Sentimentos confusos.



Durante as semanas seguintes, as sessões fotográficas avançaram sem complicações. Neville se mostrava muito entusiasmado sobre os progressos que estavam fazendo e mostrou à Gina um arquivo das fotografias para que ela visse os frutos de seu trabalho.
A jovem estudou as fotografias com objetividade profissional e admitiu que eram excelentes, provavelmente um dos melhores trabalhos que Neville e ela tinham feito juntos ou por separado. As fotografias já estavam começando a formar um bom estudo sobre as diferentes facetas da mulher e tinham realizado já a metade das que necessitariam para terminar o projeto. Se tudo corresse bem, terminariam muito antes do previsto. Harry estava pensando em preparar uma edição especial, que sairia publicado no começo da primavera.
As sessões prosseguiriam depois do longo fim de semana de Ação de Graças. Gina se alegrava de ter um pouco de tempo livre, não só para descansar, mas também para poder se separar do homem que ocupava constantemente seus pensamentos e invadia seus sonhos.
Depois da noite que passaram juntos, ela tinha esperado notar certa tensão entre eles, mas Harry a tinha saudado com tanta normalidade que, de fato, a jovem pensou por um momento que tinha imaginado todo o ocorrido. Não houve menção alguma do jantar que tiveram juntos nem da cena que ocorrera a seguir. Harry voltou com aparente facilidade a sua atitude de sempre.
Para Gina não foi tão fácil comportar-se com indiferença depois dos sentimentos que ele tinha despertado nela. Entretanto, conseguiu mostrar uma atitude que disfarçava muito de refletir o torvelinho interior que sentia.
Apesar de tudo, as sessões foram avançando com normalidade. Neville se viu obrigado a lhe dizer de vez em quando que não franzisse o cenho, estava tão preocupado com seu trabalho que não viu nada de estranho nisso.
Gina estava de pé frente à janela de seu apartamento. Seu estado de ânimo era tão sombrio como a vista que de ali se via. O céu de novembro mostrava uma aparência sombria e parecia provocar um deprimente ambiente na cidade. Fazia muito tempo que as folhas tinham abandonado as árvores e estes mostravam uma aparência triste e nua. A grama tinha perdido o alegre tom verde da primavera e parecia um triste e amarelo tapete. Aquele desolado dia encaixava perfeitamente com o estado de ânimo da jovem.
De repente, a melancolia se apropriou dela. Sentiu um forte desejo de voltar a ver os dourados campos de trigo de sua terra natal. Aproximou-se do aparelho de som e pôs o disco de Denver. Sem que pudesse evitá-lo, ficou imóvel ao recordar que Harry tinha estado naquele mesmo espaço que ela estava ocupando. A lembrança da firmeza de seu corpo e da intimidade que tão brevemente tinham compartilhado se apropriou dela e substituiu rapidamente à melancolia. Em um instante, compreendeu que a atração que sentia por ele era muito mais que física. Apertou o botão do som e deixou que a suave música enchesse o ambiente.
Recordou-se que se apaixonar não fazia parte de seus planos ainda mais por Harry. Esse caminho só a levaria ao desastre e à humilhação. Entretanto, era impossível sossegar a voz que lhe dizia internamente que já era muito tarde. Sentou-se em uma cadeira e permitiu que a confusão e a depressão a cobrissem como uma pesada névoa.
Tinha chegado muito tarde em casa depois de reunir-se com a Mione e Ronald para celebrar o dia de Ação de Graças. Apesar das deliciosas receitas, Gina tinha desculpado sua falta de apetite por sua preocupação por manter a linha. Esforçou-se muito para esconder sua depressão e mostrar uma aparência normal e contente. Justo quanto terminava de fechar a porta, o telefone começou a soar.
—Alô.
—Olá, Gina, esteve fora da cidade?
Não havia necessidade alguma de que seu interlocutor se identificasse. Gina reconheceu a voz de Harry imediatamente. Alegrou-se muito de que os fortes batimentos de seu coração não pudessem ser escutados do outro lado da linha .
—Olá, Harry —respondeu ela, tratando de refletir certa frieza no tom de sua voz—. Sempre chama a seus empregados tão tarde?
—Já percebi que está um pouco zangada -comentou ele—. Teve um bom dia?
—Estupendo —mentiu—. Acabo de chegar em casa depois de ter jantado com uns amigos. E você?
—Maravilhoso. Eu adoro peru.
— Ligou para comparar menus ou tem alguma outra razão? -espetou-lhe. Acabava de imaginar-lhe com Cho em um estupendo e elegante restaurante.
—Sim, tenho uma razão. Para começar, me ocorreu brindar pelo dia de Ação de graças com você, se é que ainda tem aquela garrafa de uísque.

—Oh... —sussurrou ela. A voz lhe rompeu e o pânico se apoderou dela. Rapidamente clareou a garganta para poder seguir falando—. Não, quero dizer sim, claro que tenho a garrafa de uísque, mas é muito tarde e...
— Tem medo?
—É obvio que não. Estou um pouco cansada. Na verdade, estava a ponto de me deitar.
— De verdade? —perguntou ele, com certo tom jocoso.
—Sim —replicou ela—. Por que você esta sempre duvidando de mim?
—Sinto muito—disse Harry, embora sua desculpa carecia por completo de convicção— É que leva muito a sério as coisas. Muito bem, não beberei de sua bebida... Ao menos por esta noite. Nos vemos na segunda-feira, Gina. Durma bem.
—Boa noite —murmurou ela.
Quando desligou o telefone, sentiu que o arrependimento a embargava. Olhou a seu redor e sentiu um desejo irrefreável de tê-lo ali, enchendo o espaço com sua presença. Suspirou e levantou da cadeira. Sabia que não podia chamá-lo, embora soubesse onde encontrá-lo.
“É melhor assim”, disse a si mesma. “É melhor evitá-lo o máximo possível. Se estou tentando superar a atração que sinto por ele, a distância será meu melhor remédio.” Estou segura de que ele pode conseguir o que quer em outra parte. Cho é mais seu estilo. Eu nunca poderia competir com sua sofisticação. Ela provavelmente sabe falar francês e sabe muito de vinhos. Além disso, estava certa que ela podia tomar mais de uma taça de champanha sem começar a dizer incoerências.
No sábado, Gina se reuniu com a Mione para almoçar com a esperança de que aquela saída pudesse aumentar seu ânimo. O elegante restaurante estava abarrotado. Quando viu Mione sentada frente a uma das mesas, saudou-a com a mão e se dirigiu para ela.
—Sinto chegar tarde —se desculpou Gina—. O tráfico estava terrível e me custou muito encontrar um táxi. Nota-se que já se aproxima o inverno. Faz muito frio.
— Sim? —perguntou Mione com um sorriso—. Parece-me primavera.
—Aparentemente o amor a desequilibrou, mas, embora tenha afetado seu cérebro, fez maravilhas com o resto de seu corpo. Acredito que poderia reluzir na escuridão.
—Parece que meus pés não tocam o chão há semanas —afirmou Mione—. Suponho que ficarei doente se continuar com Rony.
-Não seja tola. Alegra-me muitíssimo vê-la tão contente.
As duas mulheres pediram seu almoço e começaram a conversar com sua habitual camaradagem.
—Acredito que deveria me encontrar com uma amiga com verrugas e nariz farpado —comentou Mione de repente.
— Como diz?
—Acaba de entrar o homem mais fascinante que já vi em muito tempo. Pela atenção que me prestou , poderia-se deduzir que sou invisível. Está muito ocupado observando você.
—Provavelmente só está procurando a alguém que conhece.
—Já tem alguém que conhece pendurada em seu braço como se fosse um apêndice —afirmou Mione, sem deixar de olhar ao casal—. Entretanto, a atenção dele está voltada para você. Não, não olhe —lhe ordenou, quando Gina fez gesto de girar a cabeça—. Deus Santo...Vem para cá... Rápido —sussurrou—. Fique natural.
—Você que está meio histérica, Mione —disse Gina, muito tranqüila e divertida pela atitude de sua amiga.
—Olá, Gina, parece que não podemos ficar muito tempo separados um do outro, não é?
Ao escutar aquela voz, Gina contemplou o rosto atônito de Mione antes de voltar-se para encontrar-se com o sedutor sorriso do Harry.
—Olá —respondeu—. Olá, senhorita Chang. Que bom vê-la novamente.
Cho simplesmente assentiu. Pela expressão gélida que se refletia em seus olhos, era evidente que estava em completo desacordo com a cortesia de Gina. Produziu-se uma pequena pausa. Harry levantou uma sobrancelha.
—Hermione Granger, Cho Chang e Harry Potter- disse Gina, apresentando-os a todos ao captar a indireta de Harry.
— Oh! Você é o dono da revista Mode! —exclamou Mione, muito emocionada.
—Mais ou menos.
—Eu sou uma ávida leitora de sua revista, senhor Potter —prosseguiu Mione—. Quase não posso esperar para que saia a reportagem com Gina. Deve ser muito emocionante.
—Até agora, foi uma verdadeira experiência —comentou ele enquanto se voltava a olhar a Gina com um irritante sorriso nos lábios—. Não está de acordo comigo, Gina?
—Sim, uma verdadeira experiência —replicou ela, sem muito entusiasmo.
—Harry —lhes interrompeu Cho—. Acredito que é melhor irmos para a nossa mesa e deixemos que estas garotas prossigam com seu almoço.
Olhou tanto a Gina como a Mione como se as duas não valessem a pena.
—Prazer em conhecê-la, Hermione. Nos vemos por aí, Gina.
Harry esboçou seu habitual sorriso, o que fez que o coração de Gina começasse a pulsar de um modo que já lhe era familiar. Entretanto, a jovem conseguiu murmurar algumas palavras de despedida. Então, muito nervosa, estendeu a mão para tomar sua taça de chá esperando que Mione não falasse daquele encontro.
Mione permaneceu olhando para Harry durante uns instantes.
— Nossa! —sussurrou olhando com intensidade a Gina—. Não havia dito que era tão bonito! Quando me sorriu, liquidifiquei-me literalmente.
— Que vergonha, Mione! —exclamou ela fingindo censurar a atitude de sua amiga—. Supõe-se que seu coração pertence já a outro homem.
—Assim é —afirmou Mione—, mas sigo sendo uma mulher. Não irá me dizer que lhe é indiferente, não? Nos conhecemos muito bem.
—É obvio que não sou imune ao devastador encanto do senhor Potter, mas terei que desenvolver um antídoto para os próximos meses.
— Não lhe parece que o interesse poderia ser mútuo? Não se pode dizer que você não tenha seus encantos.
— Acaso não percebeu como a “japa” se agarrava a ele como a hera a um muro de pedra?
—É obvio que sim —comentou Mione, com desprezo—. Deu-me a sensação de que esperava que eu me levantasse e lhe fizesse uma reverência. Quem ela pensa que é? Uma rainha?
—É o casal perfeito para o imperador —murmurou Gina.
— Como diz?
—Nada. Já terminou? Vamos sair.
Gina se levantou sem esperar uma resposta, recolheu sua bolsa e as duas mulheres partiram do restaurante.
Na segunda-feira seguinte Gina foi caminhando para o trabalho. Ao sentir os primeiros flocos de neve da temporada, levantou o rosto. Estes pareciam beijar brandamente o rosto da jovem, por isso ela sentiu uma forte emoção. A neve recordava seu lar, os passeios em trenó e as batalhas de bolas de neve. Tal foi a emoção que lhe produziu aquele fenômeno meteorológico que chegou ao estúdio de Neville tão contente como uma menina.
—Olá, velho. Como foi seu final de semana?
Gina estava envolta em um longo abrigo, com um chapéu de pele bem impregnado sobre o rosto. As bochechas e os olhos brilhavam pela combinação do frio e da emoção, por isso tudo o quadro era lindo.
Neville deixou de ajustar a luz durante um instante para saudá-la com um sorriso.
—Olhe o que acaba de fazer deixou entrar as primeiras neves. É um anúncio para as férias invernais.
—É incorrigível —comentou ela enquanto tirava o casaco e o chapéu—. Imagina tudo emoldurado por uma objetiva.
—Deformação profissional. Luna diz que o olho que tenho para a fotografia é maravilhoso.
— Luna? -perguntou Gina, muito intrigada.
—Bom, sim... Estive lhe dando umas aulas de fotografia.
—Entendo —respondeu ela com certa ironia.
—Está... Está muito interessada nas câmeras.
—Sim, sim claro, imagino...
—Pare com isso, Gina —murmurou Neville. Então, começou de novo a mudar os ajustes da câmera.
—Tolo, me dê um beijo —disse Gina enquanto lhe abraçava com força—.Já sabia que isso ia acontecer com vocês.
—Venha já, Gina... —repetiu ele. Desembaraçou-se dela e olhou o relógio—. O que faz aqui tão cedo? Ainda resta meia hora.
—É surpreendente que tenha se dado conta do tempo —comentou ela—. Pensei que poderia dar uma olhada nas fotografias que já foram reveladas.
—Estão aí —lhe indicou ele assinalando uma desordenada mesa—. Agora, vá ver as fotos e me deixe trabalhar.
—Sim, senhor.
Gina se aproximou da mesa e procurou o arquivo que continha todas as fotografias das que dispunham. Depois das estudar durante uns minutos, tirou uma foto instantânea que foi tirada na quadra de tênis.
—Quero uma cópia desta —disse—. Pareço muito competitiva...
Ao não receber resposta alguma, olhou ao Neville e o viu mais uma vez totalmente imerso em seu trabalho e alheio a sua presença.
—É obvio que sim, Gina -respondeu-se ela mesma—. O que quiser. Olhe que pose... -acrescentou sem deixar de imitar seu companheiro—. Uma forma perfeita e uma concentração própria de uma campeã. Se prepare, Wimbledon. Fará-os pedaços, Gina... Obrigado, Neville. Tanto talento e tanta beleza... Por favor, Neville, está-me envergonhando...
—Trancam pessoas nos manicômios por falar consigo mesmo —lhe sussurrou ao ouvido uma profunda voz. Gina se sobressaltou e a fotografia lhe escapou das mãos sobre a mesa. — E também está muito nervosa... Isso é mau sinal.
Ela deu a volta e se encontrou cara a cara com Harry e seu par de olhos floresta... De fato, estava tão perto que, instintivamente, deu um passo trás. Aquele gesto não passou desapercebido para ele porque franziu os lábios com um de seus atrativos sorrisos.
—Não se aproxime de mim desse modo.
—Sinto muito, mas estava tão absorta por seu diálogo...
A contra gosto, Gina sorriu também.
—Algumas vezes Neville se perde um pouco na conversação, por isso me vejo obrigada a ajudá-lo —comentou—. Olhe pra ele. Nem sequer sabe que está aqui.
—Hmm, talvez deveria me aproveitar de sua distração —sussurrou Harry.
Estendeu a mão e agarrou uma mecha do cabelo de Gina e o colocou detrás da orelha. Ela notou em seguida a calidez de seus dedos, o que vez que seu pulso começasse a latejar velozmente.
—Oh, olá, Harry. Quando chegou?
Depois de escutar as palavras de Neville, Gina deu um suspiro, sem saber se era por alívio ou frustração.

************* Respondendo os coments:



-> Prika Potter:
Ah fala sério!! Nem acredito que to recebendo um elogio seu porque eu já li tds suas fics e adoro elas!! rsrs!!
Espero que continue curtindo!!!
beijocas!!

-> Bianca:
Super arrogante esse Harry né? HUhahuahua! Chega dá um friozinho na barriga imaginar um Harry falando assim cmg! (meu amor que me desculpe! huahuahua)
Brigada pelo coment lindinha! Continue acompanhando esse arrogante sedutor!!! =P
Beijinhos


-> Carolina Villela Good God
Atendendo aos pedidos eis mais um capítulo em tempo recorde!! rsrsrs
Um brinde à nossa ansiedade!!! HUahuahua..
Eu sou leitora sei como é ruim esperar pelos capítulos tanto que geralmente só leios fics complestas pra poupar meus nervos! rsrsrs Mas como essa é adaptação, exige menos da minha criatividade em criar todo o cenário, situações, pensamoentos... enfim... Como o enredo já tá eascrito e eu sou adpato então prometo que os posts serão sempre rapiidnhos!!!

Beijocas a toda e até o próximo cáp!!!

=*

*__Lya

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