Enfim Hogwarts!
Enfim Hogwarts...
O trem sacolejava levemente. A menina de longos cabelos ruivos tinha apoiada nas pernas uma revista "trouxa", ela alternava os olhos entre a página em que estava e a janela, seus pés se sacudiam e ela de tempos em tempos mordia o lábio inferior. O menino de olhos verdes e cabelos pretos e desalinhados, sentado ao lado dela, parecia prestar atenção em cada movimento seu. Em dado momento ele revirou os olhos.
- Rose, você quer, por favor, parar com isso? - disse ele tomando a revista do colo dela - Está me deixando nervoso.
- Como se você não estivesse também. - disse ela desdenhosa.
- Estou sim! - disse ele guardando a revista - Mas nem por isso estou arrancando meus lábios com os dentes ou sacudindo as pernas como se tivesse sofrido uma azaração nelas.
- A azaração é Tarantallegra. - disse Rose incapaz de se conter. Alvo revirou os olhos de novo. - E você não entende! Hoje as coisas vão definir nossas vidas, Alvo, e se não formos pra Grifinória? - Alvo sentiu seu estomago contorcer-se - E se algo der errado e não formos aceitos? - disse ela histérica e com um brilho maníaco nos olhos.
- Nossa você fala como a titia. - disse ele. - Não vai adiantar ficar assim Rose. Vai dar tudo certo.
- Espero que você esteja certo. - disse ela desanimada.
- Anime-se Rose, estamos indo pra Hogwarts! Desejamos isso durante tanto tempo! E agora estamos indo! - disse ele com um sorriso no rosto extremamente pálido. Ela sorriu de volta tentando parecer mais confiante.
A porta se abriu de repente.
- E aí, pirralhos? - disse um garoto alto de cabelos pretos e olhos castanhos amendoados. Alvo virou o rosto em sua direção.
- Não perturbe Thiago. - disse ele.
- Ora isso é maneira de falar com seu irmão mais velho, baixinho? E ai Rosinha? - Rose sorriu para ele. - Bem eu só vim dizer que nós já estamos chegando. - ele virou-se para sair. Antes de passar pela porta, olhou por cima do ombro:
- Ei, Alvo - Alvo olhou para ele - Boa sorte, Maninho. - ele piscou travesso e saiu pelo corredor.
- Ele não tem jeito, não é? - disse Rose divertida.
- É não tem. Lembra quando ano passado ele tentou roubar um assento de vaso sanitário de Hogwarts? - Alvo riu.
- Ôoh...se lembro. Isso foi depois do Tio Jorge contar a ele que tinha feito o mesmo. - Rose gargalhava.
- Ele ficou em detenção por dois dias, e mamãe e papai tiveram que ir até Hogwarts. Nunca vi mamãe tão parecida com a vovó! – os dois gargalhavam enquanto o trem diminuía a velocidade.
Alguns minutos depois o trem parou na estação de Hogsmeade. Estava escuro. Eles saíram pra plataforma. Alvo esquadrinhou a massa de estudantes, mas não encontrou Thiago.
- Alunos do 1° ano! Aqui! – soou uma voz conhecida. Alvo ergueu os olhos na direção de uma lanterna que balançava na mão de um homem extremamente grande.
- Hagrid! – exclamaram ele e Rose ao mesmo tempo.
- Crianças! – exclamou o meio-gigante feliz – Estava esperando vocês! Venham! Teremos tempo para conversarmos depois.
Eles (e mais um bom número de primeiranistas apreensivos) seguiram Hagrid por uma trilha que se alargava para as margens do lago. Quando a primeira visão de Hogwarts surgiu. Houve muitos ‘ohs’ e ‘puxas’. Rose parecia incapaz de tirar os olhos do castelo. E Alvo sussurrou: “É melhor que qualquer coisa que eu pudesse imaginar...”
Eles ocuparam os barcos. Alvo entrou em um com Rose, uma menina de aparência oriental e...
- Não é ele? O garoto de quem papai falou na estação? – cochichou Rose. Alvo confirmou com a cabeça.
- Lira Chang. – apresentou-se a menina oriental.
- Alvo Potter. – disse Alvo.
- Caramba! Você é o filho do Harry Potter! – exclamou ela. A atenção do garoto loiro se aguçou. – E você? – disse inquiridora a Rose.
- Rose Jane Weasley – disse Rose sorrindo.
- E você é a filha de Hermione Granger e Ronald Weasley! – exclamou Lira impressionada. – É realmente um prazer conhecê-los. E você é? – disse ela dirigindo-se ao menino loiro.
- Ahm... Scorpius... – ele fez uma pausa constrangida – Malfoy. – concluiu. O sorriso da menina se tornou amarelo.
- Ah – disse ela – Prazer.
- Muito prazer – disse Alvo estendendo a mão ao menino. Rose fez o mesmo. Ele retribuiu o sorriso constrangido.
A flotilha de barcos entrou por um buraco na rocha e eles chegaram a uma espécie de cais subterrâneo. Todos desceram.
- Você sabia que nossos pais já namoraram? – disse Lira animada.
- Não... Não sabia – disse Alvo sinceramente.
- É a minha mãe não fala muito disso, eu soube pela minha tia Marieta. – disse Lira.
Eles chegaram à porta do castelo. Era enorme. Lira não parava de falar:
- A minha mãe dá aulas na escola, sabia? – disse ela.
- Não... – disse Alvo.
- Ela dá aulas de vôo, ela jogava no Holyhead Arpies, mas ai... – ela parou junto com todos os outros que conversavam, pois um bruxo muito baixinho havia aberto a grande porta.
- Aí estão eles, professor Flitwick. – disse Hagrid.
- Obrigado Rúbeo! – disse o professor com voz aguda.
- Nos vemos em breve! – disse Hagrid se retirando.
- Olá crianças! – disse Flitwick animado – Me acompanhem, por favor.
Eles entraram. Passaram pela frente do que Alvo teve certeza ser o salão principal, (pelo barulho e o cheiro de comida) e Flitwick levou-os até uma sala vazia ali perto.
- Olá meninos e meninas, sejam bem vindos! – disse depois que todos entraram – Vocês, como já devem imaginar, irão ser selecionados logo para as suas respectivas casas. Elas são: Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal e Sonserina. Aguardem enquanto nos preparamos para recebê-los.
Ele saiu e Alvo se sentiu meio tonto. Rose parecia ter tremores involuntários. Lira miraculosamente estava quieta. E Malfoy parecia mais pálido ainda, o que Alvo achava ser impossível.
Depois de alguns minutos tensos, Flitwick voltou.
- Vamos então, me sigam. – ele saiu com os alunos em forma de fila atrás de si. Eles caminharam um pouco e entraram no salão principal. Alvo olhou para o teto que brilhava com o que parecia ser um milhão de estrelas.
- Não é real é só...
-... enfeitiçado para parecer o céu lá fora. – Alvo completara a frase de Rose.
- Você leu ‘’Hogwarts: Uma história”? – perguntou a ruivinha. Alvo sorriu.
- Mamãe disse para eu ler se não quisesse parecer um idiota ao encontrar uma “Hermione Granger”. – disse – e parece que ela tinha razão. – Rose pareceu contrariada.
Todos os alunos se postaram em frente a um banquinho com um chapéu velho e rasgado em cima. Alvo e Rose sabiam o que viria a seguir, mas alguns alunos olhavam intrigados.
De repente um rasgo no chapéu se abriu como se fosse uma boca e ele começou a cantar:
“Eu sou o chapéu seletor de Hogwarts,
E vocês podem confiar em mim,
Não me lembro em todos os anos que estive aqui,
(E olha que são muitos)
De errar sequer uma vez,
Eu não errei com seus avós,
Eu não errei com seus pais,
Por que então de haveria,
De errar com vocês,
Lembrem-se sempre pequenos,
Que nem sempre foi em paz,
Nossa amada escola,
Seus pais e avós lutaram e se esforçaram,
Para que hoje vocês pudessem,
Estar aqui tranquilamente,
Mas lembrem também que outras provas virão,
E estejam prontos então para enfrentá-las
Como seus pais o fizeram”
Todo o salão prorrompeu em aplausos. Pra Rose e Alvo aquela música tinha um real significado, pois eles sabiam que ninguém mais havia lutado tanto pela paz quanto seus pais.
O Professor Flitwick desenrolou um longo pergaminho e disse:
- Quando eu chamar seus nomes, por favor, sentem-se no banquinho, coloquem o chapéu ele vai selecioná-los para suas respectivas casas. Agora: Abbot, Mary. – anunciou ele. Uma menina de tranças e extremamente pálida caminhou ao tropeções até o banquinho e colocou o chapéu. Ele demorou uns quinze segundos antes de anunciar...
- Lufa-Lufa!
A mesa esquerda aplaudiu. Mary saiu correndo e se sentou.
- Bonnes, Peter!
Um menino de cabelos muito pretos e pele muito branca se adiantou. O chapéu nem pensou muito sobre Peter, logo que este o colocou, ele anunciou:
- Corvinal!
E assim Peter se encaminhou a passos largos para a mesa da Corvinal. A mente de Alvo começou a divagar, será que ele iria pra Grifinória? E se fosse pra Sonserina? Ele estava tendo calafrios e Rose não parecia muito melhor. As sardas, que Alvo reconhecia como do tio, estavam extremamente evidentes em sua face. Lira foi selecionada pra Corvinal e caminhou muito contente para sua mesa, sua mãe uma bonita oriental na mesa dos professores, aplaudiu de pé muito sorridente enquanto ela se sentava.
Alvo estava perdido em pensamentos quando de repente ouviu Flitwick dizer:
- Malfoy, Scorpius. – um burburinho geral correu pelo salão comunal. E Scorpius caminhou até o banquinho parecendo constrangido e triste. Alvo não entendia direito o porquê de as pessoas se espantarem tanto com o sobrenome Malfoy, ele já ouvira o Tio Rony falar coisas desagradáveis sobre eles, mas nunca soube exatamente o porquê de tanta implicância. Bem ele sabia que os Malfoy eram uma tradicional família sonserina e...
- Grifinória! – “Grifinória?” o pensamento de Alvo fez coro com o cochicho do salão comunal. Ele percebeu que até mesmo Flitwick ficou sem ação. Scorpius ficou algum tempo sentado estático com uma cara que Alvo associava às pancadas da caixa “soco-surpresa” da Gemialidades Weasley. Ele parecia que não ia se recuperar. Até que Flitwick disse com voz fraquinha:
- Pra sua mesa, por favor, senhor Malfoy.
Scorpius levantou-se e caminhou até a mesa da Grifinória, enquanto Flitwick continuava a ler os nomes. Na mesa parecia que ninguém queria abrir espaço nos bancos para eu ele sentasse. Até que ele conseguiu arrumar um lugar. “Não é justo” pensou Alvo “Ele não parece uma má pessoa...” Ainda estava devaneando quando...
- Potter, Alvo!
Alvo se sobressaltou e caminhou meio atrapalhado até o banquinho. Antes de o chapéu lhe cobrir os olhos ele viu Thiago dando um breve aceno com a cabeça, e um monte de gente cochichando. O Chapéu se encolheu levemente ao tocá-lo.
-Ah... Outro Potter...mas é incrível a quantidade de poder que você tem menino – sussurrava o chapéu. –... você é filho de Ginevra Weasley...não há dúvidas de que você foi uma combinação poderosa, sim não há dúvidas sobre o seu futuro, assim como não há dúvidas sobre sua casa...Grifinória! – anunciou ele. Alvo sentiu o corpo todo relaxar. Desceu do banquinho e correu em direção à mesa da Grifinória. Onde seu irmão lhe recebeu com um abraço e onde Malfoy estava sentado tristonho. Viu também Victoire sua prima, ele não a havia visto no trem, ela acenava contente pra ele. Alvo se sentou contente e ficou torcendo para que Rose também tivesse sorte. E então alguns nomes depois:
- Weasley, Rose! – Rose caminhou até o banquinho quase verde de tão pálida. Sentou-se e o chapéu lhe cobriu quase todo o rosto, visto que ela era bem pequena pra idade. Uns vinte segundos que pareceram uma eternidade para Alvo, e com certeza muito mais para Rose, o chapéu anunciou:
- Grifinória!
Alvo deu vivas com todos, quando Rose correndo afogueada chegou até a mesa.
- Eu não acredito Al, nós conseguimos! – disse ela sentando-se. - Que bom! Estamos na Grifinória também!
- Parabéns, Rosinha! – disse Thiago acariciando o topo da cabeça da prima.
- Mas e ele, heim? – sussurrou Rose indicando Scorpius que estava cabisbaixo um pouco à frente – A família dele não é toda da sonserina? – Alvo confirmou com a cabeça fitando Scorpius.
O professor Flitwick terminou a leitura dos nomes com, Teo Zabini e a Diretora Minerva Mcgonagall se levantou do seu cadeirão dourado. Seu semblante estava calmo e ela parecia muito feliz. Ela já havia visitado Alvo e os pais, e este sabia que ela era rígida e contida apesar de simpática.
- Bem vindos todos! – disse – Alguns anúncios de inicio de ano letivo. A floresta como sei que a maioria sabe é proibida aos alunos, não importando as circunstâncias, - os olhos dela cintilaram na direção de Thiago, que se interessou no prato vazio à sua frente. – Também devo avisar que é proibido magia nos corredores, proibido circular pela escola à noite. Se vocês quiserem saber as demais proibições, podem lê-las na sala do Senhor Filch – ela indicou com a mão esquerda o zelador, Alvo sabia que Filch havia sido o terror dos alunos na Hogwarts de seus pais, mas de acordo com Thiago, ele já estava muito velho e só o que sabia era resmungar, por isso Audrey, uma senhora de uns 40 anos, havia sido contratada para auxiliá-lo. Ela parecia ser rígida também, mas um pouco mais justa.
– Agora – continuou a diretora – podemos saborear a nossa refeição.
No mesmo instante os pratos dourados à frente se encheram dos mais saborosos pratos. Alvo estava se servindo de um pedaço de pato assado quando, ele viu Malfoy cabisbaixo, ele nem ao menos havia tocado na comida. Alvo levantou-se.
- Aonde você vai? – perguntou Rose.
- Já volto. - respondeu ele. Levantou-se e caminhou até o extremo da mesa onde Malfoy estava. Havia um grande espaço entre ele e os outros ocupantes da mesa.
- Uhm... Posso me sentar? – perguntou Alvo.
- Pode... – disse o garoto.
Alvo sentou-se e começou a se servir das batatas à frente.
- Você deveria comer sabia? – disse ele à Malfoy – A viagem foi longa e só teremos outra refeição amanhã, tenho certeza de que acordará com fome mais tarde.
- Não estou com fome. – disse Malfoy.
- Ok então, mas as batatas assadas estão ótimas. – disse enquanto colocava um pedaço na boca. Malfoy estava olhando-o o comer. – Sabe, - disse Alvo depois de mastigar – eu não sei exatamente qual o problema com seu sobrenome, ou a sua família, mas as pessoas logo o conhecerão pelo que você faz, e não pelo que acham que fará. Pensa nisso, ok? – Malfoy balançou a cabeça. Bem tenho que ir fazer companhia à minha prima.
- Por que veio sentar aqui? – perguntou Malfoy.
- Ah...nada, essas batatas só pareciam mais gostosas que as de lá. – ele riu maroto e Malfoy esboçou um leve sorriso no rosto pálido. Quando Alvo estava caminhando de volta ao seu lugar ao lado de Rose, viu que todos os olhares estavam voltados para ele. Baixou os olhos constrangido e continuou andando. Apenas um olhar ele não notou, o único que parecia aprovar sua ação súbita. Ele não notou nem o olhar nem o sorriso satisfeito de Minerva Mcgonagall.
Depois de todos alimentados e satisfeitos, a diretora mandou que os monitores acompanhassem os alunos do primeiro ano aos dormitórios. Todos seguiam demasiado satisfeitos e sonolentos. Mesmo assim Alvo não pode deixar de prestar atenção em tudo que o castelo tinha de interessante. Rose ele podia apostar, também não estava perdendo nada, o menino loiro que seguia no final da fila, porém não parecia se interessar por nada.
Chegaram aos dormitórios. Alvo ia dividi-lo com um menino muito loiro chamado John Phelps e com um menino de aparência latina, chamado Igor Sambly. O terceiro ocupante ainda não chegara. John estava explicando a Igor (nascido trouxa) como funcionava um jogo de quadribol, quando a porta se abriu. Todos olharam curiosos em direção a ela. Mas o olhar de Alvo foi o único que continuou ameno.
- Ah não – exclamou John – Você vai ficar aqui mesmo? – O menino loiro entrou quieto e começou a mexer em seu malão.
- Dá pra acreditar? – continuou John – Um Malfoy...na Grifinória?
- Pare com isso John, ele não lhe fez nada. – Malfoy ignorou tanto as criticas de John tanto a defesa de Alvo. Apenas retirou seu pijama (verde e prata cores da sonserina) e se encaminhou para o banheiro para se trocar.
– E o que é pior! Um Potter defendendo um Malfoy! – conclui John.
- Qual o problema com ele? – perguntou Alvo curioso.
- Bom, se você não sabe não sou eu quem vou lhe dizer, - disse John enigmático – pergunte ao seu Pai. – e se deitou pra dormir. Igor olhava tão perplexo quanto Alvo.
Naquela noite Alvo demorou um pouquinho pra dormir por causa da sua excitação, mas ele não era o único acordado, ele só não sabia como fazer para ajudar o garoto loiro que soluçava baixinho na cama ao lado.
Notas:
Lummus!
É isso aí pessoal não disse que ia ser rapidinho?
Bem agora alguns poréns:
O nome "Scorpius": Eu realmente não concordo com esse nome pois acho que se referia no livro apenas ao fato de Rony achar que o menino seria como o pai, mas como parece que muitos aceitaram esse como o nome do herdeiro Malfoy, resolvi usar...
Formatação: Me desculpem se houver algo mal-formatado, mas estou tendo problemas em acertar a formatação do site, se alguém tiver alguma dica...
E é só.
Muitos beijos e abraços, leiam, divirtam-se e por favor comentem!!
Aguardo os comments ansiosa!
Tchau!
Nox!
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