Revendo velhos conhecidos




- E então... o que vocês acharam... – perguntou Hermione. Ela, Rony e Harry se espremiam entre os tantos estudantes para conseguir sair do salão principal.
- Sobre? – perguntou Rony deixando migalhas de pão que vinha mastigando voarem sobre Hermione, imediatamente ele tapa a boca com a mão, Harry não se contém e ri.
- A mulher! – respondeu a menina espanando as migalhas do uniforme com certo ar de nojo. – Sobre a mulher.
- O que tem ela?
- Por favor, engula esse pão primeiro. – pediu Hermione depois de levar mais uma enxurrada de migalhas. Rony imediatamente mete o resto do pão na boca. – Harry, o que você achou?
- Não sei bem. Ela me passou uma sensação estranha.
- Como assim? – pergunta Rony depois de engolir.
- Aconteceu quando ela me olhou nos olhos. É como se... como se ela de alguma forma me conhecesse. Como se ela lesse minha mente e pudesse entender o que sinto. É estranho, eu sei, mas... eu sinto como se nós dois fossemos mais parecidos do que pensamos. – Hermione e Rony trocaram olhares preocupantes entre si, e querendo quebrar o silêncio Rony colocou a mão no ombro do amigo.
- Cara... você precisa dormir um pouco.
- Eu concordo plenamente com o Rony. Passar o mês inteiro com seus tios deve ser mais penoso do que estudar para os NOMs. Mas nada como uma boa noite de sono pra ficar novo em folha.
- É, talvez é disso que eu esteja precisando mesmo. – concordou Harry forçando um sorriso enquanto seus pensamentos voltavam até o instante em que aquela mulher entrou no salão.

...

Dumbledore entra em sua sala seguido por Elisabeth. Ele caminha até sua escrivaninha e sentasse na poltrona, seu sorriso ainda podendo ser visto tão largo quanto da cerimônia no salão principal.
Elisabeth observa a sala reconhecendo muitos dos objetos antigos que ali estavam. Os quadros dos diretores cochichavam assombrados ao verem a mulher entrar, muitos iam para as molduras vizinhas para melhor conversar. Sem se importar com eles, Elisabeth caminha até Fawkes, e passando carinhosamente a mão sobre o dorso da Fênix ela rompe o silêncio entre os dois.
- Estou aqui. E agora o que vai ser?
- Minha querida, eu tenho tanta coisa pra lhe dizer. Eu acho que já lhe disse antes, mas se eu pudesse eu voltaria no tempo.
- Porque você insisti em dizer isso quando na verdade você nunca desejou concertar nada do passado. Você realmente acha que eu acredito que você voltaria no tempo se pudesse?!
- Vejo que a dor e a mágoa ainda habitam seu peito. E isso me entristece mais do que você pode imaginar. Mas saiba que isso passa, algum dia toda essa dor que você sente será uma lembrança distante. – Elisabeth encara por alguns instantes Dumbledore e em seguida volta sua atenção para Fawkes alisando mais ainda suas penas. O Diretor a observa por trás dos óculos meia-lua. Segundos se passam até que Elisabeth olha novamente para o diretor e pergunta:
- O senhor quer dormir comigo professor?
A pergunta fez todos os quadros se calarem espantados, e antes que Dumbledore pudesse responder ela continua.
- Assim, quando eu acordar no meio da noite suando e gritando, o senhor me consola me dizendo que algum dia isso passa.
- Isso é ridículo! – Snape entra como uma furacão na sala de Dumbledore batendo a porta atrás de si. – Me desculpe senhor, mas o senhor deve estar brincando quando diz que essa mulher ficará entre nós este ano.
- Creio que não Severo! – responde ele que havia se levantado com a intrusão do professor. – Elisabeth ficará sim, e sobre minha supervisão.
- Como você pode confiar nela, depois de tudo o que aconteceu? Depois de tudo o que ela fez? – Snape olhava furioso para Elisabeth, seus olhos soltando faíscas de ódio.
- Da mesma forma que eu confio no senhor, professor. – disse o diretor simplesmente.
- Já faz dez anos desde a última vez que nos vimos! – disse McGonagall entrando na sala com um largo sorriso mirando Elisabeth dos pés à cabeça. – É bom ver que temos pessoas como você ao nosso lado, principalmente agora, com o seu... – Dumbledore pigarreou alto, McGonagall olhou-o e entendeu imediatamente a mensagem mudando de assunto. – O que houve com você? Porque fugiu de Hogwarts? Porque sumiu mesmo sabendo que estava segura aqui conosco?
- Acho que já é tarde Minerva, Elisabeth deve estar cansada da viagem, por favor, mostre a ela onde será seu escritório. – Dumbledore falava com calma pausadamente como se escolhesse cada palavra que deveria ser utilizado naquela hora. McGonagall assentiu com a cabeça.
- Claro, senhor, eu compreendo. Queira me acompanhar Senhorita Prym. – e esvoaçando a capa girou o corpo indo até a escada que dava para a porta do escritório do diretor.
- Eu não tive escolha. – a resposta de Elisabeth fez McGonagall virar para olhá-la enquanto a mão segurava firmemente a maçaneta da porta. Seus olhos verdes encaravam a professora friamente como se as emoções do que lhe ocorrera na época não existissem mais. – Eles estavam me usando. Me rastreando. Eu não podia ficar aqui, neste lugar. Todos vocês morreriam.
- Foi por isso que desapareceu? – quis saber Snape que continuava parado com certo ar de interesse no rumo da conversa.
- Eles planejavam invadir o castelo... – ela falava ainda olhando para a professora que agora largara a maçaneta e se aproximara da mulher. -... Eu acessei os arquivos do meu pai, cada plano, cada maquinação, cada podre, tudo estava muito bem guardado aqui! – ela bateu levemente com o dedo indicador sobre a testa, e soltando um risada debochada continuou – porque tu acha que tem muita gente que teme esse meu retorno? – ela olhou de canto para Snape que crispou o lábio.
- É de se admirar que continua mesmo viva, sabendo tudo o que você diz saber. – atacou Snape.
- Quem disse que eu estou viva? – ela virou para encarar Snape – Eles me mataram, quando mataram aqueles a quem mais amei na vida. – um silêncio caiu sobre a sala, Elisabeth olhou para cada um na sala e decidida se dirigiu para a porta, sem se despedir.
- e quando o Lorde das Trevas foi liquidado? Porque ficou por aí sozinha? - arriscou Snape, ele queria saber até que ponto deveria se cuidar com aquela mulher, e se ela soubesse realmente cada passo de Voldemort? Como isso iria recair sobre ele, se ela resolvesse noticiar a todos?
- É mais seguro me manter longe das pessoas. Elas costumam morrer perto de mim.
- E porque voltou?
Elisabeth não respondeu, não interessava aquelas pessoas o que realmente a fizera voltar, mas ela sabia no íntimo que Dumbledore fazia uma idéia, mas ele nada respondera. Assim, Elisabeth saiu da sala seguida por McGonagall.

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