Amor de irmãos
Harry estava jogando quadribol no quintal da Toca junto com Rony, Fred e Jorge. Hermione estava sentada embaixo de uma árvore lendo um livro e Gina estava sentada ao seu lado sem fazer nada, totalmente desanimada. Os garotos tentaram fazer com que ela jogasse, mas ela não quis.
Quando chegaram na Toca, a Sra. Weasley disse que Gui e Carlinhos ainda não tinham chegado e que não tinham avisado quando chegariam. A notícia pareceu deixar Gina triste e Harry percebeu que ele não fora o único a notar.
Pela primeira vez na vida, Harry viu que Hermione não estava prestando atenção no livro que tinha em mãos, pois tentava animar Gina. Os quatro garotos pararam de jogar e foram até elas.
- Anda, Gina. – dizia Hermione. – Eles vão chegar.
- Quando? – perguntou sem ânimo.
- Gina, você está fazendo uma tempestade num copo d’água. – disse Jorge sentando de um lado dela, enquanto Fred sentava do outro.
- Não, não estou. – disse ela encostando a cabeça no ombro de Fred. – Eu só estou querendo ver os meus irmãos. Será que é pedir muito?
- Quando eles chegarem você vai vê-los. – disse Jorge.
- Mas quando eles vão chegar? – perguntou ela quase implorando. – Da próxima vez que eles não disserem o dia exato em que vão chegar, eu mato eles.
- Essa é a nossa irmã. – brincou Fred. – Sempre querendo matar todo mundo.
- Vamos, Gina. Você não é assim. – disse Rony.
- Assim como? – ela perguntou, mas não aprecia ter muito interesse em saber.
- Desanimada. – respondeu Rony.
- Triste. – falou Jorge.
- Completamente chata. – terminou Fred.
Gina deu um fraco sorriso.
- Você tem três irmãos aqui com você agora, porque não aproveita ao invés de ficar pensando naqueles que não estão aqui? – perguntou Jorge.
- Mas vocês eu vejo todos os dias. – retrucou ela.
- Nossa, Gina. – disse Fred dramaticamente. – É assim que você trata seus irmãos que te amam tanto?
- Você é uma ingrata, Gina. – completou Jorge no mesmo tom.
- Vocês são demais. – disse ela balançando a cabeça, mas Harry viu que ela sorria.
- Sério, Gina. – disse Rony. – Você estava tão animada no trem.
- Porque eu pensei que eles já estavam aqui. – falou ela.
- Mas eles vão estar. – disse Fred. – Vem, vamos jogar um pouco.
- Eu não quero. – disse ela.
- Mas nós queremos que você jogue. – insistiu Jorge levantando. – Nem que seja por dez minutos, vamos lá.
Dando-se por vencida, Gina levantou e os acompanhou. Harry olhou para ela e deu um fraco sorriso.
- O que foi? – perguntou Gina vendo o seu sorriso.
- Nada. – disse ele com sinceridade.
- E porque esse sorrisinho? – ela perguntou crispando os olhos.
- Não sei.
- Está mentindo. – acusou ela.
- Não, não estou. – disse ele sorrindo. – Eu simplesmente não faço idéia.
Ele continuou a andar com ela em seu encalço.
- Você é confuso, Harry. – disse ela o acompanhando. – Você é muito confuso.
- E você? – ele perguntou.
- Eu não sou confusa. – ela falou, mas Harry notou um “quê” de incerteza em sua voz. - Sou? – completou em dúvida.
- Viu só? – ele perguntou rindo. – Você está confusa.
Gina riu.
- Isso é muito injusto. – disse Fred, que vinha com Jorge atrás deles.
- O que é injusto? – perguntou Gina se virando pra ele.
- Harry. – disse ele.
- O quê? Porquê? – perguntou ela franzindo a testa.
- Nós estamos tentando te animar desde a hora em que chegamos e tudo que conseguimos arrancar de você foi um fraco sorriso. – respondeu Jorge.
- E é só trocar quatro palavras com o Harry que você ri como se não estivesse em uma fossa agora a pouco. – completou Fred.
- Eu não estava em uma fossa. – protestou Gina.
- Estava sim. – disse Harry levando um leve tapa no ombro.
Ele riu e Gina o acompanhou.
- Viu só? – disse Fred para Jorge indignado. – Ele só disse um “estava sim” e ela ri.
- É diferente. – falou ela.
- O que é diferente? – perguntou Jorge em desafio.
- Não sei. – disse sinceramente. – Vocês são meus irmãos. Harry é meu amigo.
- Mas Hermione também é sua amiga e não conseguiu fazer nada disso. – disse Fred.
- Ah, eu não sei. – disse ela começando a se irritar. – Só sei que é diferente e pronto.
- Então quando souber, por favor, me explique. – pediu Fred balançando a cabeça. – Porque eu, sinceramente, não entendo.
- Vamos jogar. – disse ela montando na vassoura e subindo no ar.
Passaram a tarde inteira jogando quadribol e só pararam quando a Sra. Weasley mandou todos entrarem e tomarem banho para jantar. Quando terminou de tomar banho, Harry desceu as escadas e encontrou Gina sentada no sofá abraçada as próprias pernas pensativa.
- Oi, Gina. – disse sentando-se ao seu lado.
- Oi, Harry. – disse ela sorrindo.
- Em que estava pensando? – ele perguntou.
- Em tudo. – disse ela suspirando.
- Tudo o quê? – ele perguntou. – “Tudo” pode ser tudo e “tudo” pode ser uma coisa de cada vez,mas todas juntas.
Gina riu.
- Você é louco. – disse ela risonha. – Eu estava pensando em tudo que aconteceu esse ano.
- Tudo?
- Tudo. – confirmou ela. – Voldemort, baile, Chang, ataque, Harry, admirador secreto, Léo...
Harry fez uma careta diante do nome do outro garoto, mas disfarçou.
- E chegou a alguma conclusão? – ele perguntou.
- Cheguei à conclusão de que minha vida é confusa. – declarou sorrindo. – Eu sou confusa.
- E a respeito de quê você é confusa?
Gina suspirou.
- Eu sou confusa em relação a mim mesma. Sou confusa em relação aos outros. Sou confusa em relação a você. – disse o encarando seriamente.
- Eu? – perguntou Harry também sério.
- É... você... – disse o encarando profundamente.
- E porque você é confusa em relação a mim? – ele perguntou se sentindo incapaz de desviar dos olhos dela.
- Não sei... é confuso... – disse ela sem realmente prestar atenção no que dizia. – Você é confuso...
- Eu sou? – perguntou Harry no mesmo estado.
- É... muito confuso.
- Oi! Eu sei que vocês estão muito confusos pra notar minha presença, mas eu estou aqui. – disse alguém os assustando.
Parecendo sair de um transe, Harry balançou a cabeça e desviou seu olhar de Gina. Viu Carlinhos parado a sua frente com um sorriso que ele achou particularmente estranho.
- Carlinhos? – falou Gina como se não acreditasse que ele estava mesmo ali.
- Eu mesmo. – disse ele sorrindo e abrindo os braços.
Gina sorriu, correu até ele e o abraçou.
- Eu estava morrendo de saudades. – disse ela feliz.
- Eu também, maninha. – falou ele a olhando de cima a baixo. – Você cresceu, Gina. Está linda.
Gina riu e o abraçou de novo.
- Pensei que não viria hoje. – disse ela.
- Acha que eu faria isso com a minha irmãzinha? – ele perguntou sorrindo. – Sabia que você me mataria se eu não viesse hoje.
- Sabia, é? – ela perguntou sorrindo. – Muito bom.
Carlinhos riu e se virou para Harry.
- Oi, Harry. – cumprimentou ele.
- Oi. – disse Harry incapaz de dizer qualquer outra coisa. Ainda estava bastante confuso com o momento confusão dele e de Gina.
- Carlinhos, como você chegou aqui? – perguntou Gina franzindo a testa.
- Aparatando. – disse ele com simplicidade.
- Mas eu não escutei nenhum barulho. – disse ela e olhou para Harry. – Você escutou, Harry?
- Não. – disse ele.
- Acho que vocês estavam muito confusos pra notar qualquer coisa que acontecesse ao redor. – disse Carlinhos rindo. – Eu vou falar com a mamãe.
- Agora só falta eu matar o Gui se ele não vier hoje. – disse Gina e Harry riu.
***
Dois dias se passaram e Gui não chegou. Gina andava de mau humor e Carlinhos estava dando graças a Merlin de ter chegado no mesmo dia em que ela veio de Hogwarts, ou então, como ele mesmo fez questão de dizer, teria que enfrentar a “fera”.
Era noite e todos estavam sentados na sala jogando xadrez, menos a Sra. e o Sr. Weasley, que já tinham ido dormir, e Percy, que fez questão de dizer em alto e bom som a todos que tinha que dormir cedo por causa do trabalho.
Gina estava sentada no sofá com uma cara de que mataria qualquer um que se aproximasse. Harry estava sentado do seu do seu lado e tentava acalmá-la todas as vezes que alguém dizia alguma coisa que a irritava, o que segundo Carlinhos, era uma proeza, já que ninguém nunca tinha conseguido acalmá-la. Na primeira vez que viu a cena, ele pareceu bem surpreso e ao mesmo tempo espantado. Às vezes sua raiva chegava a ser tanta, que quando passava pela cozinha, alguns copos quebravam.
- Ajeita essa cara, Gina. – disse Jorge, que jogava contra Rony. – Você está parecendo que comeu bosta de dragão e não gostou.
Gina não respondeu, apenas resmungou alguma coisa que ninguém conseguiu entender.
- Gui não tem amor a própria vida. – disse Rony sombriamente.
- Cala essa boca, Rony. – disse Gina com raiva.
- Mas é verdade. – concordou Fred. – Ele está ferrado.
- Eu não vou matar ninguém. – disse Gina.
Os garotos Weasley olharam para ela incrédulos, como se fosse normal a irmã matar uma pessoa todos os dias e agora estar se negando a fazer o mesmo.
- Não vai? – perguntaram todos eles.
- Não. – disse Gina sorrindo. – Eu apenas quero ter uma conversinha com ele e saber porque ele demorou tanto.
- Nós conhecemos muito bem a sua conversinha, Gina. – disse Carlinhos.
- Que bom. – disse ela com azedume e se levantou. – Eu vou dormir. Boa noite.
- Eu também já vou. – disse Hermione levantando. – Boa noite.
Quando as duas desapareceram pela escada, Harry ouviu Carlinhos suspirar e olhou pra ele.
- Liga não, Harry. – disse ele balançando a mão como quem espanta uma mosca. – Ela é confusa.
Os outros olharam sem entender, enquanto Harry dava um sorriso amarelo e Carlinhos ria. Eles continuaram jogando durante mais algum tempo, até que foram interrompidos quando ouviram um barulho de alguém aparatando. Harry olhou para porta, que se abriu e revelou a figura de Gui. Ele olhou para todos cautelosamente, como se tivesse medo de alguma coisa e entrou.
- Onde ela está? – perguntou ele.
- Dormindo. – responderam todos.
Gui suspirou aliviado e entrou.
- Ela está muita brava? – perguntou sentando com eles.
- Ela passa pela cozinha e quebra todos os copos. – disse Rony.
- Estou ferrado. – disse ele balançando a cabeça.
- Ela disse que não vai te matar, apenas ter uma conversinha. – disse Fred rindo.
Gui deu uma risada sem humor.
- O que dá na mesma. – resmungou ele.
- Eu tenho certeza que Gina não vai matar ninguém. – disse Harry expressando sua opinião.
- Nós conhecemos a Gina a vida inteira, Harry. – disse Gui. – Sabemos exatamente do que ela é capaz.
- Eu não a conheço a vida inteira, mas conheço o suficiente pra saber que a saudade vai superar a raiva. – disse ele.
- Tomara. – disse Gui, desanimado. – Gina sempre teve esse temperamento, sempre foi muito explosiva. Ninguém nunca conseguiu controlá-la.
- Harry consegue. – disse Carlinhos apontando para ele.
- Fala sério, ninguém consegue. – disse ele rindo.
- Mas o Harry consegue. – insistiu Carlinhos.
- Sério? – perguntou Gui olhando para ele.
- Hum... é. – disse Harry.
- Eu tenho que ver isso. – disse ele. – Quem sabe quando a Gina estiver tendo aquela conversinha comigo, você não pode acalmá-la antes dela arrancar meu coro?
Os outros riram.
- Gina sempre foi assim. – disse ele suspirando. – Eu lembro muito bem, desde pequena ela sempre aprontou e conseguia se livrar só por causa da carinha de anjo, mas agora nós sabemos que de anjo ela só tem a cara mesmo.
- É verdade. – disse Carlinhos sorrindo. – Em pensar que nós não a queríamos.
Os outros concordaram. Harry franziu a testa.
- Como é? – perguntou sem entender.
Gui sorriu olhando para o tapete como se estivesse lembrando de alguma coisa.
- Quando a Gina nasceu e mamãe a trouxe pra casa, nós não a queríamos. – disse ele.
- Porquê? – perguntou Harry.
- Porque era uma menina. – disse Gui rindo.
- E... – disse Harry na mesma.
- Quando mamãe ficou grávida pela sétima vez, nós achamos que seria outro menino e estávamos pensando em montar um time de quadribol só com os Weasley e só com meninos. – explicou Carlinhos.
- Mas quando mamãe chegou aqui com aquele embrulho rosa, nós não gostamos. – disse Gui. – Queríamos outro menino, não uma menina. Quer dizer, o que nós íamos fazer com ela? Mamãe tentou dizer que era bom ter uma irmãzinha, mas mesmo assim nós não gostamos. Aí ela nos mostrou a Gina e tudo mudou.
- Sabe qual foi a primeira coisa que ela fez quando nos viu, Harry? – disse Carlinhos e sem esperar resposta continuou. – Ela sorriu pra gente.
- Mamãe disse que era o primeiro sorriso dela. – disse Gui parecendo orgulhoso. – E foi pra gente.
- Nós começamos a gostar da idéia de ter uma irmã. – continuou Carlinhos. – Quando eu perguntei a mamãe o que agente ia fazer com ela se ela era uma menina e não podia jogar quadribol, mamãe respondeu que ela podia jogar. Mas ela sempre foi muito pequena, nós nunca gostamos de deixá-la jogar com medo dela se machucar, mas mamãe disse que nós tínhamos que protegê-la.
- Mas hoje quem tem que se proteger somos nós. – disse Gui rindo. – E ainda mais dela.
- Gina foi crescendo e cada vez se tornando mais esperta. Depois que aprendeu a falar, nunca mais se calou. Aprendeu a chutar e nunca mais parou. Sempre explodiu com muita facilidade. – falou Carlinhos pensativo. – A primeira vez foi quando o Fred escondeu a boneca dela.
- Ela me contou. – disse Harry rindo.
- Contou? – perguntou Fred fazendo uma careta de dor. – Eu nunca vou esquecer aquele chute.
- Fred ficou mancando por dias. – disse Jorge rindo.
- Eu lembro. – disse Rony se dobrando de rir. – Ele nunca mais escondeu nada da Gina.
- E quando ela desaparecia? – continuou Gui.
- Isso não era bom. – disse Rony balançando a cabeça.
- Nada bom. – disseram os gêmeos juntos.
- Desaparecia como? – perguntou Harry curioso.
- Nós não sabemos se ela queria nos assustar, nos colocar em encrenca ou apenas ficar sozinha. – disse Gui. – Mas a Gina tinha o dom de desaparecer.
- Uma vez mamãe foi ao beco diagonal fazer compras e nos deixou cuidando dela. – disse Carlinhos. – Ela desapareceu e só a encontramos três horas depois na beira de um lago que tem aqui próximo. Nós ficamos desesperados, ela era muito pequena. Se ela tivesse caído naquele lago...
Ele não terminou a frase, mas Harry entendeu o que teria acontecido.
- A partir desse dia, nós sempre ficamos de olho nela, mas mesmo assim ela dava um jeito de desaparecer. – disse Fred.
- Teve uma vez em que ela desapareceu a tarde inteira, mamãe estava em casa, ficou desesperada. Quando já estava anoitecendo, nós a encontramos dentro de arbusto brincando com os gnomos. - falou Gui rindo. – Ela não tinha medo deles, eles que tinham medo dela e nunca a mordiam porque ela gostava deles.
- Era como se ela sempre tivesse a noção do perigo. – disse Carlinhos. – Ela sempre foi doce. Explosiva, mas doce.
- Mas ela mudou. – disse Gui em tom de lamentação. – Depois daquilo que aconteceu no primeiro ano dela, ela mudou. É como se ela tivesse perdido a confiança nas pessoas.
Harry sabia. Lembrou da conversa que teve com Gina naquele lugar onde ela o levou e ela mesma tinha falado sobre como tinha perdido a confiança nas pessoas e como confiava nele. Mas achou que não era uma boa idéia falar isso aos outros.
Se ela quisesse que eles soubessem, Harry sabia que ela mesma iria querer contar. E também ele tinha o estranho pressentimento de que se contasse isso aos irmãos dela, eles iriam querer saber o que ele estava fazendo com a irmãzinha deles no meio do mato.
- Agora ela não é mais ingênua, como antes. – continuou Gui o tirando de seus devaneios. – Ela sempre tem uma resposta pra quando alguém fala alguma coisa. Ela sempre está pronta para tudo. Como se sempre esperasse pelo pior.
Harry teve a estranha sensação de que sabia o que era o pior. Ficava até mais aliviado em saber que Gina estava preparada para tudo, assim Voldemort nunca mais a pegaria de surpresa como na primeira vez. Sabia que Gina também devia pensar do mesmo jeito, por isso era assim.
- Gina é especial. – suspirou Gui.
- Muito. – disse Carlinhos.
Fred, Jorge e Rony concordaram.
- Bom, eu vou dormir. – disse Gui levantando. – Amanhã eu tenho que enfrentar a “fera”.
Todos fizeram o mesmo.
Harry deitou e ficou pensativo. Quanto mais conhecia Gina, mais surpreso ficava com ela. Sabia que ela amava muito os irmãos, por tudo que ela tinha lhe falado. Agora sabia que os irmãos dela também a amavam. Ele ficou imaginando se ela sabia disso. Por tudo que tinha lhe dito, Gina parecia achar que os irmãos tinham se esquecido dela quando foram para Hogwarts. Mas eles nunca a esqueceram. Ela não via isso.
Harry não conseguiu dormir. Depois de tudo que descobriu, estava se perguntando o que estava por vir. Gina tinha razão quando dizia que tinha medo do desconhecido por nunca saber o que iria acontecer. Era bom saber que ela estava preparada. Assim como ele, que sempre teve que estar preparado para tudo. Desde que descobriu que era um bruxo.
Depois de horas deitado na cama sem conseguir dormir, ele desistiu e resolveu descer para tomar um copo de água. Quando desceu as escadas, escutou vozes e percebeu que não era o único que estava acordado. Harry olhou para a sala e viu que Gui estava sentado no sofá e Gina estava recostada nele.
- Ela diz que eu a ataquei. - disse Gina. – Todos dizem.
- Mas você não atacou? – perguntou Gui.
- Não, quer dizer, sim. Os outros dizem que sim, todo mundo viu. – disse ela parecendo angustiada.
- Mas você não lembra? – perguntou ele.
- Não, eu só lembro que estava conversando com ela no corredor e depois apaguei.
- Tem certeza que não a atacou?
- Gui! – reclamou Gina e ele riu.
- Desculpa, Gina. – disse ele. – Mas eu te conheço e sei muito bem do que você é capaz.
- Mas ela não me fez nada, eu não tinha motivos pra atacá-la. Quer dizer, tinha, mas isso não vem ao caso.
- Então você só a atacaria se ela merecesse?
- Sim. – disse Gina. – E ela merecia. Mas se eu a tivesse atacado, eu queria me lembrar.
- Pra quê?
- Pra ficar na memória a cara de susto dela.
Gui riu.
- Você é perversa, Gina. – disse ele rindo.
- O problema é que eu não lembro. – disse ela. – E eu não gosto de ficar sem lembrar o que eu fiz. É como se eu tivesse voltado para o meu primeiro ano, onde eu fazia as coisas e depois não lembrava.
- Mas isso não está acontecendo de novo, não é? – perguntou ele parecendo preocupado.
- Não. – disse ela o acalmando. – Foi só essa vez. E todos sabem, menos eu.
- E ninguém acreditou em você? – ele perguntou.
- Não, pelo menos não no começo. – disse ela.
- E quem acredita agora?
- Harry.
- Harry?
- Sim, ele acreditou em mim. – disse ela. – Acho que Rony e Hermione também acreditam, mas eles não falaram nada.
- E quem é a garota atacada?
- Cho Chang. – ela disse o nome com desprezo. – É um rolo do Harry.
Harry arregalou os olhos e levou as mãos à boca, chocado. Um rolo? Ele ouviu isso mesmo? Mas pensando bem, nem ele mesmo sabia o que ele tinha com Cho. Talvez a descrição de Gina estivesse um pouco certa.
- E agora falando no Harry... – disse Gui e Harry percebeu um tom meio esquisito em sua voz. – Carlinhos me contou uma cena cheia de confusão quando ele chegou. Pode me explicar porque tanta confusão?
- Eu não sei... – disse Gina. – É tudo muito confuso.
Gui riu.
- A parte da confusão eu já entendi. – disse ele. – Você estava confusa, ele estava confuso, os dois estavam confusos. Mas porquê?
- Não sei. – disse Gina. – Eu não sei mesmo.
- Tudo bem. – disse ele suspirando.
- É tudo tão difícil, Gui. – disse ela depois de um tempo em silêncio.
- Se a vida fosse fácil não teria graça, Gina. – falou Gui.
- É. – disse Gina. – Mas eu queria que a vida de algumas pessoas fosse mais fácil.
- Quem?
- A do Harry, principalmente. – disse ela.
- Harry?
- É, ele não merece tudo que acontece com ele. – disse suspirando.
- Já entendi. – disse Gui.
- Entendeu o quê? – perguntou Gina.
- Nada. – disse Gui. – É melhor você ir dormir, já está tarde.
Harry subiu as escadas correndo e entrou no quarto. Depois ouviu Gina passar no corredor e fechar a porta do seu quarto. Deitou novamente na cama. Sabia que Gina não queria brigar com o irmão. Como ela mesma tinha dito, ela só queria ter uma conversinha. E ela teve. Mas mesmo contando isso a Gui, ele sabia que ela não tinha contado nada sobre Voldemort, pois como ela mesma tinha dito, só confiava nele, e Harry tinha medo de decepcioná-la, de não merecer essa confiança. Agora, ele sabia que Gina estava se sentindo bem mais aliviada. E saber que ela estava bem, o deixava bem. Agora ele podia dormir em paz.
Continua...
N/A: Oi, gente... Desculpem a pequena demora, mas é que eu tive alguns pequenos problemas.
Minhas aulas começaram na segunda feira, mas os professores entraram em greve. Passei a tarde de segunda inteira na escola esperando as aulas e nada. Eles mandaram voltar na terça.
Eu fui com a minha irmã, mas eles entraram em greve mesmo e só disseram isso depois de me prender na escola a tarde inteira de terça feira. Enfim, todas as vezes que eu chegava em casa estava cansada demais pra fazer qualquer coisa que não fosse comer... xD
Agora que eu estou em casa, a greve está declarada e eu estou com muita inspiração, aguardem a chuva de capítulos...
BEIJOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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