Novas Vidas.





O expresso continuava seu longo caminho, que parecia nunca acabar. Para quem não estava acostumado com viagens dessa magnitude a uma velocidade dessas, para quem estava apenas acostumado a viajar aparatando ou via pó-de-flu, viagens de trem eram demasiado tediosas. Boa parte da tarde se fora e eles ainda estavam viajando.

“Como esse povo agüenta isso anos após ano? É a minha primeira vez e já desejo que seja a última...”, pensava Nikolay.

Ele olhou para seu companheiro de cabine. Este dormia tranquilamente.

“Pelo menos alguém aqui parece estar aproveitando o passeio...”.

Depois, olhou para a porta da cabine, a procura do grupo de garotas que estavam fazendo ronda por ali. Apesar de não ser o que esperava, ficou aliviado em ver que elas haviam desistido da vigília e voltaram para suas cabines.

“Pelo menos me livrei do grupo de fofoqueiras... por enquanto...”.

Voltou sua atenção para a janela e deixou sua mente vagar. Se teve uma coisa que aprendeu em seus anos foi que enquanto sua mente estivesse livre, nada podia deixa-lo louco.
Começou pensando no porquê de estar fazendo tudo isso. Lembrou da cena de Tiago quase implorando para que ele fosse. Que Tiago teve que pedir para Lily convence-lo a vir.

“Agora que penso sobre isso, foi golpe baixo envolve-la nisso...”.

Lembrou também de tudo que passara até chegar a onde estava. De todos os anos de “Educação Mágica” que teve no lugar que um dia chamara de lar, e na educação mágica que estava para obter.

“Bom, acho impossível qualquer coisa ser pior do que aquilo... se uma lontra resolvesse ensinar magia, já seria melhor...”.

Então, alguém bateu na porta da cabine. Nikolay viu seu companheiro de cabine acordando pelo conto dos olhos, antes de voltar sua atenção para a porta. A porta se abrira e uma garota entrara. Ela tinha cabelos loiros lisos, olhos azuis e trajava as vestes da escola. Atrás dela havia mais algumas garotas também com vestes.

-Já estamos quase chegando. É melhor vocês se trocarem. – disse a garota.
-Ok! Obrigado por avisar, monitora! – respondeu Teddy.
-Estou apenas fazendo o meu trabalho. – disse a garota antes de se virar para sair.

Agora que Nikolay reparara melhor na garota, ela usava um distintivo de monitor. Também reparou nas cores de seu cachecol, vermelho e dourado. Talvez devesse, mas isso nada significava para ele.
Antes de sair para o corredor, porém, a garota se virou para os dois novamente, olhando para Nikolay.

-Eu me chamo Aléxis Rose. E você é? – perguntou a garota.
-Ele é Nikolay, mas não é de falar muito. – respondeu Teddy.

Olhando uma última vez para os dois, Aléxis saiu da cabine fechando a porta, e seguiu pelo corredor seguida das demais garotas.
Nikolay ficou mais um tempo apenas fitando o corredor vazio. Então, quando tornou a olhar para dentro da cabine, viu que seu companheiro estava sorrindo. Sem se importar, levantou de onde estava sentado e foi até seu malão pegar suas vestes. Teddy vez o mesmo.

-Sabe, em todos os meus anos de Hogwarts, nunca vi Aléxis perguntando o nome de alguém... geralmente são as pessoas que se apresentam a ela. – disse Teddy. – Você realmente faz sucesso com as garotas!

Como Nikolay apenas bufou em resposta, Teddy rio e foi se trocar. Nikolay que também se trocava, olhou novamente para a janela.

“Vai ser um longo ano este...”.

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Andara trabalhando demais, essa era a verdade. Já não era mais moço, porém sempre amara seu trabalho e era difícil pensar em se aposentar. Após mais um dia longo de trabalho, Arthur Weasley chegava a “Toca” exausto.
Mesmo em tempos de paz, o departamento em que trabalhava não parava nunca. Acidentes mágicos envolvendo trouxas tomava quase todo o seu tempo. Quem parecia não gostar nada disso era sua mulher. Ela sempre reclamava do fato de ele continuar trabalhando mesmo depois de aposentado.

-É para aumentar nossa renda, querida. – dizia Arthur.
-Mas nós não precisamos mais, querido. Rony, Gina e os demais se ofereceram para complementar nossa renda. – retrucava Molly Weasley.
-E eu acho muito gentil da parte deles, porém prefiro complementar minha renda sozinho! – enfatizava Arthur.

Eram casados a muitos anos, e respeitavam a opinião do outro. Porém, o assunto aposentadoria estava causando uma série de discussões. Ela era a favor e ele contra que ele parasse de vez de ir ao ministério, que apenas vivessem da aposentadoria dele.
Após alguns minutos apenas pensando, Arthur sacode a cabeça e abre a porta de sua casa.

-Cheguei. – anuncia Arthur a sua família.

Ao entrar pela cozinha, como sempre, reparou no fato de sua mulher não se encontrar lá. Então ouviu vozes vindas da sala, para onde se dirigiu. Ao entrar no aposento, viu seus filhos caçulas Rony e Gina e sua cunhada Hermione. Rony e Hermione nunca se casaram, mas viviam juntos a algum tempo e ele e Molly sempre a consideraram como tal.
Ao verem que Arthur havia chegado, os três se levantaram e foram até ele. Pareciam felizes, mas uma ruga de preocupação era visível no rosto deles. Sabia que tinham algo para perguntar ou pedir para ele. Não teve que esperar muito, pois foram logo ao assunto depois de cumprimentá-lo.

-Temos um favor para pedir ao senhor. – disse Gina.
-Sei. Que tipo de favor? – disse Arthur.
-Você ainda tem contatos na Seção de Mau uso dos Artefatos dos Trouxas? – perguntou Rony.
-Tenho sim... mas porque vocês querem saber disso?
-Precisamos que o senhor ache um táxi. – disse Hermione.
-O que?
-Eu disse para me deixar dizer, Mione. – disse Gina. – Eu tenho jeitinho para perguntar coisas delicadas como essa!
-Me desculpe se estraguei o clima, senhorita jeitinho. – debochou Hermione.
-Sem problemas. Eu consigo consertar ainda.

Sem entender nada do que estava acontecendo, Arthur interrompeu a conversa das duas mulheres.

-Será que alguém pode fazer o favor de me explicar? – perguntou Arthur.
-Eu explico. Aconteceu hoje mais cedo na plataforma 9 ½. – começou Gina. – Estávamos vendo os alunos embarcando no expresso para Hogwarts... matando a saudade dos velhos tempos. Então...

Gina narrou os acontecimentos da manhã. Sobre a garotinha de olhos verdes, de a terem seguido até um táxi e tudo o mais. Durante a narração, teve a ajuda de Rony e Hermione, que aqui e ali completavam frases ou colocavam opiniões pessoais.

-E é isso pai. Achamos que a garota possa ter uma relação com ele, e queremos saber a onde ela foi. – completou Gina, após o termino da narração.
-Vocês acham ou esperam? – disse Arthur. –Olhem, eu e sua mãe queremos encontrá-lo tanto quanto vocês. Mas não posso mandar que rastreiem um táxi apenas por uma suposição...
-Mas pai, é importante. Diga que é uma investigação dos inomináveis ou algo do gênero. – disse Rony. –Precisamos ter certeza... só isso.
-Senhor Weasley, você sabe o quanto eu sempre tentei por juízo na cabeça deles, não sabe? – perguntou Hermione. –Mas isso é algo que mesmo eu preciso saber.

Arthur ficou um tempo pensando no que faria. Sabia que essa investigação geraria falatório no ministério. Sabia que poderia ser punido por uso dos recursos para benefício próprio... ou pior. Poderia colocar outra pessoa em maus lençóis. Mas ao mesmo tempo em que sabia dos riscos, precisava saber se era verdade o que seus filhos diziam.
Vendo a hesitação de Arthur, Hermione começou a pensar se realmente valia a pena colocar empregos em risco por causa de uma pequena hipótese. Se ele havia saído sem se despedir e não dera nenhuma notícia até agora, talvez apenas quisesse ficar sozinho. Será que era o certo denunciar sua suposta posição para o ministério?
Antes que Hermione pudesse dizer qualquer coisa, Arthur começou a falar.

-Vocês estão dispostos a correr os riscos? – perguntou Arthur.
-Estou! – disseram juntos Rony e Gina.

Hermione hesitou um pouco, mas acabou concordando também. Ela seria a menos afetada caso houvesse uma investigação interna, por não trabalhar no ministério. Se eles que trabalhavam estavam dispostos a correr tal risco, porque ela não estaria?

-Bem, já que todos estão dispostos a correr riscos, eu farei. – disse Arthur. –Vou falar com alguns amigos e conhecidos e ver o que consigo, mas não garanto nada.
-Valeu pai! – disse Gina, abraçando o pai. –Já te disse que você é o melhor pai do mundo?
-Hoje você ainda não disse.
-VOCÊ É O MELHOR PAI DO MUNDO!
-Haahhahahahaha. – os quatro riram da cena.

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Advocacia realmente tinha seus altos e baixos. Tinha dias em que ele passava o dia todo trabalhando e parecia nem sentir. No fim do dia nem mesmo parecia estar cansado. Porém na maioria dos dias era o tédio. Para ele, ler aqueles papéis cheios de informações um atrás do outro era desgastante. Esse era um dos dias normais, de desgaste.
Estava em seu escritório a no máximo duas horas e já estava exausto. Mas também, quem mandou trabalhar como advogado de uma multinacional? Trabalho para ele não faltava.
No meio desse tédio de virar página após página, a porta do escritório se abriu. Instintivamente Tiago voltou seus olhos para a porta, para ver quem entrava. Lily vinha andando em direção a ele, com uma bandeja. Mesmo ainda não podendo ver o conteúdo da mesma, aquele cheiro inconfundível que sentia só podia significar uma coisa.

-Cookies. – disse Tiago, com água na boca.
-Eu fiz para nós. – disse Lily, estendendo a bandeja para o pai.
-Já que é nosso, vamos devorar! – disse Tiago, ajeitando os papéis de trabalho em um canto da mesa.

Depois que os papéis estavam em um lugar seguro de farelos, Tiago colocou a bandeja de cookies em cima da mesa.

-Atacar! – disse Tiago, antes de pegar o primeiro cookie.

Como estavam deliciosos! Talvez fosse por ser muito melhor comer do que ler aquele papelada chata, mas estavam realmente gostosos. Tiago não sabia de onde Lily tinha herdado o dote para culinária. Ele lembrava que Nikolay também era bastante habilidoso no fogão.

“Talvez venha daí sua habilidade...”, filosofava Tiago enquanto degustava os biscoitos.

Sem saber ao certo quanto tempo se passara, os cookies haviam sido devorados, restando apenas migalhas na bandeja e algumas sobre a mesa. Tiago pegou a bandeja e empurrou as migalhas que conseguiu de sua mesa para a bandeja. Quando terminou, Lily estendeu as mãos para recebê-la.

-Ficaram bons? – perguntou Lily.
-Se ficaram bons? Você acha mesmo que precisa perguntar isso, sabendo que eu comi uns 20 ou 30? – disse Tiago.
-Precisa sim. Vai que você comeu apenas para não me deixar magoada.

“A Lily está cada vez mais esperta.”, pensou Tiago.

-Para a sua informação, esses foram os cookies mais deliciosos que eu já comi! – disse Tiago.
-Mentiroso! Os do Nik são muito mais gostosos que os meus. – retrucou Lily.
-Pois eu não acho. Para mim, os seus são zilhões de vezes melhores.
-Ah é? Pois eu vou contar para ele o que você disse.
-Pode contar. Eu prefiro os seus mesmo! – zombou Tiago.

Lily abraçou Tiago. Este sabia que era assim que ela agradecia por um elogio ou outra coisa qualquer. Ele Beijou a testa dela, antes que afrouxasse o abraço.

-Eu vou fazer um suco e depois lavar a louça. Você aceita? – perguntou Lily.
-Eu aceito sim, linda! – respondeu Tiago.
-Tá. Eu trago quando estiver pronto. – disse Lily, antes de correr para fora do escritório com a bandeja na mão.
-Ei mocinha! Cuidado se for utilizar o liquidificador ou facas. Avise-me se precisar de ajuda. – disse Tiago.
-Eu sei. E não preciso de ajuda não. Já sou grande! – disse Lily, saindo do aposento.

Tiago ficou algum tempo rindo sozinho. Lily tinha mesmo muita personalidade. Ele nunca encontrara nenhuma outra criança da idade dela que fosse assim. Ele pelo menos não era assim, quando tinha essa idade.
Ficou pensando também se não foi a influência de Nikolay que fez Lily ficar tão independente. Talvez por ele ser dessa forma, ela começou a agir igual.
Uma imagem pareceu em sua cabeça. Ele sentia tantas saudades. Haviam ficado pouco tempo juntos, mas o que tiveram foi real e intenço.

“Ah Michelle... se você pudesse ver Lily agora, tenho certeza que ficaria orgulhosa. Sei que você também ficaria orgulhosa de Nik, por ele ter evoluído tanto em tão pouco tempo. E por ter aceitado fazer aquele favor por mim.”, pensou Tiago.
“Mas não é hora de ficar divagando. Tenho milhões de coisas da firma para fazer. Mas também, quem mandou querer ser advogado?”

Tiago se voltou para a papelada em que estava trabalhando.

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O trem finalmente parara. Aquela viagem havia sido mais estressante e demorada do que imaginara. E seu companheiro de quarto e suas tentativas de conversas em nada ajudaram seu humor. Mesmo assim, descera na estação de Hogsmade. A gritaria lá de fora o incomodava, principalmente a de um homem muito grande de barba negra, que tentava gritar mais que os outros para se fazer ouvir.

-Alunos do primeiro ano por aqui! – gritava o homem.

Enquanto algumas pessoas iam à direção do homem, as demais se dirigiam para as carroças do outro lado. Ele, sem saber para onde ir, resolveu ficar ali mesmo. Então, sentiu alguém vindo em sua direção.
Quando se virou para olhar, deu de cara com um garoto alto, cabelos loiros bagunçados e olhos azuis, que vestia as vestes da escola com um cachecol verde e preto. Viu também que ele estava sendo seguido por três ou quatro garotos grandes vestidos de forma similar.
Pelo canto do olho, viu Teddy e Aléxis e seu grupinho de garotas se aproximando dele pelo outro lado. Ele apenas esperou.

-Você é novo por aqui, não é? – perguntou o loiro.
-E se eu for? – respondeu Nikolay.
-Uou, calminha ai cara. Só estou tentando ser amigável. – disse o loiro, enquanto seus amigos riam.
-Não comece a arranjar problemas, Scheneider. – disse Teddy, que também tinha uns dois ou três garotos atrás de si.
-Se não é o Lupinzinho, bancando o herói de novo. – debochou o Loiro, enquanto seus amigos caiam na gargalhada mais uma vez.
-É melhor não começar, Scheneider. Não quero te dar uma detenção antes do primeiro dia de aula. – disse Aléxis, fazendo os amigos do loiro se calar.
-Realmente não sei o que deu na cabeça da MacGonagall de te nomear monitora chefe. - disse o loiro. –Mas eu pego o cara que jogou o feitiço de confundir nela para que isso acontecesse!

Quando o loiro disse isso, seus amigos caíram na gargalhada. Até mesmo Teddy e seus amigos ficaram com vontade de rir, mas seguraram por medo de Aléxis e para não dar esse gostinho a Scheneider.
Nesse meio tempo, Nikolay reparou que Scheneider usava um distintivo no peito muito parecido com o de Aléxis, porém mais simples.

-Muito engraçadinho. Agora circulando. – disse Aléxis.
-Muito bem, estamos de saída. – disse o loiro. – Ei, novato. Qual o seu nome?
-Evans, Nikolay Evans. – respondeu Nikolay, prontamente.
-Leon. – disse o loiro, saindo com seu grupo em direção as carruagens.

Os outros ficaram um tempo observando, antes de alguém fazer algo. Aléxis voltou sua atenção para Nikolay.

-Você vem comigo. A diretora mandou que fossemos após todos. – disse a garota.
-Que seja... – respondeu Nikolay.
-Bom, então nos encontramos no castelo. Boa sorte! – disse Teddy a Nikolay, antes de sair com seus amigos para as carruagens.
-Nós também vamos então. Vemos-nos no castelo. – disse uma amiga de Aléxis, para a mesma.
-Tudo bem. – respondeu a garota.

Após todos saírem, Aléxis e Nikolay ficaram sozinhos. Aos poucos, o resto da estação foi se esvaziando e ficando em silêncio. Quando estavam apenas os dois, a garota começou a andar para a carruagem que havia sobrado.
Sem entender direito, Nikolai a segui. Ambos entraram na carruagem e esta partiu. Ficaram um tempo quietos, até que um deles quebrou o silêncio.

-De que casa esse tal de Leon é? – perguntou Nikolay.
-Da Soncerina, é claro. Porque pergunta?
-Curiosidade...

Ambos ficaram em silêncio novamente, enquanto a carruagem fazia seu caminho.
Algum tempo depois, a carruagem parou em frente à escola. Nikolai ficou impressionado com seu tamanho. Mesmo ele, habituado a ver as coisas mais estranhas, não esperava nada daquela magnitude.
Aléxis saiu da carruagem e ele a seguiu. Quando ambos estavam fora, ela partiu em direção ao desconhecido. Sem saber o que fazer, ele permaneceu em silêncio.
Minutos passavam e os dois continuavam ali fora. Já havia anoitecido a algum tempo e estava começando a esfriar. De onde estavam, podiam ouvir barulhos parecidos com vivas vindos do lado de dentro. Então, o castelo ficou em silêncio. A porta se abriu e o homem barbudo saiu.

-Vamos. Está na sua hora. – disse para Nikolay. – Você pode ir a sua mesa, Aléxis. Eu cuido dele agora.
-Tudo bem Hagrid. – disse a garota. Virou-se para Nikolay antes de continuar. –Boa sorte.
-Obrigado. – ele respondeu.

Aléxis entrou no salão e se dirigiu a mesa da Grifinória. Pouco depois, Hagrid entrou e seguiu em direção a mesa dos professores. Nikolay o seguiu não se importando em ficar para trás graças aos passos enormes do outro.
Ao entrar, Nikolay ficou ainda mais impressionado com a escola. O salão era lindo. Todo decorado, com mesas enormes onde os alunos e professores estavam e com algo que tornava o teto da mesma tonalidade que o céu lá fora.
Continuou andando até chegar próximo a um banquinho localizado em frente à mesa dos professores. Havia neste um chapéu preto muito velho e surrado. Hagrid estava parado ao lado do banquinho, esperando a aproximação do garoto.
Quando estava logo a frente deste, tão próximo que seus braços já conseguiam pegar o chapéu, uma senhora se levantou da cadeira ao centro da grande mesa a sua frente.

-Vamos ao procedimento final da noite. Para você que não sabe, eu cou a diretora Minerva MacGonagall. – disse a diretora. – Este é Nikolay Evans. Como favor a um amigo, ele irá cursar o sétimo ano aqui em Hogwarts. Como é novo, fará como todos os que aqui chegam. O Chapéu Seletor o selecionará para alguma das casas. A única diferença é que ele não entrará no primeiro ano. Coloque então, Evans. – terminou a diretora.

Após o término do discurso, Nikolay pegou o chapéu estranho e colocou em sua cabeça. Com seus dezessete anos, o chapéu não afundou em seu pescoço, como acontecia com os primeiroanistas. Ficou algum tempo parado na mesma posição. Então, o chapéu se pronunciou para o mesmo.

“Hum... interessante. Vejo que você já passou por muitas provações. Vejo também que tem uma personalidade forte, e não é muito sociável. Está tudo aqui.”, disse para ele o chapeu.
“É corajoso, inteligente e orgulhoso. Presa os ideais de Grodrico, Salazar e Ravenclaw. Mas em qual delas vou colocá-lo.”, continuou o chapeu.
“Apesar de ter potencial para ser brilhante em ambas as três, vou colocá-lo na...”,começou.

“SONCERINA! EU QUERO IR PARA A SONCERINA!!!”, pensou Nikolay.

“Você quer ir para a Soncerina? Curioso... muito curioso. Geralmente as pessoas tendem a pedir para não irem para ela. Mas, se pensa assim...”.

-SONCERINA! – se pronunciou o chapéu, antes de emudecer novamente.

Diferente do usual, não houve muita festa. Aparentemente o pronunciamento pegara todos de surpresa. A diretora estava surpresa, bem como Aléxis, Teddy e Leon.
Sem saber direito o que fazer, Nikolay retirou o chapéu de sua cabeça e o recolocou no banquinho. Depois, olhou para a diretora esperando instruções. Ela indicou o caminho para a mesa de sua casa.
Ele andou até lá e se sentou em um lugar vazio. Quando este sentou, a diretora tornou a se dirigir aos alunos.

-Que o jantar comece! – disse a diretora, sentando a seguir.

Quando ela terminou suas palavras, os pratos vazios em todas as mesas se encheram de comida. Os alunos e professores comeram e beberam. Quando todos haviam acabado, a comida sumiu e a diretora tornou a se levantar.

-Agora que já estão todos de barriga cheia, vamos aos comunicados de inicio do ano. – começou a diretora. –Lembro a todos e comunico aos novos alunos que a entrada na Floresta nos limites da escola é estritamente proibida. Também que andar pelos corredores depois do toque de recolher acarretara em uma detenção para os infratores. O zelador Filch colocou na porta de sua sala os artigos proibidos na escola. Aconselho aos engraçadinhos de plantão dar uma boa lida antes de saírem por ai.
“Esse ano, haverá a Taça de Quadribol novamente. Os capitães de cada casa já foram nomeados e os testes deveram ser agendados com a professora. No mais, um bom ano letivo a todos. Alunos do primeiro ano, os monitores de suas respectivas casas lhes mostraram o caminho. Uma boa noite a todos!”, terminou a diretora.

Então a muvuca recomeçou. Alunos e professores indo para todos os lados, falando alto. Todos foram se dirigindo para suas casa, para dormir.
Mais um ano letivo começara em Hogwarts.

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A noite já estava bem adiantada. Mesmo se as janelas da mansão fossem acessíveis, nada poderia se ver da parte de dentro.
As luzes artificiais de dentro não ajudavam muito. A única que se sobressaia vinha de uma salinha em um canto da mansão. Havia apenas uma pequena fresta da porta dessa sala aberta, outro fator que dava um ar sombrio a residência.
Em frente à fresta, encostados um a cada lado, havia dois homens grandes, trajando ternos pretos e óculos escuros. Nenhum deles se movia ou emitia qualquer ruído. Alias o único barulho que se ouvia era o arranhar de uma pena em um pergaminho que vinha do outro lado da fresta de luz.
Então, um barulho de passos cortou o silêncio que predominava ali.
Um homem vinha caminhando em direção a fresta, rápido. Parou em frente aos guardas e, com um leve aceno na cabeça, continuou a andar enquanto o que se encontrava a direita da porta a abriu. Logo após a entrada do homem, o guarda da esquerda fechou a porta até que ela se encontrasse em uma situação semelhante a inicial.
Já dentro do aposento, o homem loiro que acabara de entrar fez uma reverência, ficando curvado perante o outro atrás da mesa. Após um aceno de cabeça, o loiro se sentou na única cadeira que havia disponível, que se encontrava do outro lado da mesa.
O recém chegado ficou o tempo todo fitando o outro homem, que permaneceu mais algum tempo escrevendo no pergaminho. Alguns segundos depois, parou de escrever e deitou a pena em um pedaço de papel próximo e olhou para o loiro.
Trajava um terno Armani preto, impecável. Possuia feições fortes e cabelos longos pretos. Seus olhos, tão pretos como a noite mais escura, eram totalmente o oposto dos olhos azuis do loiro.

-Fez o combinado? - perguntou o homem de cabelos pretos.
-Sim, milorde. Tudo conforme suas ordens! - respondeu o outro. - Ele já se encontra no castelo e aparentemente nenhum imprevisto aconteceu.
-Aparentemente?
-Não fui relatado de nenhum, mestre. Então assumo que tudo corre como o plano.
-Você assume? – perguntou o homem de cabelos pretos, aparentemente irritado.

O loiro ficou um tempo pensando no que dizer. Como demorou a falar, o outro proseguiu.

-Espero que saibas. Qualquer coisa que der errado é a sua cabeça que rolará! – exclamou o moreno.
-Sim mestre. Eu me responsabilizarei. – disse o loiro, com a voz um pouco falhada. – Nada sairá errado.
-Bom. É assim que tem que ser... SEM FALHAS!
-Claro milorde... sem falhas...

Enquanto o loiro permaneceu sentado, o outro homem se levantou da cadeira e andou em direção a um aquário do outro lado do aposento.
Colocou uma mão lá dentro tirando uma cobra negra enrolada nela. O homem andou até uma pequena janela, enquanto a cobra se enrolava em seu braço. Ficou um tempo olhando a janela, acariciando a cabeça da cobra.

-Sim... sem falhas...


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