O leão e o gato
Foram precisas algumas horas para que eu começasse à pensar no ocorrido e em todas as consequências que o "sim" poderia gerar.
É, agora que eu pensei com calma, me sinto mais idiota ainda, e estou prestes à ter um ataque de histeria.
Não, tudo bem, eu vou fazer isso pela McGonagall, não vou? Vou...?
" Agora você pode curtir seu dia ", dissera ela. Morri de rir. Até parece que alguém conseguiria curtir o dia sabendo que teria de virar amiga de Draco Malfoy!
Isso é... é... nojento. ELE é nojento. E nós não combinamos e ponto final. Não é?
Mas que droga, estou ficando maluca. E, se não parar de ter esses devaneios agora, esses primeiranistas idiotas aqui do lado vão ficar com medo de mim (sim, eu resmungo sozinha, herdei da minha mãe).
Respirei fundo. Relaxe, Hermione, repeti para mim mesma pela décima vez aquela noite ― Sim, noite! 7 horas da noite e eu ainda não pensei em NADA, absolutamente NADA! A idéia convencional de chegar para Malfoy e falar " Hermione Granger, muito prazer " parecia muito ridícula, à menos que dissesse " Hermione Granger, mas pode me chamar de Sangue-Ruim ". Argh!
Uma explosão de alguma coisa às minhas costas me fez pular, sobressaltada, e ao virar deparei-me com os gêmeos Weasley. Revirei os olhos, com raiva.
― Jorge! Fred! O salão comunal da Grifinória não é a casa da mãe joana para vocês ficarem testando bombas das Gemialidades Weasley! - Rosnei, encarando mortíferamente de um à um.
Nenhum dos dois pareceu ligar para a minha reclamação. Ao invés disso, Fred (Ou Jorge, difícil saber qual dos dois) subiu na escada e ficou acima de todos, fazendo um ar sério de quem iria comunicar algo importante. Parei para escutar.
― Amigos e amigas da Grifinória ― começou, com voz grossa e pomposa que estranhamente lembrava Percy, o irmão mais velho ― é com muito pesar que lhes informo a morte de : ― e pegou um grande rolo de pergaminho, que se desenrolou e caiu aos seus pés ― Lúcio e Narcisa Malfoy! ― uma bomba explodiu, sua fumaça ficando no formato de um homenzinho de cabeça muito grande e corpo pequeno, com longos cabelos loiros. O homenzinho gritava " Você me paga, Potter! " e brandia a varinha que era maior que ele, no que pensava ser ameaçadoramente. Em seguida apareceu uma mulherzinha de nariz imenso, com uma expressão de nojo, dizendo " Cuidado com o elfo, Lúcio! ". Em seguida, ambos saíam correndo, e uma nova bomba explodiu mostrando duas silhuetas grandes e gordas, que riam e comiam igual à porcos.
À essa altura, todo o salão explodia em risadas, mas eu não achei a menor graça. Cheguei perto deles e falei, entredentes:
― Depois nós combinamos a detenção de vocês dois. ― sussurrei, somente para eles ouvirem. Fred (ou jorge?) continuou com a expressão séria e profissional e respondeu "Sim, senhorita monitora-chefe!"
Comecei a subir as escadas a passos duros e pesados, mas alguém segurou meu braço. Me virei para lançar uma maldição imperdoável quando vi que era Harry, que apesar de estar vermelho de tanto rir, conseguiu se controlar antes de vir falar comigo.
― O que você tem, Hermione? ― Perguntou, enxugando uma lágrima de riso.
Dei as costas e respondi, mais irritada ainda:
― Eu não tenho nada.
E voltei a subir as escadas, meus pés pesando como chumbos. Aquilo me irritou profundamente.
Principalmente porque, pela primeira vez, eu não soube a resposta de uma pergunta.
* * *
O meu despertador era ajustado para tocar às oito nos domingos, mas pelo visto hoje ele tinha quebrado de vez. Acordei nove horas, e olhe lá. Tive que tomar café às pressas, torcendo para que ninguém tivesse chegado à biblioteca ainda ― não que fosse muito preciso, é claro.
É que eu adoro estudar aos domingos. Todos no jardim, enquanto a biblioteca fica vazia e assim se torna o ambiente perfeito ; Silenciosa, confortável, exclusiva.
Eu estava andando pelos corredores, na direção da biblioteca, quando apareceram Parvati Patil e Lilá Brown. Fiquei tentada à me esconder mas, tarde demais, elas já tinham me visto e vinham em minha direção. Coloquei um sorrisão no rosto e falei bem-humorada:
― Oi, Lilá. Oi, Parvati. ― disse.
― Hey, Mione ― falou Lilá, e então ela chegou perto e fez uma cara de quem ia soltar alguma fofoca ― Você soube da última? Dizem que os pais de Draco morreram, assim como os amiguinhos grandalhões dele. Coitado! Acho que ele não merece, tão bonitinho e sexy! ― comentou, dando risadinhas bobas com Parvati no final.
Meu sorrisão escorregou do rosto e eu encarei as duas irritada.
― Eu tenho coisas melhores para fazer do que cuidar da vida dos outros, Lilá, obrigada.
E voltei a andar, ouvindo às minhas costas as garotas sussurrarem " que grossa! ". Tô nem aí.
Cheguei à biblioteca e desejei bom dia para Madame Pince. Olhei ao meu redor e vi, satisfeita, que a biblioteca estava vazia com exceção de uma pessoa que estava sentada na sessão de Herbologia. E, por ironia do destino, essa pessoa era a que eu menos gostaria de encontrar hoje: Draco Malfoy.
Ok, isso é coincidência demais. Porquê, dentre todos os milhares de lugares que aquele castelo possuía em sua imensa extensão, o que ele estava era justamente o que eu gostaria de estar também? Mas que apelação, hein!
Só que trato, é trato. Concentre-se, Hermione.
Caminhei até a sessão de Aritmancia, vizinha à de Herbologia, e peguei "A numeorologia dos nomes" (livro que, cá entre nós, eu já tinha lido e re-lido umas trocentas vezes desde o quinto ano). Observei, pelo canto dos olhos, ele abrir um trabalho da prof. Sprout que, óbviamente, eu já tinha feito.
Então joguei meu livro em cima da mesa em que ele estava e fingi que o estava lendo. Ele levantou ligeiramente a cabeça, desconfiado, e depois voltou à ler com as sobrancelhas erguidas. No fundo, eu me repreendi pela minha chegada estúpida. Vi a questão em que ele estava se debatendo (a qual eu resolveria de olhos fechados) e falei brevemente:
― Pteridospermatophyta são fetos de semente. ― Porquê não ser prestativa ?
Finalmente ele olhou para mim. Não seria o olhar de gratidão que eu merecia mas, ao final das contas, se tratava de Draco Malfoy, não de um garoto normal.
― Eu não preciso de sua ajuda, Granger. ― Rosnou ele, rude e brevemente.
O leão orgulhoso e feroz da Grifinória rugia em meu peito ordenando para que eu dissesse a maior quantidade de expressões sujas que sei, mas ao mesmo tempo um gatinho doce e frágil se sensibilizava com Draco e miava para que eu tivesse mais compaixão. Então eu respirei fundo e resolvi seguir o conselho do gatinho, afinal, eu amo gatos (sim, isso foi uma desculpa esfarrapada pela minha covardia).
― Bem, Draco, eu... sinto muito, pelo que aconteceu com seus pais e com seus amigos. Não, sério mesmo, eu acho que você deve estar super mal e... queria prestar meus pêsames. Se você precisar de ajuda, eu... ― Mas não continuei. Ele me olhava, e seu olhar era tão intenso que me tirou a linha do raciocínio. Sacudi a cabeça, e continuei. ― Acredito que está sendo mais difícil para você do que foi para o Harry... afinal, ele nunca soube como é ter pais, você soube e no entanto os perdeu.
Pelo visto falar em Harry não foi a coisa certa. Ele me olhou com desprezo e se levantou, arrumando os materiais na mochila.
― Ah, é? ― Perguntou, antes de começar à ir embora. ― Sua compaixão não vai mudar nada, Granger.
Esperei algum tempo após sua saída para segui-lo. Sim, seguir Draco Malfoy pelos corredores, estou no fundo do poço... Mas isso não importa agora. O que importa é que eu encontrei ele no corujal, alisando as penas de uma grande coruja cinza. Cinza da cor dos seus olhos, foi a primeira coisa que eu pude reparar. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele me avistou.
― Você está me seguindo agora? ― Perguntou, mais desconfiado do que antes. No nervosismo, eu comecei à gaguejar.
― Eu.. Ahn... Vim mandar uma carta pros meus pais e... ― Mas, antes que eu terminasse, eu estava imprensada na parede por ele. Meu coração batia feito louco.
― A última coisa que eu preciso, Granger ― começou, seu rosto muito próximo ao meu. Eu via seu rosto de uma proximidade que nenhum de nós havia violado antes. Eu sentia o frio que emanava de sua pele, assim como sentia a profundidade do olhar penetrante que ele me lançava ― é de uma sangue-ruim nojenta como você tendo pena de mim.
E, então, eu senti as lágrimas se formarem nos meus olhos. Eu nunca fiz nada pra ele, e ele me trata assim! (com exceção de um certo soco no terceiro ano, mas ele que começou...)
― Não volte à me seguir. ― terminou, por fim, voltando à se distanciar e indo embora.
Tentei correr para acompanhá-lo mas escorreguei em titica de coruja e caí de bunda no chão. Então desabei à chorar. Chorar de dor, não é? De dor, porque caí e doeu ― Ou pelo menos foi disso que eu tentei me convencer naquela hora.
Lágrimas. Ah, lágrimas... naquele dia tiveram uma nova definição : a solidez da minha raiva.
Mas não acaba por aí, não. Enganado é aquele que pensa que Hermione Granger desiste rápido. Draco Malfoy será meu amigo mesmo que isso me custe a vida ― e agora é uma questão de honra.
N.A.: Resolvi editar o capítulo, pois não estava satisfeita com a outra versão ^^ espero que gostem da alteração, ao meu ver esse ficou melhor! Desculpem a demora pra atualizar, eu tava passando por um período pessoal bem chato... Em breve o capítulo 2, conto com os comentários de vocês! :*
Comentários (2)
Por favor continuação pliiiiis!!!
2014-04-09tá, eu não aguentei e vim ler a fic logo, deixando tudo pra depois ushausahsausausahsau sou obrigada a dizer que valeu a pena! acho que é a primeira evz que a Mione tem que ser aiga do Malfoy sem ser por livre e espontanea vontade xD adorei a fic, totalmente. espero que você atualize rápido... beijinhoz ;*
2011-06-08