Melodia Para Os Ouvidos

Melodia Para Os Ouvidos



Moody escondeu um sorriso que Harry e Rony não escondiam.
-Não há uma prova concreta, Weasley.
-De fora da casa pode ver que a terra foi remexida ontem -argumentou Harry.
-O que não prova que tinha um corpo enterrado ali.
-Mas serve como base para o argumento -concluiu Rony.
Eles tinham um problema ali, Draco Malfoy poderia processar o Ministério por um monte de coisas se não houvesse nada de irregular. Claro que havia, óbvio. O que Moody temia era que Malfoy desse um jeito de se livrar da acusação e processasse o Ministério. Se isso acontecesse, Moody teria problema para o resto de sua pobre vida.
-Isso não vai acontecer, Alastor -disse Remo Lupin entrando na sala- Não se o Ministério for mais rápido que ele.
Moody ainda pensou por um segundo ou dois, então levantou a cabeça e sorriu para os garotos.
-Quero a cabeça dele até amanhã à noite na minha mesa. Caso contrário podem deixar isso de lado.

Ela se escorou no carro para não cair. Os pés já estavam desacostumados a ficarem firmes. Draco se adiantou e a segurou, cheio de amor pra dar.
-Estou tão feliz que você está bem, que você está aqui, Cho.
Ela tossiu e olhou para si. Estava num salto agulha enorme que não lhe dava firmeza nos pés. Usava um vestido seu muito bonito, mas suas unhas estavam todas borradas do que parecia um ridículo esmalte roxo, sem contar que seu pescoço estava atolado de jóias pesadas e que não combinavam entre si. Sentia o batom em sua boca e tinha até medo de pensar que Draco a maquiara, devia estar horrível.
-Você está feliz por eu *i*estar bem*/i*?!
Draco a tocou visivelmente preocupado.
-Você sente alguma dor? Está tonta?
-Tonta, Draco, eu sempre fui. SÓ ASSIM EU TERIA IDO VIVER COM VOCÊ!
-Ora, docinho, não fale assim com o seu chuchuzinho...
Cho estava espumando de raiva, respirava pesado e se tivesse um pouco mais de força no braço saltaria em cima dele e o esmurraria.
-Você parece brava comigo, amor.
Ela riu amarga. Como ele podia ser tão cara de pau?
-Ah pareço? Me desculpe, não foi a intenção, aliás, a única coisa que você fez foi me matar. -fez um muxoxo com a mão- Coisa boba...
-Também acho.
Ela o chutou entre as pernas com toda a pouca força que conseguiu reunir. Draco caiu no chão morrendo de dor.
-TAMBÉM ACHA? OH QUE LEGAL! SE VOCÊ ACHA QUE ME MATAR É COISA BOBA, TALVEZ VOCÊ DEVE TER ME RESSUCITADO PARA ME MATAR DE NOVO!
Ele controlou-se um pouco e ainda achou forças para rir.
-Bom, na verdade é, mas... Eu tenho mais motivos que pura diversão.
Ela o olhou horrorizada e sem perceber colocou a mão direita no peito, onde ele lhe dera 37 facadas.
-Diga que você está brincando, meu querido. Você me reviveu porque sentiu minha falta...
Ele se levantou do chão e procurou a chave do carro no bolso.
-Olha, Cho. Eu até senti um pouquinho de saudades em alguns dias, mas é a vida. Você sabe, né, o que está feito está feito, e se os outros te culpam tem que ser refeito.
-O quê?
Ele abriu a porta do carro para ela, sendo um cavalheiro.
-Vamos, Mademosseile?
Ela ficou para sem reação, ele estava brincando, não estava?
-Draco...
-Vamos?
-Você... você... *i*não vai me matar de novo*/i*.
-Ah tá, ok, ok, Cho. Como você quiser. Agora, vamos?
Ela estava sem varinha, estava indefesa. Além da varinha ele tinha o carro, mas não iria atropelá-la ali, ele parecia ter planos. Teria que dançar conforme o ritmo até que conseguisse tirar a varinha do bolso dele. Sorriu falsamente calma e entrou no carro.
-Você está brincando comigo, Draco. Como eu sempre caio nas suas brincadeiras?
Ele sorriu para ela e fechou a porta, indo pegar a direção do carro.
Tinha que agir como sempre agiria, senão ele desconfiaria da quietude dela.
-Foi você que passou esse esmalte nas minhas unhas?
-Foi sim, meu amor. Gostou?
-Está um lixo, para estar tão ruim tinha que ser feito por você.
-Ah aposto que você ia preferir ver esse lixo a ver o estado que as suas unhas estavam. Hi hi hi.
Ela olhou hesitante para as mãos, tinha até medo de imaginar. Terra entre as unhas, unhas rachadas, mal lixadas, sujas e com a cutícula enorme. Era um pesadelo. Até concordou com ele, aquele esmalte horroroso e mal passado deveria estar muito melhor que a situação normal.
-Você tem um espelho? Quero ver o estrago que você fez no meu rosto.
-Tem um no porta-luvas.
Ela gritou.
-PÁRA ESSE CARRO! PÁRA-ESSE-CARRO!
Ele assustou e pisou fundo no freio.
-O que foi agora, mulher?
Ela começou a o bater. E quando voltou a falar pronunciou tudo baixinho, carregada de ódio.
-Draco Malfoy, você vai achar um bar de estrada *i*imediatamente*/i*.
Ele suspirou fundo, ela mal acordara e já começava a reclamar.
-Por quê?
-Por quê? POR QUÊ? OLHA O DESASTRE QUE VOCÊ FEZ NO MEU ROSTO! EU PAREÇO UMA CAIPIRA!
Realmente parecia, o blush em seu rosto eram duas rodelas vermelhas, a sombra era um borrão preto e agora ela sabia o que estava lhe incomodando os olhos, o lápis que ele usara devia ser a coisa mais vagabunda ou ele era mesmo um troglodita, porque tinha farelos de ponta de lápis creon pelos seus olhos.
-VOCÊ PODIA TER ME CEGADO, SABIA?
Ele escorou o braço no volante e a cabeça no braço.
-Antes tivesse... Eu teria coloca a culpa nas minhocas que comeram o seu rosto e como você não ia ver nada não ia fazer esse escândalo todo.
Ela bufou de raiva.
-Tira esse carro daqui agora e me ache um bar que tenha um espelho no banheiro.
Ele fez um muxoxo com a mão e religou o carro. Por que ela não acordara muda? Ou desmemoriada? Era incrível, em vez dela desfrutar o pouco tempo que tinha e ser muito legal com ele, Cho preferia discutir, discutir e discutir.
Já estavam rodando há quase quarenta minutos. Quase quarenta minutos de pura melodia para os ouvidos. Era incrível como ela não cansava nem perdia a voz. Era só blá, blá, blá... nhe, nhe, nhe... ê mulher dos infernos! Reclamava do tempo, do carro, do perfume que passara nela, mas tudo sempre terminava com "se você não tivesse me matado, nada estaria assim".
-Ah, Cho, quem precisa de rádio quando tem você por perto? Você é pura música pra mim.
-Está me gozando? Você está rindo de mim? Draco Malfoy você é a pior coisa que já me aconteceu! Ouviu bem? A pior coisa!
Ele riu, apesar dela estar lhe irritando, achava tudo aquilo engraçadíssimo. Ela falava, falava e falava, mas daqui a algumas horas ela se calaria de novo. Para sempre. Estava se tornando um sádico, estava adorando a desgraça alheia.
-Ai, Cho, você é o máximo!
Mas ela não pôde recomeçar a ladainha, finalmente tinham encontrado o barzinho.
-Ali, minha querida, olha o seu banheiro com espelho!
Ela fez um 'hunf' e saiu do carro pisando duro. Ele ainda achou senso de humor para provocá-la.
-Olha que legal, Cho, você já consegue andar que nem gente.
Ela pegou uma lata de cerveja no chão e tacou na cabeça dele, mas isso não alterou o seu bom-humor.
Ela entrou no banheiro e no desespero que estava nem reparou no chão sujo e molhado do local que molhava a barra do seu vestido. Abriu bastante a torneira e pegou um pedaço de papel higiênico para tentar tirar aquela porcaria do rosto.
-É muito desgraçado, vagabundo. Dois anos junto a ele e é isso que eu mereço!
Um barulho de descarga denunciou que havia mais alguém ali. Uma senhora que parecia ter uns 90 anos saiu de dentro da cabine sanitária. Ela sorriu quando viu Cho.
-Olá.
-É, hei.
-Você quer um pedaço de algodão e um tônico de limpeza? Só com água e papel você vai borrar ainda mais...
Cho suspirou aliviada e se virou gentil para a idosa.
-Ah se a senhora puder me arranjar eu juro que vou lhe agradecer muito!
A velha saiu do banheiro e voltou em menos de um minuto.
-Aqui está.
-Muito obrigada, muito obrigada mesmo.
Ela suspirou aliviada quando viu o rosto limpo. É certo que quase morreu de depressão ao ver o antigo rosto sedoso transformado num monte carne em decomposição.
-A srta. quer um creme ou talvez um feitiço hidratante?
Cho já ia agradecer a gentileza quando viu a varinha na mão da mulher. A senhora falava e gesticulava muito com a mão onde estava segurando a varinha. Os olhos da ex-cadáver seguiam a varinha como um ladrão segue o ouro.
-Eu...
-Pois não?
-Eu quero a sua varinha.
A velha nem pode estranhar a pergunta. Cho deu uma rasteira que fez a mulher cair e ao bater a cabeça no chão, a anciã desmaiou. Cho conferiu se ela estava viva e bem, estava. Ótimo, tudo que queria era a varinha sem ter problema. Agora restava ver se ela iria enfrentar Draco.
Mas ela não precisou ser drástica, ao sair do banheiro viu a vassoura da velha escorada junto à porta. Era uma vassoura velha e ultrapassada, mas se ela fosse discreta seria o suficiente.
Ele só achou que tinha algo estranho quando depois de uma hora ela ainda não tinha saído de lá. Durante esse tempo ficou no balcão tomando uma cerveja amanteigada e conversando com o dono, ele a velha esposa dele moravam ali no meio do nada, o velho estava feliz porque muito raro passavam bruxos por ali, geralmente só trouxas paravam no boteco.
-Ah não, já é demais! Vou lá ter que ir lá buscá-la.
Ele se assustou quando viu a velha caída no chão, mas pelo menos não tinha nenhum sangue escorrendo, ela devia estar bem. Deixou alguns galeões em cima do corpo da velha e voltou correndo para o carro, não precisava ser muito esperto para entender que Cho fugira e ele estava muito, *i*muito encrencado*/i*.
-Eu te criei, Cho. E quando eu te pegar, vou te destruir. Você tá acabada!
Não muito longe dali a vassoura dela acabava de quebrar e Cho se estatelava no chão.

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