. Não há nem rastros dela. Como isso é possível? Ela não pode ter saído da escola...


Ele disse exasperado.


- Calma Harry, deixe-me ver este mapa.


Hermione tomou o mapa das mãos do moreno e o observou por alguns minutos, até que seus olhos se iluminaram, assim como acontecia quando ela conseguia decifrar alguma coisa.


- Lógico. – ela disse com tom habitual – Sala precisa.


- Isso Hermione! – ele vibrou. – Vou lá imediatamente.


Ele disse sem esperar foi buscar sua capa. Quando retornou ao salão comunal e já se preparava para sair foi interceptado por Rony e Hermione.


- Vamos com você. – disse o ruivo.


- Não! Não quero que acabem se prejudicando por minha causa, já passa da hora de dormir e ...


- Somos monitores Harry, temos melhores chances de nos safarmos desta do que você se for pego.


Hermione levantou a varinha.


- Ou vamos com você ou não sairá daqui Harry James Potter.


Ela falou com seu habitual tom mandão e Harry conseguiu sorrir. Aquela era Hermione Granger, sua melhor amiga.


Eles saíram do salão comunal.


 


Ganharam os corredores até chegarem ao tão conhecido corredor. Harry mentalizou o ligar que queria, pediu para encontrar Gina, mas a sala não abriu as portas como de costume. Continuou a ser apenas a parede de sempre.


O moreno ficou confuso.


- Mas que droga! Por que não aparecer!


Hermione tocou seu ombro.


- Provavelmente por que contrasta com o desejo da Gina Harry. Precisamos pensar como ela. Se a Gina estava mesmo fula da vida com você como eu acho que está, ela deve ter pedido um local onde você não pudesse achá-la.


Harry bufou.


- Mas e agora? O que eu faço.


Rony tocou seu outro ombro.


- Acho que se a Gina pediu uma sala onde você não a encontrasse, significa que eu ou a Mione podemos achá-la Harry, creio que deveríamos tentar.


Hermione olhou para o ruivo com um sorriso triunfante.


- Você é um Gênio Rony.


Ele sorriu.


- Faço o que posso meu amor.


- Bom, então mentalizem de uma vez esta droga de sala, eu preciso falar com a Gina.


- Acho que você não poderá entrar Harry, se a Gina pediu um lugar onde você não a encontrasse a sala vai rejeitar você.


- Mas que porcaria. O que eu vou fazer Hermione?


- Vai se acalmar e me deixar entrar sozinha.


- Mas Hermione...


- Sem mas, Harry. Confia ou não em mim?


- Sim Mione eu confio, mas eu queria...


- Deixe que eu fale com a Gina primeiro Harry, ela não vai ouvir você. Deixe que eu ouça o que ela tem a dizer e interceda por você meu amigo.


Hermione pediu com jeito e Rony lhe deu alguns tapinhas de conforto nas costas.


- Mione... – ele choramingou – Por favor, convence a Gina a falar comigo.


O tom dele era tão infantil que cortava o coração.


- Confie em mim Harry.


Ele assentiu.


- Agora você vem comigo meu amigo. – disse Rony.


- Por que?


- por que se ficar aqui poderemos pegar detenções e não vai adiantar de nada. Se você ficar aqui a Hermione não vai conseguir materializar a sala. Venha comigo, vamos, tente se controlar.


Harry balançou a cabeça, derrotado.


- Mione...


- Vai ficar tudo bem Harry. Agora vá.


A muito custo Rony conseguiu puxar o moreno de volta aos dormitórios.


Hermione deu um tempo, até que achou seguro mentalizar a sala e então uma porta apareceu.


Respirou fundo.


Não seria fácil convencer Ginevra.


 


 


...


 


Hermione entrou devagar, avistou Gina logo da entrada, sentada numa poltrona larga, a única coisa que tinha na sala inteira.


A ruiva tinha a cabeça entre as pernas, parecia soluçar.


- Gina... – ela chamou baixo, mas a ruiva não respondeu de imediato.


- Você já deve saber o que ele me fez não é? – ela disse com mais raiva do que gostaria, sabia que Hermione não tinha culpa de nada, mas estava muito magoada.


- Eu sei o que armaram para parecer que ele tinha feito.


A ruiva levantou a cabeça;


- Acredita nisso Mione? Em armação?


- me diga você, se agora com a cabeça mais fria também não acredita que há algo muito estranho nisso tudo?


Gina balançou a cabeça.


- Eu o vi com a Chang Hermione.


- Eu sei que viu Gina, mas foi armação. Harry está desesperado.


A ruiva respirou fundo, de fato analisando friamente as coisas...Mas a mágoa era grande. Desde que começara a namorar Harry, seu maior medo era que ele um dia acordasse e decidisse que ainda amava Cho Chang.


- Mione...Harry sempre gostou da Cho...


- Não diga besteiras Ginevra! Harry ama você. Aquilo com a Chang foi um deslumbramento infantil.


- Tem certeza disso?


- Ah pelo amor de Deus Gina. Harry tinha 14 anos. Ele não é mais um garotinho.


- Eles estavam se beijando Hermione.


- Oh meu Deus, eu sei Gina. Eu entendo você. Mas ouça-me, Harry não faria isso com você, eu o conheço Gina, ele é meu melhor amigo, ele não faria isso.


- Agora você quer que eu converse com ele acertei?


- Sim, você acertou em cheio. Ouça o que ele tem pra lhe dizer ok?


Gina deixou o olhar vaguear pelo nada, e depois voltou a encarar a amiga.


- Certo, conversarei com ele, irei ouvi-lo.


Hermione deixou um sorriso se abrir.


- Esta é a Ginevra Weasley que eu conheço


Gina sorriu de leve.


- vamos, precisamos ir até eles, você precisa ouvir Harry, a ultima vez que o vi tão desesperado foi quando ele soube que você havia sido pega tentando roubar a espada de Godric.


Gina levantou-se e começou a seguir a amiga para fora da sala.


- por falar em Godric, alguma novidade sobre os guardiões?


- Nada concreto.


Hermione disse numa rapidez que não combinava com seu estilo detalhista. Gina observou seus olhos, sabia que havia algo mais ali, mas não pressionaria a amiga.


Quando chegaram ao salão comunal constataram que estava vazio. Apenas Rony e Harry estavam lá.


Quando viu a ruiva Harry levantou do sofá que estava num salto.


- Gina...


Ele balbuciou, a garganta parecia estar se fechando e a respiração indo embora.


- Ron - Hermione chamou – Gina e Harry precisam conversar, vem, vamos deixá-los sozinhos.


Rony concordou e seguiu a namorada até a passagem da mulher gorda, mas antes de sair por ela parou abruptamente e virou-se.


- Mas é pra conversar viu? Nada de pazes grudentas e muito menos fugas para o dormitório masculino Ginevra. Estou de olho nos dois.


Harry e Gina não esboçaram reação, mas conseguiram ouvir Hermione sorrir e sibilar um: Com se adiantasse.


 


Gina e Harry ficaram de frente um para o outro, ambos esperavam alguma reação que não vinha, então Harry se adiantou.


- Gina...Eu...Não fiz aquilo.


- Eu vi Harry. – ela disse tentando controlar o impulso de ir até ele e abraçá-lo devido a expressão desolada que ele possuía.


- Sei que viu, mas...eu estava...enfeitiçado.


- Então ela te deu uma poção?


- Não. Ela me azarou. Um feitiço paralisante.


Gina estreitou os olhos.


- Harry, um petrificus Tottallus não deixaria você de pé, você cairia como uma pedra.


- Ela usou Imobilus Gina.


- pelo amor de Deus Harry, e você não tinha varinha para se defender?


- Claro que eu tinha uma varinha Gina, mas não estava com ela nas mãos, eu não esperava ser atacado em meio a uma detenção, não tinha noção de que a Cho seria tão baixa a este ponto.


- Ela quer você Harry, ela sempre quis você e o que mais me magoa é saber que você tinha noção disso, mas não deu um freio nela.


- O que quer dizer com isso Gina? Esta dizendo que eu instiguei Cho a fazer isso?


- de certa forma sim Harry. Você sempre solicito e sorridente para ela, sempre aceitando suas cantadas, suas frases ambíguas sem dizer nada.


- Então acha que se eu tivesse sido grosseiro ela eu teria resolvido tudo?


- Acho que se tivesse imposto nosso namoro a ela com mais severidade ela não teria esperança de que poderia acabar com ele.


- Tudo bem Gina, você tem razão, mas eu não pensei que... eu simplesmente não esperava.


- Sei disso, você as vezes é ingênuo demais Harry. Mas ponha-se no meu lugar, como teria se sentido se fosse eu ali? Se me visse nos braços de Miguel ou Dino? Como se sentiria?


Harry fez uma careta de profundo nojo.


- Não fala isso Gina, nem de brincadeira.


- Mas foi assim que eu me senti. Foi exatamente este asco que você demonstrou agora que eu senti, além de uma dor terrível. Você não tem noção Harry, eu quis matar você, eu quis matar a Chang e eu odiei sentir isso.


Harry baixou os olhos e aproximou-se dela.


- Me perdoe por isso Gina, eu errei. Vou consertar isso, não vou mais agir feito um idiota, mas por favor não me olha mais assim.


- Assim como?


- Como se eu fosse um traidor , eu não trai você. Eu amo você Gina.


Ela baixou os olhos, temendo que se encarasse aqueles verde-esmeralda dos olhos dele desmontasse por completo, mas não adiantou muito tentar proteger-se do charme de Harry.


- Olha pra mim. Eu te amo mais que tudo, eu jamais magoaria você.


- Você sempre gostou da Cho...Você só tinha olhos para ela.


- Isso é passado Gina, eu era cego e medroso. Mas ficou pra trás. O que eu senti pela Cho não é nem uma fração do que eu sinto por você. Por favor, meu amor, não somos mais crianças, somos adultos e isso aqui não é um namorico sem importância. Gina você é mais que isso pra mim, você é minha mulher.


Aquilo desarmou todo e qualquer questionamento que Gina tinha em mente. Amoleceu todas as suas defesas, destruiu toda a sua raiva.


Os olhos de Gina faiscaram com as palavras dele. Um calor repentino aqueceu-lhe a face e Harry notou que conseguiu atingir a emoção dela.


Então ele aproximou-se devagar e lhe tocou o rosto com cautela.


- Eu amo tanto você Gina, amo tanto que dói. Eu não faria isso com você nunca.


Uma lagrima rolou dos olhos de Gina.


- Não chore – ele sibilou.


- Eu...eu tenho – ela hesitou um pouco – Eu tenho tanto medo Harry...


Ele se perdeu nos olhos azuis dela e a abraçou com força, acabando com qualquer distância entre eles.


- Eu te amo há tanto tempo, te espero há tanto tempo, fico tão insegura em relação a Chang. Eu tenho medo que você acorde e ache que ainda a quer, que me abandone por isso...


Ela já soluçava entre as palavras ditas.


- Você tem noção de que esse medo é absurdo e desnecessário? Tem noção de que eu a amo mais que qualquer coisa e que isso nunca vai acontecer? A menos que você queira Gina, a menos que me queira longe, isso nunca vai acontecer.


- Então não vai mesmo, por que eu não te quero longe, te quero perto de mim, muito perto. – ela estreitou o abraço e alcançou o ouvido dele – Quero você em mim...


Harry se arrepiou, de uma forma violenta e selvagem.


- Gina...


- Eu estou com saudades de você Harry. – ela disse sedutora – Não! É mais que que isso, é mais que só saudades. Eu preciso de você Harry, preciso de você agora.


Ele engoliu em seco, sabia do que Gina falava, por que tinha a mesma necessidade. Talvez a tensão da briga tenha criado um vazio que eles só saberiam tapar de uma maneira.


- Mas Gi... O Rony disse que...


- Dane-se o que o Rony disse. Você quer?


- Não faz isso ruiva, isso é pergunta?


- então não hesite.


- Não podemos ir para o dormitório masculino Gina, daqui a pouco o pessoal vai voltar do café e...


- Sala precisa. – ela disse rápido, a urgência crescendo.


Ele a encarou alguns segundos tentando se decidir.


- Certo. Vamos.


Tomou a mão dela e saiu em disparada pelo buraco da mulher gorda.

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