Nova Despedida



Depois de três dias empolgantes no acampamento, chegava a tão triste hora da família Weasley e seus convidados partirem. Perderiam a final da Copa, como haviam combinado na Toca, antes de saírem rumo ao acampamento. Precisavam fazer a visita anual ao Beco Diagonal, para a compra de materiais escolares.

Gina pensava quão triste seria mais uma semana sem ver seu namorado. Mas comparado aos dois meses de férias que passaram separados, isso não era nada. Em breve as aulas recomeçariam e então se veriam diariamente. Mas a preocupação com o aniversário dele era o que a tirava o sono desde o término do seu 5º ano. Quando ouvira, em seu 2º ano em Hogwarts, que Draco teria feito o tal acordo com Lúcio, pensava que ainda faltava muito, e que não havia com o que se preocupar tão cedo. Mas o tempo passara rápido, e quando vira, já estava rumando para seu 6º ano em Hogwarts, o que significava apenas uma coisa: Draco iria para o último ano e faria os tão temidos dezessete anos de idade.

Já Draco detestava a idéia de ter feito o tal acordo com seu pai. Pra que pior coisa do que prometer coisas para Lúcio Malfoy, quando sabia que não as cumpriria, e as conseqüências seriam terríveis? Mas naquelas circunstâncias, em seu 3º ano, não tinha escolha. Ou aceitava a proposta, ou Gina já estaria morta e enterrada há muito. Draco conhecia seu pai. Melhor do que ninguém. E sabia o que era enganá-lo. Desde pequeno, via o que acontecia a traidores do grupo de Comensais. Geralmente não duravam um mês. Lúcio se encarregava de eliminá-los por conta própria, pois não queria incomodar “Aquele que não se deve dizer o nome”, com coisas banais. E se Draco não se tornasse um Comensal, seria algo como ultrajar Sr. Malfoy, algo inaceitável.

Draco temia muito mais por Gina do que por ele próprio. Sr. Malfoy era esperto. Sabia que se eliminasse a ruivinha sardenta dos Weasley, poderia manipular o filho, pois ele não teria mais razão de viver. Temia, pois Lúcio era capaz das coisas mais sórdidas por algo que ele desejasse há muito. Pra que amizades mais sujas e temíveis do que as dele? Belatrix Lestrange, Rabicho... o próprio Lorde das Trevas... Lúcio sempre foi confiante, cheio de si, manipulador, porque podia, pode, e sempre poderá, porque nunca o pegarão... sempre age com cautela... Malfoys são imprevisíveis, e muito, mas muito inteligentes, e sabem como fazer algo sórdido sem levantar suspeitas... nunca se ouviu falar de existir algum doidivanas na família.

Gina fazia pouco caso, mas Draco preocupava-se. Sabia quem era o alvo principal de seu pai. Achava perigoso até Gina andar sozinha por aí, mas sabia que Gina era cautelosa. E também confiava nas promessas do pai. Tudo bem que ele não tinha escrúpulos, mas jurar em falso ele nunca jurou. Era esperar pela data tão temida, e ver o que iria acontecer.

Gina sentou-se, sozinha, dentro da barraca. Colocou sua mochila ao seu lado e, dobrando as roupas usadas, pensava em sua vida. Recordava-se do seu 2º ano, turbulento, porém, mágico. Enquanto vivia seu amor platônico por Harry Potter, fechava seus olhos para o mundo, não enxergava as coisas a seu redor. Nunca teria notado um par de olhos acinzentados que a olhavam com um amor incontrolável, se o dono dos olhos não tivesse tomado a iniciativa. Pra que amizade mais bonita e verdadeira do que a de Draco? Um amigo que apareceu na hora certa, para salvá-la da definhação completa, que a ajudou, que a consolou e que a amou mais que tudo. Como estaria ela agora, se Draco não tivesse aparecido em sua vida? Não saberia, pois não mais podia ver sua vida sem Draco Malfoy.

Draco estava em sua casa, pois havia decidido aparecer apenas na hora do almoço para despedir-se de Gina. Durante a Copa, assistia aos jogos, ficava com a namorada e dormia em sua casa. Não largava o conforto de sua cama por nenhuma barraca apoiada no chão batido. Certamente no outro dia, acordaria todo dolorido, sem ter nem condições de andar. Nunca fora um aventureiro, bem sabia disso, sempre fora criado com mimos e não me toques, e sabia que não poderia se arriscar a ter um mau jeito nas costas e ficar uma semana entrevado numa cama. E lá estava ele, dez da manhã, ainda deitado em sua amada cama, olhando para a aliança reluzindo na mão direita, que agora poderia ser mostrada a todos, e pensando em sua incessante luta para conseguir viver ao lado de quem mais ama.

- Ah... Ginny... como eu a amo... – Draco continuava a olhar a aliança. – Você não sabe o quanto... – Levantou-se lentamente da cama e foi em direção à sua janela. Abriu a cortina e a luz solar adentrou ao cômodo. – A cada dia que amanhece, meu amor aumenta...

Enquanto isso, na barraca, Ginny terminava de guardar suas coisas dentro de sua mochila. Naquele instante, adentrou à barraca Hermione.

- Ginny! Você viu o dia como está lá fora? Maravilhoso! – Hermione deu um sorriso. Mas vendo a amiga pensativa, sentou-se à seu lado, franzindo a testa. – O que houve? Está tudo bem?

- Não... não está. Serei sincera. Estou muito preocupada, sem cabeça nenhuma para pensar em como estaria o dia lá fora. – Ginny fechou o reco da mochila e a colocou no chão.

- Não me vá dizer que é aquele assunto de novo... isto está virando paranóia... – Hermione revirou os olhos. – Ainda está muito longe para você se preocupar com isso. O que acha de aproveitar suas férias e esquecer um pouco disso tudo?

- Você que pensa que está longe... se não me engano, já falou isso há uns dois anos atrás, quando lhe contei tudo! – Ginny levantou-se e começou a andar pela barraca, de um lado para o outro, com uma das mãos sob o queixo. – Não sei o que faço, Mione... é muito difícil lidar com tudo isso... nunca pensei que passaria tanto trabalho!

- Eu sei que é difícil, mas você vai fazer o quê? Se tivesse alguma coisa que você pudesse fazer, já teria feito, com certeza!

- Não... eu não pensei direito... deve haver algo a fazer... – Ginny parou de caminhar. – Há apenas uma coisa a fazer, mas isso jogaria meu futuro como auror no lixo!

- E o que seria isso? – Hermione a encarou.

- Fugir! Fugir com Draco, para bem longe da Inglaterra!

- Você é louca? Isso é uma sandice completa! Caia na real! Vocês iriam sobreviver de quê? Nenhum dos dois terminou o colegial, não poderiam nem arranjar um emprego para se sustentarem! Tire essa idéia absurda da cabeça! – Hermione ficou pasma.

- Então... o jeito é esperar pelo pior... essa era minha última esperança... – Ginny sentou-se, derrotada.

- De repente não será tão ruim assim, pode dar tudo certo, sem você tendo que se arriscar!

- Não... eu sei que nada vai dar certo... estou com um pressentimento ruim... – Ginny pôs uma das mãos sobre o coração.

- Pelo amor de Merlin! Pense positivo, isso ajuda, sabia? – Hermione segurou a mão trêmula de Ginny.

- Meu futuro é incerto... – Ginny deu um sorriso triste. – Mas eu vou tirar minhas últimas forças para vencer Lúcio Malfoy!

- É assim que se fala, amiga! Agora vá se arrumar que daqui a pouco Draco chegará para se despedir de você! – Hermione levantou-se e seguiu em direção à porta da barraca. – Anime-se, e não desista! Estou torcendo por vocês dois!

- Obrigada pelo apoio, Mione... valeu.

*

“Acho que já vou indo... ela irá partir...”.

Draco pegou seu sobretudo negro e o pôs em seus ombros. Saiu do quarto e ia passando pela frente da porta do escritório do pai, quando ouviu a voz inconfundível. Colou o ouvido à porta.

-... não sei se isso é inteligente, Sr. Malfoy... – A voz de Belatrix Lestrange era ouvida por Draco através da porta.

- Com certeza é infalível... não agüento mais aquela ruiva sardenta no meu caminho! Minha paciência se esgotou! – Quando Lúcio falou aquilo, o coração de Draco deu um salto. Em seguida ele ouviu um soco na mesa.

- Mas... – Belatrix parecia pensar mais que Sr. Malfoy. – não acha melhor mata-la de uma vez?

- Não... não posso sujar minhas mãos com aquela Weasley... e nem me comprometer! Estou muito próximo de um cargo no Ministério da Magia e não posso arriscar-me agora... – Draco ouviu os passos de seu pai pela sala. – Belatrix... faça o que mando... tudo o que souber, me informe... e ai de você se falhar... já sabe o que faço, não?

- Sei sim, Sr. Malfoy. Farei tudo de acordo com suas ordens... e nunca falhei nem deixei o senhor na mão... desta vez não será diferente.

- Espero, Sta. Lestrange... está dispensada. Quando souber algo novo, mande-me uma coruja, e nos encontraremos no lugar de sempre. Até.

- Até, Sr. Malfoy. – Draco saiu correndo, horrorizado, antes que as portas de mármore se abrissem e dessem lugar à figura grotesca de Belatrix.

Estava em estado de choque. Sentiu falta do ombro de sua mãe, falecida. Ela sempre lhe entendia quando Draco precisava. E lhe dava maravilhosos conselhos. Era quase que uma santa, não fosse o fato de ter-se casado com um verdadeiro demônio. Mas ainda tinha Ginny, que era seu acalanto, seu ombro, no lugar de sua querida mãe. Eram tão parecidas, as duas mulheres de sua vida! Ambas o amavam, e ambas o entendiam. Porém uma vivia no céu, ao lado do Senhor, e a outra era um anjo que fazia escala na Terra, seu anjo da guarda.

Abriu a porta de entrada, e olhando seu jardim, pensou que este era igual a seu pai... bonito, porém perigoso. Cheio de armadilhas e labirintos... triste dia foi quando prometeu algo que sabia que não ia cumprir. Mas fazer o quê? Tinha que adiar o quanto pudesse, para pensar em alguma coisa! Mas... o tempo lhe foi traiçoeiro... julgou passar devagar, e, pelo contrário, passou muito mais rápido do que o programado... e agora estava sem nenhum plano em mente... tudo podia acontecer! E a maior vítima de sua irresponsabilidade seria Ginny.

“Pela primeira vez, não tenho nenhuma resposta a dar... não tenho nada a fazer, e nem o que pensar.” Pensou, ainda encostado na porta de entrada e olhando o jardim.

- Olá, Sr. Draco... – Ouviu uma voz fria chegar a seus ouvidos. Virou-se.

- Bom dia, Sta. Belatrix. O que a trouxe aqui, nesta linda manhã? – Draco tentou ser o mais simpático possível.

- Seu querido pai chamou-me. Mas já estou a partir. Até algum dia, Sr. Draco. – E então aparatou.

“Cobra peçonhenta! Quer o meu fim e ainda me cumprimenta... quanta petulância... ainda me vingarei de todos que estão tentando me destruir! Ainda sou um Malfoy, ora essa!”

E saiu, fervendo de raiva, em direção ao coche.

*

Na França...

- Álvaro... já falou com seus pais? – Tatyanna e Álvaro passavam por baixo do Arco do Triunfo, passeando na praça, naquela manhã de final de verão.

- Falei... – Álvaro ficou sério.

- E? Que cara é essa? Eles falaram o quê? – Ela ficou um tanto aflita.

- Hum... – Álvaro fez suspense. – Concordaram!

- Não acredito!! – Tatyanna o abraçou, e ele a girou pela praça.

- Pois acredite! Minhas malas estão prontas, e partiremos amanhã para a Inglaterra! – Álvaro abriu um sorriso.

- E vão morar onde? – Tatty estava animada.

- Em Manchester. Fica um tanto longe da Capital, mas deve dar umas duas horas de trem. – Álvaro também estava animado.

- Puxa! Vai você e sua família? – Tatty desanimou-se ao saber da distância da Capital. Ela e a família haviam alugado uma casinha no Beco Diagonal, que ficava em Londres.

- Não, apenas eu e minha irmã, a Luciana... vocês irão quando?

- No próximo fim de semana. Lá em casa serão duas pessoas que terão de comprar material: eu e o meu primo Mathew. Você não o conhece, mas terá a oportunidade. Ele ruma para o sétimo ano e então vocês estudarão juntos!

- Legal! Ele não estudava em Beauxbatons? – Álvaro estranhou.

- Não... ele e minha outra prima que já terminou o colegial e se mudou para a Hungria estudavam numa escola lá na Polônia, que esqueci o nome, me falhou a memória. Eu também estudaria lá, mas meus padrinhos acharam melhor eu estudar perto deles.

- Sorte minha! – Ele deu um selinho nela.

- Bobo! O que o destino une, só ele pode separar! Era para a gente se encontrar, não era? Então! Mesmo que eu estudasse lá na Polônia, nós nos encontraríamos, em outras circunstâncias, claro, mas nos encontraríamos.

- Você sempre com essa história de destino... não acredito muito nisso. – Álvaro hesitou. – Deve ser a professora de Adivinhação que não me estimulou a acreditar... fala muita bobagem...

- Minha vida foi salva graças a uma professora de Adivinhação de Hogwarts, então eu acredito sim nas aulas de Adivinhação. Minha querida Profª. Sibila!

- Ah... é verdade... você me contou! – Álvaro sorriu amarelo. – Desculpe.

- Esquece vai... mas... que bom que deu certo de você ir para lá! Estou feliz por nós! – Entraram em um pub e sentaram-se em uma mesa.

- Também estou! E ficarei contente de conhecer seus amigos, que você tanto fala! – Álvaro chamou o garçom. – Traga-me um frango xadrez e um suco de acerola. Amor, e você?

- Hum... pra mim pode ser uma porção de fritas, e uma Coca, ok?

- Logo traremos o lanche. – E então o garçom se retirou.

- Como é mesmo o nome deles? Ha-Harry Potter, Hermio-oinii, Ron-inii, Virgínia... esse é mais fácil...

- Álvaro! Fica difícil de pronunciar porque são nomes em Inglês... mas logo você vai aprender a falar certo... se adaptar é fácil... você vai ver... garanto-te que Português para Inglês é bem mais difícil do que Francês para Inglês!

- Eu sei que vou passar trabalho... mas para ficar perto de você eu aceito qualquer desafio! – Álvaro deu um selinho em Tatty.

- O lanche dos senhores... – O garçom entregou os lanches, e Álvaro deu-lhe uma gorjeta.

E então almoçaram ali naquele pub - que sentiriam bastante falta, e sempre falando sobre a nova vida que iriam iniciar dali pra frente.

*

- Cho! Não insista! Eu preciso ir, nós combinamos na Toca que iríamos partir antes das finais! Não posso ficar! – Harry tentava convencer Cho, mas de nada adiantava.

- Mas Harry... como você pode vir na Copa Mundial de Quadribol e não ficar para assistir as finais? É impossível! – Cho insistia.

- N-Ã-O D-Á! Eu já lhe disse os motivos... realmente eu não posso! Desculpe mesmo, devia ter-lhe avisado, mas esqueci. Tenho que ir... perdoe-me! – Harry deu-lhe um selinho e virou-se para entrar em sua barraca. Cho segurou seu antebraço.

- Algo me diz que você não gosta mais de mim, Harry Potter! – Cho exclamou muito grave.

- Pelo amor de Merlin, Cho Chang! Por que me toma? Duvida de mim por um acaso? Pergunte ao Sr. Weasley, se quiser se certificar! Ora, tenha dó de mim! – Harry entrou, possesso, dentro da barraca, e Cho o seguiu, furiosa.

- Valha-me Merlin, Harry! Desde o início dessa Copa, você está estranho! Pergunto-lhe o porquê e você diz que está tudo bem, e pensa que eu sou uma idiota retardada que não percebe o que se sucede com seu namorado! Ora, tenha dó você! – Cho apontou o dedo indicador na cara de Harry, enquanto falava.

- Eu não agüento mais essa sua petulância, Cho Chang! Somos namorados, não casados, e eu tenho direito de ter os meus problemas! Ou por acaso eu não sou mais cidadão britânico e não tenho mais liberdade de ir e vir?? – Harry dobrava suas roupas, e as enfiava de qualquer jeito na sua mochila, com raiva.

- Claro que tem! Mas eu lhe conto tudo, Harry, tudo sobre a minha vida!! E você não me conta nada! Por um acaso acha isso justo? – Cho pôs as mãos na cintura.

- Não te obriguei a fazer isso, ou obriguei? Não botei uma faca no seu pescoço e lhe disse “Chang, conte-me sua vida!”, ou botei? – Harry virou-se, encarando-a com indiferença.

- Como você é mesquinho, Harry! – Disse Cho, decepcionada. – Como você pode dizer isso? Eu acho que quando duas pessoas namoram, deve haver cumplicidade de ambos! Tudo bem que você não seja obrigado a me contar sua vida toda, mas você não me conta nem o que tomou de café da manhã! – Cho o encarou, tristemente.

- E isso por um acaso te interessa? – Harry foi grosseiro. – Nada que me diga respeito te interessa, a partir de hoje! Está tudo acabado! TUDO ACABADO! Se você não entende meu jeito, e não gosta de mim como eu sou, não merece estar comigo! – E então Harry virou-se para sua mochila e continuou a guardar suas roupas. Ouviu então um suspiro de dor.

- Por que você faz isso, Harry? Por que duvida do meu amor? Por quê? Diga-me, meu Merlin! Eu só queria que você agisse como meu namorado, não como um qualquer com quem eu converso na rua! Você não entende o que isso quer dizer, mas saiba que isso é muito importante pra mim! – Cho deixou escorrer uma lágrima de seus olhos negros, a qual secou rapidamente.

- Olha... eu entendo sim... mas esse é o meu jeito, Cho! Quando começamos a namorar, falei a você que eu era um cara fechado, um cara mais na minha, e você me aceitou assim! Por que quer que eu mude agora? Não te entendo, Cho! – Harry a olhou desta vez mais compreensivo, como se estivesse arrependido das grosserias que ousou dizer anteriormente.

- Por que eu simplesmente te amo... eu quero saber de sua vida, quero ajudar-te, quero ser teu ombro, teu acalanto! Mas você não me deixa ser tua companheira! – Cho falou com o coração.

- Tudo bem então... a partir de hoje, eu vou tentar ser mais aberto... e... quando eu falei que estava tudo acabado entre nós, falei por falar... eu gosto muito de você, Cho... tudo que eu te falei antes foi da boca pra fora... desculpe. – Harry largou sua mochila e abraçou Cho com carinho.

- Está desculpado... olha, - Cho o olhou nos olhos. – vamos começar de novo, mas vamos recomeçar muito diferente! Tudo vai melhorar, você vai ver... amo-te muito, Harry...

E então eles se beijaram, selando seu recomeço.

*

- Ande com esse coche, inútil!

Draco estava impaciente. Mil idéias surgiam em sua cabeça, mas ele não se detia em nenhuma. Queria chegar logo ao acampamento e contar a Ginny o que ouviu. Qual seria exatamente o plano de seu pai? O que ele pretendia fazer com Virgínia? Por que Belatrix foi metida nessa história, se seu pai poderia muito bem fazer o que quer que fosse fazer sozinho? Precisava chegar logo.

- Não escutou o que falei, estrupício? O que é que te falta para esse cavalo andar mais depressa? Inferno! – Draco apoiou o cotovelo na janela do coche, e sua mão apoiava seu queixo.

- Já estamos chegando, senhor Malfoy. – O cocheiro respondeu, submisso.

- Já não era sem tempo!

Chegaram à entrada do acampamento, e então, Draco saltou do coche. Mostrou o cartão de passe livre ao elfo cobrador e então entrou, indo em direção aos fundos do Campo de Quadribol, onde se localizava a barraca da namorada. Andava a passos largos, aflito com o seu futuro e o de Ginny. Agora o pensamento centrava-se em apenas uma coisa: proteger Ginny, não importava como. Com Belatrix em seus calcanhares, estaria em perigo constante. E precisava avisar a namorada do que ouvira Belatrix e seu pai conversarem.

Ginny, no entanto, tentava não pensar tanto no que lhe poderia acontecer. Se ficasse preocupada com isso, não viveria como deveria. E Hermione estava certa, nem tudo estava perdido. Era Ginny que não perdia a mania de ser pessimista. Insistia em dizer que era apenas realista, mas sabia muito bem que acabava levando tudo para o lado negativo. Devia mudar, afinal, já bastava Draco ser assim. Não precisava de mais ela para dar força a coisas que não deviam crescer.

Então, a ruiva saiu da barraca e deu de cara com o namorado. A cara dele parecia péssima. Assustou-se.

- Draco? Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? – Ginny deu-lhe um selinho.

- Não trago notícias muito boas. Vamos dar uma volta, aí te conto tudo. – Draco e Ginny deram as mãos e seguiram em direção à floresta.

Sentaram no tronco caído de sempre, um de frente para o outro, Ginny aflita, Draco preocupado, o semblante carregado.

- Fala, fala de uma vez o que houve, pelo amor de Deus! – As mãozinhas delicadas de Ginny estavam trêmulas, entre as mãos com dedos compridos e finos de Draco.

- Estava saindo de casa para vir te ver, Ginny, e então escutei meu pai conversando com Belatrix Lestrange. Era sobre você.

O coração de Ginny deu um salto. Ela olhou para Draco, assustada, e depois caiu o olhar ao chão. Retornou os olhos azuis aos olhos azuis de Draco. E, com a voz trêmula e nervosa, apenas disse:

- E então?

- Colei o ouvido à porta do escritório de meu pai, e então consegui ouvir o que conversavam. Meu pai mandou ela te vigiar. Achei até estranho, porque ela própria sugeriu que meu pai mandasse mata-la, mas ele não aceitou, disse que estava conseguindo um cargo no Ministério e não poderia se arriscar. Não faço idéia do que estejam tramando.

- Ela vai me vigiar? Mas o que diabos Lúcio Malfoy vai querer saber de mim? Que estranho! – Ginny espantou-se, chegou até a achar um tanto engraçado o que Lúcio pretendia.

- Não sei... mas não duvide de meu pai. Ele é muito mais esperto do que parece. Até acho que ele está querendo lhe vigiar, e quer que você descubra isso, para que fique com medo dele e se afaste de mim. Creio que talvez possa ser apenas isso.

- E que se esse plano não der certo, ele vai tomar medidas drásticas? É isso?

- Lamento dizer, mas creio que sim. Meu pai nunca fez nada sem propósitos... ele é muito pior do que se pensa. – Draco falou, apertando as mãozinhas de Ginny nas suas. – Mas eu estou aqui, eu posso provar que sou muito mais esperto, posso provar que o meu sobrenome significa alguma coisa!

- Família Malfoy: audácia, esperteza e frieza... é isso que quer provar? – Ginny levantou-se, de súbito. – Quero que esqueça que pertence a esse brasão! Não pode estar falando que quer fazer valer seu sobrenome! Só pode ser piada, Draco Malfoy!

- Não quis dizer que vou ser como meu pai! Só quis dizer que quero usar o que veio em meu sangue contra ele! Foi isso que quis dizer! Nunca mais pense que vou te trair! Nunca mais! – Ele levantou e abraçou a namorada, colocando a cabeça dela em seus ombros fortes de jogador de Quadribol. Sentiu as sôfregas lágrimas dela caírem sobre sua roupa.

- Desculpe... estou muito nervosa com tudo isso... desculpe, meu amor... – E então chorou, chorou muito, em meio aos soluços desesperados que tentavam arrancar a dor contida naquele meigo coração.

- Não se preocupe... estarei sempre ao seu lado... sempre. – E então ele apertou o abraço, deixando-a sentir-se segura. – E agora vamos, seus pais devem estar preocupados que você ainda não chegou para partirem.

- Mais uma semana que estaremos longe um do outro...

- Não fique assim... depois dessa semana, nos veremos todo dia!

- Talvez seja isso que me acalente... não sei quanto tempo ainda poderei agüentar esse inferno! Por que tem que ser tudo tão difícil? Por que você tem que ser filho de Lúcio Malfoy? E por que ele não me aceita? Por que fica ainda insistindo nessa guerra inútil de Malfoys contra Weasleys? Não consigo entender por que as coisas têm que ser desse jeito! – Falou Gina, enquanto caminhavam de volta à barraca.

- É o destino quem decide tudo! Apenas ele e Merlin vão poder decidir o que será melhor para nós dois... a vida é um eterno aprendizado, sobreviveremos às tempestades e conseguiremos ser felizes finalmente... saiba pois que a pressa é inimiga da perfeição, devemos ter paciência e perseverança, e então tudo dará certo para nós!

- Espero, sinceramente, que tudo dê certo... era só o que faltava a gente viver esse martírio, e depois perder! Não estou preparada ainda para a derrota...

- Não precisará se preparar para derrotas... iremos vencer, você vai ver! – Draco passou o braço pelos ombros de Ginny, e lhe deu um selinho.

- Vamos trocar de assunto então... é melhor. Como está Jack? Acho aquele menino uma gracinha! A cada dia que passa ele fica mais parecido com a sua mãe! – Ginny sorriu.

- Já está caminhando e bagunçando a casa toda, precisa ver como ele é serelepe! Já consegue falar várias palavras com perfeição! É... realmente, ele é a cara da mamãe. – Draco ficou um tanto triste.

- Você a amava muito, não é? Percebo seu olhar toda vez que fala nela. – Ginny tirou uma mecha de cabelos que teimava em cair sobre os olhos de Draco.

- Pena que nunca pude demonstrar o quanto a amava... ela só sofreu nessa vida, principalmente em relação ao meu pai. Acredita que ele ainda não consegue olhar para o mano sem sentir uma pontinha de ódio? Percebo esse ódio nos olhos dele sempre... Jack não tem culpa do que aconteceu com mamãe...

- Claro que não tem culpa! Pena que nem todas as pessoas pensem com sensatez! Ele é apenas uma criança, que não pediu para nascer, mas que aconteceu na vida de vocês! Devem agradecer todos os dias a existência daquele menino!

- Eu adoro muito meu irmão, mas também sinto muito a falta da mamãe... se ela estivesse viva, estaria educando-o para ser uma pessoa melhor... agora essa missão é minha, eu devo fazer isso, antes que ele se perca como um dia eu me perdi...

- Você vai saber dar muito amor a ele... eu o ajudarei no que for preciso... sei que não tenho idéia do que é educar uma criança, mas conheço as virtudes humanas, e isso talvez ajude...

- Imagina quando a gente tiver as nossas crianças... – Draco esboçou um sorriso.

- Espero que um dia possamos educar nossos próprios filhos, mas ainda é cedo para pensar nisso. Primeiro estudar, e trabalhar, e depois pensar em filhos, lógico, depois de casar. – Ginny sorriu também.

- Chegamos. – Draco e Ginny chegaram à barraca, que já estava em fase final de desmontagem.

- Até que enfim vocês apareceram! Já estava sem tempo! – Molly exclamou.

- Ela está entregue, dona Molly. – virou-se para Gina. - Acho que já vou indo Ginny... choraria se te visse partir outra vez. – Draco a abraçou apertado.

- Eu terei de me segurar para não chorar. Mas conseguirei sobreviver a mais esse afastamento. Tenho certeza. Adeus, meu amor... até semana que vem...

- Até. Passará rápido, você vai ver. – Draco deu-lhe um beijo de despedida e partiu sem olhar para trás, pois se olhasse, não conseguiria mais ir embora.

“Ficaremos juntos para sempre.” Foi o que conseguiu pensar de bom naquele triste momento de nova despedida.

Coments da autora: Agora eu toh morrendu de vergonha povo... demorei muito mesmo pra postar... acho que foi preguiça de escrever... desculpem mesmo... mas comentem OK? Mtos bjos. Por Tawiny Schaucoski.

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