O Reinício.
Treze anos se passaram desde o desaparecimento de Harry Potter. Mesmo com todo o Ministério da Magia da Inglaterra mobilizado e com cartazes espalhados pelo mundo todo, nada foi encontrado sobre seu paradeiro.
Algumas pessoas dizem que ele queria a paz e a tranqüilidade que nunca teve em todos esses anos. Outros dizem que ele apenas surtou e foi para as montanhas.
Mas uma coisa é certa. As pessoas que mais sofreram com seu desaparecimento foram seus amigos. Estes que em momento algum fraquejaram em sua busca, haviam passado por poucas e boas nesse meio tempo.
Mas o dia que mais causava dor era mesmo o dia de ir a Hogwarts.
----
-Isso não trás lembranças? - Perguntava uma mulher com seus 30 anos e cabelos cacheados castanhos.
-Com certeza!Acho que todos nós temos saudades daquele tempo, não é? - Indagou um ruivo alto e bonito a uma mulher também ruiva a seu lado.
-É, traz sim... - disse a ruiva.
Enquanto os três conversavam, uma dupla acabava de chegar à plataforma.
Sempre atenta graças ao trabalho de inominável, Gina Weasley reparou a entrada dos dois, pois formavam um grupo singular.
O garoto era alto, cabelos castanhos rebeldes e olhos tão cinza que a garota nunca vira na vida.
A garotinha ao seu lado era pequena, cabelos pretos lisos compridos e olhos verdes lindos.
“O garoto deve ter uns 17 anos... e a garotinha... não mais que 9. “, pensara Gina.
Ao olhar de relance para o lado, reparara que seu irmão Rony Weasley também fitava os garotos. Ele reparara por também ser um inominável.
Gina agora se lembrava porque os dois haviam decidido seguir a carreira de inomináveis. Após o desaparecimento repentino de Harry, ambos ficaram devastados. Haviam escolhido esse emprego para que nenhum outro bruxo das trevas se atrevesse a fazer o que Voldemort havia feito a Harry a qualquer outro bruxo.
Hermione, porém, havia virado uma das mais conceituadas médicas do hospital St.Mungus.
“Afinal de contas, alguém tem que cuidar de nós!”, pensou Gina.
Gina então reparou que seu irmão chegara mais perto de si. Ela aguardou que ele dissesse algo, mas ele apenas fitou os garotos que entravam em silêncio. Nesse momento, Hermione percebera que havia passado os últimos cinco minutos falando sozinha e também começara a fitar-los.
Nenhum dos três sabia bem ao certo o porquê do súbito interece neles, mas não se incomodavam com o fato. Eles haviam aprendido com os anos a confiar em seus instintos!
Nesse momento, ouviu-se o apito que significava a partida do expresso.
Então, o garoto beijou a testa da garotinha, pegou as malas e correu para dentro do expresso. Ele ficou em uma janela do trem fitando-a. Mesmo com o trem partindo, ficando cada vez mais rápido, nenhum dos dois acenou ou fez qualquer sinal de despedida. Apenas se fitaram até o expresso atingir o horizonte e sumir de vista.
A garotinha continuou fitando o horizonte por mais algum tempo até que se virou para a saída. Ao se virar, seus olhos se encontraram com os olhos dos três amigos que a fitavam.
“Esses olhos...”, pensaram os três.
Segundos depois, ela terminou de se virar e seguiu até a saída da plataforma. Sem poder se conter, Hermione caminhou alguns passos na direção dela.
-Espere... – disse.
Ela parou. Ficou um tempo na mesma posição e pouco depois se virou e encarou Hermione.
-Qual é o seu nome? - perguntou Hermione.
A garotinha continuou encarando Hermione como se a estivesse estudando.
-Desculpe, mas não posso falar com estranhos! - disse antes de se virar e sair da plataforma de volta a estação.
Sem perder tempo, os três seguiram para a estação. Na estação, olharam ao redor procurando-a e saíram para a rua.
“Tão parecida... e ao mesmo tempo tão diferente...”, pensava Hermione.
“Cara, que fora que a Mione levou!”, ria-se Rony.
“Os mesmos olhos...”, pensava Gina.
Ao saírem na rua, viram-na entrando em um carro que estava estacionado na calçada. Ela fechou a porta e poucos segundos depois, o carro saiu pelas ruas de Londres, perdendo os três que o fitavam.
-O que faremos agora? - perguntava Hermione. - E se ela tiver alguma relação com...
-Não se preocupe Mione. Eu anotei o número da placa! - disse Rony. - Logo que chegar em casa,pedirei ao papai que faça algumas ligações...
-Está bem. - completou Hermione.
Gina continuava alheia à conversa, apenas seguindo o carro em seus pensamentos. Os três seguiram para um beco vazio. Três 'clicks' depois, o beco estava novamente vazio e a Londres trouxa voltou ao seu caos habitual.
----
Em algum lugar de Londres, ao mesmo tempo, um homem saia de uma reunião apressado. Era um homem alto, cabelos pretos rebeldes e olhos incrivelmente verdes. Estava impecavelmente vestido com um terno preto, típico de reuniões desse tipo. Prometera estar em casa antes que sua filhinha chegasse e a reunião atrasara em muito seus planos.
Agora ele tinha que arranjar um jeito de chegar em casa em menos de meia hora com o café da manhã pronto. Mas ele sempre dava seu jeitinho! Olhou em seu relógio e constatou o atraso.
“A essa hora o trem já deve ter saído.”, pensava o homem. “Mas que saudade dessa época do ano...”
Saiu do prédio em que se situava o escritório onde fora a reunião que participara e, sem tempo para pegar um táxi, achou um beco vazio e em um 'click', não estava mais lá.
Alguns quilômetros dali, um táxi parava em frente a uma casa modesta, não tão distante do centro de Londres. Do banco de trás do táxi, desceu uma garotinha. Ela correu até a porta da casa e tocou a campainha. Pouco depois, o homem que meia hora atrás estava em uma reunião abriu a porta e deu um abraço apertado nela. Beijou também a testa da mesma antes que começassem a falar.
-Foi tudo bem lá? - perguntou o homem.
-Foi sim! - respondeu a garotinha. - Mas você precisa pagar o táxi!
O homem riu antes de se dirigir ao táxi com a carteira em mãos. Pagou ao motorista o que devia, e virou-se para entrar com a garotinha. Sem mais delongas, o táxi saiu em direção ao centro de Londres novamente enquanto os dois entravam na casa.
Era uma casa não muito luxuosa, porém era aconchegante e transmitia a essência de quem morava lá. A garotinha correu direto para a cozinha. O Homem riu e foi atrás andando. Ao chegar lá, ela estava sentada em uma cadeira, esperando por ele.
-Como foi a reunião, papai? - disse a garotinha.
-Sabe como são essas reuniões, Lily... - respondeu o homem, com um sorriso no rosto. - Mas agora, que tal tomar nosso tão merecido café da manhã?
-Está bem! - a garotinha disse pouco antes de atacar suas panquecas.
O homem ficou um tempo apenas olhando a garotinha comer. Depois começou a comer também, agradecendo a pessoa que inventou o delivery.
----
Em um vilarejo distante dali, três pessoas se dirigiam a uma casa grande em frente. A casa era grande, e parecia estar em pé apenas por milagre (ou magia).
Os três seguiram em silêncio em direção a casa. Ao chegarem à porta, o ruivo abriu e entrou seguido da ruiva da outra garota. Ao entrarem, foram recepcionados por uma senhora que abraçou e beijou todos eles.
-Vocês sabem como fico com saudades quando vocês passam tanto tempo sem me ver, não sabem? – disse Molly Weasley.
-É claro que sabemos mãe. Apenas estamos com muito trabalho no ministério. – disse Gina, abraçando a mãe novamente.
-E eu no hospital. – disse Hermione.
-Mas vocês estão aqui agora, e é isso que importa! – disse Molly. –Vamos às panquecas então!
-Hahahaha. – Riram os três.
-Podem rir a vontade. Mas eu me preocupo... – começou Molly.
-... Com a nossa alimentação. Nós sabemos mãe, e agradecemos muito! – disse Rony.
Os quatro ficaram conversando algum tempo, botando o papo em dia e tomando o café-da-manhã. Quando haviam terminado, ajudaram a senhora Weasley a retirar a mesa. Os pratos foram lavados com magia e em pouco tempo os três estava na sala, enquanto Molly cuidava do resto dos afazeres domésticos.
-É tão bom estar aqui!É tão relaxante e traz tantas lembranças... – disse Hermione.
-Verdade. Mamãe gosta muito quando estamos aqui. Agora que eu e Gina não moramos mais aqui, ela fica muito sozinha quando papai está trabalhando. Gui e Carlinhos vêm visitá-la de vez em quando, mas Jorge está tendo que tocar a Gemialidades Weasley praticamente sozinho desde que Fred... – disse Rony.
-E Percy também não pode vir muito. Aparentemente seu novo cargo está tomando todo seu tempo. – completou Gina.
-Entendo. Isso quer dizer que devemos nos reunir mais aqui, pelo bem de sua mãe! – disse Hermione, com um sorriso no rosto.
-Isso a faria muito feliz, e tenho certeza que ela vai adorar cozinhar para nós de vez em quando. – disse Gina.
-E ela cozinha muito bem! – disse Rony, fazendo os três gargalharem.
Passaram mais um tempo conversando sobre banalidades antes de começarem a discutir o que os levara ao local.
----
“Mas que barulho irritante...”, pensava um garoto sozinho em uma cabine.
Algumas pessoas às vezes passavam em frente à cabine em que este se encontrava, alguns até mesmo procurando um lugar para ficar. Mas todos, sem exceção, não tinham coragem suficiente para tentar entrar na cabine.
O garoto que estava lá assustava os outros apenas com um olhar. Um olhar penetrante e frio de seus olhos cinza. Ele também parecia ter uma aura maligna. Nem mesmo a mulher do carrinho de doces se atreveu a parar ali.
“Os ingleses realmente são patéticos...”, pensava.
Virou seu rosto para a janela e ficou observando a paisagem. Apesar de saber o porquê de estar fazendo isso, preferiria que tivessem mandado alguém em seu lugar. Afinal, nunca fora muito sociável mesmo. Sem contar que sentiria muita falta de Lily enquanto estivesse lá... E esperava que ela também sentisse sua falta.
Agora que pensava nela, um sorriso brotava em seus lábios. Ela sempre fora motivo de alegria para ele. A única coisa que o fazia rir. Perdera a conta das vezes que ela o fizera perder a pose de garoto mal em reuniões.
Por ter sorrido por algum tempo, algumas pessoas arriscaram parar em frente de sua cabine. Reparara isso, pois possuía uma excelente visão periférica. Quando se virou para ver quem era, reparou que um grupo de garotas se encontrava conversando em frente à porta. Isso o irritava um pouco, pois sempre preferiu ficar sozinho e em silêncio.
Então ouviu uma batida na porta, e então ouviu o barulho da porta se abrindo. Um garoto estava entrando, passando pelas garotas.
-Com licença. Importa-se de eu sentar aqui? As outras cabines estão ocupadas... – disse o garoto que entrara.
Sem responder, o garoto que já estava na cabine deu de ombros. Não iria expulsa-lo da cabine muito menos convidá-lo a entrar. Já que havia entrado, que fique.
-Meu nome é Teddy.Teddy Lupin.E o seu? – disse o garoto que entrara na cabine.
-... Evans. Nikolay Evans. – respondeu o outro.
-Muito prazer! – disse Teddy, estendendo a mão para Nikolay.
Após exitar alguns segundos, Nikolay apertou a mão de Teddy.
Ele já havia ouvido esse nome em algum lugar... Mas aonde fora? Teddy... Teddy... Perdeu um tempo pensando nisso, enquanto Teddy espiava as garotas que ainda estavam paradas em frente à porta da cabine.
-Sabe, acho que elas estão aqui por sua causa. – disse Teddy.
Não obtendo nenhuma resposta, Teddy ficou em silêncio e começou a fitar a janela.
“... Vai ser um longo ano...”, pensou Nikolay.
----
Como era bom comer panquecas após uma exaustiva reunião de trabalho matinal. Melhor ainda, era escapar de lavar a louça!
Tiago se levantou da cadeira que ocupava e entrou na cozinha, onde sua filha lavava a louça.
-Deixe que eu lavo, querida. – disse Tiago.
-Não mesmo. Você fez as panquecas, pai... A louça é minha! – retrucou Lily. – Nunca ouviu falar em divisão de tarefas?
-Hahahaha. Só você mesmo. Mas tome cuidado com facas pontudas. Se você se machucar, seu irmão me mata.
-Mata mesmo!!! – debochou Lily.
Ainda rindo, Tiago saiu da cozinha e seguiu para seu escritório. Lá ele abriu o jornal e começou a ler. Como sentira falta de ler o “Profeta Diário”! Mesmo com tudo de ruim que já lera no jornal, era uma parte de sua antiga vida que sentira falta.
“E pensar que Luna comprou o profeta...”, pensou Tiago.
Após terminar de ler o jornal, dobrou-o e pegou sua pasta de trabalho. Tirou algumas folhas dentro dela e começou a relê-las e a escrever em um bloco de anotações ao seu lado. Mais um dia de trabalho começara para ele.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!