Slow it down.



Demoraram alguns dias para que Sabrina viesse me perguntar de Pat. Eu detestei, mas fui obrigada a ser sincera.


- Você sabe porque que ele não vai mais te convidar para sair, não é? – Eu perguntei.


- Eu tenho uma idéia. – Ela me respondeu. – Os dois estão bravos comigo?


- Alex está decepcionado. Pat não dá à mínima. Mas é o primeiro com quem você devia se preocupar. – Eu disse.


- Eu imaginei que Patrick soubesse... Por isso me convidou para sair. Talvez fosse algum plano do Alex para tirar meu ex do pé dele. – Ela me disse.


- Como assim? – Perguntei.


- Ele suspeitava de Alex. Eu com Patrick seria uma solução. Um álibi forte. E eu poderia ficar com o Alex finalmente. – Ela me confessou.


- E o Patrick se daria mal, certo? Você realmente achou que Alex faria isso? Merlin, você é cruel e não merece nenhum dos dois! – Eu disse me virando e caminhando para longe dela.


- Tudo bem, foi idiotice minha! – Ela me segurou pelo braço e me puxou. – Foi burrice. Eu não pensei direito. Ajude-me a concertar. Eu o amo.


- Qual dos dois? – Eu perguntei.


- Alex! Claro que é ele! – Ela disse.


- Eu falo com ele. Agora eu tenho que ir. – Eu disse caminhando para o Salão Principal. Estava com fome. Muita fome.


Robert havia guardado um lugar para mim ao lado dele. E de frente para Patrick. Aquilo foi estranho.


Eu fiquei calada, o que dificilmente acontecia. Eu comi rápido, já que conversei pouco e me levantei logo.


- Tenho que ir. – Eu disse me levantando.


 - Hey, hoje à noite eu vou com o time para um torneio. – Robert disse segurando minha mão.


- É eu sei, Alex me disse. – Respondi.


- Preciso falar com você antes de ir, ok? – Ele disse.


- Claro. – Eu lhe disse e lhe dei um beijo na testa.


Eu fui para a sala. Sentei-me lá e fiquei pensando. Pensando no que ele me falaria, pensando no que ele queria. Pensando, principalmente no que eu queria. Eu estava surtando.


O dia se arrastou, obviamente sabendo da minha curiosidade, que era maior que meu medo.


Finalmente, no final do dia, quando estava sentada lendo um livro de História da Magia Robert apareceu.


- Lendo? – Ele me perguntou enquanto se sentava ao meu lado no sofá.


- Sim. – Respondi sorrindo. – De novo.


- E mais. Você lê muito. – Ele me disse.


- Tenho pouca coisa melhor que ler para fazer. – Eu respondi na tentativa de provocá-lo.


- Você mente mal. – Ele disse me puxando e me dando um beijo.


Eu sorri. Ele me fazia bem.


- Então, o que você quer falar comigo? – Perguntei.


- Vamos dar uma volta? Não quero conversar com você aqui, no meio de alunos do primeiro ano jogando splosivins por aí. – Ele disse.


- Claro. – Eu me levantei e, nesse momento já estava pensando que ele provavelmente iria dizer que tudo estava indo rápido demais e que ele não queria nada sério e coisas do gênero.


Eu fiquei com medo, apesar dele estar atravessando o Salão Comunal segurando minha mão.


Caminhamos pelos corredores conversando sobre coisas bobas. Finalmente ele me indicou um banco no jardim.


- Vamos sentar lá? – Ele perguntou.


 - Claro.


- Então... – Ele começou a dizer e parou.


- Então...? Diga.


- Certo. É difícil te enrolar e eu preciso ir daqui a pouco encontrar o time... – Ele disse. – E eu provavelmente vou ficar vermelho, então não faça nada que me deixe mais vermelho, ok?


- Prometo. – Eu disse sorrindo e mais tranqüila. Parecia ser algo melhor do que eu planejava.


- Tudo bem. Eu gosto de você. Eu não sei como você está em relação a nós, se você considera que existe um “nós” se você... Sei lá, eu não sei nada, eu nunca te perguntei nada... Na verdade eu nem queria te perguntar agora, mas eu não quero me arrepender de nada e não quero ir pensando algo de nós que não é. Então, é isso que eu quero conversar com você.


- Sobre o que eu acho de nós? – Eu perguntei meio confusa.


- Sim.


- Oh. – Respondi e fiquei um pouco em silêncio. – Certo.


- Então diga! – Ele me disse mostrando certa curiosidade que ele tentava esconder.


- Bem, eu gosto da gente. – Eu disse sendo sincera, mas aparentemente dizendo menos do que ele esperava. – “A gente” está me fazendo bem. Muito bem.


Sorri tentando convencê-lo e deixá-lo mais contente com o que sentia. Mas eu não tinha tanta certeza...


- Certo, então existe um “nós”. – Ele disse.


- Sim, existe. Um “nós” bom. – Eu disse. – Mas uma parte desse "nós" vai para longe e essa mesma parte não confia em relacionamentos à distância.


- É Pat faz questão de me dizer isso. Acho que ele não gosta de “nós”. – Robert me disse.


“Claro que não, deve ser porque ele gosta de me beijar de vez em quando, mas tem dificuldade em assumir isso e então fica com ciúmes e tentando te atormentar.”


- Síndrome da Amiga-Irmã. – Respondi mentindo.


- Esse é o maior problema, não é? – Ele me perguntou.


- Sim. E na verdade o único. – Eu disse pensando que aquele era o menor dos problemas que “nós” tínhamos.


- Mas... E então? Eu vou ficar duas semanas fora. Duas semanas são muita coisa no mundo jovem atual. – Ele disse. – E como nós ficamos?


- Você pensa de lá e eu penso de cá. Por mais que eu goste de “nós” eu tenho problemas com confiança. E quando você voltar à gente vê.


- Tem certeza? – Robert me perguntou.


- Eu não quero estar aqui sozinha esperando uma carta sua enquanto você está com uma jogadora de Quadribol gostosa. – Eu disse tentando fazê-lo rir (e conseguindo). – Problemas de confiança.


- Talvez quando eu voltar nós colocaremos um fim nesses seus problemas de confiança. – Ele me disse me puxando para perto dele e me beijando.


Eu havia lidado com aquela conversa do melhor jeito possível. O fato é que eu não estava pronta para nada além daquilo e, sejamos sinceras Sofia, duas semanas sem o Robert e os outros garotos no quarto do Patrick... O que é ótimo para esclarecer algumas coisinhas.


Eu sabia que esse tempo do Robert fora seria bom e ruim, mas eu tinha que lidar com isso da melhor forma possível.

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