Amores

Rose estava sentada na mesa da Corvinal almoçando. Aquela semana de aula tinha sido a maior de sua vida, mas finalmente havia terminado. Ainda se sentia excluída dentro daquele colégio, todos no salão comunal a olhavam como se fosse uma aberração e isso a deixava extremamente incomodada, queria que isso acabasse logo.

- Oi! – uma menina de cabelos pretos sentou ao seu lado – Você é Rose Weasley, não é?

- Exatamente! – balançou a cabeça afirmativamente não querendo conversar muito – Mas isso você já deve saber.

- Ouvi todo mundo no colégio falando sobre você, mas não entendo por que – explicou – Sabe, os meus pais são trouxas, foi uma grande surpresa quando eu recebi a carta para vir para cá, mas eles acabaram me deixando vir.

- Que legal! – deu um rápido sorriso – Meus avós maternos também são trouxas, minha mãe é a primeira bruxa da família.

- Que interessante! – observou.

- Você é a primeira pessoa que vem conversar comigo nesse colégio – falou – Isso fora os meus primos.

- Acho que podemos ser grande amigas – estendeu o braço – Já ia me esquecendo, eu me chamo Catharina.

- E eu sou Rose! – completou antes de estender o braço também – Mas isso você já sabe.

- Olha só aquele gatinho vindo na nossa direção! – ela disse sorrindo – E ele é da Grifinória.

Quando a menina virou, percebeu que ela estava falando de Alvo. Ele sentou em uma cadeira vazia ao lado da prima.

- Esse daqui é o meu primo Alvo! – disse para a sua nova amiga – Essa é Catharina, somos da mesma turma, mas só nos conhecemos agora.

- É muito bom te conhecer! – estendeu o braço. Catharina retribuiu o gesto, mas estava com o rosto extremamente vermelho – Rose! – virou-se para a outra garota – O que acha de irmos dar uma volta pelos jardins depois da aula? Depois podemos ir visitar o Hagrid

- Boa idéia! – concordou – Quer vir com a gente?

- Não obrigada! – a menina respondeu - Acho que eu vou dar uma passadinha na biblioteca, quero adiantar os meus estudos para não me perder nas matérias.

- Como queria! – deu de ombros.

- Quando o sinal anunciando o fim da aula, os dois garotos se encontraram na porta do castelo.

- O que você quer fazer? – ele perguntou.

- O que acha de irmos dar uma volta perto do lago? – sugeriu.

Foram caminhando pelos jardins do colégio e se depararam com uma cena um pouco espantosa, mas que não deixou nenhum dos dois surpreso: James e Juliet estavam se beijando.

- Eu sabia que ele estava apaixonado por ela – Alvo comentou quando se afastaram mais um pouco do casal – Tem falado dela o verão inteiro.

Reparei isso quando ele me apresentou a ela no expresso de Hogwarts – concordou – Até que eles formam um casal bonito.

Chegaram à margem do lago e se sentaram um ao lado do outro embaixo de uma árvore.

- E então! – ele começou um pouco depois – Já se adaptou a sua nova casa?

- Sabe que eu nunca vou me adaptar – respondeu – Mas agora as coisas estão começando a melhorar, já tenho até uma amiga.

- Vejo que você vai conseguir aturar tudo isso por sete anos! – riu levemente, fazendo com que ela risse também – Mas pense no lado bom de tudo isso.

- E tem algum lado bom? – achou estranho.

- Agora não vamos precisar brigar pela posição de apanhador no quadribol – explicou como se fosse a coisa mais obvia do mundo – Cada um pode jogar no time da sua própria casa.

- Tem razão! – concordou – Só vamos brigar quando a Grifinória jogar contra Corvinal.

- E vai ser uma briga bem saudável – lembrou.

- Claro! – concordou com a cabeça – Até por que todo mundo sabe que quem vai ganhar é a Corvinal.

- É claro que não! – achou tudo aquilo um grande absurdo – Todo mundo sabe que só a Grifinória ganha o campeonato das casas há anos.

- O que acha de fazermos uma aposta? – sugeriu com um sorriso maroto nos lábios.

- Que tipo de aposta? – quis saber.

- Se a Corvinal ganhar a taça das casas eu venço, mas se a Grifinória ganhar você vence – explicou – E o perdedor vai ter que dar alguma coisa de valor para o outro.

- Eu aceito! – apertaram as mãos como em um acordo e permaneceram de mãos dadas por mais algum tempo – Eu estava aqui pensando, será que um dia vamos está apaixonados e agindo feito bobos que nem o James?

- É provável que sim! – deu de ombros – Algum dia vamos conhecer pessoas especiais que nos faça muito felizes. Talvez até antes do que pensamos.

- É verdade! – concordou – Espero que seja uma pessoa muito legal.

- Tenho certeza de que vai! – comentou – E quando encontrar vai saber quem é. Pelo menos é o que a minha mãe diz.

- Meu pai fala a mesma coisa – respondeu.

Continuaram daquela maneira por algum tempo. Foi quando se viraram e perceberam que estavam a centímetros um do outro e foram se aproximando cada vez mais, foi quando estavam prestes a se beijar que Rose resolveu se afastar.

- O que acha de irmos até a casa do Hagrid? – sugeriu.

- Boa idéia! – concordou se levantando e a ajudando a se levantar.

Chegaram a cabana e bateram de leve na porta e ouviram um latido de cachorro.

- Quieto canino! – ouviram uma voz vinda de dentro da cabana e, em seguida, girando a maçaneta – Oi meninos, é muito bom vê-los aqui.

- Oi Hagrid! – disseram ao mesmo tempo.

- Entrem, eu estava preparando um chá – se afastou para que as crianças entrassem – Eu vi vocês no dia da seleção das casas, mas não tive tempo de ir dar um “oi”.

- Eu quero tanto esquecer aquele dia! – a menina suspirou pesadamente.

- Eu sei que você ainda deve estar chateada por não ter ido para a Grifinória como os todos os seus primos – passou a mão pelo cabelo dela – Mas eu tenho certeza de que vai ser muito bom para você.

- Todo mundo está tentando me mostrar o lado bom disso – suspirou pesadamente – Mas não sei disso.

- Daqui há algum tempo você vai acabar se acostumando – colocou uma caneca em frente a cada um e se sentou na cadeira vazia – Querem biscoito.

- Não! – lembraram-se do conselho de seus pais para não aceitar os biscoitos do meio gigante.

- Vendo vocês dois aqui em Hogwarts me lembra o primeiro ano de seus pais aqui – parecia estar se segurando para não chorar – Mas me contem agora como foi a primeira semana de vocês em Hogwarts.

- Conversaram bastante até estar escuro, quando resolveram voltar para o castelo.

- Foi muito bom ver vocês aqui – despediram-se do lado de fora da casa – Por que não voltam aqui amanhã.

- Eu adoraria – a menina disse – Mas eu acho que vou até a biblioteca estudar um pouco.

- Agora eu entendo por que você foi para a Corvinal! – comentou rindo – É igualzinha a sua mãe.

- Eu venho sim Hagrid! – Alvo respondeu.

Vou estar esperando.

Estavam caminhando lentamente pelo gramado quando viram Catharina correndo em direção a eles.

- Oi Rose! – ela disse ignorando o garoto – Será que a gente pode conversar?

- Claro! – concordou com a cabeça – Depois a gente conversa mais Alvo.

- Está bem! – concordou antes de vê-la sair correndo junto com a amiga.

Chegaram ao salão comunal da Corvinal e se sentaram em um sofá perto da janela.

- Eu não costumo falar esse tipo se coisa – a menina começou – Principalmente com alguém que eu acabei de conhecer, mas eu tenho certeza de que nós duas seremos grande amigas.

- Eu também acho isso! – riu levemente – Mas fale logo.

- É o sobre o seu primo, Alvo! – continuou – Ele é tão lindo. Não acha?

- Não sei! – deu de ombros – Talvez por que eu o conheça desde pequeno.

- Será que você pode falar com ele sobre mim? – pediu – E depois me dizer se eu tenho alguma chance?

- Pode deixar que eu falo – respondeu.

- Obrigado Rose! – a abraçou apertadamente – Agora eu vou jantar. Vai vir também?

- Daqui a pouco! – falou – Vou ficar mais um pouco aqui.

- Depois que Catharina foi embora ela começou a pensar em várias coisas. Não estava entendendo por que havia se sentindo estranha quando a amiga disse que estava interessada em Alvo. Seria possível ela estar com ciúmes do primo?

- Isso é bobagem! – balançou a cabeça negativamente – Só estou pensando besteiras – concluiu antes de descer para o salão principal.

No domingo, teve o tradicional almoço na Toca e todos os Weasleys estavam presentes. Harry e Gina foram os últimos a chegar ao local.

- Desculpem a demora! – o moreno disse cumprimentando a todos – Mas sabem como a Gina demora para se arrumar.

- Isso é mentira! – ela parecia bastante brava – Não demoro mais do que qualquer outra mulher.

- Onde está a Mione! – perguntou se virando para Rony.

- Foi tentar fazer a Dominique dormir dando umas voltas pelo jardim – explicou – É que ela não dormiu a noite toda.

- Está bem! – balançou a cabeça afirmativamente.

- Na verdade, eu queria que você fosse até lá falar com ela – pediu – A Mione ainda está com medo da reação de todo mundo a história da Rose, embora ache que ninguém parece se importar.

- Pode deixar que eu vou falar com ela – disse antes de sair para o quintal.

Encontrou a morena sentada em um banco de madeira empurrando um carinho de bebê para frente e para trás.

- Oi Mione! – disse se sentando ao lado dela.

- Oi Harry! – respondeu sem retirar os olhos da filha – Ela está totalmente agitada hoje.

- Percebi! – riu vendo que a menina ria enquanto se virava de um lado para o outro.

- Hoje de madrugada ela fez umas cinco fraldas flutuarem pelo quarto – riu levemente.

- Eu já soube da Rose ter ido para a Corvinal – o comentário não fez a mulher se surpreender – Queria falar com você, mas preferi esperar a poeira baixar.

- No inicio eu fiquei bem nervosa! – explicou – Mas percebi que não posso fazer nada a respeito, afinal, ela não um Weasley de verdade.

- É a primeira vez que eu te vejo admitindo isso – pareceu chocada.

Nesse momento, Dominique soltou uma gargalhada e mexeu os bracinhos, isso fez com que uma folha caísse no cabelo de Hermione. O homem a retirou rapidamente.

- Olha que engraçado! – comentou ainda com o objeto na mão – Essa folha tem forma de coração.

- É verdade! – concordou.

- Vai ver que é um sinal! – comentou fazendo com que a amiga ficasse extremamente vermelha.

Ele não falou mais nada, apenas cortou a folha e duas partes iguais e entregou um pedaço para ela.

- Você guarda esse pedaço – explicou – E eu fico com o outro. Assim teremos alguma coisa em comum.

Ficaram alguns minutos em silêncio, até que Harry segurou a mão da mulher e fez com que ela se virasse para ele.

- Sabe de uma coisa? – começou – Os anos podem passar, mas você continua linda da mesma maneira de quando eu te vi pela primeira vez no expresso Hogwarts, talvez até mais.

- Eu não era bonita quando nos conhecemos! – riu levemente achando aquilo um grande absurdo – Acho que você está ficando maluco.

- Não estou! – respondeu – Pode ter certeza de que, para mim, você era a mais bonita de todo aquele colégio.

- Seus óculos deviam estar ruins – disse – Até o Rony disse que eu era feia, e ele é meu namorado.

- Para você ver como nós dois somos diferentes – explicou – Para mim você sempre será a pessoa mais importante da minha vida.

Foram aproximando seus rostos lentamente até que seus lábios se tocaram, dessa vez não tinha ninguém que os interrompesse e começaram um beijo profundo. O contado durou cerca de um minuto, até que Dominique começou a chorar e os dois despertaram do transe.

- Acho melhor eu ficar andando com ela – disse se levantando rapidamente – Se não nunca vou conseguir fazê-la dormir.

Hermione ficou pensando naquele beijo o resto do dia. Todos perceberam o quanto estava distraída.

Quando chegou em casa foi colocar Dominique e um pouco depois fez Hugo ir deitar também. E foi se sentar ao lado do marido.

- Finalmente os dois dormiram! – suspirou – Acho que eu estou mais cansada ficando em casa do que quando eu estou trabalhando.

- Não se preocupe meu amor, logo você vai sair da licença maternidade - lembrou.

- Vai ser ótimo! – riu levemente – O difícil é deixar a Dominique.

- Você teve esse problema todas as vezes em que voltou a trabalhar – suspirou pesadamente – Tenho certeza de que vai dar tudo certo.

Ela não estava mais prestando atenção no que ele falava, só conseguia se lembrar do beijo com Harry mais cedo. Precisava tirar a prova para ter certeza.

- Rony! – o chamou.

- O que foi? – se virou para a mulher.

Ela não disse mais nada apenas o beijou profundamente da mesma maneira que havia feito com o amigo antes. Tinha que admitir que era muito bom, mas não conseguia sentir a mesma coisa.

- Por que isso? – ele perguntou assim que se separaram.

- Apenas tive vontade! – deu de ombros – Não posso mais te beijar.

- É claro que pode! – tinha um sorriso maroto nos lábios – Sempre que fizer.

Ela sorriu e se levantou, estava muito mais confusa. Tinha certeza de que amava o “marido” e Harry era só um grande amigo, mas não tinha a menor certeza do que tinha acontecido naquele dia.

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