Ao estilo D4



Depois de embarcarem na carruagem, não demorou muito para que Doumajyd adormecesse e deixasse a cabeça pender despreocupadamente no ombro de Mary. Sabendo que nada de mal poderia acontecer estando com os amigos, ela se deixou levar também pelo sono, repousando a cabeça no cabelo bagunçado do noivo.

Desde então ela perdera a noção do que estava acontecendo a sua volta e, só depois do que pareceram dias, ouviu a voz distante de Nissenson a chamando:

- Mary?... Mary, acorda.

Mary abriu os olhos com dificuldade e o dragão esperou pacientemente, até ela estivesse desperta o bastante para entender o que ele falava.

- Olhe ali. – ele apontou para fora da carruagem.

Sem entender, ela, ainda usando a cabeça de Doumajyd como travesseiro, apenas voltou o olhar para o lugar indicado. Como se tivesse recebido uma carga elétrica, ela ficou totalmente acordada e praticamente se jogou para a janela, se esquecendo do dragão que ainda dormia. Este acabou caindo e acordou assustado, enquanto Mary exclamava:

- Mentira!

Sem nem ao menos esperar que a carruagem parasse por completo, ela saltou para fora, não acreditando no que via.

Estavam em Hogsmeade, na tão conhecida praça do relógio, que àquela hora da noite deveria estar deserta. Mas, não só haviam pessoas ali, como elas pareciam estar prontas para uma grande festa de gala.

- Mas o quê...?... Como? – Mary se perguntava perdida, olhando para todas aquelas pessoas conhecidas que sorriam para ela.

Lá estavam não só os seus pais e o irmão, a senhora Doumajyd, Christinne e seu marido, Vicky e seus pais, Summer com Archie Gilmore, a professora Caroline, Sarah Swan, Sharon, o senhor Monagham e as famílias dos outros dragões, como também pessoas da D&M, de Hogwarts, da Academia e famosos da Sociedade Mágica.

- O que é isso? – perguntou Doumajyd, também saindo da carruagem, ainda atordoado pelo sono.

Nissenson desceu na carruagem logo atrás dele e anunciou, somente para que os noivos ouvissem:

- Um casamento produzido pelo D4!

- E agora, que tal você acompanhar suas bruxas madrinhas? – MacGilleain parou atrás de Mary, a empurrando na direção de Sharon e Christinne – Deixe o Chris por nossa conta!

***

Summer começou a tocar a marcha nupcial no piano enquanto Vicky e a professora Caroline conjuravam pétalas cor de rosas que caiam rodando lentamente pelo cenário da Praça do relógio. Sarah providenciara as luzes que deixavam todo o lugar iluminado e mantinha uma luz principal com sua varinha, que direcionava para onde Mary entrava, seguindo o tapete vermelho. Ela era conduzida pelo pai, que não conseguia esconder a emoção e segurava bravamente o choro.

Em menos de meia hora, ela não só fora totalmente produzida por Sharon e Christine, como ganhara um vestido branco pomposo, repleto de detalhes dourados. Na praça, fora montado tudo o que precisariam para a realização da cerimônia ao ar livre. Os convidados, dispostos ao longo do local, estavam todos voltados para a estátua do bruxo a cavalo, onde estava um altar.

- Como a Mary bonita ficou bonita assim?! – perguntou Charles surpreso para a mãe, que apertava a mãos com força, tão nervosa e emocionada quanto era permitido à mãe da noiva ficar em circunstâncias como aquela.

Mary passou pelos convidados recebendo seus cumprimentos e desejos de boa sorte e felicidade, até chegar ao altar. Lá a senhora Doumajyd a esperava, em um resplandecente vestido vermelho, com o filho ao lado, com vestes de gala brancas. Sem dizer uma palavra, a bruxa pegou a mão do dragão e a estendeu para Mary. O senhor Weed fez o mesmo, entregando a noiva para Doumajyd, simbolizando a união das famílias.

Assim, juntos, os dois avançam os últimos passos que faltavam até chegar ao altar, onde o responsável pela celebração da cerimônia os aguardava. Porém, ao pararem diante dele, todas as luzes se apagaram subitamente.

Assustada, Mary olhou em volta, só conseguindo distinguir vultos e ouvindo o murmúrio geral de surpresa. Doumajyd segurou sua mão com mais força para que não a perdesse.

- Vocês dois, parabéns. – disse uma voz.

Então, mais de repente do que quando se foram, as luzes voltaram.

- Ryan?! – Mary e Doumajyd se depararam com ao amigo, no lugar onde antes estava o responsável pela celebração.

- O que você está fazendo? – perguntou Mary surpresa, vendo que ele usava as mesmas roupas que o senhor do qual tomara o lugar.

O dragão olhou bem de um para o outro e então declarou, com um ar sério:

- Acho que, de todas as pessoas desse mundo, eu sou a que não só tem o direito como o dever de ouvir o juramento de vocês.

- Isso não parece com você. – comentou Doumajyd – Pensei que só iria aparecer no final.

Em resposta, Hainault encolhe os ombros, lembrando:

- Não foi o próprio ilustríssimo Chris quem me disse se algo acontecesse, deixaria tudo por minha conta?... – ele sorriu, quebrando o ar sério que mantinha – Desde então, venho pensando no significado de deixar tudo por minha conta.

Compreendendo o que o amigo dissera, Doumajyd sorriu satisfeito. Mary, ao contrário, continuou sem entender, e pediu em tom de reclamação:

- Do que estão falando?

- Não se preocupe, Mary. Uma promessa entre o D4 é mantida acima de tudo. – Hainault tentou tranqüilizá-la – Tudo o que eu quero, é lhes desejar sinceras felicidades, de frente para vocês.

Com aquelas palavras, dois sentimentos de Mary a respeito do dragão deram voltas dentro dela: o de ele ter sido o seu primeiro amor e o amigo que sempre esteve junto dela nesses últimos seis anos; e o buraco que sentira há pouco tempo atrás, quando suspeitara da amizade dele. Sem perceber, seus lhos se encheram de lágrimas, ciente de que nunca conseguiria retribuir tudo o que ele tinha feito para ajudá-los.

- Obrigada, Ryan Hainault. – foi tudo o que ela conseguiu dizer, com um sorriso tremido.

Ao lado do altar, Nissenson e MacGilleain sorriam satisfeitos, como quem havia completara uma missão com grande sucesso. Mary olhou para eles e agradeceu também:

- Obrigada, todos vocês.

- Vamos ter tempo para os agradecimentos, Mary. – disse Hainault – Agora vamos ao que importa.

E, com um estalar de dedos dele, Nana se aproximou, carregando uma almofada. Com dificuldade, ela fez uma reverência torta, e estendeu as alianças para os noivos.

Com os gestos de orientação de Hainault, Doumajyd colocou a aliança na mão de Mary e ela fez o mesmo com ele. E então, o dragão continuou com a celebração:

- Noivo, Christopher Doumajyd, promete sempre estar ao lado de Mary Ann Weed e a fazê-la feliz, mesmo nas dificuldades que enfrentarão ou quando ela estiver tão brava ao ponto de ter que socá-lo para se acalmar?

- Claro que sim! – ele respondeu rápido ao seu modo, e então se corrigiu e disse de forma firme como convinha – Prometo!

- Noiva, Mary Ann Weed, promete estar sempre ao lado de Christopher Doumajyd e fazê-lo feliz, mesmo quando ele diga ou aja de forma estúpida, agindo como um dragão descontrolado?

- Prometo. – ela assentiu, sorrindo.

- Então... que tal selar esse juramento com um beijo? – sugeriu Hainault.

Mary e Doumajyd ficaram de frente um para o outro e se enfrentaram com olhares, como se estivem repetindo os mesmo votos de forma silenciosa, apenas entre eles. Então, Doumajyd a puxou pela cintura e a ergueu, fazendo com que ela ficasse uma cabeça acima dele, e ela, por sua vez, segurou o rosto do dragão e o beijou.

No mesmo instante, os convidados romperam em aplausos e vivas. Summer assoviava com toda a sua força e grita vivas, fazendo com que Archie Gilmore a acompanhasse no seu entusiasmo. Sarah, com a ajuda de MacGilleain, improvisaram um misto de luzes e fogos de artifícios com suas varinhas. Vicky, Nissenson e a professora Caroline também se uniram e fizeram com que as pétalas que conjuravam fossem levadas por um vento e percorresse todos os cantos da praça, caindo depois como uma chuva, junto com as fagulhas dos fogos.

Mary e Doumajyd olharam para todo aquele cenário de festa ao redor deles, com todas as pessoas que testemunharam de perto todas as brigas, confusões e alegrias que os conduziram até aquele dia. Diante do seu casamento, no melhor estilo D4, a única que coisa que Mary conseguiu sussurrar para o noivo, antes de se juntarem a comemoração, foi:

- Inacreditável.

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