O admirador secreto
Já era sexta feira. Harry e Gina decidiram pôr em prática o plano do admirador secreto o mais rápido possível, mas estavam tão cheios de deveres que demoraram alguns dias para terem tempo. Nesse tempo, os dois se tornaram mais amigos e estavam cada vez mais unidos. Rony e Hermione continuavam fingindo que o outro não existia, o que Harry e Gina acharam que era muito melhor do que as brigas. Quanto ao plano do admirador secreto...
No primeiro momento, Harry ficou em choque com as palavras de Gina. Admirador secreto da Mione? Ele nem sabia direito o que era um admirador secreto e muito menos o que um admirador secreto fazia. Gina, parecendo perceber seu choque, explicou tudo o que ele teria que fazer. Mesmo não gostando muito de ser o tal do admirador, ele admitia que era uma boa idéia e que podia realmente dar certo. Pelo menos, era o que ele esperava.
Harry e Gina estavam na sala comunal escrevendo a carta do admirador secreto para Hermione. Ou melhor, eles estavam tentando escrever, já que nenhum dos dois tinha a mínima idéia de como fazer isso e era quase uma hora da manhã. Estavam sentados lado a lado em frente à lareira com uma pena e um pergaminho na frente deles. Harry olhava para o fogo da lareira, Gina olhava para o pergaminho em branco a sua frente, os dois pensando em alguma coisa que pudessem escrever, mas idéias era uma coisa que parecia não existir naquele momento.
Gina olhou para Harry, que continuava olhando para o fogo, e suspirou resignada.
- O fogo da lareira não vai ajudar, Harry. – reclamou.
- O pergaminho em branco também não. – retrucou ele com um sorriso sarcástico.
Gina bufou exasperada e Harry riu.
- Do que você está rindo, Harry? – perguntou com raiva. – Você acha isso engraçado? Isso não é engraçado, isso não é nada engraçado. Nós estamos aqui há mais de duas horas e não tivemos uma mísera idéia de como escrever essa porcaria pra tentar juntar aqueles dois idiotas. Se eu pudesse matar o Rony sem correr o perigo de ir parar em Azkaban, eu juro que era o que eu faria pra ele deixar de ser tão lerdo e...
- Gina, se acalme. – pediu Harry a abraçando pelos ombros. Gina suspirou lentamente e recostou em seu peito. – Está mais calma?
- Uhum... – fez ela, fechando os olhos. – Pode me explicar porque estava rindo.
Harry entendeu que não era uma pergunta, e sim um pedido.
- Eu não sei, eu... só achei engraçado. – disse sinceramente e ao lembrar que Gina disse que não era engraçado, explicou melhor. – Ah, Gina... Nós estamos aqui há mais de duas horas, tentando escrever uma carta que não vai ter remetente, para mandar pra Hermione, pra tentar juntar o Rony e a Mione, mas o problema é que nós não conseguimos escrever uma palavra sequer, não fazemos nem idéia de como fazer isso. Eu, particularmente, achei a situação engraçada.
Gina sorriu fracamente e se afastou um pouco dele, o suficiente para olhá-lo nos olhos.
- Tá bom, desculpa. – pediu ela. Harry sorriu. – É que isso é muito frustrante, faz mais de duas horas...
-... e nós não temos nenhuma idéia. – completou Harry concordando.
Gina balançou a cabeça levemente e voltou a recostar em seu peito, fechando os olhos novamente.
- Você não tem mesmo nenhuma idéia de como escrever essa carta? – perguntou Gina
- Não, eu não tenho. – respondeu Harry encostando sua cabeça na dela. – Eu nunca escrevi nenhuma carta de amor pra nenhuma garota. E também não tem como eu me inspirar pensando na Mione, ela é quase uma irmã pra mim.
- Então tente se inspirar pensando em outra garota. – falou Gina o assustando. – Pense na garota que você gosta, não vai fazer diferença.
Harry sentiu que estava corando e agradeceu mentalmente por Gina estar de olhos fechados e encostada em seu peito, assim não podia ver.
- Bem, eu... eu não sei se isso daria certo. – disse sem jeito. – Porque você não faz isso? – perguntou tentando desviar a atenção dele.
Gina deu uma risadinha sarcástica ainda sem abrir os olhos.
- Porque eu sou uma garota, Harry. – respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- E daí? – perguntou sem entender.
- A Mione é inteligente o suficiente pra saber que foi uma garota que escreveu a carta, caso eu escreva. – explicou Gina pacientemente. – Se eu escrever essa carta, ela vai pensar que ou o garoto é gay, ou tem uma lésbica tarada atrás dela.
Harry riu.
- A carta tem que ser escrita por um garoto, tem que ter o ponto de vista masculino. – continuou Gina.
- Tá bom, já entendi. – disse Harry dando-se por vencido. – Mas você vai me ajudar, não é?
- Claro que eu vou. – disse Gina se desencostando de seu peito e sorrindo. – Acha que eu vou te deixar sozinho nessa?
- Não vai mesmo. – concordou sorrindo.
Gina bocejou.
- Eu já estou morrendo de sono. – disse ela sonolenta, num gesto que Harry achou gracioso. – Vamos dormir, amanhã nós tentamos de novo.
- Você pode ir. – disse Harry se levantando e oferecendo a mão para ajudá-la. – Eu vou ficar aqui mais um pouco.
- Tudo bem. – disse Gina aceitando a mão dele e levantando. – Eu não acredito que amanhã nós vamos ter que fazer isso de novo, eu estou exausta.
Harry a guiou e parou em frente às escadas.
- Boa noite, Gina. – desejou sorrindo.
- Boa noite, Harry. – disse ela retribuindo o sorriso, em seguida o abraçou e, para total surpresa dele, deu um beijo em sua bochecha.
Gina subiu as escadas lentamente por causa do sono. Quando ela desapareceu, Harry sorriu e voltou a sentar em frente à lareira, pegando o pergaminho e a pena.
Lembrou do que Gina disse. Será que adiantaria se inspirar na garota que ele gostava? No caso, seria Cho. Começou a pensar em Cho, em seus sentimentos por ela, em como ela era bonita. Mas parecia não adiantar de nada. Talvez a dica de Gina não fosse boa. Gina. Ela havia se tornado uma grande amiga, a melhor depois de Rony e Hermione, que sempre estiveram com ele. Gina conseguia alegrá-lo quando estava triste, conseguia entendê-lo melhor do que ninguém, quando nem ele mesmo conseguia isso. Harry sorriu. Decididamente, a dica de Gina era ótima.
***
Harry acordou bem cedo naquela manhã de sábado. Todos no seu dormitório ainda dormiam, inclusive Rony. Quando tinha ido dormir era quase três horas da manhã, mas estava tão animado com a idéia, que não conseguiu ficar dormindo até tarde. Pegou o mapa do maroto, a capa da invisibilidade e a carta, que tinha terminado durante a madrugada. Desceu até a sala comunal e viu Gina sentada confortavelmente em uma poltrona. Parecendo sentir sua presença, ela olhou para ele e sorriu:
- Bom dia, Harry.
- Bom dia, Gina. – disse Harry animado a puxando pela mão e a abraçando, em seguida lhe dando um beijo estalado na bochecha.
Gina olhou para ele surpresa.
- Posso saber o motivo de tanta animação? – perguntou ela.
- Claro que pode, Srta. Weasley. – respondeu tirando a carta do bolso e a entregando. – Leia e me diga o que você acha.
Gina pegou a carta totalmente surpresa e começou a ler. A cada palavra que lia, seus olhos brilhavam mais e ela ficava cada vez mais boquiaberta. Quando terminou de ler, encarou Harry, que estava sorrindo feliz a sua frente e esteve a encarando durante todo o tempo que ela lia a carta.
- Está... ela... como... Está linda, Harry. – disse, por fim.
- Que bom que você gostou.
- Mas como você conseguiu escrever isso? Quer dizer, ontem não vinha nenhum “Querida, Hermione” e agora a carta está toda escrita e é a carta mais linda que eu já vi na minha vida. – disse ela boquiaberta.
- Eu não sei... – disse sincero. – Acho que segui a sua dica.
- De se inspirar em outra garota?
- Sim. – confirmou um pouco corado.
Gina abriu um largou sorriso e o abraçou feliz. Harry retribuiu o abraço com a mesma intensidade, a erguendo do chão e a girando no ar.
- Vamos. – disse Harry, a colocando no chão e a puxando pela mão. – Temos que ir ao corujal.
- Precisamos enfeitar um pouco o pergaminho e modificar a letra. – disse Gina.
- Fazemos isso quando chegar lá. – disse Harry jogando a capa sobre os dois e a puxando pela mão.
Os dois seguiram em direção ao corujal cobertos pela capa. Estavam tão felizes, que nem se importavam em esconder os acessos de riso que tinham de vez em quando, quando falavam alguma coisa engraçada, para não chamar a atenção das pessoas. Isso era o que menos importava. Quando chegaram ao corujal, Harry retirou a capa de cima deles. Gina fez um feitiço que modificou a letra da carta e outro que enfeitou o pergaminho com desenhos de várias rosas. Escolheram a coruja mais bonita que encontraram e depois, totalmente satisfeitos, foram em direção ao salão principal para tomar café.
O salão principal estava meio vazio, apenas alguns alunos tomavam café da manhã, já que era sábado e era cedo. Os dois sentaram na mesa da Grifinória e começaram a tomar café muito animados.
- Eu estou louco pra ver a cara da Mione. – disse Harry, pegando um prato e colocando algumas torradas.
- Eu também. – concordou Gina, colocando mais torradas no mesmo prato de Harry e enchendo um copo com suco de abóbora. – E a cara do Rony? Ele vai ficar com tanta raiva.
- Raiva é pouco. – falou Harry tomando um gole de suco do copo que Gina encheu. – Ele vai quase explodir.
- Se ele não fosse tão tapado, não precisaria passar por isso. – disse Gina pegando uma torrada.
- É verdade. – concordou Harry rindo.
Os dois estavam tão compenetrados conversando e rindo que mal notaram quando o salão começou a encher e muito menos a chegada de um Rony e uma Hermione com cara de poucos amigos.
- Porque vocês não me esperaram? – perguntou Hermione sentando na frente de Gina.
- Nós acordamos cedo e viemos tomar café juntos. – falou Gina. Harry concordou com a cabeça.
- Mas vocês podiam ter me esperado. – disse Rony começando a comer com raiva.
Harry e Gina deram de ombros e continuaram a comer com enormes sorrisos estampados no rosto.
- Quais são seus planos para hoje, Harry? – perguntou Gina baixinho.
- Tenho que terminar alguns deveres, depois estou livre. – respondeu tomando mais um gole de suco.
- Eu também. – disse Gina pegando mais uma torrada do prato. – Não arrume nenhum plano para hoje, acho que sei o que nós dois podemos fazer.
- O quê? – perguntou curioso.
- É uma surpresa, Sr. Potter. – disse ela sorrindo.
- Você é má, ruiva. – disse ele.
Gina riu.
- Sou mesmo. – disse ela tomando mais suco.
- E ainda admite. - disse ele tentando ficar sério, mas com um sorriso no canto do lábio. – Ruiva, você é estranha.
- Ora, isso foi uma ofensa a minha pessoa. – disse fingindo indignação. – Você não me conhece, hoje você vai conhecer a verdadeira Gina Weasley.
- Desculpe se lhe ofendi, Srta. Weasley.
- Está desculpado, Sr. Potter. Mas que isso não se repita novamente.
- Não vai se repetir. – disse decidido.
Os dois se encararam por alguns instantes e depois riram. Ou melhor, gargalharam. Estavam sendo observados por todos da escola, mas não se importavam. Na verdade, nem perceberam. Rony e Hermione olhavam para os dois como se eles fossem loucos.
A atenção de todos foi desviada pelo correio que acabara de chegar. Harry e Gina pararam de rir imediatamente e se entreolharam ansiosos. Várias corujas sobrevoavam o salão, os dois avistaram a coruja que eles haviam escolhido e tentaram se concentrar na comida para não mostrar muita ansiedade.
A coruja voou até a mesa deles e deixou cair a carta no colo de Hermione. Ela olhou para a carta com um olhar surpreso e curioso, pegou a carta e abriu. Sua boca ia se escancarando a cada palavra que lia.
- O que é isso, Mione? – perguntou Gina fingindo interesse, enquanto lançava a Harry um olhar reprovador por ele estar enfiando os dedos na boca para não cair na gargalhada.
- É, Mione. – disse ele ficando sério. – O que é isso?
Hermione olhou para eles e disse alguma coisa em um tom tão baixo, que ninguém ouviu.
- O quê? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.
Hermione repetiu novamente em tom baixo.
- Como é? – perguntou Harry
De novo.
- Mione, dá pra falar com a boca? – pediu Gina irritada.
- Eu tenho um... admirador secreto. – disse ela embasbacada.
- O quê? – perguntou Rony quase gritando. – Deixa eu ver.
- Não, Rony... – mas ele já tinha pegado a carta da mão dela e estava lendo.
Rony foi adquirindo um tom de vermelho muito forte e depois jogou a carta para Hermione de novo, bufando de raiva.
- Que é isso, Roniquinho? – alfinetou Gina. – Está com ciúmes?
Rony ficou mais vermelho, se é que isso era possível. Hermione deu um sorriso tímido tão vermelha quanto Rony.
- Você é demais, ruiva. - sussurrou Harry em seu ouvido.
- Obrigado, eu sei que sou demais. – disse ela sorrindo.
- Santa modéstia. – falou Harry, revirando os olhos.
Gina riu.
- Deixa eu ver a carta, Hermione? – pediu Gina fingindo curiosidade.
Harry sorriu.
- Você é uma ótima atriz. – disse Harry de modo que só ela escutasse e bebendo um gole de suco em seguida.
- A carta é linda, eu nunca vou cansar de ler. – sussurrou Gina de volta. – E quanto a ser uma ótima atriz, aprendi com os melhores.
- Quem?
- Os gêmeos. – respondeu sorrindo e devolvendo a carta a Hermione. – Quando eu era pequena, eles me usavam como vigia caso mamãe estivesse por perto. Então eu tive que aprender a omitir as coisas muito cedo.
- Quer dizer que a senhorita sabe mentir muito bem? – perguntou Harry divertido.
- É, isso também. – disse Gina pegando o copo de suco da mão dele e tomando o resto do suco. – Vamos, precisamos terminar aqueles deveres, depois você vai descobrir qual é a minha surpresa.
Gina pegou algumas tortinhas de chocolate em uma mão e com a outra começou a puxar Harry para fora do salão.
- Aonde vocês vão? – perguntou Rony.
- Estudar. – respondeu Gina saindo do salão.
Os dois foram seguidos pelo olhar de muitas pessoas curiosas que cochichavam e davam risinhos.
- O que eles tanto olham? – perguntou Harry.
- Não importa. – respondeu Gina dando de ombros e comendo uma tortinha. – Aceita, Harry?
- Não, obrigado. Não sabia que você gostava tanto de chocolate. – disse ele olhando para a mão cheia de Gina.
- Então é só você, todo mundo sabe disso.
- O quê? – perguntou Harry confuso.
- Todo o castelo sabe que Gina Weasley ama chocolate, tanto quanto Hermione Granger ama livros. – disse ela. Harry riu. – Só você não sabe disso, você realmente não me conhece, Harry.
- Ora, eu só... – mas Harry nunca terminou aquela frase, pois viu Cho Chang andando sorrindo em sua direção.
Gina estranhou o fato de Harry ter parado de falar e seguiu seu olhar. Viu Cho sorrindo igual uma debilóide andando em direção aos dois. Sentiu uma sensação desconfortável, mas continuou comendo suas tortinhas tranquilamente.
- Oi, Harry. – disse Cho sorrindo exageradamente, na opinião de Gina.
Ela olhou para Harry e percebeu que ele não parecia ter a mesma opinião que ela, pois estava olhando para Cho que nem bobo. “Disfarçadamente”, Gina o cutucou nas costelas, o acordando.
- Er... Oi, Cho. – disse ele corando.
- Olá, Chang. – disse Gina sorrindo. – Está indo tomar café? Está atrasada, sabe?
Cho resolveu ignorá-la.
- Onde você está indo, Harry? – perguntou ela.
- Eu estou... estou... – “Boa pergunta, pra onde diabos eu estou indo?”, pensou lançando um olhar a Gina.
- Nós estamos indo estudar e depois vamos dar um passeio. – respondeu Gina prontamente.
Cho pareceu não gostar muito da resposta, pelo que Gina percebeu.
- Tudo bem, então... Tchau, Harry. – depois adquiriu um brilho de raiva nos olhos, completou. – Tchau, Weasley.
- Tchau, Chang, querida. – respondeu Gina acenando. – Você tem que provar essas tortas de chocolate, estão uma delícia.
- Não gosto muito de doces, Weasley. – respondeu Cho com desprezo.
- Que pena. – disse Gina balançando a cabeça com um tom de voz trágico.
- Er... Vamos, Gina. – disse Harry a puxando pela mão. Uma atitude que, ele nunca soube, enfureceu Cho mais ainda.
Quando viraram o corredor, Harry parou na frente de Gina e a encarou sério.
- Que foi? – perguntou Gina, continuando a comer, totalmente desinteressada.
- Porque você disse aquilo? – perguntou Harry duro.
- O que eu disse?
- Disse que nós íamos estudar juntos e depois dar um passeio.
- Ora, mas nós vamos fazer isso. – disse Gina, revirando os olhos.
- E as tortas? – perguntou cruzando os braços.
- O que tem as tortas?
- Porque você falou das tortas?
- Eu não sabia que ela não comia doces. – defendeu-se Gina. – Quer dizer, qual é o louco que não gosta de chocolate?
Harry suspirou.
- Relaxa, Harry. Olha, come uma tortinha. – disse Gina empurrando uma torta na boca dele.
Harry riu.
- Você não existe, Gina. – disse risonho.
- É claro que eu existo. Faz 14 anos que eu existo, pode perguntar para os meus pais e meus irmãos, eles vão confirmar. – disse rindo.
- Onde nós vamos exatamente? – perguntou Harry a puxando pelos corredores.
- Vamos a um lugar bem especial. Como eu descobri que você não me conhece, não sabe nada sobre mim, eu decidi lhe mostrar a verdadeira Gina Weasley.
Continua...
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