Capitulo 11
— Você não vai embora? – estranhou Hermione. A loja já estava fechada há mais ou menos uns quinze minutos, e ela mesma tinha guardado o dinheiro do caixa no cofre. Não via razão para que a amiga conferisse as contas do dia.
— Já vou indo – respondeu Gina, forçando um sorriso para não despertar as suspeitas da amiga. — Quero dar mais uma olhada nessas contas. Pode ir, Hermione. Eu não me importo.
— Eu cometi outro erro? – perguntou Hermione, preocupada.
— Não... nada disso – Gina a tranqüilizou. — As contas estão perfeitas.
— Então por que está conferindo de novo?
— Vá para casa, Mione – Gina suspirou. — Até amanhã.
— Você está com algum problema? – insistiu a amiga, preocupada. — É Draco? Vocês brigaram?
— Não. Claro que não. Draco e eu nunca brigamos. Você está imaginando coisas, Hermione.
— Estou mesmo? – a outra não acreditou muito. — Bom, alguma coisa está errada. Se não é Draco, então é Harry Potter.
— O quê?
Hermione se acomodou numa cadeira próxima de Gina e olhou para a amiga com um jeito provocativo.
— É Harry Potter, não é? – insistiu , colocando um cigarro na boca. — É por isso que não quer ir para casa.
— Sua imaginação está indo longe demais – retrucou Gina, agitada. — Não posso negar que é hoje que Harry Potter vai se mudar lá para casa. Mas daí a dizer que é por causa dele que estou trabalhando até tarde...
Hermione acendeu o cigarro e ficou olhando para a amiga, pensativa. Era uma moça atraente, três ou quatro anos mais velha que Gina, loira e simpática. Desde a morte de seus pais, há uns cinco anos, morava sozinha num apartamento em Malverley. Apesar de muito popular entre os homens, estava irremediavelmente apaixonada por um homem casado.
— Se não está evitando Harry Potter, o que é, então?
— Já disse. Estou conferindo as contas. Escute, Mione, tenho mesmo que responder a esse questionário?
— Quem é que você está querendo enganar, Gina? O que aconteceu, querida? Ele tentou alguma coisa com você?
— Não gosto dele. Não entendo por que mamãe concordou em ceder um quarto para Harry Potter. Da primeira vez, com tia Margot, já foi horrível... e na sexta-feira passada foi pior ainda. Levou junto uma modelo americana que passou o tempo todo agarrada nele.
— A modelo era Vivien Sinclair? Li que ela é a atual namorada dele.
— Onde foi que você leu isso?
— Onde podia ser? No jornal, é claro. O seu Harry Potter é um dos assuntos favoritos das colunas sociais. Os jornalistas não dão sossego a ele.
— Talvez ele mereça – respondeu Gina, irritada. — Agora você já sabe por que prefiro evitá-lo.
— Eu sei? – Hermione era terrivelmente perspicaz. — Não acredito que a fria e controlada Gina esteja transtornada por causa de uma modelozinho vazia e fútil.
— Ela não é vazia – resmungou Gina. — Mamãe me disse que, segundo Harry, ela tem um curso superior qualquer, e que só se tornou modelo depois de ganhar um concurso de beleza.
— Harry? – brincou Hermione
.
— Está bem – Gina admitiu a contragosto, — ele tentou me paquerar. Agora, você vai embora?
— Ora, Gina...
— O que foi?
— Às vezes fico preocupada com você, sabia? – disse Hermione, impaciente.
— Comigo? Por quê?
— Você, sim. Você é tão... vulnerável, tão fácil de ser magoada... Sabe, as vezes fico pensando se você alguma vez se envolveu profundamente com alguma coisa.
Gina se mexeu na cadeira, um pouco ofendida pelo comentário da amiga. Hermione sorriu e pediu desculpas.
— Não ligue para mim. Não estou em condições de dar conselhos a ninguém. Deus sabe que nem minha própria vida eu soube dirigir com sucesso, não é?
— Como está John? – perguntou Gina, satisfeita com a mudança de assunto.
— Está ótimo – os olhos de Hermione brilharam ao falar do homem que ela amava. — Passamos o fim de semana em Stranford. Ele é um louco, Gina! Tomamos um barco para atravessar o rio a uma hora da manhã e fizemos amor no meio das árvores.
— Acho que a louca é você, Hermione. E se... e se você ficar grávida? Afinal, ele já tem quatro filhos, e se recusa a pedir o divórcio.
— Ele não pode se divorciar – Hermione deu de ombros, resignada. — A mulher dele é católica. E, depois, como é que ele poderia deixar Audrey sozinha com as quatro crianças?
— Não entendo você, Hermione. Diz que ele não pode deixar a mulher sozinha com os filhos, mas se expõe ao mesmo risco sem ao menos a garantia de uma aliança.
— Eu tomo minhas precauções – respondeu Hermione com paciência. — E se você acha que eu e John podemos manter o mesmo tipo de relacionamento que você e Draco, está muito enganada.
— Meu relacionamento com Draco não tem nada a ver com isso.
— Não? Às vezes fico pensando para o que é que vocês estão se guardando.
— Draco e eu achamos que a lua-de-mel serve exatamente para isso – explicou, sem se sentir ofendida. — Para que casar, se você já antecipou a noite do casamento?
— Oh, Gina! Você ainda tem muito que aprender!
— Por que será que as pessoas sempre se acham mais sabidas que o resto do mundo?
Hermione suspirou
— E se vocês forem incompatíveis?
— Incompatíveis? – Gina tentou parecer despreocupada. — O que você quer dizer com... incompatíveis? Nós nos amamos
.
— Tenho certeza que sim. Mas amar e compartilhar o amor são duas coisas bem diferentes.
— E você, é claro, sabe tudo a esse respeito – ironizou Gina.
— John não foi o primeiro homem com quem eu dormi – respondeu Hermione com franqueza. — Mas é o único homem que eu desejei até hoje.
— Desejar! Desejar! O que é que o desejo tem a ver com o amor?
— Gina, escute. Tem certeza de que você e Draco...
— Você me convenceu! – Gina fez um gesto de impaciência e se levantou.
— Convenci do quê?
— De que sou uma idiota por ficar aqui até tarde só porque Harry Potter invadiu minha casa. Por que me preocupar com isso? Afinal, só vou ficar naquela casa por mais três meses! Mamãe vai poder ficar com ele só para ela.
— Com ciúmes?
— De mamãe?
— Não, de Harry Potter. Você sempre foi a menina dos olhos da mamãe, não foi?
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Feliz Natal a todos ;**
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