Parte I
PARTE I
Quando tudo acabou, como (se ela fosse perfeitamente honesta consigo mesma) Hermione sempre soube que acabaria, houve uma surpreendente pequena quantia de comoção. Ah claro, ela e Ron não se falaram por algumas semanas, e sim, ela chorou nos braços de Gina mais de uma vez, e verdade seja dita, os dois ficaram bêbados várias vezes com amigos, mas depois de um tempo, tudo meio que deslizou de volta ao seu lugar.
“Hey” o ruivo disse, com toda a eloqüência típica de Ron. Essa foi a primeira coisa que ele havia dito a ela desde o “Foda-se, eu não me importo também” que ele gritou as suas costas enquanto ela saía do apartamento deles.
Hermione levantou os olhos do livro que ela estava fingindo ler.
“Hey”, ela disse de volta.
E tudo estava certo.
**********
Tudo o que ela quer fazer é beijar ele outra vez, o que realmente, dada as circunstâncias, é completamente inapropriado.
Ela está sofrendo também, ela tenta se defender fracamente da inquisição que fica julgando-a dentro de sua mente. Ela está machucada pra cacete com tudo isso. Ela sabia quando acabou que seria desagradável, e para ser honesta, ela ainda estava espantada como todos emergiram vivos, mas ela não estava esperando a dor.
E ainda, tudo que ela quer é beijar ele outra vez.
Hermione está sempre pensando, exceto por aquele breve momento que ela se jogou nos braços de Ron e finalmente fez o que ela vinha fantasiando desde o segundo ano. Aquilo foi a coisa certa a se fazer na hora, apesar de tudo, apesar do fato que todos eles estavam prestes a morrer, só aproveitar o momento e dar um amasso “daqueles” no homem que ela amava. Encaixava bem.
Mas agora, já passou, e ela ainda não pensou realmente no assunto. Têm muitos funerais, muita bagunça para ser arrumada, muitas noites que ela acorda quase gritando porque vive revendo Hagrid sair da floresta com Harry jogado em seus braços. Olhar para o bebê Teddy é como uma facada no peito, ver o aperto feroz de Molly em todos os seus filhos dá um nó na garganta, e ver Jorge sozinho é o que dói possivelmente mais, dói de uma forma que ela jamais pensou que poderia descrever.
Além do mais, ela não tem idéia se ele quer beijá-la. Claro, ele a beijou de volta, mas foi em uma situação extrema, com as emoções de todo mundo correndo soltas. Harry provavelmente teria a beijado de volta se ele tivesse sido em quem ela pulou. Ron não havia dito nada ultimamente, não para ninguém. Ele fica com a mãe dele, ajuda Jorge na loja, até estuda para os N.I.E.M.s que eles ainda têm que prestar. Ele é como um Ron diferente, apenas ainda faminto.
Isso é incrivelmente frustrante.
Dois meses depois Do Fim (em como ela não consegue evitar pensar), ela oficialmente desistiu. Feito. Então acaba a saga de Hermione e Ron, fadado a ser um conto de oportunidades perdidas, mensagens mal-entendidas, e um garoto completamente distraído que não consegue ver um palmo a sua frente.
Ela pensa que vai sair do país por um tempo. Ela ainda tem que achar seus pais, além de tudo.
**********
“Equilíbrio”, ela disse a Gina durante o almoço. “Nós apenas não conseguimos equilibrar um ao outro e tudo mais que nós queríamos fazer. As viagens dele, minha agenda de trabalho... e nós dois queríamos nossos trabalhos, sabe? Nós amamos nossos trabalhos. Nós dois.” Ela começa a gesticular com seu garfo, perdendo completamente o olhar petrificado da ruiva. “É como, cada um de nós tinha uma balança, e nós colocamos nossos trabalhos em um lado, e o outro no outro lado, e acabou que... não, não, péssima metáfora, é como se nós tivéssemos muito espaço para carregar coisas, como mulas de carga, ou algo assim...”
“Imaturidade”, ela disse a Harry enquanto eles estavam desempacotando seus livros no apartamento novo dela. “Eu não estou dizendo que ele é o imaturo, quero dizer que todo o relacionamento foi imaturo. Nós nos apaixonamos quando tínhamos doze anos, é óbvio que não poderia durar. Nós dois precisamos de coisas novas, novas experiências. É como se fôssemos crianças fingindo ter um relacionamento. Sempre foram regras de brincadeira comigo e Ron, nós apenas não conseguimos agir propriamente como adultos em volta um do outro...”
“Fantasia”, ela disse a Ron um dia enquanto eles assistiam a um filme juntos. “No plano etéreo de idéias fantásticas e relacionamentos maravilhosos, você e eu éramos grandes estrelas. Nós éramos épicos. Mas aqui no mundo real, não funciona realmente assim.”
“Você está louca”, ele disse, e levantou para pegar outra cerveja amanteigada.
“Você não está curioso por que nós não demos certo?” Ela gritou depois dele.
“Nós só não demos certo, Hermione”, a voz dele veio abafada da cozinha. “Pare de pensar tanto.”
“Pega uma pra mim?”
**********
“Você voltou”, ele diz.
“Um, sim.”
Eles olham um para o outro. Ela não entende por que isso está tão estranho. Eles ainda nem se abraçaram.
Ele parece ter o mesmo pensamento e moveu-se para perto dela de um jeito estranho. O abraço é desajeitado, contido e nada parecido com o que ela se lembrava. Ele sorri um pouco quando eles se separam e começa a andar direto para A Toca.
“Minha mãe vai ficar feliz de ver você, ela nunca para de falar sobre quando você estaria de volta. Harry está bem agora, ele estava bravo por não poder estar aqui quando você aparecesse, mas seu treinamento, você sabe...”
“Eu entendo.”
Eles entram na casa e Hermione é atingida com um abraço feroz de Gina.
“Você demorou! Quatro meses, o que diabos você estava pensando?” Sua amiga solta enquanto a aperta até quase a morte.
“Gin... eu não consigo respirar”, Hermione reclama.
A garota mais nova a solta.
“Como estão seus pais?”
Hermione assente. “Bem, bem, eles vão ficar na Austrália, na verdade, eles realmente amaram aquilo lá.” Por que ela está tão desconfortável?
“Minha mãe está na cozinha, vamos lá, ela vai ficar furiosa se você não for dizer oi agora mesmo.” Gina sai de lá, cheia de uma energia irrepreensível.
Hermione e Ron são deixados na sala de entrada juntos. A sala é de longe muito pequena.
“Bom”, ela disse fracamente. “Melhor irmos.”
“Acho que sim.”
Os dois tentaram sair ao mesmo tempo, trombaram um no outro, riram nervosamente, e finalmente, depois de muita hesitação e vários falsos começos, Hermione liderou o caminho, de repente ansiosa em não ficar olhando para ele.
Então deve ser assim que se sente quando se desapaixona, ela pensa.
**********
É apenas sexo, ela fica repetindo para si mesma. Apenas sexo, apenas sexo quente e selvagem.
Hermione descarta o vestido rejeitado em cima de sua cama e volta ao seu guarda-roupa para achar um diferente.
E daí que esse era o primeiro jantar que eles estavam tendo juntos? Não poderia ser um encontro. Não era um encontro. Você tem encontros com pessoas que você gosta, não pessoas que você odeia e só acontece de vocês terem um sexo incrível.
Hermione solta um resmungo de frustração enquanto ela descarta ainda outro vestido rejeitado. Por que porra ela se importa tanto?
A campainha toca e ela congela. Merda. Aqui estava ela em um sutiã e calcinha, o sutiã e calcinha bobos dela e nada menos, nenhum vestido perfeito em vista, e lá estava ele já em sua porta.
Uma idéia travessa de repente aparece dentro de sua cabeça, e ela sorriu um sorriso totalmente não característico de Hermione. Ela varreu os vestidos descartados para fora de sua cama e no chão, calçou um par de saltos, e andou para fora do quarto.
Era apenas sexo. Eles não estavam namorando, eles estavam sendo... perversos. Ou alguma coisa. Então, se ela atendesse à porta apenas com suas roupas de baixo, aquilo ficava firmemente fora do território de namoro, certo?
Ela quase sorriu enquanto ela alcançava a maçaneta, mas se recompôs e posicionou seu corpo no que era sem dúvidas uma pose sexy e atraente.
“Você está um pouco adiantado, não é?” Ela ronronou de forma sedutora enquanto abria a porta vagarosamente e prontamente a batia de volta.
“Ron! Que porra você está fazendo aqui?!”
“Oh, Deus, Hermione, o que diabos você está fazendo?”
“É a merda do meu apartamento, não é, eu...” Ela sentiu como se seu rosto fosse literalmente implodir de tanta vergonha.
“O que você está fazendo atendendo sua porta da frente de calcinhas?”
“Eu não estava exatamente esperando que você aparecesse agora, estava?” Ela gritou para ele enquanto ela procurava freneticamente por alguma coisa para se cobrir. Ela viu um cobertor atrás do sofá e prendeu em volta de si mesma em alguma sombra de decência antes de abrir a porta. Ron entrou, com a mão cobrindo seus olhos.
“Eu não estou olhando, eu não estou olhando.” Ele murmurava bem antes tropeçar no tapete.
“Eu estou coberta Ron, está tudo bem.”
Ele abaixou a mão tentadoramente de seu rosto, orelhas tão vermelhas quanto seus cabelos, e forçou um sorriso tímido.
“Bloody hell, por que você não usava isso quando nós estávamos saindo juntos?”
Hermione corou outra vez e bateu nele.
“Você nunca pediu.”
“Um cara nem sempre tem que pedir, não é? Quer dizer, uma vez em quatro anos teria sido legal...”
“Cala a boca, Ron.” Hermione amarrava o cobertor mais apertado ao seu corpo e tentava reconquistar alguma sombra de dignidade. “Agora. O que você está fazendo aqui?”
“Eu vim pedir algumas dicas sobre Padma, mas você está obviamente um pouco ocupada. Desde quando você começou a transar com alguém?”
“Não é da sua conta.”
“Eu sou seu melhor amigo. Você não tem saído com ninguém desde que terminamos, é assunto meu.”
“Eu saí sim!”
“Quem?” ele perguntou de forma acusatória.
Hermione fungou. “Aquele cara da contabilidade, uma vez. E Dino por mais ou menos um mês.”
“Dino?”
“Nós não falamos realmente sobre isso para outras pessoas, de qualquer jeito. Eu ainda não vejo como isso importa para você.”
Ron sorriu. “Dois caras em dois anos, Hermione, impressionante.”
“Cai fora!”
“Bem, três, se você contar o homem misterioso.” Ron disse, sentando nas costas do sofá dela e se ajeitando casualmente. “Quem é ele?”
Hermione resistiu à vontade de tirar o sorrisinho do rosto dele.
“Ron, me diga o que você quer, então eu posso só fazer e colocar você para fora daqui.”
“Estou interrompendo?” uma voz surgiu.
A cabeça de Ron girou para a porta e Hermione fechou seus olhos e rezou para um buraco gigante abrir em volta dela e engoli-la por completo.
“MALFOY?!”
“Esse é meu nome, sim.”
“VOCÊ TRANSANDO COM O MALFOY?!”
“Weasley, diz de novo um pouco mais alto, eu acho que não escutaram você no continente.”
“MALFOY?!”
“Ele tem um vocabulário limitado, não tem Granger? Cobertor sexy.”
Hermione quase abriu os olhos, mas decidiu contra isso.
“Ron” ela disse, tentando manter sua voz calma. “Acredito que já conheça Draco.”
**********
“Você tem um canguru?”
“Minha mãe é apenas louca por eles. Nós fomos a essa área de preservação de vida selvagem pelo menos uma vez por semana. Ela os ama.”
Hermione debruça sobre a forma adormecida de Harry para pegar uma mão de cerejas. Os três estavam sentados nos jardins d’A Toca, fazendo um piquenique e botando o assunto em dia. Depois de abraçar Hermione, Harry, que tinha acabado de voltar de uma vigorosa sessão de treinamento Auror, rapidamente caiu no sono sobre o lençol velho que a Sra. Weasley tinha providenciado.
Ron e Hermione sentados em silêncio. Não exatamente um silêncio companheiro, Hermione pensa, mais como um silêncio estranho de quando você se dá conta que para todas as intenções e propósitos, vocês dois estão sozinhos e têm muito para conversar para realmente começar a falar.
Hermione come cerejas ao invés de olhar para ele.
Ron limpa a sua garganta um pouco e se meche. Isso não dá uma guinada no coração de Hermione, como normalmente acontecia antes, por que ela não está mais apaixonada por ele. Ela mantém um dos caroços de cereja dentro da boca, rolando ele e movendo de leve com sua língua.
“Nós todos sentimos sua falta, sabe.” Ele diz finalmente.
Hermione move o caroço para sua bochecha.
“Eu senti falta de todos vocês também.”
Silêncio outra vez. Ron tosse fracamente. Ela imagina se ele tem algum problema na garganta.
“Então... cangurus?”
“Cangurus.”
**********
Ela ficou em frente à porta dele por dez minutos sem bater, apenas encarando a maçaneta.
É melhor eu ir, ela pensou, mas seus pés pareciam presos ao chão.
Hermione levantou o punho tentadoramente, preparando para fazer contato com a madeira, mas sua concentração foi quebrada pelo som de pessoas se movendo dentro do apartamento.
“Susan, só estou descendo até a loja, estou de volta em um momento.” Hermione ouviu uma voz masculina dizer do outro lado, seguido de uma resposta feminina abafada.
Sua resolução sumiu repentinamente, Hermione começou a se mover tão rápido quanto conseguia corredor abaixo, mas antes até de ela alcançar as escadas, a porta se abriu e Ron saiu.
O ruivo olhou para ela por um momento, olhos cerrados em confusão.
“Hermione? O que aconteceu?”
Hermione o encarou de volta e de repente, alarmantemente, se dissolveu em lágrimas.
Antes mesmo de ela saber o que estava acontecendo, Ron a tinha em seus braços, e a apoiando enquanto ela afundava até o chão.
**********
Já tinham três meses desde que Hermione retornou e se desapaixonou por Ron Weasley, mas ela começa a pensar por que ela mede o tempo desse jeito. Uma semana desde que ela amava Ron, duas semanas desde que ela amava Ron... Hermione pode ter sido sempre um pouco iludida quando se tratava do ruivo, mas ela não é tão iludida assim.
É uma grande mudança, ela pensa. Claramente está fadado a ser um pouco estranho. Ela era apaixonada por ele há tanto tempo, não amar ele toma um tempo para se acostumar.
Depois de tirar N.I.E.M.s perfeitos, ela consegue um cargo incrível trabalhando para o Ministério, chefe de um departamento que ela suspeita Kingsley tenha criado apenas para ela: o Departamento para o Bem-Estar das Criaturas Mágicas Cassadas. Um pouco de palavras de encher a boca que ela conhece, mas o suficiente de um termo vazio para que ela possa dar atenção onde há maior necessidade. Elfos domésticos em algum tempo no futuro, mas por agora, nascidos trouxas e abortos. Ron e Harry a ajudam a se mudar para seu escritório, que é tão grande que ela não tem idéia do que ela vai por lá dentro. Quando ela está completamente acomodada, entretanto, ela percebe que ela ainda tem muitos livros para o número de estantes de livros que ela tem e, logo, o espaço todo foi ocupado por pilhas de papéis, fazendo com que o quarto todo pareça muito mais desorganizado do que um que alguém espera da perfeita Hermione Granger. Ela gosta de lá, entretanto, passando mais tempo lá do que deveria.
Os garotos passam lá sempre que podem, entretanto, como no dia em que ela se mudou, eles são mais uma distração do que qualquer outra coisa. Ela ama vê-los, mas quando ela entra em sua zona de trabalho, ela não tem certeza se aprecia ter o garoto-que-sobreviveu e o garoto-que-ela-não-ama-mais sentando em sua cadeira e brincando com os pesos de papel. Ela os manda saírem para o almoço apenas para se livrar deles, mas eles sempre voltam com ele e coagem-na a ir até o salão de entrada do Ministério para comer com eles. Hermione nunca admite isso, mas ela gosta quando eles a fazem esquecer-se do trabalho.
Harry aparece por lá numa manhã de Segunda, muito cedo para o almoço, um estranho, acanhado sorriso no rosto.
“Bom dia” ele diz, corando.
Hermione lhe dá um olhar inquisidor.
“Bom dia” ela responde, com um pouco de suspeita.
“Então...” ele anda em volta da estante de livros, suas mãos enfiadas nos seus bolsos, olhos vagamente passando pelos títulos dos livros.
“Então...” ela o incentiva, sua pena pousada sobre seu trabalho.
Harry alcança e puxa um livro da prateleira, o folheia, e coloca de volta em seu lugar. Os olhos de Hermione se estreitam.
Ela está agindo despreocupado demais.
“Harry. O que está acontecendo?”
Ele vira para ela de supetão, como se ele tivesse esquecido que ela estava ali. Ele cora de novo.
“Um, o que você vai fazer daqui a um mês a partir de Sábado?” ele deixa escapar.
Por um instante bizarro, Hermione pensa que ele está tentando convidá-la para sair.
“Nada que eu saiba...” ela responde, ainda com suspeitas.
“Bem, por que eu... um...” ele está gaguejando um pouco, ansioso. “É que, um, Sábado, quer dizer, daqui a um mês a partir de Sábado, é uh, tipo um... bem... Gin e eu... nossa... nossa festa de noivado...” um grande sorriso invade seu rosto enquanto ele fica num vermelho brilhante, e ele bagunça seu cabelo com uma mão nervosa.
“Harry!” Hermione berra e se lança de trás da sua mesa, quase batendo em Harry em um abraço. “Quando você a pediu em casamento?”
“Sábado”, ele responde, rindo. “Eu a levei a Hogwarts, e ao lugar que nós fomos à primeira vez que ficamos juntos.
Hermione recua. “Sábado?” ela pergunta.
Ele assente, então solta um resmungo rápido de dor e Hermione esmurra-o no braço.
“É Segunda, seu estúpido! Quando você ia me contar?”
“Um, hoje?” ele contesta, então se apressa quando vê a expressão no rosto dela. “Nós queríamos um par de dias só para nós... você sabe... como um segredo. Você é a primeira pessoa que eu conto!” Ele termina, tentando diminuir a raiva dela.
A isso, Hermione sorri.
“Oh Harry, estou tão feliz por vocês!” Ela se joga novamente nele.
Eles erguem os olhos para ver Ron encostado no batente da porta, sorrindo para eles.
Alguma coisa em Hermione dá uma guinada, mas ela diz a ela mesma que é apenas sua excitação por Harry.
**********
“Eu vou matar ele.”
“Não.”
“Eu vou. Eu vou fazer aquele imbecil desejar nunca ter nascido.”
“Você não vai matá-lo, Ron.”
“Vou. Vou sim.”
Hermione cansada fechou seus olhos e escorou contra as costas do sofá. Ela estava emocionalmente e fisicamente exausta depois de chorar nos braços de Ron pela grande parte de uma hora. Susan tinha educadamente deixado o apartamento para dar a eles algum espaço.
“Ele te machucou.”
“Foi culpa minha.”
“Como diabos...”
“Nós não estávamos namorando, Ron! Nós dissemos que não nos apegaríamos, nós prometemos, mas eu me apeguei. Então é minha culpa.”
“Ele é um canalha.”
Apesar do seu humor atual, Hermione não conseguiu segurar um pequeno sorriso à teimosia de Ron.
“Eu sabia que você diria isso.”
Uma mão abaixo de seu queixo a forçou a abrir os olhos e olhar para ele.
“Hermione.” Os olhos azuis dele eram solenes e preocupados enquanto olhava nos olhos dela.
Nisso, ela sentiu que começava a tremer outra vez.
“Eu me apaixonei por ele, Ron.” Ela sussurrou. “Eu não sei como, ou por que. Mas aconteceu.” Ela prendeu a respiração fortemente no seu peito. “E ele me machuca. Ele me machuca!”
Espontâneas, as lágrimas começam a fluir outra vez, devagar e quentes e pulsantes. Ron a alcançou e a apertou contra o seu peito, acariciando seu cabelo e beijando o topo de sua cabeça.
“Eu sei” ele disse calmamente enquanto a abraçava. “Posso matar ele só um pouquinho?”
Isso tirou um pequeno bufo dela.
“Tudo bem. Só um pouquinho.”
**********
“Quem você vai trazer?”
Hermione ergue os olhos imediatamente.
“Quê?”
Gina rola os olhos.
“Para a festa? Quem é seu acompanhante?”
“Eu preciso de um acompanhante?”
A garota mais nova sorri à constatação de Hermione.
“Você deveria ter um. Não apenas para a festa, sabe. Seria bom para você.”
“Estou ocupada.” Hermione resmunga enquanto ela volta a sua atenção para os convites que ela está ajudando Gina a preparar.
“Ron tem uma acompanhante.” Gina diz, esperando pela reação da morena.
“Oh, mesmo?” Hermione diz, numa voz incrivelmente calma.
“Hmm Hmm. Uma garota que ele conhece do treinamento de Auror. Aparentemente, ela é absolutamente brilhante.”
“Tenho certeza.” Hermione diz, cuidadosamente pintando o nome “Dino Thomas” num pedaço colorido de creme.
“Sabe, você podia usar mágica para isso.” Gina acena para a caneta de caligrafia que Hermione segura na mão.
A garota mais velha dá de ombros.
“Eu e minha mãe costumávamos fazer caligrafia. Eu gosto. De qualquer forma, eu acho que fica mais bem feito à mão.”
“Pela sua mão, talvez.” Gina ri. “Se eu fizesse isso, pareceria que Teddy as escreveu.”
Hermione sorri.
“Não tenho visto Teddy há semanas. Como ele está?”
“Grande.”
“Aposto que sim.”
Elas trabalharam em silêncio por alguns momentos, até que Gina, achando um pedaço de fita, olha para Hermione.
“Então você não se importa?”
“Me importo com o que?”
“Que Ron está trazendo alguém.”
“Claro que não.” Hermione diz, não encarando os olhos da ruiva. “Porque me importaria?”
Gina não diz nada, mas Hermione pode sentir que ela quer dizer.
**********
“Eu encontrei Draco outro dia.” Hermione começa suavemente, e pelo canto dos olhos, ela vê Ron e Harry endurecer.
“Mesmo?” Harry perguntou.
“É.” Hermione brincou com algumas nozes no pote à frente dela e tomou um gole de sua bebida.
“Como foi?” A voz de Ron estava normal, mas Hermione sabia que ele e Harry estavam olhando para ela com preocupação.
“Tudo bem.” Ela tomou outro gole, então sorriu. “Ele está ficando gordo.”
Harry deu risadas perto dela, mas Ron não ia deixar o assunto morrer tão facilmente.
“Você está bem?” Ele perguntou.
Hermione virou sobre seu banco para encará-lo.
“Ron. Nós ficamos juntos por menos de um ano, mais de um ano atrás. Estou bem, sério.”
“Ok.” Ele disse, mas sua voz estava ainda um pouco suspeita.
“Ah, pelo amor de Deus” Hermione virou de volta para as nozes. “Vocês dois realmente pensam que eu vou perecer de coração partido, não é?”
“Bem, agora que Malfoy está gordo, não. Você claramente ganhou essa.” Harry disse, acenando para o barman trazer para eles mais bebidas. Educado, como sempre, ele mudou o assunto. “Então Ron, como está Karen?”
O outro homem deu de ombros.
“Na América, da última vez que ouvi.”
“Vocês terminaram?” Hermione perguntou, na sua vez de se preocupar.
“Sim, algumas semanas atrás. Ela queria morar junto, eu não, ela disse algo como ‘Eu não posso mais fazer isso Ronald’, e então foi para a América.”
“Você tá bem, cara?” Harry pegou as cervejas entregues a ele pelo barman e passou uma para Ron.
“Tô, na verdade. Não estava tão apegado, de qualquer jeito.”
“Sabe Ron, por toda a publicidade que você me dá por nunca namorar, você certamente tem problemas em segurar as mulheres.” Hermione sorriu um pouco no seu novo copo de Martini.
“Ei, eu termino com elas, ok? Você faz parecer que elas fogem gritando.”
“Você vai ter que sossegar algum dia, Ron.”
O ruivo roubou algumas nozes de Hermione e as jogou em Harry, que desviou, rindo. “Você fala como minha mãe. O que aconteceu com você?”
“O amor de uma linda mulher.”
“Eu tive o amor de muitas mulheres lindas, muito obrigado. Só por que você sossegou pela primeira que teve seu cuspe estúpido...”
“Segunda” Hermione interrompeu. “Teve Cho.”
Harry estremeceu um pouco.
“E não vamos insistir nela, obrigado. Eu não pedi para vocês me encontrarem aqui pra falar sobre Cho.”
“Por que você queria nos encontrar, Harry?” Hermione perguntou, mexendo de novo com as nozes até que Ron parou sua mão, olhando furioso para ela.
“Não toque todas elas se você não vai comer nenhuma delas.”
Ela atirou algumas em sua boca e olhou furiosa de volta.
“Quando vocês acabarem...”
Repreendidos, eles olharam para Harry, que estava claramente rindo para si mesmo de morrer. Eles olharam para ele com expectativa.
“Gina e eu vamos ter um bebê.”
“Harry!”
Infelizmente, a combinação de álcool e bancos de bar provou ser perigosa quando o abraço de Hermione jogou Harry no chão, ela caindo sobre ele.
“Ela vai fazer isso toda vez?” Harry resmungou, seus olhos encontrando os de Ron.
O outro homem sorriu para ele.
“Provavelmente.”
**********
A garota que Rony trouxe é brilhante. Brilhante e bonita, apesar de seu nariz ser um pouco grande demais para esse adjetivo, Hermione pensa, e sua risada é muito alta para fazer ela tão charmosa quanto todo mundo pensa que ela é. Todo mundo está provavelmente rindo de suas piadas por que eles sentem pena dela, coisa nariguda que ela é.
“A Melissa é engraçada, não é?” Molly diz enquanto ela passa por Hermione, brilhando de felicidade por sua filha estar se casando. Essa é, Hermione reflete, a primeira vez que ela parece verdadeiramente feliz desde que Fred morreu. Feliz, mas claramente iludida, já que Melissa não é nem um pouco engraçada.
“Garota engraçada, aquela.” Harry diz quando ele encontra com ela na mesa de Buffet. “Troy parece legal.”
Hermione produz um barulho indecifrável, pega uma torta de frutas em miniatura, e sai de perto de seu melhor amigo, que estava também claramente sem perspectiva de humor.
“Hermione, ai está você!”
Ela ergue os olhos para Troy, o ávido, jovem funcionário do Ministério que concordou em ser seu acompanhante entusiasmado. Um pouco entusiasmado demais, ela pensa. Homens não deviam agir como cachorrinhos.
“Eu só fui pegar uma torta.” Ela responde, e ele sorri.
“Posso pegar uma bebida para você? Qualquer coisa? Deus, Hermione, já te disse como você está bonita?”
Se ele tivesse um rabo, ela pensa, ele estaria o balançando.
“Um, outra taça de champanhe seria bom.” Ela diz.
“Certo! Não se mecha. Estarei de volta em um segundo.”
No instante que ele desaparece na multidão, ela caminha direto ao redor da casa para o lado vazio do gramado. Ela apóia suas costas contra a parede d’A Toca e fecha seus olhos. Ela não sabe por que se sente tão deslocada. Ela está tão feliz por Harry e Gina, ela está feliz que todos parecem alegres e leves outra vez, mas ela não consegue evitar sentir um espaço dolorido em seu peito, e ela não tem idéia do por que.
Troy é bonito. Ele é bonito e inteligente, e ele está claramente encantado com ela. Então por que ela sente como se ela preferisse estar num encontro com McLaggen outra vez ao invés de encarar seu olhar agradável?
“Hermione?”
Seus olhos estalaram abertos e ela se endireitou rapidamente, suas mãos automaticamente alisando as rugas de seu novo vestido azul.
“Ron. Oi.”
“Oi.” Ele diz, se aproximando dela. “Eu estava imaginando onde você estava.”
“Ah, você sabe.” Ela arrasta um pouco a grama com seu dedo do pé. “Eu precisava de um pouco de silêncio.”
Isso é claramente uma pista para ele ir embora, já que as batidas inesperadas do coração dela estão fazendo tudo menos silêncio. Ron, distraído como sempre, não pegou a dica.
“Eu também.” Ele diz, e se inclina contra a parede ao lado dela. Ela se ocupa com as dobras de seu vestido, por alguma razão não querendo olhar para ele.
“Melissa é maravilhosa.” Ela diz finalmente, quebrando o silêncio.
“Não é? Eu sabia que todo mundo ia amar ela.”
“Bem, sim, todo mundo ama!” Hermione força um pequeno riso que soa desajeitado e estranho.
“Ela estava realmente feliz que eu a convidei, sabe.”
“Tenho certeza disso.” Hermione murmura, mas Ron perde o tom negro na voz dela e continua.
“É bom para ela sair um pouco. A namorada dela está fora da cidade, e ela só estava sem graça por aí.”
“Quê?” A cabeça de Hermione estalou erguendo para olhar para ele. Ele está realmente surpreso pela força de sua reação.
“A namorada dela. Ela está fora numa missão na Escócia, foi há uns dois meses atrás, e Melissa só ficou toda mal humorada e deprimida. Pensei que a animaria um pouco vir a uma festa.”
Hermione encara Ron, ainda não entendendo.
“Então ela... ela é lésbica?”
“Um, sim.” Ele responde, olhando para ela como se ela estivesse louca. “Você está bem?”
“Então vocês dois... você não está...”
“Quê? Não!” Ele ri. “Você pensou que estivéssemos juntos? Merlin, não!”
“Pare de rir de mim” ela diz, olhando para longe dele, tentando ignorar o fato de seu estômago dando nós dolorosamente.
Ele obedece e se endireita novamente. Quando ele fala outra vez, sua voz tinha mudado.
“Não Mione, é que, eu não estou saindo com ninguém, não é bem assim...”
Hermione não consegue olhar para ele. Ela não vai olhar para ele. Suas mãos apertam o tecido do vestido enquanto ela luta por autocontrole.
“Hermione” Ron diz suavemente, e de repente ela não consegue respirar. “Você sabe que eu... quer dizer... nunca houve... eu sempre... Deus, eu estou arruinando isso, não estou?!”
Ela surpreende os dois começando a chorar.
“Hermione, Eu...” Ele alcança e vira o rosto dela em sua direção, mas ela ainda não encontra seu olhas. Ele toca e levanta seu queixo com uma mão e finalmente, ela levanta seus olhos para ele. Ele está olhando para ela como se ela fosse tanto luz quanto escuridão ao mesmo tempo, e ele não consegue descobrir como ela chegou a estar ali.
“Olha, eu...” Ele engole seco. “Dane-se” e ele está finalmente - finalmente - beijando ela.
--- FIM DA PARTE 1 ---
COMENTEM!!!
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