Confiança
Cap. 22 – Confiança
Rose mandara-me uma carta anunciando o horário em que eu podia comparecer n’A Toca. Depois do baile, eu tive que voltar para a mansão, e ela voltar para a casa dos seus avós com seus primos, e seus outros tios. Disse que me mandaria uma carta no dia seguinte e foi o que fez. Minha mãe não objetou os meus planos, embora eu percebia que ela não gostaria de ficar sozinha, não gostava da idéia de que eu ia passar mais dois meses fora. Tanto que, quando me preparei para me despedir dela já com as malas prontas, ela colocou suas mãos nos dois lados do meu rosto como um dia fizera para medir minha febre, embora nada dissesse. Mas desta vez ela estava me analisando com tanto fulgor nos olhos sem se mexer, que por um louco momento achei que ela tinha se petrificado.
– Mãe...?
Piscou. Mais lágrimas. E eu me perguntava quando aquilo ia acabar.
– Sabe que toda a vez que olho para você – ela disse, ainda sem tirar suas mãos – eu vejo o Draco quando tinha sua idade.
Eu não gostava de falar sobre aquilo. Eu detestava ficar na vontade de chorar. Isso podia ser considerado um tipo de frieza, mas não passava de um princípio familiar. Meu pai, eu o conhecera o suficiente para ter certeza que ele não gostaria que ninguém chorasse por ele, nem quando ele morresse. Mas a minha mãe... minha mãe não podia evitar. Ela foi a primeira a perdoá-lo pelos erros. Ela o amava da maneira como ninguém o amou antes. Ela já me dissera isso uma vez.
Eu sorri. Naquelas horas, sorrir era a única solução. Era só ter um pouco de esforço, e vontade.
– Sente aqui – ela pediu, sentando-se comigo na cama. – Sabe qual foi à primeira palavra que você aprendeu a falar?
– Papai? – eu chutei. Ela afirmou.
– Seu pai simplesmente olhou para você, como se você fosse um estranho, sabia? Mas tempos depois eu descobri que aquele olhar significava uma coisa: susto, e ao mesmo tempo admiração. Ninguém nunca chamou ele de pai, sabia disso? Só você, Scorpius. Draco achava que você nunca o chamaria de pai, e o quando o fez, ele virou outra pessoa. Ele virou pai.
Eu só fiquei olhando para ela, sem dizer nada. Já estava começando a achar uma péssima idéia ter que viajar tão rápido, ela não queria ficar sozinha, era evidente. Rose entenderia se eu dissesse que podíamos viajar no próximo mês. Eu estava me preparando mentalmente para mandar uma carta para ela, até que minha mãe se levantou da cama e abriu uma gaveta, revelando um pequeno embrulho que pegou nas mãos.
– O que é isso?
– Você vai precisar desse anel um dia.
– É seu?
– Draco me deu, um dia posso lhe contar como ou por quê. Mas hoje não. Apenas pegue-o. Saberá a quem entregá-lo.
E minha mãe nem sabia que, de alguma forma, Rose dissera que aceitaria se casar comigo. Por isso segurei o embrulho, que continha um anel dourado dentro.
– Cuide dele até o momento certo. Escute o que estou dizendo, Scorpius, espere o momento certo para entregar o anel a ela. Não tenha pressa, vocês têm muito que aprender ainda antes de decidirem viver juntos de uma vez.
– Como a senhora...?
– Que mãe eu seria se não reconhecesse o que chamam de amor nos olhos do próprio filho? – perguntou, com a voz dura e a postura reta. Fez uma pausa e então perguntou: – Você não tem que ir a algum lugar agora, não?
Eu fiz que sim, ainda olhando para o anel.
– Bem, então boa viagem – ela me abraçou rapidamente. – Mande-me carta nas vezes que saírem de um país. Preciso ficar informada da sua localização.
– Certo – eu assenti. – Agora... vai ordenar para eu ter juízo?
– Sim, tenha juízo.
– E não fale com estranhos.
– Nem fale com estranhos.
– Sabia que a senhora nunca me pediu essas coisas?
– É que você nunca precisou sair dos meus braços, Scorpius. Como é que se diz mesmo? Ah, é... você criou asas e já sabe voar.
– Eu te amo, mãe – sorri para ela. – E a Rose agradece pelo anel.
– Vocês dois vão agradecer por ele.
E então, parti para A Toca. Direção que nenhum Malfoy um dia já seguira.
***
Quem atendeu a porta foi uma senhora, que ao me ver levou um susto e colocou as mãos no peito e piscou seguidas vezes. Embora com os cabelos grisalhos, ainda era possível perceber que era ruiva, como todos os Weasley. Não precisavam me dizer, eu sabia que aquela era a avó de Rose, então eu estava no lugar certo. Mas por uma educação que eu tinha certeza de que seria bem-vinda, não hesitei ao indagar:
– A senhora é a sra. Weasley, avó da Rose, não estou certo?
– Merlin... – ela exclamou para si mesma. Fiquei imaginando se Rose havia contado para ela que eu apareceria lá depois do almoço.
– Não, Scorpius Malfoy.
– ROSE! SEU NAMORADO CHEGOU! – alguém gritou lá no fundo.
– Oh... – a sra. Weasley pareceu despertar e então, toda recepcionista, pediu para que eu entrasse na cozinha. – Então você... ora essa!
E Rose descia as escadas rapidamente, estava se aproximando de mim toda feliz quando a sua avó a puxou para apertar suas duas bochechas.
– Minha netinha namorando um... Malfoy! Como os tempos mudaram! – Assim que soltou Rose, ela se virou novamente para mim: – Está com fome?
Eu não respondi de imediato, já que fiquei pasmo por não encontrar sarcasmo em sua voz ao me oferecer aquele bolo. Ela realmente queria saber se eu estava com fome, de modo que neguei brevemente com a cabeça, agradecendo mesmo assim, na maior sinceridade.
– Então pode deixar suas coisas ali em cima – ela apontou para o sofá da sala ao lado. – Enquanto eu... tomo um pouco de ar quente.
E saiu ligeiramente, nos abandonando na cozinha.
– Não acredito que está aqui! – Rose exclamou enquanto levava minhas malas até o sofá. – Juro que quando você disse que gostaria de passar n’A Toca antes de viajarmos eu não acreditei. Eu ainda achava que só era um sonho essa sua curiosidade que tem de conhecer a minha família.
– E por falar nela – eu disse, observando toda a extensão daquele lugar. Era aconchegante, tinha um espaço enorme no primeiro andar, sendo que ainda havia o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto... Aquilo me impressionava –, onde estão eles? Parece meio... vazia.
– Venha – ela estendeu sua mão para mim, eu a apertei e então deixei ser levado por ela. – Vou apresentar você aos que ainda não conhece.
– Preciso me preparar para ser vítima de algum crime? – eu perguntei, brincando.
– Scorpius, não seja tão dramático. Se eles tentarem te matar, eles terão que me matar primeiro. Combinado?
– Não seja tão dramático... – eu girei os olhos, enquanto Lily passou por nós no corredor.
– Oi, pombinhos – exclamou ela, ao que Rose fechou a cara.
– Pombinhos?
– Não é? Pombos costumam viajar na mesma direção, e olha só: vocês vão viajar! – E ela riu da própria piada.
Rose a encarou com a testa franzida, e depois que passamos por Lily para subir mais escadas, Rose disse baixinho:
– Lily não anda muito bem desde ontem.
– O que será que David fez com ela?
– Algo que a deixou realmente de bom humor.
Numa sala do terceiro andar, estava Hugo sentado em um banco com seu violão. Ele estava tocando para quatro crianças que assistiam, e elas não tinham mais de cinco anos. Ele dizia, como se estivesse fazendo um espetáculo:
– Vou fazer mágica para vocês. Estou sem varinha, olhem – e abanou as mãos. Depois posicionou seus dedos no violão e então fez uma acorde, e saiu um som esquisito.
As crianças ficaram espantadas. Rose cruzou os braços, e abafou a risada.
– Agora escutem o som dessa acorde, que chamamos de Sol – e então começou a tocar, enquanto dizia: – Gravem bem o barulho dessa acorde. Agora, vou trocar a posição dos meus dedos mágicos.
E assim o fez.
– É o mesmo som! – falou, quando ninguém percebeu nada.
Isso gerou palmas das crianças.
– Aquele, o único que está em pé – comentou Rose, quase cochichando, já que ela não queria que Hugo soubesse que estávamos vendo aquilo – é o filho do Teddy, você já o viu uma vez, na festa do Ministro da Magia. Tudo bem, e aqueles outros três são os amiguinhos dele, filhos das amigas da Victoire, que é minha prima e mulher do Teddy.
Saímos dali, e subimos mais um andar. As vozes começaram a aumentar, eram vozes risonhas e outras às vezes repreensivas. Enquanto andávamos pela escada, Rose contava:
– Quando meus pais e meus tios se casaram, meu avô pediu ajuda aos amigos dele para que construíssem mais andares, porque sabiam que a família ia aumentar de vez. Não há lugar mais aconchegante e espaçoso agora... para uma família grande como a nossa do que A Toca.
– Cada um tem um quarto aqui? – eu perguntei, analisando as cinco portas fechadas nos corredores que ela me levava.
– Eu divido com Lily e com a Molly, minha outra prima. Mas ela não vai passar as férias aqui, então o quarto só fica meu e da Lily. Alvo divide com o James e com o Fred.
– Huuuum... Como é que vocês lembram o nome de todo mundo? – eu perguntei, admirado.
– É família, nunca esquecemos! Às vezes minha avó me chama de Lily, e troca James com Alvo, e meu avô acha que eu sou a minha mãe, só que ruiva. Mas isso é completamente compreensível.
Ouvimos um estrondo de algo se partindo em cacos. Alguém exclamava:
– Putz, Teddy! É a terceira vez que me quebra esse vaso de vidro. O mesmo, três vezes, no mesmo lugar!
– Foi mal, foi mal! Eu não vi...
– Você é míope ou o quê? – a voz estava zangada.
– Oi, gente – Rose se manifestou. O homem e a mulher que estavam ali parados, concertando com a varinha os cacos de vidros, viraram-se ao mesmo tempo com um sorriso alegre.
– Ei, Rose!
– Scorpius, esse é o Teddy, e essa é Victoire.
Os dois acenaram com a mão.
– Desculpem pela gritaria, mas Teddy é tão desastrado!
– Pelo menos eu não ando com as pontas do pé e com as mãos para o ar.
Victoire suspirou e colocou o vaso de flor numa estante, delicadamente.
– Cuidado da próxima vez que passar por aqui, ok? – ela disse, com mais paciência. Depois se virou para mim. – Então o tal filho de Draco Malfoy que tanto o tio Ron falou está aqui com a gente!
– Você tem sorte, cara – disse Teddy. – Digo, por estar aqui com a gente, não exatamente por ter a Rose, ah... isso também, Rose é incrível... ah, você entendeu.
– Ok, Teddy... – falou Victoire, preocupada, levando-o para as escadas.
– Vicky, por acaso você viu o povo daqui? – perguntou Rose quando voltamos a descer.
– Lá fora provavelmente jogando cartas e Quadribol. Rose... Sua mãe pediu para que avisasse você que ela saiu com a tia Gina. E que “não é para deixar os dois saírem antes que eu voltar”. Tchau, Scorpius.
Rose assentiu e me levou até o quintal da família Weasley, com pressa.
Alvo foi o primeiro a se aproximar quando eu apareci. Ele estava segurando uma vassoura.
– Quer jogar, Scorpius?
– Esperem aí, esperem aí! – exclamou alguém. Depois eu vi um grupo de adultos jogando baralho numa mesa espaçosa ali do lado. O pai de Rose se levantou, e segurava três cartas na mão. Olhou para nós dois: – Vocês aparecem assim, de mãos dadas, e quando isso acontece na família Weasley devem explicar o que está acontecendo para os demais aqui presentes...
– O Rony pirou, certo? – riu a que provavelmente seria Angelina, era reconhecida por ter sido considerada a melhor jogadora de Quadribol nos últimos tempos.
– Onde estão seus conhecidos ataques de ciúmes e de raiva, Roniquinho? É o momento perfeito para isso – disse o que provavelmente seria o dono de uma das lojas que mais ganhava lucros no Beco Diagonal, enquanto eles me encaravam.
– Eu amadureci, Georginho!
– Vi a carta dele – exclamou Angelina para o sr. Potter. – Pode ser seis ou nove.
– Acho que é nove – comentou James, ali do lado. – Tio, deixa eu ver.
– Que deixo ver o quê – ele se sentou na cadeira de novo. – Não podem ver minhas cartas.
– É inevitável. Você sempre fica abaixando elas na mesa – disse o sr. Potter, girando os olhos.
– Tá bom, tá bom. Vejam, um coringa, um três e um seis. O jogo acabou, o Harry ganhou, e eu quero falar com a minha filha e o namorado dela lá na cozinha.
Ele sacou a varinha do bolso, e parecia agitado. Nos levou até a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma torta.
– Que horas pensam que vão viajar? – perguntou ele, colocando a torta na mesa e a cortando com um feitiço da varinha.
– Assim que mamãe voltar, e eu me despedir de vocês – respondeu Rose, prontamente.
– Despedir? – ele fez uma careta aflita.
– Apenas dois meses, pai.
O pai dela coçou a cabeça e murmurou:
– Não quero nem pensar no que pode acontecer durante dois meses. – Então ele se aproximou de Rose, e como a avó fez com ela, apertou suas bochechas. – E minha filhinha ainda é uma criancinha...
– Paaaaaaiê! – Rose reclamou, zangada, ficando vermelha, talvez por se lembrar que ela não era nenhuma criança.
– RONALD WEASLEY!
Ele soltou Rose, ao ouvir seu nome. Correu guardar o resto da torta na geladeira.
– AHÁ! Não pensa que eu não vi você querendo pegar essa torta, querido! – exclamou a mãe de Rose, aparecendo na cozinha ao lado da sra. Potter. As duas sorriam. – Ah, oi, Scorpius. Faz tempo que está aqui?
Eu cumprimentei as duas.
– Não, acabei de chegar.
– Onde a senhora estava, mamãe? – perguntou Rose depois de que recebeu um beijo dela.
– Na Nova Gringotes, para depositar o dinheiro da viagem de vocês, e pegar mais alguns galeões para vocês... bem, comprarem lembranças para nós.
– Não, não – eu logo fui interrompendo, inconformado –, eu já disse a Rose que eu ia pagar tudo. Não quero que se preocupem com dinheiro nem nada disso.
– Mas Scorpius... – Rose começou.
– Será tudo por minha conta e eu já te disse isso milhões de vezes, Rose.
– Eu não acho justo – ela replicou. – Não é nem meu aniversário para eu ganhar a sua viagem.
– Mas semana que vem é o meu e eu quero você lá.
– Então eu vou pagar.
– Não.
– Vou sim.
– Vai não.
– Rose, se ele quer pagar por que questionar? – exclamou seu pai, levando um cutucão de sua mulher, que falou:
– Obrigada, Scorpius, pela generosidade, mas...
– Não estou sendo generoso! É algo que eu quero fazer. Eu estou convidando Rose para viajar comigo. Eu devo pagar a parte dela e a minha, eu sou o responsável pela viagem toda. Ninguém deve se preocupar com isso.
– Scorpius é um rapaz decidido – comentou o pai de Rose, gostando daquilo.
Rose se virou para mim, e falou sussurrando:
– Se você só estiver fazendo isso para agradar aos meus pais, eu não...
– Estou fazendo isso por você. Eu não quero que fique pagando os dias para ficar comigo.
– Mas eu não quero que você também pague para ficar comigo!
– Pare de ser teimosa.
– É, Rose, pare de ser teimosa. Aceitou a viagem? Agora vai ter que aceitar ser de graça.
– Ron!
– Eu não me sinto bem deixando você fazer isso – Rose murmurou para mim.
Virei-me para a mãe dela então.
– Quanto a senhora já depositou em Gringotes?
– Praticamente a viagem de Londres até França.
– Então é tudo o que vocês podem pagar. O resto, a hospedagem, tudo, tudo será por minha conta, e ninguém vai contestar isso. Nem você, Rose.
Ela suspirou, convencida de que não ia conseguir me fazer mudar de idéia.
– Tudo bem então.
Naquele momento, alguém entrou na cozinha. Apoiava-se numa bengala, e se aproximava de mim lentamente. Seus olhos encontraram-se com os meus, examinando-me como se eu fosse uma escultura interessante. Rose segurou com mais força a minha mão, e ficou bem colada em mim. Um silêncio se formou quando o avô de Rose começou a dizer, analisando cada traço da minha pessoa:
– Cabelos louros... postura reta... queixo fino... sobretudo preto... – fez uma pausa curiosa e olhou para Rose, depois para as nossas mãos. E em fim se virou para Ronald, dando as costas para nós. – É a minha neta que está de mãos dadas com um sangue-puro.
Realmente não foi uma pergunta.
– E eles vão viajar juntos – acrescentou a sra. Potter, sorrindo. – E esse não é apenas um sangue-puro, pai. Era o filho de Draco Malfoy, o Scorpius.
Virou-se novamente para mim.
– Oh, eu fiquei sabendo o que aconteceu com ele, o seu pai. É uma pena, é uma pena. Justamente quando Ron disse que ele estava arrependido das coisas que fez.
Eu não disse nada. O que ele esperava que eu dissesse? Fiz a única coisa que me pareceu conveniente no momento. Estendi minha mão a ele. Ele tirou a bengala da mão, para apertá-la.
– Você tem um jeito diferente – falou, ainda me analisando. – Jamais apertaria a mão de um Malfoy.
– Scorpius é um bom rapaz – avisou a mãe de Rose.
– Pode ser – ele afirmou com a cabeça. – Não conquistaria minha neta se não o fosse. – Olhou para Rose, mas disse para mim: – Cuide dela.
E a mão que tinha apertado a minha foi em direção ao rosto de Rose, e ele afagou a pele dela, fraternamente. Rose sorriu, suspirando de uma maneira tão aliviada que parecia ter perdido o fôlego durante aqueles dois minutos. Apoiou sua mão com a do seu avô.
– Obrigada, vovô.
Mas percebendo que eu não falara nada, perguntou a Rose:
– Ele é calado desse jeito mesmo?
– É que o senhor o deixou muito assustado – respondeu ela, divertida.
– Que bom. Assim vai se lembrar de mim quando fizer alguma besteira com você.
E nas horas que passei ali descobri que nunca havia visto uma família como aquela. Parecia que cada um completava o outro, parecia que eles, juntos, tornavam-se um só e isso era o que chamavam de Weasley. Observava a maneira como eles agiam; riam alegres para um e berravam zangados para outro, mas depois riam novamente. Passavam a sensação de que ninguém seria capaz de fazer mal ao outro, nem de deixar alguém infeliz. O avô de Rose sabia que Rose estava feliz ao meu lado. Todos percebiam no sorriso dela que ela não seria feliz de outro jeito. Então era por essa razão que ninguém olhou esquisito na minha direção argumentando “mas ele é um Malfoy e não pode estar aqui”. Aquilo não importava muito, já que a minha presença pelo menos fazia um membro da família feliz, e “não desagradava a ninguém”, assim como Rose assegurava.
Quando sentei à mesa com eles para o lanche da tarde comprovei que nenhum Weasley se passava por estranho, ficava isolado ou até calado. Todos queriam marcar presença, contar as novidades, e até discutir. Embora ofendessem um com “você é um idiota” ou mandasse alguém calar a boca, sempre depois elogiavam com “fiquei impressionada quando o James fez aquilo” ou “não sabia que Dominique era tão bom em Herbologia!”. Não havia silêncio algum naquela mesa.
Só quando eu elogiei a comida de Molly Weasley que todos se calaram. Lancei um olhar preocupado para Rose.
– Eu falei alguma coisa errada?
– Claro que não! Você só impressionou todo mundo.
E graças a isso, eles desejaram boa viagem quando Rose voltou do seu quarto com as malas prontas, anunciando que já devíamos estar na estação King’s Cross. Depois de se despedir de todos, com um abraço, foi a vez do pai dela. Ao abraçá-la, ele não queria mais soltá-la.
– Ron! – exclamou a sra. Weasley, avó de Rose. – Assim você não deixa a sua filha sair daqui.
– Pai... – Rose falou, meio sufocada –, nem a mamãe está fazendo tanto drama assim.
– Pelo menos seu pai não é mais o legume insensível de antigamente – comentou a mãe de Rose, olhando para seu marido e sua filha com um brilho no olhar.
– Tá, pai. Chega. Eu não vou sumir pra sempre.
– Você era minha princesinha...
Rose girou os olhos para o teto. Eu sorri.
– Lembre-se sobre o que conversei com você ano passado – ele falou, ainda abraçando ela. Depois que tirou seus braços, Rose suspirou aliviada. Achou que o pai nunca mais a soltaria. Depois ele se virou para mim: – Olha. Vocês só estão fazendo essa viagem pra conseguir um bom emprego, não estão?
– Também – eu respondi.
– Como assim também? O que mais vocês estão pretendendo fazer aos redores dos países além disso?
– Ron, deixa eles! – pediu o sr. Potter. – Bem, boa viagem a vocês.
– E divirtam-se – acrescentou Alvo, tocando a minha mão.
– Quero lembrancinhas de todos os países que vocês estiverem pretendendo ir – disse Lily, depois que abraçou a prima.
– Vamos? – perguntei a Rose, baixinho. Ela sorriu e afirmou com a cabeça. – Já está na hora, e o trem embarca às cinco.
O pai de Rose nos levou até a estação King’s Cross. Eu lembrava do modo urgente como estendera sua mão um pouco antes de embarcarmos, fazendo-me entender que ele confiava em mim. Então sem hesitar, eu a apertei, para que ele entendesse que eu não o decepcionaria com isso.
Quando entramos no trem, encontramos um compartimento. Rose enxugou os olhos com a manga da camisa, observando a paisagem da estação King’s Cross pela janela aberta. Seu pai ia desaparecendo de vista enquanto o trem começava a se movimentar. Eu fui até ela calmamente e perguntei:
– É sempre assim quando vocês se separam?
– Dessa vez eu senti um aperto no peito diferente – ela sussurrou.
– Já está com saudades dele!? – eu sorri, beijando seu pescoço levemente. Ela sempre estremecia quando eu fazia isso.
– Não, não é de saudades. Todas as vezes que ia para Hogwarts, eu sabia que voltaria para casa depois de alguns meses. Mas agora eu senti... que...
Ela não terminou, pois a paisagem mudou, e saímos de King’s Cross.
– O que você está sentindo? – insisti.
– Que ele se deu conta que eu não sou mais a criança que ele carregava no colo. Ele se despediu daquela Rose Weasley hoje, Scorpius, e aquela Rose Weasley não vai mais voltar.
– E você estava chorando por causa disso?
– Não. Não estou chorando. É que eu lembrei de tudo o que aconteceu quando eu era aquela Rose Weasley – ela sorriu gentilmente. – E pensei no que vai acontecer daqui pra frente.
– Ansiosa pelo futuro? – eu tirei uma mecha de cabelo dos seus olhos.
– Não tenho a mínima pressa. Eu vou estar com você de qualquer maneira. Eu quero estar com você.
Então ela girou a cabeça para me encarar de lado. Sua mão pousou no meu rosto e ela me deu um longo beijo.
Eu concordei. Viajaríamos pelo mundo, no objetivo de encontrar algum futuro na magia. Em meio a tantas dúvidas – se minha mãe ia ficar bem, se um dia eu superaria a falta do meu pai, se eu arrumaria um emprego – só havia uma certeza, e a única certeza era aquela.
“Eu vou estar com você de qualquer maneira.”
N/A: Nãão, não é o Epílogo do Epílogo. É só mais um capítulo, que eu escrevi depois que assisti HP6, que por consequencia acabei vendo uma das cenas que mais me chocou naquele filme: o Natal n'A Toca. Quem assistiu, sabe o que aconteceu com a casa dos Weasley \o Razão desse capítulo é que precisava mostrar que Scorpius finalmente conseguiu o que desejava: a confiança da família Weasley!, e pra saber, de alguma forma, que estava tudo bem com A Toca, apesar do que fizeram com ela no sexto filme. hauhauahuah Mas não me levem a mal, eu gostei bastante das outras cenas .-. Só o beijo Harry/Gina que, aaaaaaah.. fala sério! ASHUSAH o que foi aquilo ¬¬' Ron/Hermione, por outro lado, perfeitos.
Respostas aos comentários:
Leeh Malfoy: Nooossa, mto obrigada, de verdade, por tudo o que vc disse no seu comentário. Pelos elogios, e tudo o mais. Vou dizer, pelo amor de Merlin, de Dumbledore e de Deus, que... a fic pode estar terminando, maaas, esse que vc deve ter lido, não é o último capítulo. Eu fico mto agradecida por saber que achou essa fic uma das melhores q teve o prazer de ler, eu já disse que fico feliz por isso? Sim, fico *-* E realmente, eu amo Scorpius/Rose por tudo, pois se não, acho que a fic não chegaria onde chegou – no capítulo 22! Meu amor por esses dois é incondicional ._. Tá, só falta eu começar a desabafar aqui! ¬¬’ hUHUHUhuh em fim, eu espero seus comentários *-* beijos.
Countess: Obrigada pelo comentário, sinceramente estarei esperando sua opinião =D
Larissa: A fic ainda não está acabada. Quando você voltar, não verá uma fic acabada. Por favor, não me mate .-. ahushasuhsauhsa obrigada pelo coment, é claro. Bjs.
Karla Dumbledore: Obrigada pelo comentário, mais uma vez! O Rony não enfartou porque, tipo, eu acho que ele tá sendo mais compreensivo e percebeu o quanto eles se amam! E o Scorpius não merece mais a repreensão dele Hauahuahua. E o que achou desse capítulo? \o Espero comentário! *-* bjs.
Juuuuuuuuuulia: Tá, agora vai. Julia, considere-se sim a madrinha dessa fanfic! Só você conhece as aventuras do Scorpius e da Rose, das minhas antigas fics abandonadas, por isso vc é leitora de fics abandonas *-* E eu escrevi essa fanfic – sangue e veneno - quando as aulas voltaram, e consegui me conter para não contar que ela existia. Se valeu a pena vc ter esperado dessa maneira para ler, não sei, mas eu agradeço imensamente por ler, já é importante e talz. Você deve saber o quanto eu adoro escrever, não sabe? E suas opiniões são mto bem-vindas pra mim. Sempreeeeee! Bjss.
Pollita: Pollita, Pollita, o que eu posso dizer? Muito obrigada pelo comentário. Siiim! Amamos a nova geração principalmente porque eles mudaram tuuuudo! *0* O Hugo, sempre o imaginei alto como o pai mesmo, e se não fosse ele tomando essa iniciativa ia ficar faltando alguma coisa da parte dele, né? e o Hugo é o cunhado do Scorpius e talz.. SAHUSAH tá ;x Viiw, e o q achastes deste capítulo? \o Em fim, agradeço desde já, independente se gostou ou não! hauha Bjs.
Ana Te: Mas a Rose ama o Scorpius, acho que ela não saíria correndo! SHUHUHUH obrigada pelo comentário! Bjs.
Em geral, obrigada a todos que lêem. Não esqueçam de comentar!
Até a próxima,
belac.
Comentários (2)
SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.* #MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI AQUI :)RON PERFEITO MSM *.*OWWWWNNNNN LINDO CAP. <3
2013-02-07awwwwwwwwwwwwwwwwwwwww *-* capitulo divooo *-------*
2012-02-17