Discussões

O grande e fraco Sol de início de Novembro brilhava alto no céu de meio-dia. Lily estava enterrada em seus livros enquanto procurava uma referência em especial que seu nominável responsável havia lhe pedido. Obviamente, tudo isso dentro do Departamente de Mistérios, o que a impedia de ver o Sol.

Já estava estudando a dois meses e cada vez mais se impressionava com todo o departamento. Os inomináveis ainda não permitiam que ela andasse por ali sozinha ou que explorasse as salas por conta própria. Muito menos sabia como a sustadora sala preta com milhares de portas funcionava.

Mas ela sabia que tudo era uma questão de tempo e que quando estivesse preparada eles lhe contariam tudo. Já era bom ter a confiança deles para manusear livros mais velhos que os de Madame Pince e pesquisar livremente para os seus trabalhos e anotações confidenciais.

Lily pousou a pena em cima da mesa e ser espreguiçou, olhando seu relojo de pulso de relance. Já estava na hora do almoço.

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Louise despediu-se de Branca antes de atravessar a vitrene que não chamava a atenção de ninguém no centro de Londres. Passou despercebida pelo amontoado de gente enquanto mexia na bolsa e se escondia em um beco, logo depois desaparatando e aparatando em frente ao Ministério.

James, Remus e Sirius já a esperavam conversando perto de um banco, rindo distraidamente de alguma imitação que Sirius fazia.

- O que é tão engraçado? – ela perguntou beijando levemente os lábios do namorado e depois os encarando.

- Da imitação de meu pai quando deu falta de Lyra no treino prático hoje. – James respondeu enquanto secava as lágrimas que escorria de tanto rir.

- a Lyra não veio? – Summer perguntou franzindo o cenho.

- Não. Mas você tinha que ver. – Sirius continuou sem dar a mínima para o semblante pensativo de Louise. – Ele estava doido de vontade de ver a Lyra azarar metado do nosso grupo e acabou que ela não veio. Ela esperava que ela calasse a boca de meia dúzia de marmanjos sabichões. Mas acabou que a Alice também deu conta do recado.

- Mas por que ela não veio? – Luh insistiu.

- Não sei. Ontem mesmo ela disse que não perderia isso por nada. – Remus falou enquanto dava de ombros.

- Será que ela está doente? – James se perguntou em voz alta.

- Ela estava perfeitamente bem ontem. – Sirius contestou olhando para a porta do Ministério no exato momento em que Lílian saía carregando uma bolsa enorme e pesada.

- Então, gente? Vamos porque eu estou com um gato ronronando no lugar do meu estômago. – ela disse a guise de comprimento enquanto larcava a bolsa pesada em cima de James.

- Ai, Lily, o que você carrega aqui dentro? – James ofegou enquanto levantava e levava a bolsa para a namorada.

- Ah, meus materiais de estudos que podem sair daquele labirinto que chamam de Departamento. – ela respondeu dando de ombros.

- Gante, vai indo na frente. – Luh pediu enquanto mexia novamente na bolsa e pegando uma agenda. Ela passou rapidamente os olhos pelas duas linhas miúdas escritas ali e voltou a fechar a agenda, jogando-a na bolsa. – Eu tenho que resolver um problema primeiro.

- Quer que eu vá com você? – Remus perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Não precisa. Não vou demorar, tudo bem? – ela assegurou com um sorriso.

- Se você quer tanto se livrar da nossa presença, podia simplesmente dizer. – Sirius resmungou levantando-se e começando a caminhar por uma rua estreita que dava a uma das ruas principais de Londres.

-Dramático. – Summer resmungou antes de acenar para todos que iam atrás de Sirius e desaparatou.

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Louise chegou a antiga casa da família Holand e eliminou o caminho que a separava da porta com poucos passos, batendo rapidamente na porta. Poucos segundo depois uma pequena elfa apareceu por entre uma fresta.

- Oi...você poderia me levar até a Lyra? – Luh pediu soando meio incerta.

- Eu não sei se ela gostaria de ser interrompida nessa momento. – a elfa falou em tom educado.

- Ela está passando mal? – a morena perguntou espiando por cima do ombro da pequena elfa.

- Não, senhorita. Mas minha senhora chegou muito tarde da rua ontem e apagou. Não acordou até agora.

- Mas o que a Lyra estava fazendo até tarde fora de casa em um dia da semana? – Summer perguntou para si mesma.

- Eu posso levá-la até o quarto da minha senhora, se a senhorita assim desejar. – a elfa ofereceu.

Obviamente Lyra já alertara a Elfa que seus amigos tinham passe livre pela casa. Summer agradeceu brevemente a Elfa e a seguiu silenciosamente pelos corredores e lances de escada até chegar ao quarto de Lyra, no terceiro andar.

Summer passou pela elfa quando esta abriu a porta e ouviu um clic atrás de si quando a porta foi fechada. Lyra não estava mais na cama e Luh podia ouvir o barulho de água caindo. Ela devia estar tomando um banho.

Deixando a bolsa em cima da bancada, Louise sentou na cama e encostou-se na parede, fitando fixamente a parede a sua frente. Não era comum de Lyra ser tão irresponsável a ponto de sair em dia de semana tendo curso no dia seguinte.

O som de água caindo cessou e não demorou muito mais para que Lyra saísse do banheiro, usando apenas calcinha e sutiã.

Ela estacou quando viu Summer sentada em sua cama e piscou forte, as olheiras marcadas sob seus olhos.

- O que você está fazendo aqui? – ela disparou olhando para os lados a procura de seu blusão.

- Eu sinceramente acho que um “boa dia”, ou “Oi,Luh” seria mais apropriado. – Summer respondeu de cara fechada. – Ei, espera ai.

- O quê? – Lyra perguntou colocando o blusão que estava em cima da cadeira apressadamente.

- Desde quando você tem uma tatuagem? – a morena perguntou se levantando e correndo até a amiga, que ia distraidamente de encontro a parede.

- Han...- Lyra murmurou enquanto abaixava a blusa que  Summer havia levantado. – Não faz muito tempo.

- E por que você não nos disse que ia fazer uma? – Luh perguntou com um tom magoado.

- Ai, eu só não dei importância. – Lyra respondeu cruzando os braços em frente ao peito.

- Realmente, você não tem dado muita importância para os seus amigos. – Luh constatou em um tom frio.

- O que você está fazendo aqui? – Lyra voltou a perguntar também fria.

- Sabe, eu sou uma idiota. – Summer começou ficando irritada e se afastando de Lyra. – Fiquei toda preocupada quando James me contou  que você não tinha ido no treino que você tanto queria ir e vim correndo pra cá, na preocupação de você estar doente. Mas você está perfeitamente bem, apenas com uma ressaca imensa por ter saído em dia de semana e voltado além do horário.

- Eu não estou de ressaca. – Lyra retrucou irritada, olhando para o teto como se pedisse paciência. – E eu não pedi que você viesse aqui correndo só porque faltei uma aula. Sabe, acho que já estou bem grandinha e sei me cuidar sem precisar de uma babá.

- Não é o que está parecendo. – Summer respondeu friamente e pegando sua bolsa para sair do quarto.

- Onde você vai?

- Almoçar com os meus amigos. – a morena respondeu parando na porta e se virando lentamente para a amiga, outra emoção nos olhos quando fitou Lyra. – A Lyra que eu conhecia se preocupava com os amigos, não era irresponsável e eu amava. Essa daí...- lançou um olhar de desprezo que continuava calada de encontro a janela. – eu não conheço. E sabe o que eu vou dizer à James, Sirius e Lily quando me perguntarem o que aconteceu com você?

- Não. – Lyra respondeu com um finíssimo fio de voz, mas ainda assim fria.

- Que a nossa amiga morreu. – dizendo isso, Luh virou de costas e desceu rapidamente as escadas, saindo da casa de Lyra e aparatando.

Lyra viu Louise desaparatando pela janela de seu quarto. O que ela sentia dentro de si era o completo caos e não havia palavras para traduzir de maneira exata. Uma das coisas mais importantes de sua vida estava indo embora e não havia nada que ela pudesse fazer para impedir que acontecesse.

Uma fina lágrima escapou de seus olhos. Ela a secou rapidamente e trincou os dentes, respirando fundo e virando-se de costas para a janela. Não iria chorar por causa disso.

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Summer aparatou no mesmo beco que usara para ir até a casa de Lyra e praticamente correu até o restaurante onde os amigos a esperavam sentados em uma das mesas da calçada. Já haviam pedido sucos e alguns petiscos e conversavam despreocupados.

- O que aconteceu, Luh? – Lily perguntou ao ver a amiga sentando-se com mais estardalhaço que o necessário ao seu lado.

- Ei, por que você está chorando? – Sirius perguntou ao reparar as finas lágrimas que escorriam pelo rosto da morena. – O que te deixou tão triste?

- Não estou triste...- ela respondeu por entre dentes. – Eu estou chorando de raiva.

- Mas o que foi que aconteceu pra te deixar tão possessa? – Remus insistiu secando delicadamente as lágrimas do rosto da namorada.

- A Lyra morreu. Isso aconteceu. Ponto, não quero mais falar disso. – a morena resumiu engolindo a vontade de gritar e bebendo do copo de vinho de Sirius, que era o copo mais perto.

Todos arquearam as sobrancelhas e se entreolharam preocupados, mas ninguém ousou dizer mais nada e Lily puxou um assunto mais ameno. Comeram rapidamente uma vez que o clima tranquilo havia sido quebrado e voltaram para seus cursos na hora.

Summer chegou ao hospital relativamente mais calma e consideravelmente preocupada. Seu turno como Medibruxa em treinamento começaria mais cedo que o normal porque ela havia impressionado uma velha professora bruxa com suas habilidades.

- Desculpa, Olivia, mas você pode me dar uma ajuda? – Luh pediu sorrindo para uma das assistentes que redirecionava um homem que possuía uma colher de pau saindo do...

- Claro, querida. Do que precisa? – Olivia perguntou com o sorriso genérico que todas as assistentes possuem.

- Eu preciso falar com uma diretora da Ala onde vou fazer meu estágio. O nome dela é Nicolle Scarllet Miller. – a morena pediu consultando uma ficha dentro de sua pasta.

Olivia fez um aceno de cabeça e pediu para que Louise a seguisse pelos corredores. Andaram em silêncio agradável até o terceiro andar.

- Está vendo aquela porta no final do corredor? É a sala dela. – Olivia explicou apontando para uma porta chique de madeira. – Mas eu não te levo até lá porque, francamente, morro de medo daquela mulher.

Summer riu e agradeceu a gentileza de Olivia, que logo virou-se nos calcanhares e voltou pelas escadas para a recepção. Louise respirou fundo cobriu o curto caminho até o escritório, até parar novamente na porta da frente para respirar fundo mais algumas vezes.

“ Eu não quero saber, Nicolle, se você gosta da minha presença entre vocês ou não. Você terá que me acompanhar até a maldita festa que terá hoje a noite, ou ele ficará muito irritado.”

Summer ouviu uma voz baixa e fria soar pela fresta  na porta. Não querendo interromper, deu alguns passos para trás e olhou para os lados, sem saber se batia na porta ou se ia embora.

“ Scarllet. Eu quero que você me chame de Scarllet.”

“ Ele te chama de Nicolle”

“Ele é meu mestre e você não. Mas tudo bem. Farei o que você quer e lhe mostrarei tudo que ele pediu. Mas eu estarei lá quando tudo sair errado para você, Lyra. Eu sei que tem alguma coisa errada por trás de suas intenções e não vou tirar os olhos nem por um segundo de cima de você.”

Summer levou a mão a boca reprimindo um gritinho de choque. Lyra? Ela ouvira bem? Estava, sim, achando a voz baixa extremamente familiar, mas nunca esperava encontrar...Lyra. Malfoy, talvez, Ballatriz não seria uma surpresa, mas...Lyra?

O que ela estaria fazendo na sala da Diretora em uma ala do Saint Mungus? Será que ela estava mesmo doente? Mas ela havia falado alguma coisa sobre festa...

Louise não teve muito tempo de se perguntar o que se passara ali, porque Lyra abriu a porta da sala de Nicolle com uma delicadeza que não condizia com seu tom de voz anterior e saiu andando pelo corredor e sumiu na curva, sem nem mesmo olhar para trás.

Nicolle xingou baixinho de sua sala e Luh teve coragem de desgrudar da parede e bater levemente com mãos tremulas na porta. A diretora mandou que ela entrasse, a voz controlada em um sorriso no rosto.

- Em que posso ajudá-la? – ela perguntou delicadamente enquanto apontava para a cadeira defronte a sua mesa.

Luh sentou. Ainda meio incerta de como agir, mexeu rapidamente em sua bolsa e entregou para ela os papéis que a professora havia preenchido elogiando-a e indicando seu talento com ervas para aquele setor em específico.

Nicolle leu com expressão suave e sorriu calorosamente para Louise quando lhe devolveu os documentos.

- A Professora Nolan me falou sobre você em uma reunião breve que tivemos. A elogiou bastante...e o seu conhecimento de ervas também. Epero sinceramente que você possa nos ser útil aqui nesse andar. – Nicolle falou levantando-se e cumprimentando Luh com um aperto de mão.

- Muito obrigada. Mas, quando começo o “estágio?” – Luh perguntou sentindo-se extremamente aliviada ao ver que Nicolle não era nenhuma bruxa.

- Se puder, hoje mesmo. Venha, vou lhe mostrar o que acontece por aqui. – Nicolle conduziu pegando algumas pastes que examinava de cima da mesa.

E as duas saíram da sala para fazer um tour pelo Sain’t Mungus. Alguma coisa no fundo da mente de Louise gritava, berrava histéricamente que alguma coisa estava extremamente errada, mas ela preferiu ignorar por hora e se concentrar em seu trabalho.

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- O que vocês acham que a Luh queria dizer quando disse que a Lyra morreu? Será que...ela morreu mesmo? – Lily perguntou quando reencontrou os amigos ao sair do Ministério.

- A Lyra teve tê-la irritado. - Remus  ponderou dando de ombros.

- Para falar a verdade, ela vem nos irritando bastante ultimamente. – Sirius comentou sério, enquanto se dirigiam até uma praça semi-abandonada que havia por perto.

- Eu já disse a vocês. – Lily falou suspirando pesadamente. – Ela tem muita coisa com o que lidar ultimamente. A família está quase entrando em colapso, o pai mal olha na cara dela e ainda tem os relatórios da ordem e o curso. Não é a toa que ela está quase explodindo.

- Concordo, lírio, mas isso não dá motivo para ela ser tão mesquinha, e nojenta e mal humorada do jeito que vem sendo. – James pôs em voz alta os pensamentos que haviam tendo ultimamente. – Sinceramente, alguma coisa que ela não quer contar para gente anda acontecendo, e é uma coisa importante.

Ficaram em silêncio alguns minutos enquanto um grupo de aparencia suspeita, mas completamente trouxa, passava por eles conversando em voz alta e em tom de quem havia bebido algumas em um bar.

- A Lyra pode estar se envolvendo com os Comensais da morte. – Sirius mencionou olhando para o céu que escurecia lentamente, o semblante franzido enquanto lembrava de algumas coisa que havia reparado nos últimos dias.

- Sirius, como você pode dizer uma coisa dessas? – Lily perguntou indignada e quase jogando seus cadernos em cima dele.

- As novas compahias dela. – Sirius respondeu olhando para a ruiva cuidadosamente. – O Malfoy anda a procurando pelo esquadrão com muita frequencia e pelo que eu me lembre eles nunca se deram muito bem e até hoje não sei porque ele insiste em ir falar com ela.

- Você tem um ponto, Almofadinhas. – James ponderou franzindo o cenho levemente. – Outro dia mesmo eu vi Rabastan Lestrange sussurrando alguma coisa nervosamente para ela na hora do almoço e ficar bem pálido.

- Então é isso. – Sirius concluiu cruzando os braços. – Lyra virou Comensal da Morte.

- Mas ela não tem nenhuma tatuagem bizarra no braço como Dumbledore nos contou que os Comensais tem. – Lily pontuou cruzando os braços e soando muito nervosa. – E ela continua fiel a Ordem. Os relatórios dela são imensos e completos. Eu mesma já li um deles. Tem informações muito importantes.

- Ela pode desfarçar a tatuagem com algum feitiço. – Remus rebateu friamente. – E, além do mais, as informações perfeitas poderiam vir de fontes seguras. Ou seja, ela estava lá.

Lily ia responder, aprentando mais argumentos incríveis. Mas ela não tinha nenhum argumento para dar, então apenas mordeu os lábios nervosamente e olhou para o lado. Summer iria ficar arrazada se soubesse do que estavam suspeitando.

Ou talvez ela já soubesse e por isso devia estar tão arrazada e com raiva. Mas, definitivamente, Lily precisaria tirar isso a limpo antes de chegar a uma conclusão.

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