Capitulo III – Conversa em fam



A Toca estava como sempre fora, aquecida, mas não por lareiras e sim pelo calor daquela família fantástica. Como sempre de maneira exagerada, Molly abraçou os recém-chegados, primeiro Hermione, a quem ela adquiriu o hábito de chamar de norinha, deixando a menina completamente corada:

─ Ah Hermione! Minha norinha querida! – neste mesmo instante a menina corou fortemente. – Que maravilha recebê-la em minha casa. Como você esta?

─ Estou ótima senhora Weasley e muito feliz por estar aqui.

Em seguida a menina abraçou Gina:

─ Mione, que falta eu senti de você! – Disse a ruiva a amiga.

─ Eu também senti a sua.

─ Norinha é? – Gina sussurrou rindo.

─ Ah não Gina! Você também? – Hermione censurou em voz baixa, mais vermelha que os cabelos dos Weasleys, Gina apenas deu de ombros e sorriu.

─ Então Granger, será a próxima integrante da família Weasley? – George perguntou virando para a garota.

─ Vocês resolveram me perseguir foi? – ela esbravejou arrancando sorrisos de todos e depois foi falar com Arthur. Harry foi a segunda vitima da senhora Weasley, ganhando um abraço mais que apertado da mulher. Mas longe de achar isso ruim ou embaraçoso. Harry sentia-se seguro e amado com aquele abraço, aquela mulher era a figura que ele tinha de uma mãe, retribuiu o abraço com a mesma intensidade.

─ Harry Meu filho, que bom te ver. – A mulher segurou o rosto do rapaz entre as mãos – Você está abatido meu bem, tem se alimentado direito? – ele fez que mais ou menos com as mãos. – Ah, mas isso não pode Harry, vai acabar ficando doente. Já sei, vou servir um lanche pra vocês antes do jantar, tenho certeza que não vai recusar meu manjar branco.


─ Claro que não senhora Weasley. Eu aceito com prazer.

─ AH Harry! – ela exclamou exasperada – Você e a Hermione têm que parar com essa mania de me chamar de senhora. Me chamem de Molly.

O moreno apenas sorriu assentindo.

Em seguida Harry deu um abraço em George e outro em Arthur. Já com Percy, que ele ainda não tinha tanta intimidade, ele apenas apertou as mãos.

Após os cumprimentos de boas vindas, ele correu os olhos pela sala, até encontrar os olhos azuis de certa ruiva que mexia demais com seu coração. Gina.

Eles se encararam durante alguns segundos e depois ambos desviaram os olhos com vergonha.

Rony permanecia imóvel encostado na parede perto da porta de entrada, olhando os recém-chegados cumprimentarem os membros de sua família, ele parecia estar longe dali, mas seus olhos estavam fixos em um só ponto. Hermione Granger.

Eles conversavam animadamente uns com os outros e após alguns minutos podia se ouvir a senhora Weasley chamando da cozinha. Os três encaminharam-se até a enorme mesa e sentaram, sendo seguidos pelo resto da família.

Eles ficaram em silencio, os quatro sentados juntos Gina, Harry, Rony e Hermione, um ao lado do outro, cercados pelos outros Weasleys. Eles permaneceram um tempo em silencio, quando Arthur começou a falar:

─ Harry, Rony e Hermione, Molly e eu tivemos esta conversa por diversas vezes antes de decidirmos qual a melhor forma de entrar num assunto tão delicado como este e por fim, decidimos que a melhor maneira é a mais direta. Queremos falar com vocês hoje, sobre a ultima batalha contra Voldemort e a morte de nossos entes queridos.

Harry sentiu seu estomago embrulhar, Rony ficou mais vermelho que seu próprio cabelo e Hermione mordeu o lábio inferior, hábito dela quando estava nervosa. Como se pudesse ler os pensamentos dos três, o Sr, Weasley continuou falando.

─ Eu sei que os três, e principalmente você Harry, culpam-se pelo que aconteceu e hoje é o dia de colocar tudo em pratos limpos. Eu sei que você foi o escolhido para matar Voldemort Harry, eu acompanho a sua história desde antes mesmo de te conhecer, mas você não iniciou esta guerra. Voldemort é o culpado por todas as mortes que aconteceram até hoje e não só as mortes como qualquer tipo de tortura e dor que as famílias bruxas sofreram durante todos estes anos. Você foi forte o suficiente para tomar este fardo nas mãos e enfrentá-lo mesmo sob o perigo de morrer.

─ Mas eu fiz muita coisa errada senhor Weasley.

─ Apenas Arthur, Harry.

─ Certo. – Ele disse rápido – Mas ainda assim eu fui culpado por muita coisa, por causa dos meus ímpetos, eu deveria ter ouvido Dumbledore mais vezes, se eu não tivesse fugido das aulas de oclumência, por exemplo, Sirius não teria morrido.

─ Mas eu poderia estar morto Harry – continuou Arthur. – Não estou lhe dizendo que eu merecia viver mais que Sirius, eu estou lhe dizendo que você fez uma escolha e quem nem sempre fazemos as escolhas certas, mas em seu caso, de uma forma ou de outra você salvou uma vida. A minha. Sirius foi morto por Bellatrix e não por você. Assim como Fred e os outros.

─ Nós nunca o culparíamos – Desta vez George falou. – Temos um orgulho imenso de ter você aqui conosco hoje. Você é um Weasley, Harry, é um irmão. Não queremos que se afaste de nós.

Ao ouvir isso Harry sentiu seu peito inundar-se de felicidade e as lágrimas vieram aos seus olhos, sem sentir seus atos ele pegou as mãos de Gina que estava ao seu lado e esta apertou sua mão com carinho.

─ Harry querido – Molly olhou nos olhos dele – Fred sabia dos riscos, todos sabíamos e mesmo que você não agarrasse esta luta nós o faríamos. Você não lutou por si próprio, lutou por todos nós. E você Rony – ela falou virando-se para o filho – Eu entendo perfeitamente que você sinta mais que nós o peso do que aconteceu.

Rony fez menção de dizer alguma coisa, mas a senhora Weasley o impediu.

─ Eu o conheço meu filho, eu sei que acha que quando resolveu enfrentar Voldemort pôs sua família em risco, mas não é assim Ron. Estamos em risco há anos, desde que aquele desgraçado se intitulou lorde. Nossa família já lutava contra ele antes de você nascer e o fato de você ter encarado este risco de frente não só mostrou que você é um verdadeiro Weasley e um verdadeiro Grifinório, como mostrou o quão forte, corajoso e decidido você é meu filho.

─ Fred tinha muito orgulho de você Ron, como eu estou – falou George. Arthur assentiu com a cabeça.

─ Rony nós nunca o culparíamos por isso, meu filho, vocês três erradicaram a maior ameaça do mundo bruxo e quem sabe do mundo trouxa também. E você Hermione. – Ela encarou a menina que estava de cabeça baixa – Eu sei que você está confusa com tudo isso minha querida, afinal há sete anos você tinha uma vida trouxa, de repente se vê bruxa e logo em seguida tem que abrir mão de seus pais e tudo o que você ama para encarar uma batalha de mortes e incertezas. Mas sem você, sem sua inteligência, sem seu controle, e é claro sem sua organização – Molly riu e Hermione correspondeu – Onde estes rapazes temperamentais e cabeças de vento estariam? Eu compreendo toda a confusão que passa na cabeça de vocês três, tão jovens, apenas estudantes, mas que foram obrigados a passar pela dificuldade de assumir responsabilidades enormes e conviver com o medo. Mas olhem em volta. Olhem além da Toca, olhem além de Hogwarts e vejam, sintam o que vocês fizeram. Vocês nos deram a chance de uma nova vida, sem medo e sem trevas.


Molly levantou-se de sua cadeira e caminhou até o meio da mesa ficando assim de frente para os garotos:

─ Para Ron e Gina eu não preciso dizer isso, mas Harry e Hermione, para nós vocês são Weasleys. Por mais que você tenha seus pais Hermione, para nós você é da família, adoramos ter vocês dois aqui conosco, amamos vocês como amamos os nossos outros filhos e se perdêssemos um de vocês nesta batalha, a dor seria a mesma que sentimos quando Fred se foi.

Os garotos permaneciam imóveis e em silencio sentados ao redor da mesa, Hermione tinha lágrimas nos olhos e Harry e Rony lutavam para não chorarem também. Molly que parecia ter chegado ao limite se calou e foi a vez de Arthur tomar a palavra:

─ Demos a vocês tempo, pois sabíamos que precisavam disso, mas agora que as marcas parecem estar mais cicatrizadas está na hora de enfrentar a realidade. Mas enfrentemos juntos como uma família, todos nós. Não queremos que se afastem de nós, nenhum de vocês, pois se fizerem isso estarão nos infligindo o mesmo tipo de dor, mas também não queremos que fiquem perto de nós e sofram, queremos ajudar vocês e que vocês se sintam em casa. É hora de levantar a cabeça meninos. Um novo tempo chegou para nós e vamos definitivamente ser felizes.

Eles permaneciam calados e Molly falou de novo com a voz embargada pela emoção:

─ Agora meninos, eu quero um abraço de cada um de vocês.
Nenhum dos três a esta altura conseguia controlar as lágrimas, a Sra. Weasley também já estava aos prantos. Os três levantaram-se ao mesmo tempo e abraçaram a mulher que chorava a sua frente:

─ Oh meus queridos nós adoramos vocês! Queremos que sejam felizes. – ela tomou o rosto de cada um entre as mãos e deu dois beijos em cada face. Olhou de lado e viu que Gina permanecia sentada, as lágrimas caindo sem que ela pudesse evitar e com um leve sorriso no rosto, então ela estendeu a mão em sinal de que queria que a menina se aproximasse. Gina atendeu o pedido da mãe e se juntou ao abraço coletivo.

Após a conversa todos eles se sentiam muito melhores, parecia que um peso havia saído de suas costas. Repentinamente após o caloroso abraço da Sra. Weasley, eles sentiram uma fome brutal, esqueceram o lanche e partiram direto para o jantar, sem se envergonharem, comeram até conseguir saciar o vazio que os preenchia. Foram semanas sem conseguir comer direito, pois a dor atingia o estomago e recusava o alimento. Eles jantaram sozinhos, pois Molly queria lhes dar privacidade, mas isso já não importava mais, estavam todos em casa.

Jantaram por um tempo em silencio, trocando apenas olhares sugestivos. Harry e Gina se encaravam de uma forma mais carinhosa, mas confortável, sempre que seus olhos se cruzavam eles esboçavam leves sorrisos. Já Rony e Hermione estavam completamente tímidos um com o outro, não conseguiam encarar-se por mais de alguns segundos, sem que suas faces ficassem completamente vermelhas e eles desviassem o olhar, na maioria das vezes ao mesmo tempo, numa sincronia tão perfeita que fazia Harry e Gina rirem:

─ O que é tão engraçado? – perguntou Rony vermelho e chateado.

─ Nada. – Harry respondeu rápido e com a voz meio embargada tentando abafar o riso. Gina apenas fez um movimento com a cabeça e levou a mão à boca também tentando não rir mais alto. Hermione apenas se encolheu mais na cadeira, a expressão muito mais avermelhada que antes e por alguns longos minutos não se atreveu a levantar os olhos outra vez. Toda vez que eles se olhavam se passava exatamente a mesma cena em suas mentes, lembravam que em meio a turbulenta batalha no castelo de Hogwarts eles deram seu primeiro beijo, um beijo que ambos esperavam há muito tempo, um beijo que nenhum dos dois queria esquecer, mas que ao mesmo tempo lhes deixavam constrangidos, principalmente pelo fato de que nenhum dos dois sabia o que fazer depois disso.


─ Então Ron,o que você fez durante este tempo que não nos vimos? – Harry perguntou a primeira coisa que lhe veio à cabeça para quebrar aquele silencio gélido que pairava sobre eles.

─ Nada demais, passei a maior parte do tempo lá em cima, não tinha muito animo. E você Harry? – ele respondeu sem dar muita importância.

─ Fiquei no Largo Grimauld com o monstro.

─ Deve ter sido deprimente – Gina disse fazendo uma careta e recebendo um olhar reprovador de Hermione.

─ Ah Gina, nem tanto, o Monstro mudou muito sabe? Ele até está me tratando bem.

─ Você devia libertar o pobre elfo Harry, ou então começar a lhe pagar algo pelo seu trabalho. – Hermione disse um tanto impaciente.

─ E você acha que eu já não tentei Mione? A simples menção de ser dispensado fez monstro cair num choro terrível, aliás, aquilo estava mais pra grunhido apavorante do que choro. E depois que eu retirei o que disse ele passou dois dias dormindo agarrado no meu pé. Só depois que eu “ordenei” que ele me soltasse ele ficou feliz. Imagine só, apenas com uma ordem aquele elfo doido ficou feliz. O monstro não é como o Dobby – Ao falar de Dobby não só Harry como os outros também sentiram uma pontada de angustia e tristeza no peito. Harry baixou os olhos em sinal de tristeza.

─ O que vamos fazer depois do jantar? – perguntou Gina tentando parecer animada e tentando acabar com o silencio que imperou de novo. Ela esperava trancar-se no quarto com o trio e conversarem até não agüentarem mais sobre futilidades, talvez jogar xadrez de bruxo mesmo que isso significasse perder todas pro Rony, mas resposta dada por Hermione surpreendeu não só a ela, mas a todos.

─ Vamos nos reunir e conversar. Precisamos disso, o que aconteceu não foi tão simples e não podemos simplesmente fingir que não houve nada.

─ Mas Mione, a mamãe e o papai já... – Gina tentou, mas Hermione estava decidida.


─ Eu sei Gina, mas nós não nos falamos desde a guerra, não nos encaramos desde aquele dia, e eu não sei pra vocês, mas essa amizade é muito importante pra mim pra eu abrir mão de qualquer parte dela.

─ Hermione tem razão. – Rony disse rápido ao ver que Gina iria retrucar. – Nós lutamos juntos, nos ferimos juntos, mas quando acabou nós estávamos muito mais feridos interiormente. Depois do velório, concordamos que cada um iria arrumar sua vida e que em breve nos falaríamos e esse é o momento.

─ Eu posso começar – Disse Harry e como todos os outros não falaram nada ele continuou – Eu realmente me senti culpado por tudo de ruim que aconteceu, por todas as perdas e principalmente por Lupin, Tonks e Fred, mas agora, aqui sentado olhando vocês e depois de tudo o que a Sra. Wea... – Ele parou – A Molly disse, eu tenho que admitir que além de burrice foi muita pretensão. Eu estava na guerra, mas não era o responsável por ela, como eles mesmos disseram, todos que estavam naquele campo de batalha lutaram por vontade e méritos próprios, quer dizer, Fred não morreu por mim, morreu por todos nós. Eu fui um idiota me trancando naquela casa grande e profundamente triste e passado estes vinte dias longe de todos aqueles que eu realmente amo. – ele finalizou passando os olhos por Rony, Hermione e pousando-os em Gina que corou imediatamente.

─ Minha vez agora – disse Hermione – Bom, eu realmente tive que me retirar, vocês sabem, por causa dos meus pais, mas resolvi isso muito rápido e me sinto mal, por ter sido cabeça dura o bastante pra não ter pedido ajuda aos meus amigos. A viagem para a Austrália foi horrível, me senti sozinha e com medo de não encontrar meus pais, mas se eu não tivesse sido tão prepotente teria pedido os meus amigos para irem comigo. Vocês são junto com meus pais as pessoas mais importantes da minha vida e eu nunca mais quero ficar longe de nenhum de vocês.

Hermione não olhava para eles quando terminou de falar. Após alguns instantes de silencio Rony falou:

─ Minha vez né? – o ruivo estava com as faces da cor de seus cabelos. – Eu não queria ter ficado sozinho, mas achei que vocês não me queriam por perto. – Harry fez menção de dizer alguma coisa, mas deixou o ruivo continuar. – Eu ainda me culpo por ter abandonado vocês naquela maldita floresta e por vocês quase terem morrido em Godric’s Hollow eu... – a voz dele falhou.

─ Ron, isso já passou – Harry disse amigavelmente.

─ Eu sei, vocês são os melhores amigos do mundo, mas eu não quero falhar com vocês de novo, eu não posso falhar com vocês de novo.

Eles se olharam um tempo com cumplicidade, até que Hermione quebrou o gelo.

─ Gina! – A ruiva teve um sobressalto – Sua vez.

─ Minha? Mas eu não...

─ Você não foi conosco, mas lutou e sofreu tanto quanto nós. Sua vez. – rebateu a morena.

─ Bem... – Gina parou um tempo como se buscasse as palavras. – Eu adoraria que tivéssemos nos reunido depois do fim desta guerra e ficado juntos, mas eu entendo que todos precisavam de um tempo. Vocês estão se culpando por terem se afastado, mas eu acho que esse tempinho foi necessário, agora as feridas estão pelo menos doendo menos e podemos tentar seguir em frente. A única coisa que me fez realmente sofrer foi ficar tanto tempo sem noticias e sem saber se viria vocês de novo.

Mais uma vez o silencio imperou na cozinha e mais uma vez Hermione o quebrou, mas antes com um gesto ela pegou as mãos de Rony e fez sinal que os outros fizessem o mesmo, então os quatro em instantes estavam de mãos dadas, e só assim amorena começou a falar:

─ É um novo tempo, hora de deixar as coisas ruins para trás e pensar só nas coisas boas que poderemos desfrutar e construir juntos, a nossa amizade é um elo muito poderoso pra se quebrar assim do nada, e a partir de agora, estaremos sempre juntos.

A morena sorriu e os outros compartilharam do seu sorriso. Eles levantaram-se devagar e se abraçaram. Depois de algum tempo abraçados, Rony falou:

─ Olha Harry, não leva a mal não, mas você parece um gay me abraçando desse jeito.

─ Ah seu idiota! – Harry falou dando um empurrãozinho de leve em Rony enquanto todos desatavam a rir. Finalmente estavam juntos, e como Hermione havia proferido nada os separaria de novo.

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