A lenda do Dragão Branco
A tempestade doía ao bater no corpo, tamanha sua força, porém isso não impedia aquela mulher de correr arrastando uma menina com uns treze anos pela mão. Ambas corriam sendo seguidas de perto por um Comensal da Morte.
O castelo de Hogwarts podia ser visto ao longe, e lá elas estariam seguras... se ao menos conseguissem correr mais. Lampejos azuis e verdes eram lançados contra elas acertando arvores e pedras pelo caminho. Estavam mais perto agora, seus corações batendo descompassados e suas respirações ofegantes.
A chuva continuava a cair forte.
Ao chegarem em frente ao portão do castelo, um segundo Comensal aparece do nada atirando-se sobre a mulher derrubando-a no chão. Ela agarra um punhado de terra e atira sobre seus olhos obrigando o homem a recuar. Imediatamente ela agarra a menina e a empurra para dentro do portão, fazendo-a cair. A mulher fecha o portão e agarrando a varinha com força aponta para ele:
- Colloportus!
Vendo o que ela fizera, a garota se levanta rápido e força o portão com todas as forças.
- MÃE!!!
O homem apontou a varinha pras costas da mulher. Neste meio tempo o Comensal que seguia elas apareceu ofegante. A mulher simplesmente virou de costas para a filha, largou a varinha no chão e atirou-se de joelhos.
- Acabe com isso! – vociferou o recém-chegado.
- NÃO! – a menina chorava desesperada agarrada ao portão – POR FAVOR... NÃO FAÇAM ISSO!
Mas sem se importar com os apelos, o comensal mira a varinha no peito da mulher.
- Avada Kedavra!
O corpo dela voa com o impacto do feitiço batendo fortemente contra o portão para em seguida cair na terra molhada.
- MÃE!!! – ela agora sacudiu ferozmente o portão – SEUS DESGRAÇADOS... ME MATEM!!! ME MATEM!!! – a menina caiu de joelhos em frente ao corpo da mãe, os dois homens apenas a olharam com desprezo e partiram desaparecendo entre as arvores da floresta proibida. – Mãe... por favor acorde! Não faça isso comigo! Acorde! – ela havia passado o braço pelo portão e agarrara a mão de sua mãe apertando forte. – SOCORRO!... ALGUÉM ME AJUDE!... SOCORRO!
Bruxos com suas varinhas corriam pelo pátio da escola na direção dos gritos.
Dumbledore, mais jovem, aproximou-se primeiro da garota, e a muito custo conseguiu levanta-la com a ajuda de McGonagall. Outros bruxos abriam o portão e carregavam o corpo inerte de Katz para dentro.
...
O corredor do castelo estaria completamente vazio, não fosse pela presença daquela menina, com seus treze anos, vestindo o uniforme da Sonserina. Seus cabelos loiros estavam presos num enorme rabo de cavalo e seus olhos verdes encontravam-se totalmente inchados e vermelhos. Ela estava ali, sentada num banco do corredor, ouvindo o som da chuva que batia sobre as vidraças.
Sons de passos ecoaram pelo castelo, mas ela continuava sentada olhando os próprios sapatos.
Dumbledore senta-se ao seu lado.
- Está pronta? - pergunta com uma voz serena.
- Eu não quero ir.
- Porque não?
- Porque se eu for, vou provar pra mim mesma que ela nunca mais vai voltar. – ela o olha voltando a chorar – E eu não acho que eu consigo suportar isso.
- Minha querida... – Dumbledore puxou-a para um abraço, mas a menina o empurrou levantando-se bruscamente.
- Não!... Será que o senhor não entende?... Ela morreu por minha causa!... Não importa o que o senhor diga... a culpa é minha!... Como eu posso acordar amanhã como se nada tivesse acontecido? Eu não sei como fazer isso?
- Não é sua culpa! Se há algum culpado nessa história com certeza não é você. E é nisso que você tem que acreditar neste momento.
- Não posso! – e decidida saiu correndo pelo corredor deixando tudo e todos para trás.
Harry acordou suando. Ele se senta na cama e afasta a cortina em busca de ar. Sua respiração ofegante era a prova da dor que dilacerava seu peito, uma dor que ele conhecia muito bem, a dor de perder alguém, mas de uma forma estranha era como se aquela dor pertencesse a outro. Percebendo que o dormitório continuava na penumbra, Harry olhou para o relógio e percebeu que eram apenas três horas da manhã. O garoto passou a mão pela cicatriz que voltara a doer incessante e se atirou na cama novamente repassando na mente o sonho que acabara de ter. Ele já vira aquela menina em algum canto, mas não conseguia se lembrar onde exatamente. Aqueles olhos...
Ele balançou a cabeça para afastar tais pensamentos, provavelmente tinha sido apenas um pesadelo, como tantos, que ele acabava tendo todas as noites desde o duelo que travara com Lord Voldemort.
...
Pela manhã, Harry acordou sentindo-se mais cansado do que quando deitou-se na noite passada. Já não havia mais ninguém no dormitório dos garotos e isso lhe trouxe alivio. Não estava muito a fim de falar com Rony, ou Simas ou qualquer outro, sabia que certamente ouviria perguntas sobre a morte de seu padrinho e isso só o deixava mais irritado.
Colocou o uniforme, e dirigiu-se para o salão comunal na esperança de continuar sem ver ninguém. Mas para sua frustração, Hermione encontrava-se lá, lendo o livro “A Magia por trás de um Animago”. Ela levantou os olhos para o amigo que tentava passar despercebido.
- Harry...o que aconteceu? Você parece terrível.
- Eu estou bem. O que você está fazendo aqui?
- Lendo.
- Isso é óbvio. Eu quis dizer, porque tu não está no salão principal com os outros?
- Uou... desde quando você começou a atacar os amigos sem motivos?
- Desculpe Mione. Não tive uma boa noite, eu só não queria conversar com ninguém agora, entende.
- Certo. Bem, já que você me perguntou... eu estou aqui porque Dumbledore me pediu pra te entregar isso. – ela estendeu um envelope onde podia-se ver a caligrafia perfeita de Dumbledore. Harry se aproximou e pegou o envelope jogando-o em seguida no fogo que ardia na lareira. Hermione levanta-se da poltrona onde estava espantada.
- Harry... – repreende ela – o que está fazendo?!
- Eu te disse... eu não quero falar com ninguém agora. – e virando-se caminhou até o buraco do retrato da mulher gorda. Hermione olhou para o fogo apontando a varinha.
- Deletrius! - a garota aproximou-se da lareira, agora apagada, e pegou o envelope chamuscado guardando-o no bolso do casaco. Ela saiu em seguida.
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