Um nome



Capítulo 5 – Um nome






Quando chegara em casa, a primeira coisa que Harry fez foi tomar uma ducha. E com a água bem gelada. Não tinha a menor idéia de como havia se controlado ao tocar o corpo dela... Daquela garota misteriosa e cativante. Ela tinha o corpo mais escultural que já havia tocado! Sinceramente, não sabia de onde tinha tirado sanidade, controle ou puritanismo para não ter avançado os toques em algo mais ousado... Não sabia mesmo. Logo ele, um perfeito mulherengo, de longos anos de estrada. “Só pode ser a abstinência...”, pensara ele, enquanto se enxugava. Contanto, outro pensamento lhe veio à cabeça: Com a abstinência, ele deveria ter perdido o controle, e não o contrário! Sim, algo havia mudado. Ele não sabia o que era, mas sabia que tinha mudado, de alguma forma. Teria ele adquirido bom senso, afinal?




- Harry? – Chamara Hagrid, entrando no quarto do rapaz e interrompendo seus pensamentos.




- Sim?




- Rony e Hermione estão aqui. Querem falar com você, parece ser algo importante. Mando-os subir?



Harry sorrira ao ouvir os nomes. Estudara com eles desde que tinha 11 anos de idade, quando Sirius o matriculou num internato; desde então, eram seus melhores amigos. Respondeu a Hagrid com alegria:




- Com certeza!




Ao ver Hagrid sair, arrumou-se o mais rápido possível. E minutos depois, ouvira leves batidas na porta, indicando a chegada de Rony e Hermione. Mandou:




- Entrem! – Na mesma hora, Harry sentira um abraço apertado e fraterno envolver-lhe; era geralmente assim que Hermione o recebia, e era sufocante, na maioria das vezes.




- Harry, estava com tanta saudade!




- Sentimos sua falta, cara! – Rony complementara, dando também um abraço forte no amigo, mais caracterizado por batidas nas costas (algo próprio dos homens, deve-se observar).




- Eu que o diga! Pensei que fossem se radicar na França d’uma vez, sem me avisarem!




- Bem... É exatamente sobre isto e outras coisas que queremos falar com você. – Dissera Rony, com a voz falhando e coçando a cabeça. Era um rapaz alto, desengonçando, mas muito charmoso; tinha cabelos ruivos, olhos azuis e sardas espalhadas pelo corpo. Hermione estava abraçada a ele. Era bonita, tinha a estatura mediana, belos cabelos e olhos castanhos e um jeito analisador, observador e, ao mesmo tempo, meigo. Harry, ainda com um sorriso no rosto, encorajou:




- Podem falar!




Hermione, então, olhou para Rony e lhe mandou um sorriso, numa espécie de apoio. O ruivo, mais confiante e alegre, anunciara olhando de uma forma penetrante para os olhos verdes do amigo:




- Vamos nos casar, Harry. Não é demais?




Harry, durante alguns segundos, manteve o enorme sorriso que tinha no rosto. Mas logo que assimilara a notícia, adquiriu uma postura séria e, incrédulo, indagara:




- Vocês dois vão o quê?!




- Casar, Harry! – Pronunciara-se Hermione, rindo da atitude do velho amigo de infância – Aquilo que as pessoas apaixonadas fazem, onde vão pra igreja, a noiva usa véu e grinalda, os noivos saem num carro amarrado à latas e têm direito à lua-de-mel!




- E queremos que você seja o padrinho! – Interrompera Rony, abraçando-se à Hermione com mais força e dando um beijo em sua face, fazendo-a sorrir ainda mais. Harry, perplexo, desabara sobre sua enorme cama, olhando para os dois de uma forma observadora. O casal achara aquilo estranho e Hermione, de um modo fraternal, perguntou:




- Harry, tá tudo bem? - Tá sim... É que... É que eu tou tentando absorver tudo isso... Todas essas informações.




- E é tão difícil acreditar que seus melhores amigos vão se casar? – Questionou Rony, brincando e finalmente soltando-se de sua namorada e futura mulher, para sentar-se ao lado do amigo. Hermione também fizera a mesma coisa e Harry, então, respondera:




- Não, não é que seja difícil. É só que, de uma hora pra outra vocês dois se mudam pra França sem aviso prévio e passam a morar juntos. Tudo por causa do emprego que Mione arranjou em Paris, de cardiologista. E, de repente, vocês voltam e anunciam que vão se casar, e que eu vou ser o padrinho! Fiquei pensando no rumo que as coisas tomam... No quanto a vida de todos nós pode mudar drasticamente.




- Vendo por esse lado, até que eu te entendo, Harry. Quem diria que eu iria pedir Mione em casamento... A garota que mais me repreendia e brigava comigo! – Exclamou Rony, com um sorriso maroto nos lábios. Hermione, fingindo-se de ofendida, deu um leve tapa no ombro do namorado, explicando-se:




- É, mais você era um legume insensível, na época! Nem sei como nos tornamos amigos...




- Eu sei: porque eu sou um rapaz maravilhoso, bonito, inteligente e gente fina que conseguiu juntar vocês dois e formar o melhor trio de amigos já existente no mundo, aos 11 anos de idade! – Objetou Harry, convencido, fazendo Rony e Hermione pegarem dois travesseiros em sua cama e lançarem contra ele, dizendo em uníssono:




- E nem um pouco modesto, deve-se ressaltar! – E após uma curta briga de travesseiros, Rony e Harry passaram a fazer cócegas em Hermione. Contanto a brincadeira não demorou muito e os três esparramaram-se na cama de Harry, cansados e contentes. Era visível a felicidade dos três amigos de infância; Harry, finalmente, perguntara:




- Quando vai ser o casamento?




- Daqui a dois meses. O convite formal está lá embaixo, entregamos a Hagrid. – Dissera Rony. Curioso, insistiu:




- Vai querer ser o padrinho ou não?




- Lógico que vou! Eu que uni vocês dois, não podia ser menos do que isto, não é?




- “Eu uni vocês dois”, coisa nenhuma! Você teve uma ajuda desconhecida, e que também vai nos apadrinhar! – Interrompeu Hermione, séria. Harry, estranhando, questionara:




- E quem seria essa pessoa?




- Minha irmã. – Respondeu Rony tranquilamente, de olhos fechados e pondo as duas mãos sob a cabeça. O moreno continuava a estranhar:




- Não sabia que você tinha uma irmã. Pra mim que seus pais só tinham tido homens, e que você era o mais novo dos seis.




- Pra falar a verdade, são sete irmãos. Ginevra é a caçula, o xodó da família. – Completou Hermione. Harry, voltando-se para Rony, perguntara de um modo indignado:




- E por que você nunca a apresentou para mim?




- Para ela fazer parte da sua enorme lista de conquistas, Harry? Nem pensar!




- Ei! Eu não sou tão mulherengo quanto você pensa!




- Não é o que os tablóides dizem, nem o quê Hagrid afirma e muito menos o que nós vimos e vemos... – Falou Hermione, quase cantarolando, jogando este fato na cara de seu amigo e fazendo-o se desarmar




. - É verdade. Desde os tempos do colégio você era o garoto mais popular e cobiçado pelas garotas. Era uma diferente em cada mês, talvez até duas, caso pudesse!




- É... Vocês têm todas as provas, me pegaram de jeito. Tenho de confessar, cometi estes crimes. Prendam-me! – Brincou Harry, sem jeito e oferecendo seus pulsos para Hermione:




- Engraçadinho! Eu devia mesmo te prender, sabia? Assim, deixava de ser tão galinha! - E levantando-se da cama, sua amiga completara:




- E acho melhor irmos logo, Rony. Não podemos nos atrasar pro jantar na casa de sua mãe.




- É mesmo. – Dissera o ruivo, ajeitando-se – Harry, não quer vir com a gente?




- Vai ter aquele bife à milanesa maravilhoso que só sua mãe sabe fazer? – O moreno perguntara a Rony, com uma cara faminta e curiosa.




- Com certeza!




- Então vamos! – E os três amigos, abraçados um ao outro, saíram em direção à casa dos pais de Rony, do mesmo modo que faziam quando tinham 11 anos de idade...






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Quando Harry chegara à casa da família Weasley, sentira-se como se fosse aquele adolescente magrelo e rebelde novamente, que passava parte das férias ali; sentira-se como se estivesse retornando à sua família; sentira-se em casa. Com um sorriso enorme e ainda acompanhado de seus melhores amigos, entrou no enorme casarão. Olhou a sala e percebeu que ela continuava com o mesmo ar de sempre: aconchegante. Os móveis já não eram antigos, como os de anos atrás, e sim modernos e confortáveis. A lareira estava acesa, aquecendo o local do costumeiro frio que fazia em meados de novembro. Variados quadros e porta-retratos adornavam a estante e a parede do local, mostrando cada componente da família Weasley. “Será que eu encontro a foto da irmã de Rony num destes porta-retratos?”, pensou Harry, que nunca olhara com atenção todas aquelas fotografias. Contanto, sua pergunta não pôde ser respondida a tempo, pois um abraço enorme e acolhedor o envolvera, desanuviando seus pensamentos:




- Harry, querido, quanto tempo! Estava com saudades de você, meu filho! – Dissera uma mulher baixa, de cabelos ruivos e sorriso tranqüilizador. Era a Srª. Weasley, mãe de Rony e de seus outros irmãos. Sempre tratara Harry com enorme carinho, como se fosse mais um de seus filhos, e ele retribuía com enorme prazer e gratidão. Afinal, os Weasley sempre lhe ajudaram e apoiaram no que puderam, sempre que ele precisava. Sem contar no quanto ele ficava admirado pelo fato dos Weasley conseguirem criar tão bem todos os filhos, apesar do dinheiro quase que escasso e da vida tão dura que tiveram. Era realmente impressionante.




- Estive meio ocupado por estes dias, Srª. Weasley.




- E emagrecendo, pelo que vejo. Está muito magro, meu filho! Tem comido direito? Já foi ao médico este ano? Está se sentindo bem, meu querido?




- Molly, deixe Harry em paz, meu amor! O menino está ótimo, como sempre! – Falou uma voz divertida e imponente, que fez com que Molly desse um último sorriso ao rapaz e fosse em direção à cozinha. Era do chefe da família, o Sr. Weasley. O pai mais diferente, e, ao mesmo tempo, legal que Harry já conhecera.




– Como vai, Harry? Soube que está trabalhando no Instituto Lílian Potter...




- É verdade, Sr. Weasley. Sirius praticamente me obrigou, mas até que estou gostando. – Respondera Harry, coçando a cabeça, sem jeito. O Sr. Weasley, com um sorriso, continuara:




- É bom saber disso, Harry! Fico contente por saber que está tomando jeito! – E passou o braço por sobre o ombro do rapaz, guiando-o até a cozinha. – Já viu minha garotinha por lá?




- Sua garotinha? Quem? – Indagou Harry, sem saber de quem o Sr. Weasley falava. Contanto, não foi ele quem respondeu, e sim dois ruivos altos e muito parecidos um com o outro, em uníssono:




- A nossa irmãzinha. Olá, Harry!




- Er... Oi Fred, oi Jorge. – Cumprimentara Harry, confuso. Não esperava encontrar a irmã de seu melhor amigo no Instituto. Perguntou a Fred, de modo incrédulo:




- Ela trabalha por lá?




- Sim, como professora de piano. Vai me dizer que nunca ouviu falar de Ginevra Molly Weasley? Ela é a pessoa mais conhecida de lá! – Respondera Fred, abismado, sem largar o jeito brincalhão característico dele e de seu irmão gêmeo. Harry, então, lembrara-se do sobrenome da professora de piano: Weasley. Como não havia percebido que era o mesmo sobrenome da família que tanto adorava? Ele lembrara-se que a tinha visto de costas, ao longe, e o cabelo ruivo era a prova concreta de que ela era filha de Arthur e Molly Weasley. Com um sorriso, respondera:




- Já a vi por lá, sim. Ao longe, somente sua silhueta, mas já a vi. E também a ouvi tocando piano, e é fantástica nas 88 teclas! – Finalmente ele havia descoberto a utilidade daquele piano de armário que estava na sala da casa dos Weasley há tantos anos...




- Sabemos disso e temos um orgulho danado dela. É uma jóia rara... Nosso bem mais precioso. – Falara Sr. Weasley, com orgulho e muito carinho. O olhar estava distante, como se estivesse pensando no rosto da filha.




– O rapaz que namorá-la será um rapaz de muita sorte. Garotas como ela são uma em um bilhão! Uma em um bilhão! – E com um riso contagiante, o Sr. Weasley abraçara Harry, que também esboçara um sorriso. Escutara o Sr. Weasley segredando em seu ouvido – Fico contente de saber que você está por lá... Além de aprender a lidar com o “pesado”, poderá cuidar de minha princesinha para mim.




- Harry, Arthur, o jantar está na mesa! Venham comer enquanto está quente, depois vocês continuam a conversa. – Falou Srª. Weasley com autoridade, e Harry, então, foi procurar um lugar na enorme mesa dos Weasley, sentando-se entre seus melhores amigos. Assunto para uma boa conversa nunca faltava, a boa comida de Molly Weasley apetecia o sentido de todos e um delicioso vinho tinto complementava tudo. E Harry, ao olhar e participar daquele clima tão divertido e acolhedor, percebera o quão fácil aquela família o fazia sentir-se parte dela... O quanto que aquela família o fazia sentir-se sempre em casa.






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- Você está aí? – Perguntava Harry pela 5ª vez, andando a esmo por aquele porão. Chegara atrasado meia-hora, devido a enorme quantidade de trabalho que tivera naquela sexta-feira, e começara a pensar que ela não tivera paciência o suficiente para esperar-lhe:




- Vamos, diga logo onde você está! Quer que eu peça desculpas pela demora, é isso? Harry tentava sentir o cheiro floral que sempre entorpecia. Contanto, não conseguia senti-lo, sendo que ele era capaz de reconhecê-lo a metros de distância. Andava, tropeçava, e nada de sentir a presença que tanto alegrava seu dia, por mais duro ou chato que ele estivesse.




- Ficaria contente se pelo menos ouvisse você ralhando comigo, ou zombando de mim... Porque já não consigo ficar um dia ser ouvir o timbre de sua voz. – Harry falou, desanimado, desistindo de procurá-la. Já ia subir as escadas quando ouviu algo que o fez desistir da idéia de ir embora.  












 Harry queria ouvir a voz daquela garota. Contanto, o piano já era um bom substituto. Significava que ela estava ali. E para ele, isto bastava. Ficou parado no fim da escada, escutando cada nota musical com atenção, deliciando-se com o enorme talento que aquela garota possuía ao piano. Até que finalmente ele escutou o que mais queria: a voz da pianista.




- Harry, não vá embora. Por favor. – Era em tom de súplica. Um sussurro em tom de súplica. - Não sabe o quanto é bom ouvir sua voz.




- Não sabe o quanto é boa a sua presença.




Ele resolvera seguir o som da sonata que ela tocava e, dentro de alguns instantes, encontrava-se encostado na cauda do piano, sentindo a intensidade com que aquela garota tocava nas teclas. Perguntara, ansioso:




- Por que não respondeu quando te chamava?




- Estava chateada pelo fato de você ter se atrasado. Pensei que... Que tinha desistido de mim. Mas quando percebi que você iria embora, não agüentei fingir que estava indiferente. – A voz dela soou triste e continuava na intensidade de um sussurro.




- E por que eu desistiria?




- Não sei... Bobagem minha. Creio que estou criando muitas expectativas em cima de você... Que estou me tornando dependente de sua companhia... De seu timbre, de seu cheiro...




- Acreditaria se eu dissesse que isso é algo recíproco? – Dissera Harry, percebendo que algo estava errado com ela. Estava triste, desanimada. E ele não gostava nem um pouco disso.




- Sempre acredito em você.




E a pianista continuava com a tocar com perfeição, como sempre fazia. Harry, com um sorriso, aproximou-se dela e segredou-lhe ao ouvido, fazendo-a se arrepiar:




- Não devia acreditar em tudo que digo. Costumo ser mentiroso e traiçoeiro, às vezes.




- Sei que não o é comigo. – Respondeu ela, segura, mais firme e alegre.




- Como pode ter tanta certeza? – Ele segredara novamente ao ouvido da garota, só que num tom mais curioso, mais surpreso devido à resposta.




- Porque sinto. Sou bastante intuitiva e a minha intuição não costuma falhar. Você, por exemplo, me transpassa confiança, sinceridade. E tudo isso mistura-se com insegurança. Sei que é um paradoxo você confiar em alguém e, ao mesmo tempo, não sentir-se segura ao lado dela... Mas gosto disso. Gosto de nem sempre saber que atitude você vai tomar, gosto quando você atiça minha curiosidade e gosto de saber e sentir que posso confiar plenamente em você. Harry ficara mudo ao terminar de ouvir. Ela era incrível em todos os sentidos, até mesmo nas explicações e respostas que ela nunca deixava de dar. Com um sorriso, falou, finalmente:




- Nunca desistiria de você.




- Não sabe o quanto isto me acalma.




A sonata, a cada momento, tornava-se mais complexa, mais bela. Harry perguntava-se internamente se ela era a Profª. Weasley e, conseqüentemente, irmã de seu melhor amigo. Entretanto, ele necessitava de mais informações sobre aquela pianista tão fantástica. E isto era o que ele menos possuía sobre ela: informações.




- Posso te visitar amanhã? - Sempre passo os finais de semana na casa de meus pais.




- Só posso te ver segunda, então? Isto é injusto! – Harry falara com voz de muxoxo, fazendo com que a garota sorrisse levemente, contrastando com a música.




- A vida é injusta.




- Até demais! – Harry falara de um jeito sarcástico e divertido, fazendo a pianista rir mais uma vez.




- Eu sei disso melhor que ninguém...




- O que quer dizer com isso, mocinha?




- E mais uma vez, Harry, você me faz uma pergunta que não posso responder. – Ela falara, ao tocar as últimas notas da sonata. E quando chegara-se ao ponto de não ouvir-se mais nada naquele enorme porão além da respiração descompassada dos dois, devido à proximidade em que se encontravam, Harry dissera:




- Gostaria de fazer algo com você...




- Que seria...? – Gina perguntara com uma voz trêmula, desconfiada. Harry assegurou:




- Não é nada demais. Juro. E quando percebeu que ela estava mais confiante, Harry pegou-a no colo e colocou-a em suas pernas. Ao ver que ela estava acomodada, de frente para ele, aconchegou-a num abraço, passando levemente sua mão forte e larga nas costas macias da pianista, aquecendo-a e tranqüilizando-a, enquanto a outra acarinhava os cabelos sedosos da pianista. Uma das mãos dela estava envolta em seu pescoço, enquanto a outra repousava no tórax. Ele podia sentir a respiração quente em seu pescoço, e o cheiro entorpecente e floral dela invadir-lhe as narinas. Podia ainda sentir o cheiro de lavanda dos cabelos lisos que ela possuía. Sim, definitivamente não havia coisa melhor do que aquilo. Podia ficar horas assim, sentindo o corpo dela muito perto do seu e o cheiro que ele tanto gostava. Podia ficar a vida inteira assim, que ele não daria a mínima.




- Harry?




- Hum? – A musicalidade da voz da pianista fizera Harry despertar do entorpecimento que aquela fragrância sempre tinha o poder de causar.




- Como eram seus pais?




- O quê?! – Harry indagara, com um certo ar de incredulidade. Ninguém nunca tinha lhe feito aquela pergunta, e ele sempre a evitara. Apesar deles terem morrido há muito tempo, era algo que ainda mexia muito com Harry. E aind por cima, ela parecia saber disso. Quem lhe contara?




- Sei mais coisas sobre sua vida do que você possa imaginar, Harry. - Ela respondeu ao pensamento dele, já que praticamente sempre os adivinhava. - E veja bem, não quero saber como eles eram na forma física, mas como eles te tratavam... Como eram com você. – Ela falara tudo com uma voz angelical e inocente, o que fizera Harry desarmar-se completamente. Naquele momento, sentindo seu cheiro e seu corpo perto demais de si, ele falaria até seus segredos mais obscenos e sórdidos.




- Eram as pessoas mais legais desse mundo. Minha mãe era uma pianista excelente, assim como você. Talvez até um pouco menos talentosa, mas, ainda assim, muito boa. Lembro que, quando eu tinha pesadelos, não conseguia mais dormir; ela, então, me acalmava, acarinhava meus cabelos assim como estou fazendo com você e, logo depois, me levava para sala, para tocar piano. Ela me dizia quais teclas eu ia utilizar para fazer a parte grave da música, enquanto ela fazia o solo. Papai, então, acordava com a canção e juntava-se a nós na nossa bagunça. – Harry falava tudo isso com um enorme sorriso no rosto, e logo estava com os olhos marejados, emocionado. A garota sorrira juntamente com ele, e percebera o quão difícil era para ele ter de aceitar a morte dos pais. – Era engraçado, sabe? Eles não se chateavam com facilidade. Por vezes me mimavam, em outras me castigavam... Conseguiam unir o útil ao agradável, sempre. E se amavam de uma forma... Ah, quisera eu um dia ter a felicidade de encontrar um amor tão verdadeiro e recíproco como o deles!




E com um suspiro longo e desanimado, Harry beijara a fronte da garota, com os lábios trêmulos. Ela sorria, numa forma de animá-lo, e pediu com carinho e paciência:




- Continue.




- Bem, depois do acidente, Sirius passou a cuidar de mim. É o meu padrinho e meu segundo pai... Sempre foi muito protetor, rígido e, às vezes, me mimava demais, numa tentativa de suprir a falta que os meus pais faziam. Tentativa que não obteve muito sucesso, devo ressaltar. Mas foi ele quem me criou, praticamente. Foi Sirius quem fez com que eu me tornasse no homem que sou hoje... Se sou sarcástico, protetor ou muito chato, pode ter certeza que é algo herdado dele! – Harry sorrira ao dizer isso – Eu o admiro muito. Não sei o que seria de mim sem ele.




E logo o silêncio novamente tomara conta do porão, deixando com que somente a respiração dos dois fosse audível. Porém, novamente a voz doce da pianista fizera Harry despertar do entorpecimento e do carinho que ela lhe emanava:




- Harry?




- Hum?




- Gina.




- O quê?! – Harry estranhara ela dizer aquele nome. Ouviu, então, o ruído do sorriso dela:




- Meu nome. É Gina.




Ele abrira o maior e melhor sorriso que poderia ter.




- Finalmente... Um nome. Seu nome. Gina...




- O quê acha dele?




- Sem dúvidas, a palavra mais bonita e doce que já pronunciei.




Gina o abraçou com mais força ainda e Harry retribuíra. Como adorava aquela garota! Ouviu um apito soar naquele local, o mesmo apito que ouvira no dia em que a conhecera. Perguntara, num sussurro temeroso:




- Não vai embora agora, vai?




- Creio que o jantar pode me esperar mais um pouco... – Dizia Gina com a voz divertida, fazendo Harry alegrar-se. E assim continuaram, sentados naquela banqueta, com Gina no colo de Harry, abraçados, na mais total escuridão, por um tempo indeterminado, incontável. Mas nenhum dos dois se importava. Podiam continuar a vida inteira assim, que não dariam à mínima. Não mesmo...









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N/A: Oi, gente! Estava com saudade de vocês! Desculpem a demora, mas realmente estou cheia de trabalhos. Sem contar que, pela primeira vez, vejo que vou ficar em recuperação numa matéria: Física. Mas fora isso, está tudo bem. =) Gostaram da capa? Tá simples, eu sei, mas foi o melhor que eu pude fazer! xD Bem, vamos às respostas dos comentários.




-Melissa-: Ah, muito obrigada por estar gostando! Já passei em seu blog, e é muito bom. Eu também tinha um, mas por motivos os quais não posso revelar, o deletei. =/ Depois comento nele, viu? Beijos!




Carolina Villela Good God: Obrigada pelos elogios! Espero agradar ainda mais! Realmente, os dois estão se tornando mais companheiros. Não gosto muito quando os dois avançam o relacionamento de uma hora para outra, sem nem ao menos se conhecerem direito (e olha que já vi isso em muita fic...). Agora, não posso prometer postagens rápidas. Estou realmente cheia de coisas pra fazer e textos para estudar, creio que só nas férias poderei postar com mais freqüência. Ah, e eu não curto prévias... A gente fica querendo mais e... Sei lá, perde um pouco da surpresa que a gente ia ter no capítulo. Mas valeu a idéia! Abraços




Gah Aluada: Muito obrigada pelos incentivos e elogios, viu, apressadinha? Hauahauahaua (adoro o fato de você estar amando a fic *_*) E sim, é muito bom ouvir isso de um garoto. Eu ouço isso do meu namorado quase sempre... =P (Não é pra fazer inveja nem botar brasa na sardinha dele, mas é a verdade... HeHe) Mas é uma pena que a maioria dos guris de hoje em dia não sejam mais tão românticos e sinceros... Bem, no mais, continue acompanhando e me incentivando (Não devia confessar isso, mas adooooro quando você pede pr’eu postar mais... Hauahauahau)




Fl4v1nh4: Sim, minha querida, Six está com câncer. =( Agora, se ele vai se tratar ou não... Bem, não posso dizer. Gina vai batalhar muito pra ganhar o concurso, pode ter certeza. E Harry... Er... Não sei dizer se ele vai deixar de ser tapado logo, mas que ele ainda vai tentar descobrir quem é a Gina, isso ele vai! ;D Demorei mesmo, e pedido feito, pedido cumprido: postei! Beijos!




Issis: Que bom que adorou! Capítulo está postado, viu? Até mais!




Patty Black Potter: Patty, amoreh, tava com saudades de você! Desculpa o descaso, mas é que tou cheia de coisa pra fazer... Estou sobre pressão psicológica aqui em casa e no colégio! xD Mas vou tentar ficar “na ativa”, ok? Hauahauhauahu, essa foi a parte do capítulo que eu mais gostei, sabia? Harry admirando Gina numa forma nada discreta... HeHe Como nos velhos tempos, “A gente se vê por aqui!” Huahauahau Abraços!




Mia Linton: Oi, leitora nova! Ansiosa pelo próximo capítulo? Bem, aqui está ele! Demorou, mas veio! =P Valeu pelos elogios e continue lendo, ok? Beijos!




Ana Cláudia da Silva: Obrigada! É, a doença do Sirius foi algo meio chato de se ler, eu sei... =/ Bem, mas pode ter certeza que Gina se dedicará para passar no teste! Beijos e até a próxima!




Dani W. Potter: Pediu e recebeu! Capítulo 5 postadíssimo, aproveite! Abraços!




Carpe Diem




Hannah B. Cintra

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