A verdade
Duas semanas se passaram desde o transplante de magia. Rose ainda estava internada no St Mungus, mas não via a hora de ir para casa.
- Será que ainda falta muito para eu receber alta? – a menina suspirou pesadamente olhando para a janela.
- Fica calma Rose! – Hermione mexeu levemente no cabelo dela – Você sabia que a recuperação vai ser difícil.
- Mas eu já estou me sentindo melhor – tentou se levantar, mas foi impedida pela mãe – Não agüentou mais ficar nesse hospital.
- Isso é o que o curandeiro vai dizer – avisou – Logo ele estará aqui.
Quase imediatamente, alguém bateu na porta.
- Está vendo! – apontou – Deve ser ele.
A mulher foi ver quem era. Para sua surpresa, não era o médico e sim: Harry e Alvo.
- Oi Mione! – o de olhos verdes disse ainda parado na frente do corredor – Desculpe ter vindo sem avisar antes, mas o Alvo não ia me deixar em paz até eu trouxesse ele para ver a prima.
- Não tem problema! – deu espaço para que os dois entrassem no quarto.
- Oi Rose! – o menino se aproximou da cama com um sorriso tímido.
- O que acha de irmos até lanchonete e deixamos os dois conversando? – Harry sugeriu.
- Boa idéia! – concordou – Eu não vou demorar – virou-se para a filha.
- Tudo bem! – balançou a cabeça afirmativamente.
Esperaram até os dois adultos saírem a fecharem a porta, deixando os dois sozinhos.
- Como você está? – Alvo quis saber.
- Bem o suficiente para levantar daqui – deu de ombros – Eu acho!
- Você me deu um grande susto –passou a mão pela bochecha dela – Pensei que nunca mais fosse ver esse seu sorriso.
- Mas eu estou bem agora! – deu um rápido sorriso – Você não vai se livrar to fácil de mim.
- E quem disse que eu quero me livrar de você? – estava bem sério naquele momento – Eu já te disse que eu te amo.
Ela ficou apenas o encarando em silêncio. Era a primeira vez que ele dizia aquelas palavras.
- Para falar a verdade! – começou algum tempo depois – Você nunca disse isso. Exatamente.
- Mas agora eu dizendo! – pegou a mão dela – Eu te amo Rose. E, acho que não consigo ficar mais nenhum minuto longe de você.
- Isso é um pedido de casamento – riu divertida.
- Ainda somos muito novos para isso! – deu de ombros – Mas, quem sabe, daqui alguns anos?
- Quantos? – quis saber – Mais ou menos.
- Depois que a gente se formar em Hogwarts – respondeu – Mas, por enquanto, eu tava pensando, quando vamos contar para os nossos pais que estamos namorando.
- Depois de tudo isso! - suspirou pesadamente – Acho que devemos contar logo.
- Acho que você está certa – balançou a cabeça afirmativamente – Vou até lá chamar eles e podemos falar logo.
- Espera! – segurou o braço do namorado impedindo que ele andasse – É melhor esperarmos até eu estar em casa. Assim, também juntamos o meu pai e a sua mãe e não vamos precisar repetir a história duas vezes.
- Acho que você tem razão! – concordou.
- Eu sempre tenho razão! – tinha um sorriso maroto nos lábios.
Ele sorriu e a beijou profundamente. Poderiam ficar ali o dia inteiro, até que a porta se abriu e os dois se separaram rapidamente.
- Bom dia Roselie! – o curandeiro disse sorrindo para a menina – Como você está se sentindo hoje.
- Muito bem! – se ajeitou levemente – Não acha que eu já estou boa para ir para casa?
- Então acho que tenho uma boa noticia para você – continuou – Revi os seus exames e já vou te dar alta. Você pode ir para casa.
Sério? – estava muito feliz nesse momento.
- É! – balançou a cabeça afirmativamente – Mas, com algumas observações que eu vou precisar passar para a sua mãe.
- Ela está lá na lanchonete com o meu tio Harry! – respondeu.
- Nesse caso eu passo aqui mais tarde e falo com ela – observou - Agora, se me dão licença, eu preciso ir.
Os dois assentiram antes de vê-lo sair do quarto.
- Acho que nesse caso já poderemos falar com os nossos pais nesse final de semana – o garoto concluiu.
- É mesmo! – concordou – Vou falar com a minha para fazer um jantar por estar de volta em casa. E vou pedir para chamar vocês também.
- É um bom plano! – respondeu – E tenho certeza de que vai dar certo.
- Eu também! – sorriu para ele.
No dia seguinte, Hermione estava terminando de arruma as coisas da filha dentro de uma mala. Enquanto isso a menina saltitava por todo o quarto.
- Fique um pouco quieta Rose – pediu – Ainda não pode ficar aprontando por ai.
- Eu já recebi alta não é? – suspirou pesadamente se sentando na cama – Acho que já estou pronta para outra.
- Mas tente ficar quieta na cama por uma semana – disse – Você passou por uma situação delicada. Quase morreu.
- Eu sei! – concordou com a cabeça – Eu prometo que vou ficar quieta.
- Certo! – concordou terminando de fechar a mala – Seu já deve estar nos esperando na recepção. Vamos?
- Sim! – concordou indo em direção a porta – Mal posso esperar para chegarmos em casa.
Foram diretamente para o elevador e apertaram no botão do térreo. Assim que chegaram lá, encontraram Rony sentando em uma das cadeiras, que se levantou no momento em que as viu.
- Pai! – a menina saiu correndo em direção a ele e o abraçou.
Nesse momento, o ruivo se lembrou que teria uma longa conversa com a “esposa” quando chegassem em casa. Tinha total consciência de que iria ouvir dela que Rose não era sua filha de verdade, mas não sabia se estava preparado para isso.
- Oi minha filha! – deu um rápido beijo no topo da cabeça dela – Você está mais linda do que nunca.
- Obrigada! – riu levemente.
- Vamos logo! – a morena disse – Eu não agüento ficar mais nenhum um minuto nesse hospital.
- Nem eu! – a outra concordou – Onde estão os meus irmãos? – virou-se para o homem.
- Deixei o Hugo em casa tomando conta da Dominique – respondeu.
- Sozinhos? – a mulher se espantou – Você ficou louco Rony?
- Não se preocupe com isso! – garantiu – Ele já tem nove anos. Eu era mais novo do que ele e minha mãe me deixava em casa tomando conta da Gina quando ela ia fazer compras, já que nunca confiou no Fred e no Jorge,
- Mas a Gina era só um ano mais nova que você – lembrou – A Dominique é um bebê de um ano.
- Ela já sabe falar – deu de ombros – Qualquer coisa ela grita.
A morena suspirou pesadamente antes de entrar no carro. Sabia que não adiantaria discutir nesse momento.
Não demoraram para chegar em casa.
- Não se esqueça do que combinamos – Hermione se virou para a filha – Vai deitar. Depois eu vou pedir para Winky levar um lanche para você.
- Está bem! – concordou, mesmo que contra sua vontade.
Enquanto ela estava subindo as escadas, Hugo veio descendo.
- Oi Rose! – ela acenou o irmão – Mãe! Não se preocupe com a Dominique, ela está dormindo. Para falar a verdade, ela está dormindo desde que papai saiu.
- Está vendo Mione! – ele sussurrou no ouvido da “esposa” – Não tinha motivo para você se preocupar.
- Obrigada filho! – bagunçou levemente o cabelo dele – Agora, você pode me dar licença. Eu preciso conversar uma coisa com o seu pai.
Ele assentiu antes de voltar para o andar de cima da casa.
O casal ficou se encarando durante algum tempo sem falar nada. De repente, a morena suspirou pesadamente se jogou no sofá.
- Acho que já está na hora de termos aquela conversa – lembrou sem conseguir encará-lo.
- Verdade! – concordou se sentando ao lado dela – Pode começar.
- Não é tão fácil falar isso! – sua voz quase não sai nesse momento – Você não tem idéia do quanto.
- Começa a falar – sugeriu – Tenho certeza de que vai ser mais fácil.
- Depois de tudo que aconteceu nessas últimas semanas, tenho certeza de que você já sabe o que eu vou falar – resolveu ir direto ao assunto – Por que não poupamos isso e vamos direto as explicações.
- Até poderíamos! – deu de ombros – Mas eu quero ouvir da sua boca.
- Tudo bem! – suspirou pesadamente várias vezes para conseguir criar coragem – A Rose não é sua filha de verdade. É filha do Harry.
Passaram-se mais alguns minutos em profundo silêncio.
- Fala alguma coisa! – segurou a mão dele – Por favor!
- Quando foi isso? – perguntou.
- Na missão que nós dois tivemos que ir pelo ministério, em Paris – encarava os próprios pés naquele momento – Nós estávamos conversando e então...
- Decidiram não só fingir que eram marido e mulher – a interrompeu – Mas agir como se fosse também.
- Você não está entendendo nada! – algumas lágrimas se formaram no canto dos seus olhos – Foi apenas uma noite. Nada mais do que isso.
- Você quer mesmo que acredite que foi fácil desse jeito? – riu sarcástico – Que uma noite foi s suficiente para você engravidar?
- Só preciso uma vez para isso Rony! – lembrou.
- Na teoria sim, mas na pratica é muito diferente – falou como se explicasse para uma criança – Ou não se lembra de quando decidimos ter outro bebê. Você demorou mais de um mês para conseguir engravida.
- Eu não posso controlar as minhas ovulações! – estava quase gritando.
- Mas podia ter tomado poção – lembrou – Coisa que você fazia na época.
- Eu deixei todas as minhas poções em casa quando viajei! – explicou – Como eu iria imaginar uma coisa dessas.
- Você já devia estar planejando isso há muito tempo – completou antes de se levantar e caminhar em direção a cozinha.
Resolveu ir atrás dele. O encontrou apoiado na bancada bebendo um copo d’água.
- Rony! – foi se aproximando lentamente – Por favor, me perdoa.
- Responde só mais uma pergunta – não encarava naquele momento – Por que você me enganou dizendo que a Rose era minha filha? Por que vocês enganaram todo mundo.
- Não parece obvio! – deu de ombros – Desse jeito era mais fácil.
- Mais fácil! – suspirou pesadamente – Acha que foi mais fácil mentir?
- Sei que deveria ter contado a verdade desde o começo – sentou-se em uma das cadeiras – Mas eu estava desesperada. Eu estava grávida do meu melhor que era casado, e se essa noticia vazasse, ninguém iria nos perdoar.
- Você não pode ter certeza disso! – comentou – Não poderia ver o que aconteceria.
- Isso tudo já passou, não podemos mudar o passado – lembrou – Tente me entender.
- Isso tudo é muito complicado Mione! – passou a mão nervosamente pelos cabelos – Preciso de um tempo para pensar – saiu em direção a porta.
- Você vai embora? – agora algumas lágrimas caiam em seu rosto.
- Eu preciso! – suspirou pesadamente – Será que você pode mandar as minhas roupas para Toca.
- Tudo bem! – concordou, embora não estivesse conseguindo raciocinar direito naquele momento.
- Eu prometo que a gente conversa daqui a alguns dias – segurou a mão dela – Mas não agora, estamos muito nervosos por causa da discussão e não vamos conseguir pensar direito.
Deu um beijo topo da cabeça dela antes de sair de fechar a porta de casa.
Começou a andar até um lugar seguro onde conseguiria aparatar. Sabia exatamente aonde iria naquele momento.
Parou em frente ao prédio em que ficava a redação do profeta diário. Sua irmã não estava ocupada, por isso, pode entrar sem maiores problemas.
- Rony! – ela se espantou – O que está fazendo aqui?
- A gente precisa conversar! – foi direto ao assunto.
- Tudo bem! – disse – Pode falar.
- Não aqui! – explicou – Será que a gente pode tomar um café.
- Está bem – concordou, mesmo não entendendo nada – Tem uma ótima lanchonete trouxa do outro lado da rua.
Gina avisou para a secretária que sairia por alguns minutos. Os dois foram diretamente para o outro lado da rua, sentaram em uma das mesas do local e fizeram os seus pedidos.
- E então? – começou, tomando um gole do seu café – O que você tinha de tão importante para falar comigo?
Ele então contou tudo que aconteceu nas duas últimas semanas. Desde o transplante de magia da Rose até a conversa que teve com Hermione há poucos minutos.
- Eu simplesmente não acredito nisso! – parecia estar bastante irritada – Mas eu vou falar com ele agora mesmo.
- Espera Gina! – a segurou pelo braço quando se levantou – Tenha calma, por favor.
- Eu não posso ter calma nesse momento! – lembrou – Como você sugeriu virmos aqui, paga a conta.
Saiu apressadamente do local. Foi até o trabalho, e disse que ficaria fora pelo resto do dia e aparatou diretamente em casa. Sabia exatamente onde Harry estava: No escritório.
- Que história é essa da Rose ser sua filha? – entrou no local gritando – Por que você não me contou antes?
- Em primeiro lugar: você não sabe bater na porta – cruzou os braços a encarou – E em segundo lugar: como você descobriu?
- O Rony acabou de ir ao meu trabalho para me contar – respondeu rapidamente – Eu não acredito que você me escondeu isso por treze anos.
- Eu ia te contar hoje à noite! – explicou – Mas só por que a Mione fazia questão de não haver mais segredos. Eu não te devo mais satisfação, não estamos mais casados, pelo menos não tecnicamente.
- Mas isso foi traição! – lembrou – Nós estávamos muito bem naquela época.
- Naquela época! – concordou – Mas agora, é diferente.
- Eu também tenho uma coisa para te falar! – ela continuou – Já tem algum tempo que eu estou saindo com o Draco e ele se separou da Pansy por minha causa. Também vamos ter um bebê.
- O que? – gritou mais alto do que queria.
- Exatamente isso que você ouviu! – passou a mão pela barriga – Eu estou grávida, de quatro meses. Estava esperando as crianças voltarem de Hogwarts para contar a verdade e ir morar com ele. Só não tive tempo ainda, por que você não parou em casa nessas últimas duas semanas pelo que aconteceu com a sua querida filinha.
- Se você quer tanto ir morar com o Draco – parecia bastante irritado – Por que não vai agora mesmo.
- É exatamente o que vou fazer! – foi até a porta, mas parou e se virou novamente para o homem – Já ia me esquecendo, o Rony também foi embora de casa. Agora não tem mais nada te impedindo de ficar com a sua queria Hermione.
Quando ouviu a porta bater colocou as mãos na testa. Não queria que as coisas terminassem dessa maneira, mas, pelo menos, não havia mais nenhum segredo.
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