Capítulo Dois: O pedido



Capítulo Dois: O pedido

Quinze anos, onze meses, trinta dias e vinte e duas horas (em poucas palavras: quasedezesseis anos).


Eu abri a porta da minha casa sem a maior animação, meu pai tirava qualquer coisa do carro, mas não quis esperá-lo.


Legal.


Era o meu aniversário.


O que significava que eu, minha mãe e meu pai iríamos jantar em algum restaurante caro e chique.


Você sabe, aqueles que não servem comida e sim pequenas porções. Para completar, esses restaurantes têm aquelas bandas de jazz.


Já falei que os meus pais pedem que essa mesma banda idiota de jazz toque ‘Parabéns para você’? E depois, uma pequena coletânea de... argh, jazz, é tocada em sua homenagem.


E eu nem gosto de jazz.


Então, imagine a alegria dos meus amigos ao escutarem que eu iria jantar em algum restaurante chique que só servia mini-porções - sim, diferente dos meus sete anos de idade, eu agora tenho vários amigos, talvez isso tenha ocorrido porque depois de ter sido expulso, com onze anos e dez meses, da escola de elite, eu passei a freqüentar a escola pública que tinha no meu bairro e isso nem foi tão ruim. Você sabe, o fato de ter sido expulso, já que eu não agüentava mais aquela escola que meus pais me colocaram quando eu tinha cinco anos.


Crianças de cinco anos (normais, obviamente) vão para a escola e, você sabe, brincam, desenham, brincam de novo, fazem qualquer atividade que pareça divertida e... bem, apenas ficam brincando até os seus pais chegarem.


Já crianças que devem seguir o exemplo dos pais – você sabe, filhas de grandes empresários e políticos locais -, vão para a escola de terno e gravata (não estou brincando. CINCO anos e eu já tinha um armário que faria inveja a qualquer político) e começam a aprender um milhão de línguas.


Como se eu quisesse escrever o meu nome em chinês.


Enfim, eu fui expulso. Aos onze anos, como eu acabei de mencionar.


Eu preciso dizer que aquilo foi só uma aposta estúpida de pequenos ‘adultos’ entediados com a própria vida estudantil?


Quero dizer, sim, nós saímos pelados pela escola. Sim, nós achávamos que não seríamos pegos.


E nós esquecemos que haveria, naquele dia, o ensaio do coral da escola.


O coral formado apenas por meninas, se você não entendeu.


Então, eu e Blaise Zabini nos vimos completamente ferrados. Acredite, eu tentei tampar as minhas partes de algum modo, mas acho que isso não fez com que a diretoria tivesse pena alguma de nós dois.


Eu ainda lembro da cara de vergonha da minha mãe. A mãe de Zabini parecia completamente chocada com tudo o que acontecera.


Quando meu pai soube, ele só conseguia gritar que se algum jornal publicasse que eu fora expulso por andar pelado na escola, nós estaríamos arruinados.


É.


Lógico que isso aconteceria. Porque algum jornal publicaria a minha bunda branca e magra de onze anos na capa. E começaria a descrever os problemas de crianças de onze anos que andam peladas na escola.


Papai, você é rico, mas não tão famoso assim.


E além do mais, a internet ainda estava se fortalecendo. Não existiam celulares com câmera. Então, a probabilidade de alguém ter tirado alguma foto ou mesmo filmado a minha pequena performance na escola... eram nulas.


Então, relaxe.


Assim, recebi o meu castigo.


“Você me fez gastar milhões naquela escola, Draco.”-ele disse, o mesmo tom frio que usava com os empregados que não faziam o que ele mandava.-“Eu não vou gastar mais alguns milhões com você. Não mais.”


OK.


Milhões?


Você está completamente inflacionando a mensalidade daquela porcaria.


Como ficara decidido, eu me mudaria para a escola pública do bairro.


Mamãe apenas se encolhia quando me imaginava em uma escola pública com milhões de pessoas que não eram tão ricas como nós.


Preciso dizer que não havia drogados, nem nada do tipo?


A escola era bem normal, pelo amor de Deus. As paredes eram limpas (OK, às vezes, apareciam umas pichações), os armários estavam em perfeito estado, a comida do refeitório poderia ser bem agradável (dependia, obviamente do humor das cozinheiras) e poucas pessoas realmente implicaram comigo.


Talvez o fato de ter sido expulso por aquela escola caríssima impressionasse os outros alunos. Acho que eles imaginavam que eu tinha matado alguém ou qualquer coisa assim.


O que era bem mais legal do que a verdade.


E também tinha o fato de que Gina Weasley estudava lá.


Então, você vê que eu não estava tão triste. Afinal, a minha amiga estudava lá.


Eu conhecia alguém.


E Blaise Zabini acabou se mudando também para essa escola. Ele me disse, sarcástico, que ele pagaria todos os pecados naquele lugar, mas ele sabia o quanto aquilo seria divertido.


Nenhum monitor te advertindo porque a sua gravata está virada um pouco mais para a esquerda.


Nenhum professor implicando com o fato de você assinar, cada dia, de um jeito diferente.


Ninguém pegando no seu pé porque você não foi capaz de ler aquele livro de oitocentas páginas.


Eu só seria um garoto normal de onze anos.


Eu iria com Gina todos os dias para escola. Rony nos acompanharia também (depois da nossa pequena briga, nós nos desculpamos, porém, nunca fui tão amigo dele), até o momento em que ele e Hermione Granger (a garota inteligente que estava nas classes mais avançadas) começaram a namorar.


Assim, com quase dezesseis anos, eu vivia uma rotina.


E era feliz.


Bom, isso foi antes da pequena festa de aniversário que os meus pais fizeram.


“Dezesseis anos!”-disse meu pai, parecendo animado.-“Apenas se divirta.”


Eu ainda estava meio confuso com tudo aquilo.


Sabe, não é todo dia que você abre a porta da sua casa e encontra todas aquelas pessoas da escola pública comendo salgadinhos e tomando refrigerantes.


Eles tomaram refrigerantes enquanto meus pais estavam na sala. Quando eles saíram para a festa do sócio de meu pai (o que me faz ver que eles só fizeram a minha festa para conseguirem escapulir para outra), as coisas começaram a mudar.


Primeiro, eles tiraram, Deus sabe da onde, um enorme barril de chope.


Segundo, as coisas começaram a ficar mais agitadas depois que o volume da música foi aumentado de maneira bem considerável.


E quando a festa migrou da sala para o grande jardim (com direito a piscina), as coisas realmente esquentaram.


“Não está se divertindo?”-perguntou Gina, assim que me encontrou.


Lógico que Gina já tinha mergulhado na minha piscina. Tirando os casais que preferiam ficar se amassando em algum canto da minha casa (o que me fazia ter medo de ir até o meu quarto – não queria ser padrinho de qualquer criança que nasceria nove meses depois, pode ter certeza), eu era o único que não tinha vestido nenhuma roupa de banho.


Mas Gina estava... uau. O biquíni verde escuro realçava a pele branca. É, ela estava apenas... uau.


Eu sabia que ela era uma garota.


Já a tinha visto de sutiã em várias vezes que eu subia para ver se ela estava pronta, mas nunca... tinha a olhado daquele jeito.


Você sabe, o jeito que garotos olham.


“Digamos que eu não esperava por uma festa.”-falei, sorrindo.-“Sabe, eu esperava jantar enquanto escutava jazz.”


Gina riu. Ela logo olhou no meu relógio.


“Ahn, feliz aniversário Draco.”-ela falou, me abraçando.-“Bom, eu estou três minutos atrasada, mas isso significa alguma coisa.”


Apertei-a levemente contra o meu corpo.


“Você nunca se atrasou tanto, Ginevra.”-eu falei, tentando parecer bravo-“Pelo menos, quando você ligava em casa e deixava o recado... o horário que aparecia mostrava o minuto exato.”


“Sinto muito, Draco.”-ela falou, me soltando, parecendo toda dramática.-“Na verdade, eu queria falar parabéns em outro lugar, mas você simplesmente não ajudou.”


Encarei Gina interessado.


O que ela estava querendo insinuar com aquilo?


“Onde?”-perguntei.


Então, ela segurou o meu braço.


E começou a me arrastar até a piscina.


“Não mesmo.”-falei.-“Eu nem me troquei.”


“E qual é a graça de se trocar?”-ela perguntou.


Você se trocou.”-retruquei.-“Sério, Gina, me dê um tempo.”


“Eu sei que você vai fugir.”-ela exclamou.-“Draco, é o seu aniversário.”


“Por isso mesmo.”-eu falei.-“Só que ao contrário de você, eu ainda estou usando as mesmas roupas que eu usei na escola.”


Minha mãe, para me manter longe de casa, me fizera ir até o escritório de meu pai.


Então, imagine a minha alegria ao ficar das três da tarde até as sete horas da noite naquele escritório. Enquanto eu escutava meu pai falando que aquilo tudo seria meu algum dia, eu pensava que poderia estar em coisa, fazendo qualquer coisa útil.


“Você tira apenas o tênis, OK?”-disse Gina, completamente vencida.-“Eu vou ficar totalmente do seu lado. Sério, você não vai conseguir escapar.”


Revirei os olhos.


Gina apenas colocou as mãos na cintura e disse:


“O que você está esperando?”


“Que você esqueça toda essa coisa de entrar na piscina?”-falei.-“Por que você não chama o seu irmão para ir até a piscina?”


Em outras palavras: por que você não resolve encher o saco do seu irmão?


“Porque, tolinho, Deus sabe onde ele se enfiou com Hermione.”-falou Gina.-“E sério, não tenho a mínima vontade de ver o meu irmão enfiando a língua na boca de alguém.”


Nisso eu tive que concordar.


“Nenhum outro amigo?”-perguntei. Gina praticamente me empurrara para o chão.-“Está bem, Weasley.”


“Bom, tem aquela pessoa.”-ela respondeu, apontando para a garota morena que nos observava.


O copo azul que ela segurava parecia um tanto amassado.


“Pansy.”-falei, revirando os olhos.-“Você a convidou?”


“Lógico que sim, Draco.”-ela respondeu, irônica.-“Porque eu adoraria ver o reencontro de vocês dois.”


Olhei para os outros convidados.


E vi Harry Potter.


“Potter está aqui.”-eu falei, cruzando os braços.-“E você fica falando que não ajudou a minha mãe com a lista?”


Gina pareceu estranha durante alguns segundos.


Preciso acrescentar que Gina Weasley e Harry Potter simplesmente se agarravam no refeitório... há algumas semanas?


E que eu começava a me sentir meio ameaçado, desde que a nossa pequena rotina estava sendo quebrada pelo garoto magrelo, de óculos e olhos verdes?


Não que eu não gostasse de Harry Potter.


Tá, nesse momento, eu tenho uma antipatia enorme por ele.


“Ele me pediu em namoro, Draco.”-ela respondeu, sentando ao meu lado.


Meu coração parecer parar durante alguns segundos.


“E o que você respondeu?”-perguntei, tentando parecer não muito interessado.


“Eu... não dei uma resposta decente.”-ela disse.-“Mas acho que nós não deveríamos falar sobre isso no seu aniversário. Não agora, Draco.”-e ela observou que eu ainda usava os meus tênis.-“Retire logo os seus sapatos, Malfoy.”


Só que eu não tinha a mínima vontade de fazer isso.


Na verdade, eu tinha coisas mais importantes para pensar.


Talvez tudo se resumisse:


Por que você está aqui ao meu lado? Enquanto Harry Potter parece cada vez mais deslocado com tudo isso?


“Ela é ridícula por ter vindo.”-resmungava Gina.


Segui o olhar da garota. Ela encarava Pansy Parkinson e não parecia nada feliz.


Olhei para a Gina, de maneira interrogativa.


“Sabe, a sua mãe a convidou antes de vocês pararem de sair. Ela meio que tinha dado tarefas especiais a Pansy – assim como deu algumas para mim -, mas é meio estranho pensar que depois de tudo o que acontecera entre vocês. Você sabe, o fato de ter parado de convidá-la a sair e ela ter agido como uma completa louca depois disso.”


Eu sabia.


Pansy não aceitara muito bem quando eu dissera que não queria mais nada.


Caramba, eu sou um garoto de dezesseis anos.


Ela queria, por acaso, um anel de noivado ou qualquer coisa do tipo?


“Não se aborreça, Draco.”-Gina continuou falando.-“Ela ainda nem veio falar com você.”


“Porque você está aqui.”-eu respondi.-“Ela não chega muito perto de mim desde que vocês brigaram na quadra.”


Gina sorriu da mesma maneira demoníaca.


Desde criança eu reconhecia aquele sorriso. E só a partir dos treze anos, eu parei de ter medo quando ela sorria daquele jeito.


“Ela teve o que mereceu.”


“Você é cruel.”-comentei, sorrindo.


Eu não conseguia ter pena de Pansy.


“Ande, tire os sapatos, senão, eu juro que te jogo desse jeito mesmo.”


Rapidamente, fiz o que ela mandou.


Já disse, não consigo me opor a ela.


Gina já estava em pé. Ela estendeu a sua mão.


Não a segurei.


“Malfoy.”-ela falou, entediada.-“Você realmente quer que eu te puxe?”


Lembra das forças ocultas de Gina Weasley? Agora, elas estavam ainda mais ocultas.


Você não conseguiria acreditar que por trás de uma garota de quinze anos, ruiva, toda delicada... tinha alguém capaz de deslocar ossos de outras pessoas.


Nesse caso, eu.


“Tudo bem.”-falei, levantando-me.-“Só espere um minuto.”


E nisso, eu tirei a minha camiseta.


“Eu não falei nada sobre você arrancar a camiseta desse jeito, Malfoy.”-Gina disse, toda estranha.


“Eu sou o aniversariante, Weasley.”-respondi.-“Acho que pelo menos a camiseta eu posso tirar, não?”


“OK, talvez você tenha esse direito.”-ela falou, lentamente.-“Só porque é o seu aniversário e a casa é sua.”


“Então... você vai ficar parada aí?”-foi o que eu perguntei, vendo que Gina ainda não se movera.


Ela pareceu acordar de um transe.


“Lógico que não.”


“O que você está esperando?”-perguntei, lançando um olhar presunçoso, me afastando mais um pouco.


Ela apenas sorriu.


Acredite, eu apenas me concentrei naquele sorriso.


Não vi que Gina Weasley não estava mais tão longe de mim.


A sua mão já agarrava o meu braço e me puxava para a piscina. Eu percebi que não conseguiria me livrar.


Pensando agora, talvez eu tenha me deixado levar. Talvez, eu tenha feito tudo o que eu fiz a seguir, de propósito.


“Se você acha que eu vou cair sozinho.”-foi o que eu falei.-“Você está totalmente enganada.”


Então, quando ela me empurrou, eu a puxei em minha direção. Ela parecia assustada quando agarrei a sua cintura. Nossos rostos estavam próximos demais. Eu podia ver os seus olhos me encarando, surpresos.


Eu estaria louco se eu imaginasse que por trás dessa surpresa Gina parecia feliz?


Caímos na água.


Minhas mãos não soltavam a cintura de Gina. Percebi que a sua mão não estava mais no meu braço.


Não, agora, as suas duas mãos agarravam o meu pescoço.


Tudo aconteceu muito rápido.


Voltamos à superfície e... eu me vi beijando a minha melhor amiga.


OK.


Pode parecer estranho, mas Gina estava me beijando de volta. Seus dedos agora passeavam pelos meus cabelos molhados. Eu sentia a leve pressão dos seus lábios, sentia a sua língua enroscando suavemente na minha.


“O que você está fazendo com a minha irmã?”-disse uma voz.


Eu queria ignorá-lo, mas Gina não fez o mesmo.


Ela se soltou de mim, totalmente envergonhada devo acrescentar, e encarou, adivinhem quem?, Rony Weasley.


Por que, pelo amor de Deus, ele foi convidado?


Ou melhor, por que ele tinha que aparecer naquele momento?


Ah, sim, ele não ‘disse’. Rony Weasley estava gritando comigo. E todas as pessoas que foram convidadas (leia: o colégio inteiro) olhavam para nós.


Vi Harry Potter saindo da minha casa, Pansy Parkinson nos encarava, quase em lágrimas.


E foi quando eu olhei para Gina, - você sabe, porque eu me sentia cada vez mais encrencado e realmente precisava de sua ajuda -, só que ela já subia as escadas e saía da piscina.


Sem olhar para mim, a garota já pegava as suas roupas e entrava na casa.


“O que você está fazendo?”-eu perguntei, também saindo da piscina.


Corri para alcançá-la.


“Draco, esse não é um bom momento.”-ela respondeu, jogando as suas roupas na bancada da pia.-“Eu preciso me trocar.”


Não deixei que ela fechasse a porta.


“Acho que esse é um bom momento.”-eu falei.


Só que ela não respondeu.


Gina apenas empurrou a porta.


Consegui, rapidamente, tirar os meus dedos. Sério, do jeito que Gina estava era bem capaz que ela apertasse os meus dedos.


E ela nem se sentiria culpada.


-----------------------------------------------------


Dezesseis anos e um dia


Ela não estava na porta de sua casa.


Era o nosso costume. Eu passava na sua casa e nós íamos juntos para a escola.


Só que quando eu passei em frente, não havia ninguém. Não me atrevi a bater na porta. E se Rony atendesse?


Acho que ele ainda está meio puto por eu ter beijado a sua irmã.


OK. Harry Potter é o seu melhor amigo, mas antes de Harry, eu já fazia parte da ‘família’ Weasley, certo?


E eu realmente não tenho culpa se ele não gosta de mim porque eu chamei a família dele de maluca, mas foi só uma vez. E eu logo pedi desculpas. Tá, eu demorei para pedir desculpas, mas mesmo assim.


Então, andando solitário para a escola, eu realmente pensei que assim que Gina me escutasse, nós poderíamos ser amigos de novo.


Mas era isso que eu queria?


Quero dizer, ser amigo dela? Apenas amigo?


E ela? O que ela queria? Bom, eu teria que levar em conta que ela nem olhou na minha cara depois que ela saiu do banheiro.


Então, era isso.


Ela não queria nada comigo.


Eu, Draco Malfoy, estava levando um fora da minha melhor amiga.


Mas, então, por que ela me beijou de volta? Por que ela simplesmente deixou que eu colocasse as minhas mãos na sua cintura? Por que ela em resposta me segurou pelo pescoço?


Nós estávamos abraçados enquanto caíamos na piscina.


E por mais que eu fosse amigo de Gina, nós evitamos nos abraçar. Eu podia contar todas as ocasiões em que fizemos isso.


“Draco!”-disse Pansy. Ela brotara na minha frente ou qualquer coisa assim.


“Oi.”-falei, tentando não parecer tão assustado.


“Gostei da sua festa.”-ela falou, andando ao meu lado.-“Foi realmente legal os seus pais deixarem aquela casa enorme a nossa disposição. Pena que nós não... sabe como é, conversamos.”


É, por que logo depois de Gina sair, meus pais chegaram.


E quase piraram totalmente ao ver o barril de chope e todas aquelas pessoas de roupas de banho na piscina.


Tá, eles pediram, de uma maneira bem educada, que todos fossem para casa.


Quando a última pessoa saiu, minha mãe começou a procurar coisas quebradas, enquanto meu pai falava:


“Ah, meu Deus, a gente te deixou sozinho por quatro horas, Draco.”


É, na noite do meu aniversário, se você não percebeu.


Agora, eu estou de castigo.


Fantástico.


Completei dezesseis anos e sou obrigado a ir da escola... para a empresa do meu pai.


“Draco, o que você acha se nós sairmos novamente?”-perguntou Pansy.


Meu Deus, o que ela estava falando?


Pisquei duas vezes para ela.


Nós já estávamos na frente da escola, pude ver Gina perto da escola, encarando Pansy de modo bem... maligno.


Se ela quisesse que nós fossemos apenas amigos, ela não encararia Pansy daquele jeito, certo?


“Draco?”-Pansy me chamou.-“Você escutou alguma coisa que eu disse?”


Ahn, não?


Mordi a língua antes que eu falasse isso, apenas disse:


“Escute, Pansy, a gente conversa depois.”-e nisso, eu praticamente corri para a entrada da escola.


Gina me viu aproximando.


Eu pude ver que ela pareceu meio assustada enquanto eu subia as escadas, porém, quando eu já estava na sua frente, Gina Weasley sorriu para mim.


“A gente pode conversar?”-foi o que eu falei, tentando não ser tão ríspido.


“Eu tenho que entrar.”-ela falou.


Rolei os olhos.


“Nós estamos na mesma sala. Eu vou com você.”


“Não precisa.”


“Gina, qual é o problema?”-eu perguntei.-“Sério, por que você está agindo como uma... vaca.”


Ela me encarou completamente furiosa.


“Obrigada por me chamar de vaca, Malfoy.”


“Você está sendo agora.”-eu expliquei.-“Vamos conversar.”


“Tudo bem.”-ela falou, entrando no colégio junto comigo.


A distância entre nós dois era enorme.


As pessoas me cumprimentavam, agradeciam pela fantástica festa de ontem, mas eu só conseguia falar um ‘tá, obrigado’.


Abri a porta da sala de geografia (ótima maneira de começar o dia, fala sério) e esperei que Gina entrasse.


Não havia ninguém na sala, Gina colocou a mochila na carteira que se sentava normalmente.


Isso me deixou mais seguro.


“Não vai se sentar em outro lugar?”-perguntei, calmamente.


Ela me encarou confusa.


“Você quer que eu faça isso?”-ela devolveu.


“Você está me evitando.”-foi tudo o que eu consegui falar.


Gina suspirou.


“Não estou fazendo isso.”


“Então, por que você foi embora daquele jeito?”-perguntei.


“Draco.”-ela falou, de uma maneira bem chateada.-“Eu não fiz isso.”


“Você não fez isso?”-eu falei, mais irritado.-“Como assim, você não fez isso? Gina, você saiu correndo da piscina. E quando... eu tentei falar com você, você se virou e foi embora.”


“Aquele beijo.”-Gina começou, tentando achar as palavras.-“Acho que ele deve ser esquecido.”


Eu a encarei, atordoado.


“É isso que você quer?”


Ela sentou-se na sua cadeira e abaixou a cabeça.


“Gina.”-falei, meu coração praticamente saltando da boca.-“Por quê?”


Ela respirou longamente antes de falar.


“Porque não daria certo.”


OK.


Se antes, eu estava ansioso para a explicação, agora... eu parecia simplesmente furioso.


“Não daria certo?”-repeti.-“Como assim, não daria certo?”


“Nós somos amigos demais para isso acontecer, Draco.”-ela explicou.


“Então, se nós nos tornarmos inimigos a partir de agora... você namoraria comigo?”


OK.


O que eu acabei de dizer?


Ela parou, pasma.


“Você...”-ela começou, surpresa.-“Você poderia repetir?”


“Olha, foi só uma suposição.”-eu falei, passando a mão nos cabelos.-“É que eu realmente fiquei bravo por você dizer que não daria certo porque nós somos amigos demais, mas se você pensar bem, existem casais que deram certo porque eles eram melhores amigos, então...”


Não consegui continuar.


Gina Weasley estava me beijando.


Beijando pela segunda vez.


“Então, você me pediu em namoro.”-ela falou, os lábios ainda grudados nos meus, os olhos fechados.


“E você aceitou.”-eu falei, abraçando-a.


Ela apenas sorriu.


E me beijou novamente.


CONTINUA...


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.