Encontro inusitado
Capítulo 1 – Encontro inusitado
Eram 13: 00h e Harry ainda não havia saído de sua enorme e confortável cama, devido à noite movimentada que tivera. Seu mordomo, Hagrid, já estava acostumado com essa e muitas outras atitudes habituais de seu patrão, um playboy rico, farrista e galanteador; quase toda noite vinha acompanhado de uma bela garota e sempre acordava no mesmo horário: 13: 00h. E como sempre fazia, Hagrid foi até a suíte de Harry carregando uma enorme bandeja, cheia de guloseimas. Sem cerimônia alguma, entrou e caminhou em direção a um rapaz muito bonito, que se encontrava esparramado na cama de casal, para poder acordá-lo:
- Harry... Harry, acorde, já são 13: 00h! – Falava o mordomo, enquanto empurrava o rapaz. Ele grunhiu em resposta, após cobrir-se com o lençol. Hagrid, então, resolveu tentar uma tática que parecia infalível; sussurrou bem próximo ao ouvido de Harry:
- Aí na sala estão umas 20 garotas ensandecidas e loucas para falarem com você. Deixo-as entrar no seu quarto ou sirvo um cafezinho pra elas? – Ao ouvir isso, Harry acordou instantaneamente e, já levantado, perguntou assustado ao mordomo:
- Permitiu que elas entrassem em minha casa?!
- Queria que eu as expulsasse? – Redargüiu o mordomo, continuando com a mentira e contorcendo-se para não rir. Harry, andando de um lado para o outro no quarto, ficou se martirizando:
- Oh, meu Deus! Por que não fui um pouco mais atencioso com elas? Agora estão querendo tirar satisfações!
- Acho melhor você se trocar antes de descer para falar com elas. Vão ficar mais malucas do que já estão quando o virem somente numa boxer preta. – Avisou o mordomo, agora rindo da cara assustada de Harry. O rapaz repreendeu-o:
- Poxa, Hagrid! Eu numa situação dessas e você ri?! Me ajuda!
- Ajudaria se tudo o que falei não fosse uma grande mentira para lhe acordar... – Revelou Hagrid, às gargalhadas. Harry, fazendo-se de sério, falou:
- Que susto, Hagrid! Existem tantos modos para me acordar, e resolveu utilizar justamente esse?! Foi golpe baixo...
- Mas foi muito engraçado vê-lo preocupado!
- É... Acho que foi... – Respondeu Harry, passando a rir juntamente com o mordomo. Olhando-o sorrir, Harry percebeu o quão enorme era Hagrid: muito alto, bastante robusto, com uma barba enorme, mas bem aparada, e um cabelo um tanto quanto grande preso por um rabo de cavalo. Percebeu ainda que ele era grande demais para caber naquele terno. Acabando com a análise rápida de seu mordomo e grande amigo, perguntou:
- Trouxe o meu café?
- Café? Já passou da hora do almoço, se quer saber. Trouxe a sua comida e o seu suco predileto. – Disse Hagrid, entregando a bandeja a Harry e vendo a cara de satisfação que ele fizera:
- Seu grandalhão... Sabe que não resisto a um suco de morango!
- Sabe que eu conheço todos os seus gostos.
- E também sei que cuida de minha família desde que meu pai ainda era adolescente. – Acrescentou o rapaz, sorvendo um gole do suco enquanto deliciava-se com a comida. Mas resolveu mudar de assunto:
- E onde está a garota que veio aqui ontem comigo?
- Uma morena de olhos verdes, muito bonita? Saiu a pouco de seu quarto. Deixou o número de telefone dela num papel, caso queira falar com ela novamente. – Avisou Hagrid, tirando um pequeno papel de seu bolso e entregando ao moreno. Ele somente amassou o papel e continuou comendo. Outra atitude habitual de Harry: nunca telefonar ou decorar o nome de uma garota com quem ficara.
- Mais notícias, Hagrid?
- Seu padrinho veio aqui pela manhã e disse que vem pra cá às 17: 00h. Segundo ele, é algo urgente e de extrema importância.
- Urgente? E de extrema importância? – Repetiu o rapaz, intrigado.
- Pelo o que eu entendi, é algo relacionado às ações das empresas Black & Potter. Deve ser realmente importante para ele ter de conversar com você, Harry. – Falara o mordomo, com ar de preocupado. Harry não se importara muito e, terminando de se alimentar, dissera:
- Não creio que seja tão sério assim, Hagrid. Sabe como Sirius é exagerado.
- Dessa vez, não acho que seja somente exagero. – E pegando a bandeja novamente, continuou – Bem, vou cuidar de meus afazeres, Harry. Nos veremos depois. Tenha uma boa tarde.
- Você também, Hagrid. – Retribuiu o rapaz, ouvindo a porta fechar na mesma hora.
* * * * * * * *
Harry sentia-se um idiota usando aquele terno. Desde pequeno odiava usar, mas todos diziam que era algo que lhe caía extremamente bem. Ajeitando a gravata de seda verde, viu que realmente ficava muito bem vestido daquele jeito; a cor da gravata combinava com a dos olhos, e o paletó preto com os seus negros e rebeldes cabelos. Dando mais uma ajeitada no cabelo, que insistia em cair sobre os olhos, desceu as escadas correndo. Sabia que seu padrinho, Sirius, já o esperava na sala.
- Está 15 minutos atrasado, Harry. – Observou um homem de cabelos longos, mas muito bem penteados. Era extremamente elegante e muito charmoso para um homem de 50 anos.
- O senhor e a sua pontualidade excessiva, padrinho. Já estou aqui, não? – Brincou o rapaz, dando um abraço caloroso no homem, que retribuiu com um sorriso no rosto.
- É, já devia ter me acostumado com a sua seriedade em relação aos compromissos... Que é quase nenhuma, diga-se de passagem.
- Ora, Sirius, não fale assim. Até vesti um terno para lhe receber!
- Estou vendo... Estou vendo... E isto é muito bom. Quero lhe levar para um lugar e creio que se vestiu para a ocasião. Já sabe do que se trata? – Indagou Sirius, vendo a cara risonha do afilhado. Não, ele não sabia.
- Sinceramente? Não. Soube somente que queria conversar comigo.
- Então venha. Vamos até o meu carro, no caminho te explico o que está acontecendo. – E indo até uma BMW prata conversível, saíram da mansão dos Potter. Harry já ia acender um cigarro, quando Sirius o impediu, alertando:
- Isto um dia irá te matar, sabia?
- Enquanto não me mata, posso aproveitar um pouquinho. – Brincou Harry, mas Sirius não estava para brincadeiras. Tomou o cigarro imediatamente das mãos do moreno e amassou, jogando janela a fora:
- Sempre vai levar as coisas assim, na brincadeira?
- A vida é muito curta pra ser levada a sério.
- E se torna mais curta ainda se a levarmos só na brincadeira.
- Sirius o quê você quer de mim? – Perguntou Harry, impaciente.
- Quero que você se torne mais responsável, mais maduro. Harry, você já tem 26 anos, desde os 23, quando você se formou em Administração, que não se interessou por mais nada! – Reclamou Sirius, acelerando ainda mais o carro.
- E o quê poderia me interessar, por exemplo?
- A empresa que eu e seu pai construímos, a nossa empresa! Harry, sua vaga está lá, lhe esperando!
- Pois que continue a esperar! – Gritou Harry, irritado e com ar debochado. Sirius freou o carro bruscamente e olhou Harry de um modo surpreso. De surpreso, passou a zangado e logo começou a falar:
- Sabe quantos anos levamos pra construí-la, Harry? O quanto os seus pais e eu nos empenhamos, lutamos e passamos para erguer a Black & Potter e torná-la uma empresa bem sucedida de equipamentos esportivos? Harry, você está menosprezando 28 anos de trabalho duro e, principalmente: jogando fora os sonhos de seus pais. Se Lílian e James o vissem assim, ficariam decepcionados, assim como eu.
- Mas Sirius, eu...
- Nada de “Mas Sirius”! Há anos que você só tem se empenhado em gastar a fortuna de seus pais, enquanto eu e Lupin temos dado um duro danado por lá! Vive em farras, orgias, comprando coisas, namorando uma garota após a outra... Harry, a vida não é só diversão! E está na hora de você saber disso.
Após falar tudo isso para o moreno, um silêncio atormentador surgiu entre os dois. Até que Sirius continuou a dirigir o carro; Harry ficou calado, olhando para a paisagem. Estava pensando... Digerindo aquelas palavras que seu padrinho lhe dissera. Sabia que era verdade. Tinha sentido o tom de decepção na voz dele, e ainda a raiva e a surpresa; realmente, estava na hora de criar responsabilidade e se interessar, finalmente, pelos negócios da família. Sempre adiava este momento, mas agora... Agora sabia que aquele era o momento certo para tomar a frente das empresas Black & Potter. Sirius viu a cara de arrependido do afilhado e continuou:
- Desculpe-me se te ofendi de algum modo, mas... Alguém precisava lhe dizer a verdade. Harry, os demais acionistas da Black & Potter estão querendo te demitir da empresa!
- O QUÊ?! – Gritou Harry, surpreso. – Como podem demitir o vice-presidente da empresa? E o pior: eu NUNCA fui pra lá!
- Justamente por isso, Harry. Você não se interessa por nada da empresa. Todo dia recebemos a notícia de que você esteve em festas, farras, restaurantes, viagens... Sendo que você nunca foi ocupar o cargo que é seu por direito. Harry, ou você começa a trabalhar amanhã mesmo... Ou você será demitido. – Explicou Sirius, sério. De repente, ao ver um enorme prédio, dissera com um leve sorriso no rosto: - E é aqui que você irá começar!
- E o que tem a entidade beneficente da mamãe com tudo isso que você me falou? – Indagou Harry, curioso ao ver Sirius entrar com o carro na garagem do prédio. Ele parecia bastante familiarizado com o lugar.
- Harry, antes de você começar a assumir o seu lugar no Black & Potter, você necessita trabalhar aqui. Você sabe que aqui, cuidamos de pessoas carentes ou com deficiências físicas; em geral, essas pessoas possuem algum dom... Algum talento que as fazem ocupar o tempo por aqui.
- Disso eu sei muito bem, Sirius. Pra isso que este lugar é tão grande e bem equipado. Mas continue!
- Se você mostrar-se interessado por este lugar, batalhar por ele, torná-lo melhor e mais eficiente do que já é, sua imagem vai melhorar perante aos acionistas e a toda sociedade.
- E assim eu vou poder ocupar sem problema algum o meu cargo na Black & Potter! É isso, não? – Completou Harry, animado. Quando pequeno, ia até aquele lugar com sua mãe. Era muito legal e as pessoas que trabalhavam por lá eram boníssimas. Não ia ser tão difícil assim.
- É sim, Harry. Mas...
- Sempre tem um “mas”! – Falou Harry, revirando os olhos. Sirius fingiu não ter sido interrompido e prosseguiu:
- Mas deverá tornar-se responsável daqui em diante. Nada de farras e festas por um bom tempo, Sr. Harry James Potter! – Falou Sirius, percebendo a careta que o afilhado fizera. Ele reclamou:
- Mas Sirius! Isso não pode! Assim você quer acabar comigo, não?
- Ou é assim ou você perde seu lugar na Black & Potter. Faça sua escolha. – Ouvindo isso, as feições de Harry tornaram-se pensativas. Minutos depois, Harry chutou o ar, com raiva, e dissera:
- Tá, tá certo! Tudo bem! Eu vou me dedicar inteiramente a esse trabalho.
- Eu sabia que você ia fazer a escolha certa! – Comemorou Sirius, abraçando o afilhado. Afastando-se dele, declarara:
- Venha, vamos passear pelas dependências daqui.
* * * * * * * *
Harry, passeando por toda a instituição, acabara se perdendo. Não sabia que haviam aumentado o prédio. E agora que seria ele quem cuidaria de tudo por ali, teria de se inteirar de tudo. Mas não podia pensar muito nisso, agora; tinha acabado de descer uma enorme escadaria, e a cada degrau, a escuridão aumentava. Eram apenas 18: 30h, mas o local era muito mais escuro que o normal. Ao perceber que os degraus haviam acabado, gritou:
- Tem alguém aí?
O silêncio foi a sua resposta. Olhava para todos os lados, mas só conseguia enxergar a escuridão. Ao olhar para cima, percebeu que uma parte do teto daquele lugar era constituído de vidro; podia se ver a lua cheia, apesar de ser muito cedo. Gritou novamente:
- Tem alguém aí?
Novamente o silêncio foi a resposta que obteve. Zangado, gritou aquilo que estava engasgado em sua garganta:
- Isso é injusto!
- A vida é injusta. Já devia saber disso. – Respondeu uma voz doce, musical, feminina. Harry, assustado ao ouvir a voz, perguntou:
- Quem é você? Onde está? Por que não falou nada quando eu perguntei se havia alguém?
- Quantas perguntas... – Admirou-se a voz, ainda doce, mas com um ar zombeteiro.
- Quem é você? – Insistiu Harry, intrigado. Tinha que saber quem era dona daquela voz tão acalentadora.
- Necessita tanto assim saber quem eu sou? – Continuou a voz, com o ar de zombaria.
- QUEM É VOCÊ? – Vociferou Harry. A garota pareceu ficar assustada, devido ao tom de voz.
- Está nervoso demais, sabia? Olha, posso não saber do que se trata, mas não é bom descontar a raiva que sente em pessoas que nada tem a ver com ela!
- Me desculpe... É que... É que eu só quero saber quem você é. – Harry falou sem jeito, envergonhado. Há tempos não ficava assim. A dona da voz sentiu a vergonha do rapaz somente no seu tom de voz, e respondeu: - Eu sou só uma garota... Uma garota dotada de sentimentos, sonhos, qualidades e defeitos. Só.
- Engraçadinha! Quero saber o seu nome. – Falou Harry, risonho com a resposta que recebera. Ela também riu, e disse.
- Faça as perguntas certas e eu as responderei como devem ser respondidas.
- Ok... Então, diga-me seu nome!
- Sinto muito... Essa é uma das muitas perguntas que não posso responder... Pelo menos por enquanto. – Revelou a garota. Harry percebeu que ela se aproximava dele, pois sentiu um cheiro floral invadir-lhe as narinas. Ao inalar aquela fragrância, sentiu-se entorpecido. Tentando parecer indiferente ao cheiro, continuou com as perguntas:
- Mora aqui? Se sim, há quanto tempo?
- Moro sim. Desde que me conheço por gente. – Harry sentiu o entorpecimento novamente, significando uma aproximação maior dela perto dele. A voz doce e provocante dela acordou-o do entorpecimento:
- Agora é minha vez de fazer as perguntas. Quem é você?
- Eu... Eu... Eu sou... – Harry não sabia o motivo de gaguejar tanto. Talvez porque não tivesse a resposta para esta pergunta. Ela zombou:
- Creio que alguém aqui não sabe quem ele próprio é!
- É óbvio que sei. É que... – Mas um apito soou no lugar e a garota pareceu assustar-se. Ela avisara bruscamente:
- Você tem de ir embora.
- Por quê? – Harry não queria abandonar a dona daquela voz. Tinha que conhecê-la, tocá-la, abraçá-la... “Harry, nem ao menos viu a garota e já está pensando nisso?!”.
- Tenho de sair. Saio sempre nesse mesmo horário.
- E quando posso lhe ver novamente? – Perguntou Harry. Ficou com medo de essa ser uma das muitas perguntas sem resposta. Ela pareceu rir, e falou:
- Amanhã pode ser?
- Claro! Que horas? – Harry ficara contente pela resposta. Contente demais, ele observou.
- Se quer conversar mais comigo, tem que ser uma hora mais cedo. – Dissera a garota de um jeito firme demais. O apito soou novamente, e Harry perguntou:
- Posso ver seu rosto?
- Um dia, quem sabe...
- Quando, exatamente? – Desta vez, Harry obteve novamente o silêncio como resposta. Ela já tinha ido embora.
* * * * * * * *
N/A: Olá, gente! Esta é mais uma fic minha. Me deu um surto, resolvi criar. Espero que curtam, tou tendo altas idéias pra ela. Comentários são bem-vindos, votos muito mais.
Thamis No mundo ........: Eis o capítulo. Espero que goste. Estou contando com você! Beijos!
Carpe Diem
Hannah B. Cintra
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