Os balaços malditos
CAPÍTULO 35 - Os balaços malditos
A cena era terrível. O rosto que surgia, por trás das enormes labaredas, ganhava um aspecto tenebroso, horrendo.
Harry segurou com força a mão de Gina, que estava tão suada quanto a sua.
O rosto se aproximou um pouco mais da labareda de fogo, e, de repente parou. Chegara ao limite. E, em vislumbres, Harry, com um aperto no peito, reconheceu quem era.
* * *
Os lábios de Rony e Úrsula estavam muito perto...
Úrsula sentia o cheiro de Rony... Tocava a pele quente do rosto do garoto... E naqueles poucos segundos em que os rostos se aproximavam, ela sentia o triunfo... Naquele instante, sua rival estava trancafiada numa cela escura, fria e precária de Azkaban... Enquanto ela, finalmente, sentiria aquela boca tão sonhada junto da sua...
Úrsula estava de olhos fechados, mas sentia que estava perto, bem perto...
As mãos de Rony a empurraram levemente, mas o suficiente para afasta-la da boca do garoto.
A sensação de vitória foi quebrada. Úrsula sentiu um nó apertando sua garganta. Rony a fitava, com um olhar desnorteado, passando a mão impacientemente pela testa.
Úrsula olhava para ele com angústia.
-Úrsula... Desculpe-me, mas... Eu não posso...
-Não pode o que? – perguntou ela, as lágrimas formando-se nos olhos. – Revelar seus sentimentos? O que existe no fundo do seu coração?
Rony suspirou.
-Eu lamento... Não devia ter me aproximado de você...
-Por que? – falava Úrsula, um pouco descontrolada. – Isso que iria acontecer foi algo que nenhum de nós previu. O amor é assim. Não pode ser previsto. O sentimento de amor que existe entre duas pessoas é que leva a isso...
-Esse é o problema, Úrsula – interrompeu-a Rony. – Não existe... Não existe nenhum sentimento de amor entre nós dois...
-Como não? – Úrsula perdera o controle. As lágrimas eram derramadas em abundância, e sua voz era alta, quase um grito. – Como não? Olha... Você pode não saber, mas existe amor aí dentro, em algum lugar... Você me ama, senão isso não teria acontecido...
-Não aconteceu nada – corrigiu-a Rony.
-Mas quase aconteceu! Você que me empurrou... Rony, pode ter certeza que no fundo, no fundo existe amor por mim... Você me ama. Não tenha medo de demonstrar isso...
Ele aproximou-se dela e segurou os braços trêmulos da garota, que chorava sem parar. Olhou bem nos olhos dela.
-Úrsula, entenda... Eu não amo você. Eu amo a Hermione.
-Mas... Ela está presa – murmurava a garota, entre soluços. – Ela... Nunca mais sairá... Você nunca poderá namora-la.
-Mesmo assim. Não foi você mesma quem disse que o amor não pode ser previsto? Então... Assim como não pode ser previsto, eu acho que não pode ser controlado. Meu coração escolheu a Hermione – Rony estava vermelho. Estava abrindo seus sentimentos. – Eu não sei porque... Mas o meu coração sabe porque escolheu a Mione, e porque quer tanto ela... Eu não posso te enganar, dizer que te amo se não é verdade...
Úrsula quis morrer ao ouvir novamente aquela frase terrível:
-Eu não amo você, Úrsula, e sim a Hermione.
Aquilo foi o fim. Um aperto forte no peito de Úrsula. Ela não podia acreditar que estava ouvindo aquilo. Não podia ser verdade...
-Porém, nada impede que sejamos amigos. Fico muito grato por tudo o que fez pela minha família. Aliás, você é uma pessoa maravilhosa. Então... amigos?
“Não, eu quero mais... Mais do que amizade...”.
-Tudo bem – mentiu ela, sorrindo.
Tantos esforços... Até o assassinato de Rogério Davies... Tudo por amor a ele... E ele a estava desprezando...
Úrsula preparou-se apenas para receber um beijo no rosto, mas Rony apenas acenou para ela em despedida.
-Nos vemos por aí – falou, se afastando rapidamente.
Úrsula continuou parada, com um olhar abobalhado. Novas lágrimas encharcaram seu rosto. Ela sentiu-se tonta, e caiu na grama gelada. Puxava os próprios cabelos, enlouquecida. Dois alunos do primeiro ano passaram por perto e se assustaram.
Úrsula soluçava, desesperada. Queria explodir o mundo, acabar com tudo...
“Eu não amo você”. “Eu amo a Hermione”. “Hermione... Hermione... Não você, e sim ela”.
Úrsula tapou a boca com as duas mãos, para abafar o som, e berrou. Berrou, tentando libertar o desespero que havia dentro de seu corpo.
Não era possível... Aquilo não podia ser verdade...
* * *
Por trás da grande labareda estava o rosto de uma das gêmeas Patil.
Harry e Gina reconheceram o rosto entrecortado pelas labaredas no mesmo instante e se entreolharam.
“Só pode ser a Padma... A principal suspeita sempre foi ela”, pensou Harry.
Porém, a voz de Padma ou Parvati chegou aos seus ouvidos, um grito que superou o barulho de madeira estalando por causa do fogo.
-HARRY! VOCÊ ESTÁ AÍ?
Harry, sem compreender, gritou de volta.
-SIM, EU E A GINA, COMO VOCÊ TANTO QUERIA, SUA ASSASSINA!
Um momento de silêncio do outro lado.
-O QUE ESTÁ DIZENDO? – gritou em resposta. – EU NÃO SOU A ASSASSINA. NÃO FUI EU QUEM BOTOU FOGO NA PORTA.
-AH, DUVIDO MUITO. QUEM ESTÁ AÍ É A PADMA, NÃO É?
-SIM, E EU VIM PEDIR AJUDA... POR FAVOR, VENHA AJUDAR... É QUE A MINHA IRMÃ... ESTÁ MORTA...
Repentinamente, Harry lembrou-se dos gritos que ele e Gina escutaram. Gritos de pavor...
-NÃO PODEMOS AJUDA-LA – respondeu Harry. – TEM QUE NOS SALVAR PRIMEIRO. ESTAMOS SEM AS NOSSAS VARINHAS OU QUALQUER OUTRO MEIO DE APAGAR AS CHAMAS.
Harry e Gina aguardaram, em pânico. As chamas avançavam, queimando um dos armários que ficavam próximos à porta. O cheiro da fumaça invadia suas narinas, deixando-os nauseados e ligeiramente zonzos.
O tempo passava, e nada de Padma os ajudar. Harry nem sabia se poderia confiar na garota. Talvez ela mesma tivesse colocado fogo na porta... Porém, Padma era a única alternativa. Até a fumaça chamar a atenção dos professores e alunos, provavelmente Harry e Gina já teriam virado churrasquinho.
Gina tossiu um pouco e falou:
-É o enigma feito para mim, Harry – parou novamente, para tossir. – Cabelos cor de fogo... Ele está pondo em prática o meu enigma.
Harry assentiu com a cabeça e puxou Gina para o canto mais afastado das labaredas. Harry não quis assustar Gina, mas tinha consciência de que estariam mortos em mais alguns minutos. Não havia janelas na sala, por ser uma sala secreta. Harry presumiu que estariam mortos antes das labaredas os alcançarem. Morreriam por intoxicação. Os jornais dos trouxas eram cheios de notícias desse tipo.
Harry sentia as forças se esvaindo. O cheiro da fumaça era insuportável, e cobria grande parte da sala. Agachado com Gina, sentiu quando a garota, zonza, desmaiou. Harry ficou apavorado.
-Acorde, Gina – tentou dizer, mas sua voz estava fraca.
Padma não voltava, assim como nenhum socorro chegava.
Harry sentiu uma forte tontura, mas tentou se controlar. Não iria perder os sentidos. Tinha que sobreviver. Lutar por sua vida. Por sua vida e pela vida de Gina.
A sala era lotada de armários, muitos de madeira. O fogo avançava em enormes labaredas. O calor era tão insuportável quanto a fumaça.
Harry transpirava sem parar.
No meio dos estalidos de madeira, Harry ouviu a voz do Professor Dumbledore. No mesmo instante, todas as chamas se apagaram, não ficando esquecida nenhuma fagulha de fogo.
A visão de Harry estava embaçada. Ele ouviu passos entrando na sala. E viu o rosto da professora McGonagall olhando para ele... Depois sentiu o puxarem e carrega-lo.
Sua visão embaçada foi enegrecendo aos poucos. Sua última visão foi de uma gigantesca pichação em frente à parede da sala:
M.E.
Depois, só escuridão...
* * *
-Como eles estão? – perguntou Rony Weasley, chegando na ala hospitalar, com o coração aos pulos.
Parou abruptamente, ao ver que Dumbledore e McGonagall se encontravam entre as duas camas. O diretor balançou a cabeça para o garoto, incentivando-o a entrar.
-Você tem todo o direito de visitar – falou o diretor. – Afinal, é sua irmã e seu amigo.
Rony, hesitante, aproximou-se e fitou as duas camas. Harry e Gina estavam desacordados, e muito, muito pálidos.
-Eles estão... bem?
-Bem eles não estão – respondeu Madame Pomfrey, que estava sentada ao lado de Gina, examinando-a. – Mas, pelo que vejo, estão fora de perigo.
-Foi um incêndio? – perguntou Rony.
-Sim, Sr. Weasley – respondeu o diretor. – Numa sala que eu, sinceramente, nunca tinha visto. Aparentemente camuflada na parede.
Rony engoliu em seco. A sala de reuniões estava destruída. Olhou para outra cama e viu que havia outro ocupante.
-Havia mais alguém dentro da sala?
-Não – disse Dumbledore, olhando para a outra cama. – Aquela estava do lado de fora. No corredor que levava à essa sala. Porém, não teve a mesma sorte que os dois.
-Quer dizer que... está morta? – indagou Rony, pasmo.
-Exatamente.
-E quem é?
-Uma das gêmeas Patil... Parvati Patil.
Rony empalideceu. Mais uma morte. Pobre Parvati... O que teria acontecido?
-E... O que houve com ela? – resolveu perguntar.
-Decapitada – respondeu o diretor, baixando a cabeça. – Por isso, o corpo está totalmente coberto. É terrível demais...
Rony sentiu o estômago virar. Decapitada... Que morte horrível...
-Agora, acho melhor você ir andando, rapaz – disse Madame Pomfrey. – Preciso examinar os dois pacientes.
Rony despediu-se dos professores e saiu da sala, lançando um último olhar para Harry e Gina, e para a cama de Parvati, que parecia estar envolta numa névoa tenebrosa.
Vagueou pelos corredores, segurando o choro... Observou onde tinham chegado... Mortes, mortes, mortes... Harry e sua irmã, salvos por um fio... Parvati decapitada... Horrível...
Desceu a escadaria. No saguão, Padma Patil chorava, e era consolada por Lilá Brown.
-Não pode ser... Eu quero a minha irmã... Tragam-na de volta, por favor...
Rony resolveu ir até lá, prestar apoio à Padma num momento de puro desespero. Perder a irmã, ainda mais gêmea, devia ser muito doloroso...
Desceu as escadas lentamente e se aproximou de Padma, que estava agachada no chão, chorando. Lilá olhou para o garoto.
-Padma... Rony está aqui.
A garota levantou o rosto e revelou a Rony uma desconhecida. Ele não conhecia aquele rosto de Padma. Os olhos estavam inchados de tanto chorar, e havia um corte no rosto.
-Rony... Ele... Matou a minha irmã...
-Eu sei, Padma... Eu lamento muito...
-Por que ela não se abaixou? Estava na cara o que ele iria fazer! Com aquele machado na mão... Por que Parvati não se tocou? Era só se abaixar... Como eu fiz... E ela estaria aqui!
-Ele tentou matar vocês duas de uma vez? – perguntou Rony, chocado.
-Sim! – gritou a garota. – Assim como aquele maldito enigma dizia! Dois coelhos com uma cajadada só! Ele iria fazer exatamente isso. Era fácil escapar... Era só se abaixar... O machado ficou preso na parede... Ele não conseguiu tirar... Aí, resolveu fugir. Pegou a varinha, incendiou a porta da sala, deixou a marca... Aquelas letras ridículas... E fugiu... Ás pressas... Se Parvati, a pobre Parvati... Tivesse se abaixado... Não teria MORRIDO! NÃO TERIA MORRIDO!
-Acalme-se – pediu Lilá.
-Quando eu vi a cabeça dela caindo... FOI HORRÍVEL! Eu gritei... berrei... Ele ficou apavorado, com medo de que eu chamasse atenção... Se ele tivesse conseguido arrancar o machado da parede, eu também estaria morta... MORTA! ASSIM COMO A POBRE PARVATI!
-Rony, é melhor você ir – aconselhou Lilá.
Rony assentiu e se afastou.
* * *
Dumbledore e McGonagall continuaram parados na ala hospitalar, observando Madame Pomfrey cuidar de Harry e Gina.
-A situação fica a cada dia mais crítica... – suspirou a professora.
-Eu sei... E também sei que, assim que as notícias vazarem por todos os cantos, não teremos outra alternativa senão fechar a escola. Ou mesmo que não vazem... Não podemos deixar a vida de nossos alunos em perigo.
-Como as coisas estão difíceis, Dumbledore. E misteriosas também... Sabemos muito bem o nome de quem anda cometendo essas atrocidades... Mas de que adianta? Se aquela história da maldição for verdadeira, qualquer pessoa pode ser ele...
-Receio que realmente seja verdadeira, Minerva.
-E aquela história do sumiço dos corpos? Todos os corpos desaparecem de repente! Todos os corpos que estavam guardados por Filch.
-Devíamos ter enterrado todos – falou o diretor. – Devíamos ter imaginado que algo assim poderia acontecer. Mas como iríamos fazer os enterros sem que as pessoas especulassem em torno de tudo isso? Temos muitas dificuldades em nosso caminho, Minerva – suspirou Dumbledore.
-O que não compreendo é que a assassina, a Srta. Granger está presa e as mortes continuam!
Dumbledore olhou seriamente para Minerva.
-Acredita realmente que ela matou todas as pessoas?
-Bom... Eu nunca acreditei. E parece que minha suposição esta sendo confirmada agora...
-Eu já esperava que tudo continuasse – falou o diretor, misteriosamente.
-O que quer dizer com isso? – perguntou Minerva. – Afinal, aquela garota, a Srta. Hubbard, declarou que foi atacada pela Granger.
Dumbledore ficou em silêncio. Observava Harry, ainda desacordado, sem tirar os olhos do garoto.
-Infelizmente, deixarei as coisas acontecerem. No momento certo irei agir.
-Agir em que? – perguntou McGonagall, sem compreender. – Do que está falando?
-Esquece... Quanto aos assassinatos, confio piamente que uma pessoa poderá apanhar esse criminoso a qualquer momento.
-Quem? – indagou a professora, para depois olhar para a direção dos olhos de Dumbledore. – No Potter? Mas... Ele é apenas um adolescente...
-Já lidou com coisas terríveis. Uma investigação pode ser novidade para ele, mas confio que ele tem habilidade pra coisa.
-Será?
-Provavelmente. Você vai ver. Harry poderá descobrir tudo. Confio no garoto... Agora vamos. Deixe Madame Pomfrey cuidar bem dos garotos. Tenho que anunciar um jogo de quadribol para amanhã... A temporada foi atrasada demais. Porém, agora, vejo que será a melhor forma de distrair os alunos.
* * *
A morte de Parvati causou um rebuliço na escola.
Todos que achavam que Hermione Granger era a assassina e que estava presa, levaram um susto ao saberem do novo assassinato. Para piorar, Padma Patil contava em detalhes o que ocorrera para todos que vinham perguntar-lhe.
O clima de tensão voltara a pairar na escola. Ninguém andava mais sozinho pelos corredores.
Harry só acordara na madrugada de sábado para domingo. Sua cabeça doía. Permaneceu algum tempo acordado, e então, novamente adormeceu.
Novos pesadelos atormentaram sua mente...
Michael Evans o ataca... A máscara reluzindo... Uma enorme faca na mão... Seu rosto é substituído por todos os suspeitos... Um por um... E, de repente, surge um rosto desconhecido... Com cabelos negros pendendo sobre a testa... Os olhos vermelhos... Era o rosto de Michael Evans... O verdadeiro Michael...
Outro pesadelo...
Rony estava abraçado com uma garota... Era Hermione... Os dois estavam num corredor da escola... Juntinhos... Subitamente Hermione vira uma garota de cabelos loiros... Úrsula... Ela dá uma gargalhada e abraça o garoto ruivo...
Harry acordou com o corpo encharcado de suor. Raios de sol entravam pelas janelas da enfermaria. O dia já havia nascido.
Seria um dia lindo... Ótimo para voar em sua vassoura, ótimo para jogar... quadribol! Como esquecera? Havia um jogo de quadribol para aqueles dias... Grifinória X Sonserina. Tudo dependeria da decisão de Dumbledore, conforme a situação da escola... Se tivesse o jogo, Harry não poderia participar... Estava ali, inválido, deitado naquela cama.
Madame Pomfrey entrou na ala.
-Ah, acordou! – exclamou ela. – Sua amiga também acordou um pouco mais cedo, mas dormiu novamente... Por que não faz o mesmo.
-Não... Eu não quero dormir – falou Harry, com a voz seca. – Madame Pomfrey... Algum jogo de quadribol foi marcado para hoje?
-Sim. Dumbledore resolveu que a melhor maneira de apagar incidentes da memória dos alunos é colocar algum tipo de entretenimento à disposição.
-Justo quadribol? – falou Harry, pesaroso, se recostando na cama.
* * *
Rony e o time de quadribol da Grifinória foram informados de última hora sobre o jogo. Todos ficaram eufóricos e nervosos, pela falta de treino que tiveram.
Estavam sem apanhador, mas colocaram um reserva no lugar. Lembrando-se do ano anterior, Rony imaginou que o jogo seria catastrófico para a Grifinória.
Pela proximidade do inverno, o dia estava bom para o jogo. O sol brilhava, mas ventos gelados eram suficientes para fazerem com que a temperatura despencasse.
Após uma rápida reunião no vestiário, o time entrou em campo.
As arquibancadas estavam lotadas e Rony percebeu, com alívio, que os alunos tinham esquecido o último crime ocorrido na escola. Espalhara-se boatos pela escola de que aquele jogo, que marcava a abertura da temporada de quadribol, fora marcado com esse propósito, o de melhorar os ânimos dos estudantes. Depois de muito atraso na abertura da temporada, Dumbledore se convencera de que os jogos só fariam bem aos alunos.
Rony subiu em sua vassoura e começou a voar em volta do campo. O ar frio era reconfortante. O garoto se sentia bem. A nova morte foi muito dolorosa pela perda de Parvati, porém, através dela, ele podia sentir que Hermione realmente não tinha nada a ver com os crimes. E boa parte dos alunos, pelo que ele ouvia, também pensava o mesmo.
Rony desceu um pouco, e percebeu que, no centro do campo, havia algo coberto por um enorme lençol branco. Talvez fosse alguma surpresa na cerimônia de abertura, pensou. Provavelmente, algo colocado por Dumbledore.
Rony nem podia imaginar que, em seu lugar nas arquibancadas, o diretor também não compreendia o que era aquilo no meio do campo.
-Deve ser alguma surpresa colocada por Madame Hooch – supôs Minerva.
Porém, Madame Hooch, que se encaminhava para o centro para iniciar o jogo, também não sabia do que se tratava. Balançou os ombros, pensando que fora coisa do diretor. Devia ser alguma surpresa para a abertura da temporada. Olhou ao redor, com um sorriso, e puxou o enorme lençol branco, acompanhada de olhares curiosos.
A professora puxou, revelando uma enorme estaca fincada no chão, que atravessava o corpo agonizante de uma garota oriental. Rony reconheceu Jennifer Yumi.
A estaca atravessava a barriga da garota, que ainda estava viva, agonizando. Sangue escorria pela sua barriga. Seu corpo inteiro tremia.
A caixa das bolas abriu-se antes de Madame Hooch. Os dois balaços voaram para fora, e rapidamente avançaram para Jennifer.
O primeiro balaço golpeou o rosto da garota, arrancando uma enorme golfada de sangue da boca e deformando a face da menina. O segundo, quase no mesmo instante, atingiu o braço da menina, que pendia no ar. Houve um forte estalo de ossos se partindo. O primeiro balaço já retornava, batendo na lateral da cabeça da garota. O outro batia do outro lado da cabeça, com um forte estrondo. Sangue espirrava sem parar, enquanto os balaços, numa velocidade impressionante, já retornavam.
Um dos balaços atingiu o pescoço da menina. Houve um novo estalo, enquanto o outro a acertava novamente na cabeça. Rapidamente, eles retornavam.
Dumbledore levantou-se e, apontando a varinha, fez os dois balaços explodirem, antes de atingirem a garota novamente, com sua terrível velocidade.
Os estilhaços dos balaços caíram sobre o gramado.
Porém, já era tarde.
Jennifer Yumi estava morta. Sua cabeça estava esmagada, a face totalmente deformada. A boca estava mergulhada em sangue, e pequenos pontos brancos – os dentes – pendiam para fora. O nariz era apenas uma massa avermelhada. Os dois lados da cabeça eram poças de sangue. As pancadas no crânio haviam sido fatais.
Um silêncio pairou no campo de quadribol.
Todos estavam mudos, perplexos.
Haviam presenciado a abertura de quadribol mais terrível do mundo. Um espetáculo encharcado de sangue.
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