Fato inexplicável




Gina chegou ao dormitório exausta. Tinha passado a manhã inteira andando pra cima e pra baixo em Hogsmeade pra comprar seu vestido para o baile, já que não pôde comprar no outro dia por causa do ataque que aconteceu. Jogou as sacolas em cima da cama e se apressou a tomar um rápido banho para chegar a tempo do horário de almoço. Saiu pelo buraco do retrato correndo em direção ao salão principal. Corria rapidamente sem prestar muita atenção ao seu redor. Virou um corredor e se sentiu sendo jogada no chão ao esbarrar em alguém. Sentiu uma dor no braço esquerdo e levou a mão à cabeça tonta.
- Srta. Weasley! – gritou a pessoa.
Gina sentiu o sangue gelar. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Abriu os olhos lentamente e viu o professor Snape jogado no chão a sua frente. Teve vontade de rir da situação em que ele se encontrava no momento, tentando se levantar, mas completamente atrapalhado.
- Er... desculpa, professor. – disse se colocando de pé enquanto o outro ainda tentava se levantar. – O senhor está bem?
Snape se levantou rapidamente e a encarou com raiva.
- Detenção, Srta. Weasley. – disse com a voz em puro veneno. – E menos cinqüenta pontos para a Grifinória.
Gina abriu a boca indignada.
- Mas não foi minha culpa. – disse se defendendo. – O senhor esbarrou em mim e...
- Quer dizer, que agora a culpa é minha? – ele sibilou. – A senhorita estava correndo pelos corredores igual a uma louca desvairada.
- Bom... é. – disse Gina fingindo pensar. – Eu só estava indo para o salão almoçar.
Snape parecia soltar faíscas pelos olhos.
- Srta. Weasley, é melhor sumir da minha frente agora mesmo. – disse com raiva. – E se protestar vão ser mais cinqüenta pontos.
Gina ficou calada, se virou e continuou andando até o salão com raiva. Avistou Harry, Rony e Hermione na mesa e se juntou a eles.
- Oi. – disse ríspida. – Eu estou exausta...
- Porque? – perguntou Rony, mas ele não parecia muito interessado já que não parava de comer.
- Ora, Rony. – disse Hermione. – Você sabe muito bem que hoje Gina teve que comprar tudo que iria precisar para o baile, já que não pôde comprar naquele dia.
- Ah, é. – disse Rony.
- Eu passei a manhã toda andando pelas ruas de Hogsmeade, estou faminta e quando estava vindo pra cá, correndo, diga-se de passagem, esbarrei no Snape. – disse zangada. – Ele me deu uma detenção e tirou cinqüenta pontos da Grifinória.
- Detenção com Snape não é nada bom. – disse Rony, sombriamente.
- Gina! – exclamou Hermione de repente assustando todos.
- Que foi? – Gina perguntou espantada.
- Seu braço. – disse ela apontando para Gina.
Gina olhou para onde ela apontava e viu que seu braço esquerdo estava arranhado e sangrava um pouco.
- Droga! Devo ter machucado quando cai. – disse fazendo uma careta. – Nem percebi, a raiva foi maior que a dor.
- É melhor você ir na Ala hospitalar. – disse Hermione preocupada. – Pode infeccionar.
- Depois eu vou. – disse começando a comer. – Onde está o Hagrid? – perguntou olhando para a mesa dos professores.
Harry seguiu seu olhar e viu que o lugar de Hagrid estava vazio, mas muitos professores já tinham se retirado da mesa. Provavelmente, ele também.
- Não sei, já deve ter saído. Porque?
- Nada. – disse ela ao ver Rony e Hermione prestando atenção na conversa. - Harry!
- O quê?
- Hagrid estava realmente estranho hoje, sabe?
Harry franziu a testa para ela.
- Como assim?
- Eu o encontrei em Hogsmeade hoje. - disse pensativa. - Ele parecia estar me vigiando.
- Vigiando você? Porquê?
- Não sei, mas acho que tem dedo de Dumbledore nessa história. Ele deve ter mandado o Hagrid me vigiar para eu não dar outro showzinho igual o que eu dei aqui no salão.
- Ou então para te proteger? - sugeriu Harry.
- Me proteger? Do quê?
- De Voldemort. Se tivesse outro ataque daquele e os comensais quisessem te levar, Hagrid estaria por perto.
- Faz sentido. - disse pensativa, mas depois mudou a expressão para uma zangada. - Eu não gosto de ser vigiada. Odeio que fiquem atrás de mim querendo me proteger de tudo.
Harry riu.
- Nós nem sabemos se isso é verdade, Gin. – argumentou. – E se ele estivesse mesmo te vigiando, você não devia ter percebido nada, certo?
- Eu não tenho culpa de ser tão esperta. - retrucou sorrindo. - Hagrid nunca foi discreto. Se Dumbledore não queria que eu percebesse, devia mandar alguém bem menor me vigiar. O professor Flitwick, por exemplo.
Harry riu mais uma vez.
- Ruiva louca. – disse balançando a cabeça.
- Ora, mas é verdade. – disse ela. – Você não perceberia se tivesse alguém do tamanho do Hagrid te seguindo?
- Como é? – perguntaram Rony e Hermione confusos.
- Nada. – disseram Harry e Gina mais alto e mais rápido do que pretendiam.
- Só estávamos conversando. – completou Gina.
- Não estavam, não. – negou Rony. – Vocês estavam calados e falaram isso do nada.
- Droga! Não é que o meu irmão pensa? - disse Gina a Harry, fingindo surpresa.
Harry prendeu o riso.
- Não é nada, está bem? – disse Gina fingindo aborrecimento, o que funcionou muito bem, porque os outros dois pararam de perguntar.
- Olha só, Gina. - disse Harry divertido. - É só você fingir que vai explodir que todos concordam com você.
Gina riu e ficou pensativa.
- O que foi? - perguntou Harry preocupado.
- Você acha que as pessoas têm medo de mim, Harry? - ela perguntou mordendo o lábio inferior nervosa.
- O quê? Não! Porque acha isso?
- Porque eu acho que elas têm. - falou ela. - Você tem que concordar que eu sou meio explosiva, não é?
Harry sorriu.
- Gina, esse é o seu jeito. – disse ele. - Você é assim e nada nem ninguém vai mudar isso.
- E isso é bom? - ela perguntou com cara de dúvida.
- Claro que sim, você sempre mostra como é de verdade. Algumas pessoas usam máscaras, ficam fingindo ser o que não são. Você não, você sempre é você mesma.
- E eu repito: isso é bom?
Harry riu.
- Claro que sim, Gina. - disse sorrindo. - Além do mais, eu gosto de você assim. Não quero que você mude.
Gina deu um fraco sorriso.
- E também tem outra coisa. - disse ela.
- O quê?
- Eu tenho medo. - declarou angustiada.
Harry franziu a testa.
- Medo de quê? De Voldemort?
- Não. - disse desgostosa. - Não vale a pena ter medo desse aí, ele só iria se sentir o gostosão do pedaço, mais do que já se sente.
Harry gargalhou gostosamente.
- Ruiva louca? – arriscou Gina erguendo uma sobrancelha.
- Isso mesmo. – disse Harry rindo.
Rony e Hermione bufaram impacientes. Harry percebeu que eles falaram em voz alta e voltou à conversa com Gina.
- E então? Do que você tem medo?
Gina suspirou.
- Eu tenho medo do que vai acontecer. - respondeu tristemente. - Tenho medo do que não vai acontecer. Enfim, tenho medo do futuro.
Harry franziu a testa em confusão.
- Como?
- Medo do futuro
- Do futuro? Do que pode acontecer daqui a alguns anos? - perguntou sem entender.
- Não só daqui a alguns anos, mas também do que pode acontecer daqui a dez minutos, uma hora, uma semana... - completou ela. - Do desconhecido, entende?
- Não. - disse perdido.
Gina suspirou mais uma vez.
- Harry, você confia em mim? - perguntou séria.
- Claro que sim. - respondeu sem hesitar.
- Se eu dissesse que não fiz uma coisa, mas todas as provas indicassem que eu fiz, você acreditaria em mim?
- Porque está perguntando isso, Gina?
- Acreditaria? - insistiu.
- Acho que sim. - disse ele. - Mas porque está perguntando isso?
- Não sei, eu não estou com uma sensação muito boa. - falou tomando um gole do suco. - Como se alguma coisa fosse acontecer. Por isso eu tenho medo do desconhecido. Porque eu nunca sei o que vai acontecer. E eu acho que se acontecesse alguma coisa inexplicável, ninguém iria acreditar em mim. Mas eu quero que você acredite. Porque tendo o seu apoio eu não preciso do apoio de mais ninguém.
Harry sorriu.
- Tudo bem, Gina. Eu prometo que sempre vou acreditar em você, e que sempre estarei com você, tudo bem?
Gina sorriu e o abraçou carinhosamente, sendo retribuída com a mesma intensidade.
- Obrigado, Harry. – disse sinceramente.
- Pode contar comigo sempre.
Rony e Hermione se entreolharam confusos e depois balançaram a cabeça resolvendo não ligar, já que essas atitudes estavam se tornando cada vez mais normal entre os dois.
- Mas e então? O que vocês vão fazer hoje? – perguntou Gina aos três se sentindo mais animada.
- Deveres. – disse Harry desanimado, mas Hermione tinha os olhos brilhando.
- É, estamos atolados de deveres. – disse Rony do mesmo jeito.
- Se quiser pode se juntar a nós, Gina. – convidou Hermione.
Gina riu.
- Não mesmo, Mione. – disse se levantando da mesa. – Eu estou exausta. Se eu pegar em um livro agora, é bem capaz de eu usá-lo como travesseiro.
Harry e Rony riram da cara de indignação de Hermione.
- Eu vou para o dormitório, preciso descansar. – disse Gina.
Ela deu um beijo na bochecha de Harry e saiu do salão sendo seguida por alguns olhares, mas estava feliz demais para perceber. Era verdade o que tinha dito a Harry. Estava com uma sensação ruim, como se alguma coisa fosse acontecer. Alguma coisa ruim. Mas saber que Harry estaria do seu lado sempre a animava muito.
Estava no corredor do sexto andar indo em direção a torre da Grifinória, quando ouviu passos. Parou abruptamente e olhou para trás. Soltou um suspiro de alívio ao ver Cho Chang andando calmamente até ela.
- Olá, Weasley. – disse com um sorriso que Gina achou incrivelmente falso. – Se assustou?
- Não. – mentiu ela. – O que está fazendo aqui, Chang? Que eu saiba a sala comunal da Corvinal não é por aqui, é?
- Não, não é. – disse ela parando na frente de Gina. – Eu queria falar com você, Weasley.
- Já não está falando? – perguntou Gina inocentemente.
Cho pareceu não gostar muito da resposta. Ela encarou Gina com puro desgosto e o que disse a seguir chocou a ruiva.
- Eu ganhei, Weasley, pode parar com o joguinho.
Gina ficou alguns minutos parada tentando absorver a informação, mas como não conseguiu, resolveu perguntar.
- Do que você está falando, Chang?
Cho deu um sorriso sarcástico.
- Você sabe muito bem do que eu estou falando. Não se faça de idiota, Weasley. Eu sei que de idiota você só sem a cara. – disse com veneno.
Gina ficou imediatamente vermelha de raiva.
- Escuta, qual é o seu problema? – perguntou com a voz alterada. – Eu não estou entendendo nada. Você quase nunca fala comigo a não ser para me dar detenções. Agora vem falar comigo e diz coisas que não fazem nenhum sentido. Afinal, do que você está falando?
- Do Harry. – a outra respondeu com um sorriso vitorioso.
Gina franziu a testa.
- Harry? O que a Harry tem a ver com isso? – perguntou confusa.
- Eu sei muito bem que você está tentando conquistar o Harry. – disse desfazendo o sorriso e mudando a expressão para uma diabólica. – Você perdeu, Weasley. Harry é meu. Eu vou ao baile com ele, ele me convidou. Não você. Apenas eu. Você fica aos beijos e abraços com ele, como no salão principal agora a pouco, mas eu ganhei.
Gina deixou o queixo cair.
- Você é louca. – disse recuperando a voz. – Eu não estou tentando conquistar o Harry, muito menos tirá-lo de você...
- Ora, não minta, Weasley. – gritou Cho. – Não é segredo pra ninguém que você é apaixonada pelo menino-que-sobreviveu desde o seu primeiro ano aqui. Todos sabem disso. Você ainda se fez de coitada quando ele te salvou da Câmara secreta.
- Isso não é verdade. – gritou Gina. – Eu quase morri naquele dia. Não pedi e nem queria que Harry tivesse ido me salvar. – depois tentou se controlar e continuou. – Você está usando o Harry. – disse chocada.
Cho sorriu.
- Eu não estou usando ninguém. – disse com uma inocência fingida. – Ele que corre atrás de mim como um cachorro.
- Eu vou embora daqui. – disse Gina.
Ela se virando para continuar a andar, ouviu passos, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, se sentiu estranhamente bem, uma sensação de calma e tranqüilidade. Depois tudo que viu foi a escuridão.

***

Quando terminaram de almoçar, Harry e Rony seguiram desanimados uma Hermione saltitante em direção a sala comunal da Grifinória. Muitos alunos também fizeram o mesmo trajeto que eles.
- Hermione, dá pra para de demonstrar tanta felicidade porque vai fazer uma tonelada de deveres? – resmungou Rony de mau humor.
- Eu não vou fazer uma tonelada de deveres. – retrucou Hermione com um sorriso vitorioso. – Eu já terminei todos os meus deveres ontem. Vocês têm uma tonelada de deveres pra fazer.
Isso não ajudou em nada o mau humor de Rony. Harry, cansado da discussão dos amigos, acelerou o passo, mas a cena que viu a seguir o deixou chocado. Não só ele, mas todos que estavam ao redor, inclusive Rony e Hermione, que tinham parado de discutir, observavam a cena sem reação nenhuma.
Harry viu Gina e Cho paradas um pouco mais a frente. Em seguida, uma luz vermelha estava rodeando Gina. Ela puxou a varinha das vestes e estuporou Cho, que caiu no chão desacordada. A luz continuava a rodeá-la e ela continuava com a varinha apontada para Cho, como se fosse continuar a enfeitiçá-la, mas não fazia nada. No segundo seguinte, ela abaixou a varinha lentamente, a luz foi se extinguindo aos poucos e Gina caiu no chão, também desacordada.

Continua...

N/A: Desculpem a demora de dois dias... xD... Ontem eu estava sem inspiração para escrever, mas hoje a idéia desse capítulo caiu como uma bomba na minha cabeça e eu escrevi.

Passei o dia todo no computador escrevendo esse capítulo (minha irmã quer me matar), então espero que gostem dele. Comentem, por favor...

Beijossss!!!!!!!!!!!!!

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