Dois.
Que seja todo meu em um grande saco vermelho!
Eu meio que pirei quando constatei isso, mas depois lembrei que não botei meu nome lá, então não tinha problema. Qualquer um poderia ter escrito, certo? Precisariam de provas para me acusar, há.
Enquanto Mary sumiu de novo – e eu suspeitei que ela fora estragar mais um pouquinho a neve perfeita lá de fora – eu fui à biblioteca para estudar para os N.I.E.M.s. Eu sei que é véspera de natal, mas como eu não tenho nada para fazer, não custa dar uma adiantada nos estudos.
Mas quem disse que eu posso ter um pouco de paz por aqui?
- Lily-sozinha-nesse-natal-que-não-beija-nem-um-marisco-! – ele chamou da porta. Madame Pince não gostaria nadinha dessa gritaria, mas ela não estava ali. Provavelmente está fazendo anjos na neve com alguém também.
- Que foi, Potter? – eu perguntei, sem me levantar.
- Venha aqui! – disse ele. – Quero te mostrar uma coisa. – e deu seu típico sorriso maroto.
Eu levantei, deixando os livros na mesa e o acompanhei, sorridente.
Pelo menos ele não me largou, que nem certa amiga fez. ._.
- Onde estamos indo?
- Você vai ver já, já.
Enquanto descíamos as escadas encontramos quem eu menos queria encontrar enquanto estivesse com James.
O meu grande amigo Pirraça.
A-rrã.
- Veja quem temos aqui! Lily Evans, sozinha nesse natal... – ele começou, rindo.
- Ela não está sozinha. – disse James, e me abraçou pela cintura.
Talvez eu estivesse delirando, mas logo depois disso James me beijou na boca até Pirraça dizer chega. E eu estava surpresa demais para responder.
Quando abri os olhos Pirraça não estava mais ali e James ainda me segurava pela cintura. Ele me soltou rapidamente quando o olhei nos olhos. Ele estava com cara de medo, mas por trás, eu tinha certeza, estava feliz. Feliz por ter me beijado. E eu também estava.
- Desculpe, Lily... – disse ele passando a mão pelos cabelos pretos. Meu coração batia em ritmo acelerado. Eu corei. – Eu só queria ajudar...
- Você ajudou. – eu disse, tentando me acalmar. – Obrigada. Pirraça nunca mais vai me incomodar. – eu sorri, e ele também.
Seguimos até o salão principal, sem encontrar mais ninguém pelo caminho. Não falei mais nenhuma palavra. Ele tampouco. Eu não sabia o que falar, na verdade. O clima tinha ficado estranho demais para palavras.
Chegamos ao desértico salão principal – todos estavam fazendo anjos na neve e se beijando lá fora, provavelmente – e eu logo notei a árvore que eu tinha achado perfeita aquela manhã toda desmontada. Os enfeites estavam no chão.
Eu olhei James incrédula, correndo até a árvore.
- Não acredito! – eu disse sorrindo.
- Podemos fazê-la imperfeita agora! – disse ele, pegando uma bolinha dourada na mão.
- Com certeza! James, você é o melhor. – e o abracei, deixando ele meio, hm, vermelho.
Mas eu não estava ligando. Eu estava pensando por onde começaríamos. A minha árvore de natal lá em casa é consideravelmente menor que esta, mas com a ajuda do James eu consigo montar essa.
Foi melhor que ficar estudando na biblioteca, deixe-me te dizer. Muito melhor. Nós conversamos como eu nunca pensei que fosse possível conversar com ele. Também rimos bastante dos alunos que passavam ali e ficavam nos olhando assustados.
O pinheiro ficou muito mais bonito do que estava antes. Eu matei a saudade de montar uma árvore e me diverti bastante com o James. Melhor que estudar na biblioteca, ah sim.
Talvez melhor que fazer anjos na neve, mas eu não sabia porque nunca fiz anjos na neve com alguém.
Poor Lily. ._.
- Vamos lá para fora, agora? – perguntou James quando terminamos.
- Claro. – eu disse, enrolando a manta vermelha no pescoço.
Lá fora estava congelando mesmo.
Os terrenos de Hogwarts estavam cobertos de neve e nem um risco da grama verde dava para enxergar. Mary e Remus estavam sentados em um banco de madeira não muito longe, abraçados. Os outros dois marotos faziam uma guerra de neve.
Sirius já havia construído um forte de neve que eu diria impossível de se fazer sem magia. Peter, por outro lado, não parece ter pensando na mesma coisa. Ele evitava as bolas de neve de Sirius se escondendo atrás de uma árvore.
Eu ri da cena.
- Eu vou pro time do Sirius! – gritei e saí correndo para o forte.
James suspirou derrotado e foi se juntar a Peter.
Assim, começamos uma guerra de bolas de neve que atingiu até os namorados que se agarravam no banco.
Descobri muitos anjos de neve moldados no chão aquela tarde.
-
Naquela noite, depois de uma exaustiva guerra de bolas de neve, nós entramos para a ceia de natal.
Eu tinha neve desde os meus cabelos até os meus pés. Sirius resolveu trocar de time e empurrar o forte em cima de mim. Super legal (y)
Eu enfiei uma bola de neve na boca dele depois disso. Vingança é um prato que se come frio, há? Entendeu o trocadilho?
Ah, que seja.
Todos notaram a diferença da árvore de natal que eu e James arrumamos, mas ninguém falou nada. Durante a ceia, eu pegava algumas pessoas fazendo careta em direção a ela. Nada bonito de se ver. Afinal, árvores de natal não são feitas para serem perfeitas.
Como eu pensara, só havia uma mesa no centro do salão e todos os alunos e professores sentaram juntos para celebrar o natal. O Diretor Dumbledore falou algumas palavras sobre como ele estava feliz por nos ter ali antes de os pratos se encherem.
Foi uma ceia animada e deliciosa. Os elfos capricharam.
Depois disso, nós subimos até o salão comunal para, sei lá, fazer nada.
Mary e Remus ainda se agarravam. Não, melhor: eles alternavam entre se agarrar e conversar. Se bem que eu tenho dúvidas sobre essas conversas. Tudo que eu ouvi era: Mary!, Remus!, você é linda!, você que é!.
E eu ria. Demais. Eles só não notavam as minhas gargalhadas porque logo depois estavam se agarrando de novo.
Eu estava jogando Snap Explosivo com os outros Marotos, que foi a única companhia que me sobrou. Sirius ainda cantarolava a música do Pirraça, quase que eu pedi para o James me beijar de novo. Mas seria impossível fingir que nós estamos juntos só para o Sirius parar de cantar essa música besta.
Enquanto Sirius dava as cartas mais uma vez, meus pensamentos voaram ao beijo do James, mais cedo. Tinha sido tão bom! Vai ver Papai Noel resolveu atender mesmo o meu pedido. Mas o que eu estou dizendo? O James não gosta de mim. Ele só me beijou para tirar o Pirraça do meu pé. O que foi muito gentil da parte dele.
Mas não posso ignorar que amei demais da conta aquele beijo e as mãos dele ao redor da minha cintura.
Foi tão mágico!
- Ei, Lily. – chamou Sirius. – Sua vez.
Então eu peguei as cartas rapidamente e desviei meus pensamentos para um lugar mais seguro.
Eu estava viajando demais. James tinha razão.
Talvez eu devesse acordar e admitir que Papai Noel não existe e que ele não pode me trazer meu amor verdadeiro. Até porque já é véspera de natal.
Faltam poucas, poucas horas para o natal.
As pessoas que estavam no salão comunal foram indo dormir aos poucos, e eu fui quando Mary também foi. Deitei mas não consegui dormir. Até esqueci de falar do Remus com ela, e quando vi, ela já estava dormindo.
Ele voltava aos meus pensamentos toda a vez que eu decidia não pensar mais, só dormir. O jeito que eu tinha me sentido com aquele beijo, os olhos por trás dos óculos. Eu pensei na árvore de natal que montamos juntos.
Oh, esquece, Lily.
Não vai acontecer de novo.
Papai Noel não existe e ele não vai te trazer um namorado. Coloca isso na cabeça!
Estou cada vez mais doida.
Cansei de me revirar na cama quando o relógio apitou duas horas, então eu levantei, vesti meu chambre – que coisa de velha, eu sei, - e desci até o salão comunal para procurar a minha carta e queimá-la.
Que feio, Lily. :O
Eu sei, eu sei, eu sei.
Eu esperava que o salão comunal estivesse vazio, mas para a minha surpresa, James Potter estava lá.
A-rrã.
- James. – chamei. Ele estava de costas para mim, e não me viu.
Ele pareceu surpreso por me ver ali também.
- O que está fazendo aqui? – nós falamos ao mesmo tempo.
Meu coração acelerou com a possível resposta.
- Feliz Natal, por sinal. – eu disse, sorrindo.
- Feliz Natal, Lily. – ele respondeu, sorrindo.
Eu continuei ali parada olhando para a lareira, tentando encontrar a minha carta. Mas ela não estava lá.
- Procurando alguma coisa? – ele perguntou. Estava sentado no sofá, então se levantou.
- Hm, nada. – ele veio até mim e quase parei de respirar.
- Para você. – ele me entregou um saco vermelho com uma fita verde, que não parecia ter nada dentro, para mim.
Eu devo ter ficado escarlate. Ele estava perto demais.
Abri o saco e tirei a minha carta lá de dentro. Olhei boquiaberta para ele.
- Impossível não reconhecer sua letra.
Eu baixei a cabeça ignorando aqueles olhos castanhos mais lindos do mundo. Oks.
- Meio grandinha para escrever ao Papai Noel, você não acha? – ele perguntou, sorrindo.
- O que você está fazendo aqui, James?
- Me certificando que o Sr. Noel traga seu presente esse ano. – respondeu ele, me olhando nos olhos.
Foi aí que eu lancei meus braços envolta do seu pescoço e o beijei.
- Eu sabia que o Papai Noel nunca falhava. – disse rindo, depois do beijo.
- Eu tinha certeza que ele ia ser bonzinho comigo esse ano.
- Nós ainda temos que fazer uma coisa... – eu disse, pensativa.
- O que?
- Ou melhor, duas.
- Pensei que eu tinha feito tudo que estava na sua carta. – disse ele arqueando uma sobrancelha.
- E fez. Nossa, nem acredito. – sussurrei. – Mas ainda temos que fazer anjos na neve e assar biscoitos!
- Assar biscoitos?
- Não se preocupe, eu faço os melhores biscoitos de natal ever! – falei.
- E por que você está acordada à essa hora? – mudou de assunto, ainda abraçando minha cintura.
- Ah, eu não consegui dormir. – disse, mexendo no cabelo dele.
- Pensando muito em mim? – ele deu aquela piscadela marota.
- Ei, não seja tão convencido, rapaz. – eu dei um tapinha no ombro dele, e com aquele sorriso e aquela boca perfeita ele me beijou de novo.
Há, eu sou a ruiva mais sortuda do mundo.
Nós sentamos no sofá em frente ao fogo, abraçados, e não sei quanto tempo passou, porque eu apaguei.
E sonhei com o meu presente que veio embrulhado em um grande saco vermelho.
.
N/A: que acharam? não acabou aainda! tem mais uma partezinha :) o capítulo 3 :D comentem, comentem *-*
beijos natalinos ;* Daay.
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