No Fundo Do Meu Quintal
N/A: Essa fic é baseada na song I used to love her, mas não é necessário ler a song para entender a fic, mas a song serve como um prólogo para a fic.
Draco Malfoy era um cidadão comum que vivia sua vida pacata, luxuosa e pouco produtiva assim como muitos outros. Ele tinha uma série de casas que pertenciam a sua família, sendo que esta toda já se fora, era o último Malfoy. Gastava muito dinheiro em coisas inúteis somente por que precisava de uma distração, e as namoradas que tinha não se diferenciavam muito umas das outras em atributos físicos ou capacidade mental, exceto por uma.
Draco Malfoy vivera quase dois anos com uma de suas namoradas, uma totalmente diferente que em nada lembraria as anteriores. Ele costumava sair com loiras que tivessem um corpo perfeito, Cho tinha os cabelos negros e embora seu corpo não fosse feio, não estava bem à altura das antigas namoradas. Cho também era inteligente e Draco não temia se ela abrisse a boca perto de seus conhecidos -Draco não tinha amigos, e preferia assim. Mas além de tudo, Cho era sedutora e ativa, Draco não a podia controlar assim como fazia com as outras.
Tinham uma vida de casados, moravam juntos em uma casa que ele comprou por insistência dela. Tinha muitas casas, mas Cho não ficava muito bem em lugares grandes demais, queria uma casa menor que pudesse ser monitorada o tempo todo. Coisa que no início ele achou estúpido, depois interessante, até que por fim era um pesadelo.
Cho era incontrolavelmente louca pelas coisas arrumadas, e se assim não estivessem ela ficava impaciente e descontrolada enquanto não estivesse tudo na mais perfeita ordem que ela deixara. Mas o pior mesmo eram os dias em que ela decidia mudar as coisas de lugar, porque já tinha enjoado das posições anteriores. Geralmente levava uma semana ou mais até que tudo a agradasse, e se um vaso estivesse atrapalhando a visão dela de um canto da casa, isso era motivo para refazer boa parte do trabalho até que estivesse perfeito.
Apesar de tudo Draco gostava muito dela, parecia que ela tinha um ímã que o atraía, que o fazia sempre se reconciliar com ela, pedindo desculpas por ser bruto e insensível.
Porém nos últimos três meses as brigas eram constantes e as reconciliações nem tanto, às vezes ainda estavam numa briga quando partiam para uma outra nova. Tudo era motivo para briga: o ciúme, a falta de ciúmes, a atenção, a pouca atenção, a organização excessiva, o desmazelo... A vida quase conjugal que começara tão bem estava enfim ruindo.
E então num dia em que estava entediado, estressado com a vida e bastante agressivo Draco deixou de ser um cidadão comum e se tornou um bem-feitor para a humanidade, ou pelo menos era isso que ele pensava ser. Ela entrara reclamando algo sobre os vizinhos da frente serem recém-casados e muito amorosos. Resmungou algumas coisas que ele não pôde entender e finalmente soltou a pergunta que queria fazer.
-Por que não nos casamos, Draco?
Ele foi tirado do torpor mental que estava para olhá-la surpresa. Se a pergunta tivesse sido feita quando eles viviam bem, ele até entenderia. Mas brigavam dia e noite sem parar e ela lhe falava de casamento?
-O quê?
-Por que não nos casamos? Nós somos um casal tão perfeito, temos uma química tão grande e o principal, nós nos amamos!
Ele ficou de boca aberta e sobrancelha levantada, lhe parecia que ela estava gozando de sua cara, mas a voz dela nunca fora tão firme. Ele teria sido seco ao respondê-la, mas ela estava tão calma que resolveu não começar outra briga, somente resmungou um "pois é..." e continuou sentado no sofá observando nada.
Como não poderia deixar de ser a falta de emoção dele a irritou, o que iniciou uma nova briga.
-Insensível! Arrogante! Seu, seu... seu imundo! Porcalhão! Desorganizado!
Ela continuou despejando mais outro tanto de adjetivos e ele simplesmente parecia simplesmente nem estar ouvindo, continuava do mesmo jeito parado de antes. Ela então começou a lhe dar alguns tapas na cabeça e nas costas, para ver se ele reagia.
Ele levantou calmamente e foi até a janela, ficando de costas para ela, muito pouco interessado em discutir mais uma vez.
-Cho, vá cuidar da sua vida. No dia que você for sã o suficiente para perceber que não importa se o banheiro é azul e o sabonete marrom e as cores não combinam, nesse dia talvez eu case com você.
Ela se inchou de raiva, levantou furiosa, mas ao dar o primeiro passo em direção a ele, Draco a advertiu.
-Cho, não seria legal se você viesse aqui me incomodar.
Ela deu mais dois passos e ele se virou e fechou a cortina, e se virou para ele, esperando que ela desse mais um passo. Ela deu.
Cho iria morrer estrangulada pelas mãos fortes de Draco, mas ele se cansou de fazer força e buscou uma faca na cozinha que terminou de fazer o serviço literalmente sujo.
Ele pôde ir livremente ao quintal e enterrá-la sem se preocupar com vizinhos, só tinha duas casas perto da sua, uma à frente, e outra um pouco mais afastada do seu lado direito, mas quem morava lá era somente um bando de adolescentes que saiam de noite e dormiam de dia.
Teve um pequeno problema no outro dia, tinha que se livrar das várias manchas de sangue. Pensou em limpar o carpete, mas desistiu, não era um elfo doméstico. Resolveu tirar tudo e tacar fogo.
Depois disso Draco voltou a ser feliz do jeito dele, cada noite saía com uma mulher diferente, ia a bares novos que Cho não queria ir e o impediu de ir também. Estava livre. Tinha aberto às portas para a sua redenção.
Galaxy Lackshame era uma mulher de 30 anos, viúva de um velho de 84 anos que morrera cinco dias depois de se casarem. Ele era rico, mas ela não se apoderou de toda a fortuna dele, cinco sobrinhos apareceram no testamento dividindo a bolada de dinheiro. Mais da metade do que recebera fora gasto descontroladamente, mas quando viu a ameaça da pobreza começou a ser mais cuidadosa. Não era muito esperta, sempre aprendeu a valorizar mais a beleza que a inteligência, e por isso hoje lutava desesperadamente por um novo casamento que a salvasse da miséria.
Ela saiu com vários caras, mas todos os que atendiam os requisitos que ela queria geralmente eram casados, juntados ou nunca pretendiam se casar. Ela estava num bar que abrira recentemente quando aquele loiro platinado de sorriso galante entrou. Sabia quem ele era, o ultimo da linhagem dos Malfoy, já ouvira falar bastante nele. Pensou em mandar um drinque para ele, mas antes que o fizesse ele sentou ao seu lado.
Obviamente que já checara a ficha dele, era juntado e o pior, era fiel. Mas se estava lhe cantando havia três hipóteses: *estava finalmente afim de trair a companheira, *tinha se separado dela ou *estava pensando em abandoná-la. Galaxy estava cansada de ser só mais um caso -assim ficaria velha logo e não arranjaria seu marido rico-, mas Draco tinha um charme encantador.
Ela fora até a casa dela, mas havia algo estranho. A mulher que supostamente tinha ido embora deixara todas, *i*absolutamente todas*/i* as suas coisas na casa, inclusive o gato de estimação de Draco odiava. Aquilo não fez muito sentido, mas o que ela pensou fez muito menos.
"Claro que não, Galaxy. Ele é um homem rico, bem apessoado e inteligente, não se livraria de uma mulher matando-a".
Bom, as evidencias mostravam o contrário.
O elevador parou no segundo andar e Galaxy se dirigiu ao Quartel dos Aurores. Ela estava nervosa, suas mãos tremiam e suava frio. Merlim, ela ia denunciar um Malfoy! Se ele a descobrisse teria que ficar pelo resto da vida sendo escoltada por Aurores ou criar uma nova identidade.
O lugar era claro, com duas janelas e boa ventilação. Muito limpo. Uma mulher sentada numa mesa olhou para ela.
-Bom dia, em que posso ajudá-la?
Galaxy respirou fundo.
-Bom, eu... eu... eu gostaria de ver um superior aqui.
-Sra...?
-Lackshame.
-Bom, Sra. Lackshame, eu sou uma Auror capacitada e creio que eu posso ajudá-la. Sente-se.
Ela se sentou assustada olhava para a porta para ver quem passava, para ter certeza se não seria um possível conhecido de Draco. A mulher a sua frente percebeu o nervosismo dela e levantou-se, com um movimento da varinha fechou a porta.
-Veio fazer algum tipo de denúncia?
Ela só acenou com a cabeça.
-Que tipo?
Ela resmungou algo que a mulher não entendeu.
-O quê?
-Assassinato.
A mulher, anotou em direção a uma porta e a convidou para entrar.
-A Sra. dará queixa, e nós averiguaremos. Fique segura, mantemos sigilo total.
Draco não estava enganado, fazia dois dias que três duplas de Aurores estavam se revezando para vigiá-lo. Espiou pela cortina semi-transparente e balançou a cabeça positivamente. Sim, eram os mesmos homens de ontem à tarde.
Ele andou até a cozinha e olhou para o quintal, olhando assim ninguém imaginaria que havia um corpo enterrado lá. Ainda mais agora sem Cho na casa pra cuidar do local, a grama estava alta e as poucas flores estavam murchando, o que dava um aspecto que ninguém pisava no lugar há muito tempo.
Mas eles sabiam, só queriam ter certeza. Alguém o denunciara, e ele sabia muito bem quem poderia ser. Galaxy era a única que entrara na casa depois que Cho morrera.
Ele lembrou da morte da amada e sorriu contente, era estranho, mas não conseguia deixar de sentir um louco prazer toda vez que se lembrava do que fizera. A cara de espanto dela ao começar a estrangulá-la, o alivio que teve quando a soltou e então o berro que deu quando viu a faca nas mãos dele.
Começou a rir e se apoiou na janela, seu riso só morreu porque percebeu que os Aurores mudaram de posição e agora observavam discretamente o quintal.
Tinha que fazer algo, e seria essa noite. Olhou o relógio, seis horas. Em breve estaria mais escuro e ele a tiraria de lá antes que eles resolvessem invadir sua casa com um mandato de busca.
Subiu as escadas e entrou no quarto, conjurou duas malas. Uma para ele e outra para ela. O casal perfeito, com tanta química e que se amava sairia de férias. Ele não escolheu muito as roupas que levava para ambos, o que importava era parecer que tudo era de verdade. Pegou algumas jóias dela e colocou numa caixinha para levar também. Ficou indeciso se levava o gato imprestável que só dormia o dia inteiro, mas no final teve que se render, Cho nunca viajaria sem o maldito gato.
-Ok, vem cá... xanim, bichim... Droga, como ela chama a peste do gato?
Pegou um pouco de ração e balançou, indicando que colocaria comida para o bicho, e esse levantou na hora. Draco o pegou e o colocou na gaiola.
-Gato inútil...
Já estava bem escuro quando ele controlou a pá para que desenterrasse o corpo. Pensou em ir desilusionado para ele próprio fazer o que tinha que ser feito, mas achou arriscado. Quando o corpo já estava visível ele lançou um feitiço para desilusionar a moribunda, teria que a trazer para casa com o maior cuidado possível.
Quando pegou o corpo sem vida, fedorento e sujo ele olhou para a janela. Pelo visto não tinham percebido nada. Ótimo, muito bom. Carregou o corpo até o banheiro e a lavou, tacando fogo na roupa dela para que não tivesse uma prova contra ele. Lavou, desembaraçou, secou e penteou o cabelo negro dela, que outrora havia sido sedoso, mas agora era um monte de fios feios amontoados.
Aproximou o rosto do pescoço que beijara tantas vezes e sentiu o perfume dela. Um cheio podre lhe invadiu as narinas e ele engasgou.
-Credo, que murrinha...
Mas não havia tempo para dar banho nela até que voltasse a ter um cheiro decente, tacou muito perfume nela e vestiu um vestido qualquer que lhe cobrisse até os pés. A carregou até a porta da sala, sua varinha estava escondida dentro de sua manga, ele teria que ser muito discreto ao executar todos os feitiços. Abriu a porta.
-Ok, amor! Já estou colocando as malas no carro, docinho.
Colocou as malas e puxou fortemente o ar, sendo o mais discreto possível a fez levitar rente ao chão, como o vestido era longo não parecia que ela estava flutuando, e sim andando. Ele sorriu docemente e então foi até ela.
-Ora, deixe que faço isso!
Deu um beijo no cadáver, um gosto horrível de vermes o fez usar todas as suas forças para não vomitar, lembrou tardiamente que não escovara os dentes dela. Então a pegou no colo e a colocou não carro, confortavelmente.
-Então, vamos?
Assim que ligou o automóvel e teve certeza absoluta que não havia nenhum Auror por perto, ele saiu do carro e colocou para fora todo o seu jantar.
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