Cap 2 -
A manhã nascia fria, normalmente os dias naqueles últimos tempos eram assim. Nebulosos e frios, com uma sombria névoa que envolvia os ares num angustiante sofrer. As pessoas andavam pelas ruas abaladas e desamparadas, até mesmo seu humor e vivacidade eram afetados, assim como o tempo, transformadas.
Mas nada daquilo parecia realmente afetar o ambiente dentro de Hogwarts. A manhã fria era vista como outra qualquer e ignorada na maior parte do tempo. Noventa por cento dos alunos nem dava a mínima para o que acontecia do lado de fora daquelas paredes que pareciam proteger tudo e a todos, contra qualquer coisa. Mas naquela manhã, mal esses noventa por cento sabiam que estavam prestes a saber, a vivenciar, a ouvir. Algo que gelaria o sangue em seus corpos, que faria sua mente se preocupar com mais do que apenas provas, amigos ou professores.
--X--
- Vocês já ouviram o noticiário? - Uma menina cochichou para o grupinho.
- Horrível, horrível. – Respondeu uma delas no mesmo tom. – Até onde será que Você-Sabe-Quem iria pelo poder?
- Acho que além do que podemos imaginar. – Opinou um menino cruzando os braços.
Os quatro estudantes entraram no salão inundado pelo silêncio a não ser pelos freqüentes murmurinhos. Caminharam lentamente até avistarem Frank num ponto da mesa, sentado com o Profeta Diário a sua frente.
- Hei Frank. – Cumprimentou Sirius parando atrás dele e tentando ver por cima de seu ombro, mas o noticiário estava dobrado no meio. – O que houve?
- Mais assassinatos. – Disse rapidamente, ainda chocado.
- Mais? – Perguntou Pedro parecendo apavorado. James apoiou a mão na mesa enquanto Sirius desdobrava o jornal.
- Bruxos também? – Percebeu Sirius um pouco chocado. Os assassinatos de trouxas já se tornara comum, mas nunca um bruxo antes. – Ele matou... Trouxas, ele... Filho da...
- Cinqüenta?! – Perguntou James em estado de choque. – Cinqüenta trouxas? E dois bruxos.
- O que esta escrito? – Perguntou Remus. James posicionou o jornal e leu em voz suficientemente alta para todos do grupo ouvirem.
- “É horrível informar que na noite passada ocorreram mais assassinatos de trouxas e bruxos. A perda de cinqüenta e duas pessoas deixou a Inglaterra agitada, cinqüenta trouxas e dois bruxos foram torturados e queimados...” – James perdeu o ar. – “ Queimados vivos. Uma mensagem escrita com sangue, sabe-se lá de quem, serviu de aviso para toda a comunidade bruxa: Estamos em guerra, vocês querendo ou não. Depende apenas de vocês decidirem em qual lado ficar. Estarei a espreita.”
O silêncio inundou mais uma vez o aposento, e os passos fizeram os amigos olharem quem chegou. Eram Lily, Marlene e Alice. James imediatamente passou os olhos pela notícia a procura do nome dos trouxas mortos.
Monique e Glenn Andrew. Pensou consigo mesmo. Ruim de pensar, mas não pode deixar de sentir um certo alívio ao ver que não eram os pais de Lily. Elas se aproximaram de Frank, e Alice se sentou do lado dele, e ele lhe depositou um beijo delicado na bochecha, e se James estivesse prestando atenção mesmo neles, perceberia a ambigüidade do beijo.
Mas não... Seus olhos estavam presos nas expressões de Lily, será que aquela notícia a chocaria? Será que ela ignoraria, assim como os outros estudantes teimavam em fazer? Ou será que ela entraria em depressão ou algo do tipo?
As feições de Lily se enrugaram em dúvida, seus olhos passando de um por um dos participantes do grupo. Chegou e parou entre James e Alice e olhou para o jornal, poucos segundos depois James pode sentir que seus músculos enrijeceram e que sua respiração falhou. Seus olhos passaram a observar o rosto dela, que estava também no normal choque em que James podia apostar que ficara.
Mas sabia que Lily sofria muito mais. Seus pais eram trouxas comuns. Se ele se recordava bem, Lily também tinha uma irmã. O que seria de uma garota de apenas 16 anos sem os pais?
- Eu... – Marlene tentou dizer alguma coisa, James nem percebera que ela estava do seu outro lado e que também havia lido as notícias. – Cinqüenta... ?
- Atenção alunos! – A voz da Professora Minerva preencheu o Salão. – Devido aos fatos ocorridos, temos de informar que as aulas de hoje foram canceladas até amanhã. Tenham todos uma boa manhã.
Com aquela notícia, muitos alunos se levantaram e subiram para seus salões, restando apenas alguns no Salão.
- Lily... – James ouviu Remus sussurrar do outro lado da garota. – Você está bem?
- Eu... Eu estou bem. – Disse ela em sussurros. – Eu só... Só vou subir, OK?
Lily se afastou com Marlene atrás dela, essa virou por cima do ombro e movimentou uns lábios dizendo: Eu fico com ela. E se afastaram, James teve a sensação de que mais alguém as observava, e procurou em volta. Avistou na mesa da Sonserina o sorriso nos lábios de muitos deles, e o olhar que ele procurava. Três pessoas olhavam para Lily se afastando.
Os cabelos oleosos e nariz grande inconfundíveis de Severus Snape fizeram o sangue de James correr mais rápido em suas veias, o garoto se levantou junto de seu grupo e eles saíram rapidamente pela porta. O olhar de James encontrou com o do sonserino, e a raiva preencheu o ambiente, mas o moreno pode perceber algo de estranho na expressão de Snape. Algo como urgência.
James cutucou Sirius e acenou com a cabeça e os dois saíram do salão lentamente, espreitando o grupo que andava apressado na direção errada a de seu Salão Comunal.
- O que houve? – Sussurrou Sirius.
- Acho que estão tramando alguma coisa. Viu os sorrisinhos deles agora a pouco? – Sirius concordou rapidamente. – Acho que tem a ver com a Evans.
Sirius se endireitou e mais uma vez seguiram caminho atrás dos sonserinos. Ouviram então a voz de Marlene.
- Lily, conversa comigo.
- Mas eu estou bem Marlene. Foi só um choque, só isso.
Os meninos aceleraram os passos e pararam atrás de uma armadura, viram os sonserinos virarem no corredor. Continuaram a andar, mas viram que alguém estava parado no canto. Com apenas o verde das vestes visível. Continuaram a andar calmamente, não teriam medo se houvesse mais deles, poderiam dar conta, mas no caso só havia dois.
- Veja se não são nossos adorados amigos! – Disse Sirius alto, sobressaltando os dois sonserinos, que se viraram automaticamente com a mão no bolso.
- Ah, apenas Potter e Black.
- APENAS Potter e Black não... Podemos dar conta dos dois com um pé nas costas. – Disse James sorrindo. – Mas me digam: o que fazem aqui, tão cedo pela manhã. O lugar das cobras não é na toca e seus confins?
- Brinque enquanto pode Potter. Mais cedo ou mais tarde vai pagar por esses jogos idiotas.
Os dois, como James e Sirius puderam perceber eram McNair e Rockwood.
- Atormento vocês desde o minuto em que pus meus pés nesse colégio, não acham que está um pouquinho tarde para vinganças?
- É claro que é tarde... – Continuou Sirius. Caminhavam e chegavam cada vez mais perto dos sonserinos. A voz de Marlene se afastando conforme passava os segundos. – Eles são cobras, esquecer Prongs? Se rastejam.
James forçou uma risada alta, anunciando sua chegada para qualquer pessoa que pudesse ouvir.
- O que estão fazendo aqui? – Perguntou McNair evidentemente engolindo o que os grifinórios falaram.
- Caminhando, indo ao NOSSO salão comunal. – Disse Sirius. Perceberam que os dois apertaram as varinhas, e em sincronia, como se tivesse combinado, James e Sirius puxaram suas varinhas e encurralaram os rivais.
- Saiba que da próxima vez que planejarem algo contra qualquer um, deixarei para pegá-los no pulo. – Ameaçou James. – Agora que tal vocês darem meia volta e saírem de fininho, antes que mudemos de idéia?
Os sonserinos quase cuspiram nos dois amigos, mas saíram andando. James e Sirius andaram rapidamente pelo corredor, procurando ouvir a voz de algumas das meninas, até que viraram a esquina em que avistaram a capa de um sonserino ao longo.
- Hei Ranhoso! – Sirius disse alto, fazendo todos os sonserinos se virarem chocados para os dois que se aproximavam – Viu essa James? Chamo por um, e todos atendem.
- Vai ver que é porque mais de um deles tem ranho. – Comentou James se aproximando.
- Por que não voltam para a toca do leão? – Perguntou um deles.
- Por pura coincidência, nós estamos. – Disse Sirius.
- É, e aparentemente, vocês estavam indo também, não é? Ou estavam apenas seguindo grifinórios inocentes?
- Melhor avisar a sangue-ruim Potter, - Disse uma voz feminina, e saindo do meio dos homens, Belatriz Black apareceu, o rosto bonito mas pálido com um sorriso desdenhoso. – talvez os paizinhos dela sejam os próximos.
- Sabe Bela, - Disse Sirius enquanto passavam pelos sonserinos calmamente, ao cruzarem a linha de perigo, os dois se viraram e olharam o grupo de serpentes a sua frente. – Ao fazer isso, você estaria mexendo com forças desconhecidas, e que devo aconselhar ao seu Lorde de Merda, que fique longe desse risco.
- Como se atreve a... – Belatriz disse com raiva se aproximando, mas Snape a segurou pelo punho.
- Adeus priminha.
Sirius e James saíram andando calmamente até o final do corredor, depois dispararam até chegar a porta do retrato, ofegantes informaram a senha e entraram. Remus e Pedro já estavam lá, sentados de frente para a lareira parcialmente acesa.
- Onde estavam? – Perguntou Pedro esganiçado quando Sirius e James se jogaram no sofá.
- Ah, sabem como é. Combatendo o crime, prendendo bandidos, coisas do dia-a-dia. – Disse Sirius.
- Como está a Evans? – Perguntou James de olhos fechados.
- Não sei, ela ainda parecia em choque, mas acho que vai ficar bem. Ela é forte.
O frio inundava mais o ar do salão, fazendo os outros alunos se acolherem em seus dormitórios para uma manhã de descanso a mais.
- Vou subir e descansar um pouco. Até. – Disse James subindo as escadas pro dormitório.
- Até. – Responderam os amigos. – O que há com ele? – Perguntou Pedro.
-Sabe como é, isso afeta ale do ego dele. – Disse Sirius. – Afetou demais a Lily, e ele realmente gosta dele, está mal por causa da menina Pedro.
--X--
Havia se passado dois dias desde aquele trágico assassinato, e o clima do castelo haviam melhorado consideravelmente. As pessoas tentavam falar sobre outros assuntos que não envolvesse trouxas ou mortes, algo do gênero. A sexta-feira foi então, o dia perfeito para esquecer as notícias, seria a escolha do time de quadribol da Grifinória, o qual James queria adiar, mas achou melhor manter para ajudar a melhorar a situação.
O café da manha foi amistoso com conversas leves e descontraídas, e no caso, James recebia constantes elogios, provavelmente daqueles que queriam garantir sua vaga no time. Acenos de alunos que nem ao menos conhecia, ou admirações desnecessárias, já que todos ali sabiam que James levava o quadribol a sério demais para por alguém no time pelo simples fato de beijar seus pés.
- Odeio bajulação. – Disse James colocando na mesa a caixa de chocolates que acabara de ganhar de um garoto que afirmara que James tinha os olhos mais belos da escola, mas que saíra correndo quando Sirius questionou se ele estaria querendo que James saísse com ele na próxima ida a Hogsmead.
- Vai comer isso? – Perguntou Pedro apontando para a caixa, o moreno a empurrou pela mesa até o gordinho.
- Tome cuidado Pedro, podem estar envenenadas. – Caçoou Sirius assim que Pedro colocou o primeiro chocolate na boca e o engoliu quase inteiro.
- Relaxa James... – Disse Alice sentada a frente deles, do lado de Frank e Marlene, Lily ainda não havia chego. De fato, o grifinório reparou que naquela semana que passara, a ruiva dormira em diversas aulas ou sempre estava quieta demais. – Confiamos em você para por o melhor time de Hogwarts no topo da copa.
- Uau Alice, não sabia que era tão fã de quadribol. – Comentou Sirius engolindo seu suco.
- Não sou, mas como todo mundo anda mudando ultimamente... Perceberam que já fazem quatro dias que Marlene e Sirius não discutem ao menos uma vez?
- Daqui a pouco chovem porcos do céu. – Disse James sorrindo.
- Ou então a Lily entra no time como apanhadora. – Disse Sirius, fazendo todos rirem.
- Eu ando meio preocupada com a Lily. – Comentou Alice para Marlene.
- Eu também. – Concordou a amiga.
- Por que? – perguntou James curioso.
- Bem... Ela não dorme direito desde a notícia do ataque. Ela anda tendo pesadelos demais, sempre brigando, noite passada acordei com um berro dela. Mas ela insiste que não é nada, que são apenas sonhos.
- Alguma de vocês vai assistir o treino? – perguntou Pedro de boca cheia.
- Não posso, tenho lição de Runas. – Disse Marlene.
- Herbologia. – Disse Alice sorrindo amarelo. – Mas estarei torcendo pra vocês.
James sorriu em agradecimento e olharam no relógio, caminhando para a primeira aula de sexta: Feitiços.
Lily chegou atrasada na aula, se sentou ao lado de Marlene e abaixou a cabeça cansada. James percebeu sorrateiramente que ela andava sonolenta demais, confirmando o que Alice dissera minutos atrás. A segunda aula foi de poções, que Lily se manteve mais acordada, já que normalmente a atenção era puxada pra ela e Snape.
James não a viu no almoço, e sua preocupação começou a aumentar, mas na aula de transfiguração lá estava ela, prestando atenção no resumo que Minerva fazia sobre os capítulos do ano anterior. Ela olhou de esguelha pra ele e sorriu agradecida. Mas os alunos estavam tão eufóricos com o fim da tarde que não deixavam James em paz, sempre o cercando, não lhe dando oportunidade de falar com a ruiva.
Antes que percebesse sete horas chegou e lá estava ele no campo de quadribol esperando que os alunos pegassem suas vassouras e se posicionassem no campo.
- Muito bem, - Começou ele observando os muitos alunos ali presentes. Isso vai durar mais do que gostaria. Pensou, mas sabia que assim que subisse na vassoura esqueceria por momentos das coisas dos últimos dias. – Devo pedir, antes de mais nada, que todos os alunos do primeiro ano se retirem, estou vendo cinco daqui, e peço que esperem apenas mais um ano para poder estar aqui pra valer.
Mais do que cinco alunos saíram da quadra, em torno de uns dez, que diminuiu um pouco a concentração de alunos.
- OK, irei começar com os artilheiros, aqueles que quiserem outra vaga, por favor espere na arquibandacada. Quero que o antigo goleiro fique na sua posição.
Dessa vez uma quantidade considerável de alunos subiu para esperar, restando apenas doze concorrentes. James dividiu-os em pares e foi observando o andamento do time. Descartou de cara oito alunos terrivelmente ruins. Analisou os outros e disse que daria a resposta na segunda-feira. Chamou depois, os batedores, e lá veio Sirius com um sorriso grande no rosto, e lá foram eles, intercalando, defendendo os artilheiros dos balaços, após um deles acertar o companheiro e esse voar até o outro e lhe dar um pancada na cabeça, James desclassificou os dois, sobrando apenas três, incluindo Sirius, que sem nenhuma surpresa para o apanhador, já estava no time.
O antigo goleiro com certeza iria ganhar sua vaga novamente, defendeu seis das sete goles arremessadas, enquanto os outros não defenderam mais de três, e de fato um deles se chocou de cara com um dos aros enquanto tentava dar um mortal no ar.
- Gente, como já disse, darei os resultados na segunda-feira, estará pregado no quadro de avisos, assim como a data do primeiro treino. Muito obrigado, tenham uma boa note.
Assim que eles saíram da quadra, e Sirius foi tomar um banho no vestiário, James subiu a arquibancada para guardar as bolas que alguns haviam deixado para trás e assim que pisou no último degrau viu uma pessoa sentada mais ao longe, na última bancada.
- Oi. – Disse ele alto, e a pessoa o olhou, mas James ainda não pode ver quem era. – Eu já liberei o time, acho que não pode mais ficar aqui e... Evans? – Questionou surpreso a medida que se aproximava.
- Lily. – Disse ela sorrindo sem se mexer. – Oi pra você também.
- Ah, - James sorriu e subiu as escadas para ficar no mesmo nível que ela. – O que está fazendo aqui? – Perguntou analisando a garota, que estava segurando um caderno em suas mãos.
- Eu adoro a vista daqui. – Disse ela olhando pro céu. James olhou também e admirou a beleza das estrelas, tão grandiosamente iluminadas. – E eu precisava falar com você.
James se sentou ao seu lado e a esperou continuar.
- Na verdade te pedir algo, - Ela ergueu o caderno sorrindo.
- Transfiguração? – Perguntou ele sorrindo também.
- É... Eu tentei falar com você antes, mas aparentemente as pessoas amam te dar presentes e te bajular para entrar no time. Sei que é sexta, mas era só pra não pedir em cima da hora.
- Sem problemas. – Disse ele. – Que tal amanhã?
- Ótimo. Obrigada.
- Não há de que. – Se seguiu um silêncio que não era de nada incomodo para nenhum dos dois. – Ouvi Alice dizer que você anda dormindo pouco.
- É mesmo? – Disse Lily parecendo surpresa, mas James sabia que ela não estava. – Estou ótima, não se preocupe.
- Espero que saiba que pode me contar... Se quiser. – Disse James sem olhá-la.
Lily ficou em silêncio por vários minutos, James já se acostumara com aquilo, no caso de Lily pensar no que dizer, ou as vezes quando há o que dizer, ela se cala e espera, as vezes nunca chega a dizer seus pensamentos, e isso deixava James curioso, quase desesperado para saber a opinião dela pelas coisas.
O vento soprava calmamente causando calafrios em Lily. A ruiva queria contar para James o motivo de sua insônia, mas tentava entender o porquê.
- Acho que é mais ou menos o que todos pensam, ou não.
- E o que é? O que você pensa? – Lily suspirou.
- Há uma guerra, lá fora. E as pessoas parecem não ligar. Vivo pensando quantos de nós vai sobreviver quando sairmos daqui, ou até quando estaremos seguros até a guerra chegar até aqui. Por que, pelo visto, já chegou ao mundo bruxo.
- Não vai chegar Lily. – Disse James a encarando. – Hogwarts é o lugar mais seguro, há magias aqui totalmente desconhecidas. Ninguém seria capaz de invadir Hogwarts, ao menos não com Dumbledore aqui.
- Mas já parou pra pensar que Dumbledore tem se ausentado muito ultimamente? Antes e depois do ataque aos cinqüenta trouxas. Já pensou que há, realmente, comensais dentro da escola, e que a verdade é que Hogwarts não seria invadida, mas sim dominada?
- Aposto que Dumbledore está tentando achar uma solução pra isso, esta lá fora lutando. E enquanto ele estiver lá fora lutando, há professores aqui, competentes, e úteis em casos desse tipo.
Lily se calou, e passou a observar as estrelas mais uma vez, os olhos verde esmeralda brilhavam com a imensidão do céu. E a única iluminação naquele local era a da lua.
- Minha mãe me disse, quando era pequena, - Disse Lily sem olhar para James. – Que quando as pessoas morrem, elas viram estrelas, e que as estrelas sempre iriam brilhar para iluminar o caminho daqueles que a amam.
James sorriu, mas se perguntou o que a trazia a esse assunto, talvez fossem ao verem as estrelas, mas sabia que havia algo mais.
- Você não acha que sua mãe e seu pai vão... Você sabe.
- Virar estrelas? – Os olhos de Lily se encheram de água. – Aposto que sim, e sinto que isso não esta longe.
- Não fale assim Lily. Eles não vão morrer.
- Como você pode ter tanta certeza? Qualquer coisa pode acontecer com qualquer um, por que excluiria meus pais dessa lista?
- Lily...
- Eu quero dizer, tantos anos aqui, nesta escola, que acabou virando um segundo lar, o lugar que eu achava que não iria haver diferenças, todos seriam bruxos, todos teriam poderes, achei que aqui seria um lugar onde não seria julgada. Acabei chegando aqui e tendo que provar aos outros e a mim mesma que era capaz, que eu realmente pertencia a esse lugar. E tudo isso pra que? Tudo isso foi pro lixo, graças a essa guerra entre bruxos e trouxas.
- Para com isso Lily. Tenho que admitir... Você é diferente dos outros aqui. Você tenta provar que é capaz, você se esforça acima de seus limites, você ultrapassa barreiras, você tem o potencial que muitos daquelas cobras rastejantes procuram ter.
Lily enxugou as lágrimas rapidamente e suspirou mais uma vez. James tomou coragem o suficiente para levar sua mão até a dela e apertá-la. Ela o encarou.
- Você é muito, muito mais, do que pensa que é.
--X--
- Hei garota... – Disse Marlene abraçando Lily no momento em que ela passou pelo batente do dormitório. – Onde você estava?
- Estávamos preocupadas com você. – Confirmou Alice se aproximando.
- Estou bem melhor, meninas, obrigada. – Disse Lily com a voz cansada.
- São onze e meia, onde você estava?
- Estava no campo.
- De quadribol? - Perguntou Marlene óbvia.
- Hogwarts tem outro campo? – Brincou Lily se afastando delas e tirando o uniforme. Alice e Marlene se entreolharam confusas e sentaram na cama da amiga enquanto a mesma colocava o pijama.
- Estava sozinha? Foi assistir o treino? O que estava fazendo lá? – Perguntou Alice.
- Não, James estava comigo, e sim, fui assistir o treino.
- Você esta levando mesmo a sério esse lance de virar amiga dele, não está?
- Bastante. Já disse, não vou mais perder um segundo de minha vida com raiva de alguém, a não ser aqueles que merecem.
- Ano passado James merecia. – Lembrou-lhe Alice.
- É, mas as pessoas mudam, e percebi que James é uma grande pessoa. Tem sentimentos, afinal.
Lily deu tapinhas nas meninas e elas se levantaram e observaram a amiga se ajeitar na cama.
- Vocês ficaram conversando por quanto tempo? – Perguntou Marlene.
- São onze horas?
- Sim.
- Acho que desde as nove. Não sei, estou com sono, boa noite meninas.
- Boa noite... – Disse Alice e Marlene juntas enquanto Lily deitava e virava de costas pra elas. Se entreolharam mais uma vez e deram de ombros, e foram deitar.
--X--
- Deixe-me ver se entendi direito... Você estava até agora conversando com a Lily? Lily Evans?
Sirius repetia aquilo pela quarta vez desde que James chegara o que fazia seis minutos e meio.
- Sim Sirius, e obrigada por acreditar no meu potencial.
- Mas isso é incrível James? Você realmente a consolou? – Fora Remus quem perguntara, mas isso não animou o moreno.
- Sim, mas não vejo o que há de tão empolgante nisso. Somos só amigos.
- Vai me dizer que não esta criando nem um fio de esperança?
- Esperança? – James perguntou rindo rapidamente. – Estou começando a me sentir um lixo, esperança? Com certeza.
- Um lixo? Por que um lixo? – Remus questionou confuso.
- Ela é muito. – Disse James se sentando na cama.
- Muito o que?
- Muito tudo. Muito inteligente, muito linda, muito especial, muito boa, muito generosa. Ela parece uma princesa. Tem seus defeitos? Sim, claro que sim, mas pra mim isso parece que a deixa ainda mais perfeita. O que é isso? O que é isso que eu sinto gente?
Os amigos continuaram o olhando.
- Eu não posso estar apaixonado por ela. Eu admito que gosto dela, e muito, mas o que há, então comigo?
- Acho que você ainda não a ama. – Comentou Remus. – AINDA. Mas acho que você a põe num pedestal.
- Como assim? – Perguntou James passando a mão pelo cabelo.
- Lembra ano passado, como você costumava ficar com outras garotas?
- Sim.
- Também se lembra como eu dizia que fazia aquilo pra tentar esquecer a Lily, mas você negava.
- Sim.
- Está pronto para admitir agora? – Remus se levantou de sua cama e caminhou até James, ficou de pé ao lado de Pedro e continuou a falar. – Você sempre a colocou num pedestal. E você tentava encontrar em outras meninas, o que ela sempre teve.
- Ainda... Isso quer dizer que...
- Que se vocês continuarem a ser amigos, você vai começar a gostar dela pra valer, vai começar a amá-la.
James suspirou.
- E qual seria a diferença disso pra agora? Qual a diferença entre a adoração, admiração e o amor?
- Bem... – Remus pensou por alguns instantes. – Você a adora, mas ainda não esta pronto para tê-la, é meio complexo porque você só passa a entender isso depois que você passa de um estado para o outro.
- Remus, eu não entendo...
- É simples. Agora, você não acha que é o suficiente, acho que até pensou em desistir dela.
- Como você... – James foi interrompido pelo riso de Remus.
- Ai James, é ai que você tem que entender. Você só vai amá-la quando estiver pronto para aceitá-la, quando você se tornar egoísta o suficiente para querer que ninguém mais, exceto você, a tenha. Quando achar que ninguém pode amá-la do jeito que você ama, ou admira.
- Eu entendo, mas eu não sei. – Disse James confuso.
- Fazemos o seguinte Prongs... – Sirius caminhou até ele e se sentou do lado do amigo, sorriu calmamente e continuou: - Uma pequena aposta. Aposto que você se apaixonara por ela, antes de Dezembro.
- E eu aposto que não me apaixono. Esse estado de adoração é permanente.
- Acho que chegará um momento onde você irá querer mais que amizade. – Sirius disse defendendo sua parte da aposta. – Se você perder, terá que sair com ela, arriscar a amizade que construíram para uma chance no estado do amor. Aposto trinta galeões.
- Eu não sei... – James pensou durante alguns segundos.
- Está com medo de se apaixonar por ela James? – Perguntou Sirius sorrindo mais abertamente.
- OK, mas e se eu ganhar... ? OK, se eu ganhar... – James pensou por segundos e se virou sorrindo. – Se eu ganhar, você terá que se desculpar com Marlene e admitir que você é um cachorro sem vergonha.
- Feito! – Disse Sirius puxando a mão de James e a apertando. – Acho melhor você aproveitar a amizade da ruivinha enquanto ainda a tem!
- Sonhe Sirius, sonhe.
- É o que pretendo, mas saiba que sonharei com você Prongs, minha flor.
- Sirius, morra antes de virar gay.
______________________________________________________
N/A: Oi, eu voltei. Então, espero que tenham gostado desse capítulo, e esse foi bem legal de fazer, saiu bem mais fácil que os outros, acho que é a empolgação. Quero agradecer a todos, até aqueles que não comentaram, por perderem tempo de sua vida lendo isso.
Beeeijos, até o próximo capítulo.
OBS: minha beta está incapacitada de escrever, já que a sua preguiça mental vai além de seu amor e amizade por mim.
♥
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!