Paciência tem limite! Não tem?
Quando despertou a primeira hora da manhã, o dormitório estava iluminado pela tênue luz do alvorada. Estirou os braços e se incorporou na cama, sabendo que já não poderia dormir mais. Quando se meteu entre os lençóis na noite anterior, suas emoções estavam envoltas em uma profunda confusão. Acreditou que passaria horas dando voltas na cama, mas se surpreendeu ao dar-se conta de que, não só dormiu imediatamente, mas também tinha descansado muito profundamente, o que o fazia receber o novo dia com alegria.
Luna continuava dormindo, por isso Gina se levantou da cama e começou a vestir-se absolutamente em silencio. Colocou um pulôver azul marinho com uma calça verde musgo. Decidiu prescindir da maquiagem e colocou o macacão de esquiar que Harry lhe tinha proporcionado. Continuando, colocou a boina na cabeça.
Desceu com muito cuidado as escadas e escutou como eram lindos os sons da manhã. Entretanto, a cabana seguia envolta em um profundo silêncio. Depois de colocar botas e as luvas, Gina saiu da cabana.
O sol brilhava com força. O bosque estava em silêncio. Parecia que o tempo se deteve e que as montanhas fossem uma terra mágica sem habitantes humanos. Seus únicos companheiros eram os majestosos pinheiros talheres de neve e cujo forte aroma penetrava o ar.
—Estou sozinha —disse em voz alta— Não há outra alma no mundo inteiro —acrescentou. Então, pôs-se a correr pela neve, embriagada pela liberação que sentia— Sou livre!
Começou a arrojar neve para cima de sua cabeça ao tempo que dava voltas sobre si mesmo antes de lançar-se sobre o frio manto branco.
Contemplou uma vez mais as nevadas montanhas e compreendeu que seu coração se expandiu para deixar lugar a um novo amor. Estava apaixonada pelas montanhas, do mesmo jeito que era pelos campos de trigo. O novo e o velho amor a enchiam de alegria. Ficou de pé rapidamente e pôs-se a correr uma vez mais pela neve, esperneando-a com força antes de deixar cair de costas. Ficou ali, tombada, com braços e pernas estendidos, olhando ao céu até que um rosto adornado com uns risonhos olhos verdes entrou em sua linha de visão.
— O que está fazendo, Gina?
—Fazendo um anjo —replicou ela— Olhe. Deite-se e logo mova os braços e as pernas assim —lhe explicou, para lhe fazer uma demonstração imediatamente— O truque é levantar-se sem danificá-lo. Requer uma tremenda habilidade e um equilíbrio perfeito.
Sentou-se com muito cuidado e logo apoiou todo seu peso sobre os pés. Continuando, começou a ficar de pé sem deixar de cambalear-se.
—Me dê a mão —lhe ordenou— Perdi prática —explicou. Agarrou-se à mão que Harry lhe estendia e, então, deu um salto. Depois, deu a volta para admirar o resultado- Vê? É um anjo.
—Muito bonito. Tem muito talento.
—Sim, eu sei. Não acreditava que houvesse ninguém mais acordado —comentou enquanto sacudia a neve do traseiro.
—Vi você dançando na neve pela minha janela. Do que você esta brincando?
—Estava sozinha em meio a tudo isto —respondeu ela. Voltou a dar voltas sobre si mesmo com os braços estendidos.
—A gente nunca está sozinho aqui. Olhe.
Harry indicou o bosque. Gina abriu os olhos ao ver o enorme cervo que a olhava fixamente. Sua gargalhada lhe adornava a cabeça como se fora uma coroa.
—É magnífico —sussurrou, antes que o cervo se desse a volta e desaparecesse no coração do bosque—. Oh, estou apaixonada! —exclamou voltando de novo a correr pela neve—. Estou completamente apaixonada por este lugar! Quem precisa de um homem quando se pode ter tudo isto?
— Sério? —perguntou Harry.
Gina sentiu que uma bola de neve lhe golpeava na parte posterior da cabeça. Voltou-se e o olhou com olhos entreabertos.
—Já sabe que, é obvio, isto significa guerra.
Tomou um punhado de neve e o transformou rapidamente em uma bola. Então, o lançou contra Harry com força. E assim começaram os disparos de neve, embora as bolas davam no alvo quase tão freqüentemente como falhavam. Pouco a pouco, Harry foi aproximando-se e Gina teve que sair-se em uma retirada estratégica. Sua fuga se viu interrompida quando ele a agarrou e a atirou ao chão para rodar com ela pela neve. As bochechas de Gina reluziam pelo frio e os olhos brilhavam de alegria.
—Muito bem, você ganhou, você ganhou...
—Assim é —afirmou ele— E o vencedor fica com o bota de cano longo.
Beijou-a brandamente, movendo os lábios em cima dos dela com rapidez. Rapidamente, conseguiu sossegar as gargalhadas de Gina.
—Cedo ou tarde, sempre ganho —murmurou enquanto lhe beijava os olhos fechados—. E me parece que não fazemos isto com suficiente freqüência -acrescentou. Então, aprofundou o beijo até que os sentidos de Gina começaram a dar voltas—Tem neve por toda a cara...
Acariciou-lhe a bochecha com os lábios. Com a língua, foi retirando um a um todos os flocos. Sem poder evitá-lo, Gina sentiu um delicioso tremor.
—Gina... É uma criatura tão deliciosa... Tão linda. —sussurrou. Olhou-a fixamente nos olhos e respirou profundamente. Continuando, começou a lhe tirar a neve com as mãos.
—Acredito que os outros já se levantaram. Vamos tomar o café da manhã.
-*-*-
Estava uma vez mais sobre a neve, mas daquela vez ia acompanhada por Neville e sua câmera. Estava fazendo fotografias durante horas, assim parecia a Gina. Ela desejou que a sessão terminasse. Não fazia mais que pensar no chocolate quente que tomaria diante da lareira.
—Muito bem, Gina. Volte para a terra. Supõe-se que esta se divertindo, não perdida em seus pensamentos.
—Espero que suas objetivas congelem —replicou ela, com um sorriso.
—Basta, Gina —protestou Neville enquanto seguia tomando fotografias— Muito bem, isso servirá.
Ao ouvir aquelas palavras, Gina desabou sobre a neve fingindo um desmaio. Neville se inclinou sobre ela e tirou outra fotografia. Ela se pôs a rir.
— São cada vez mais longas as sessões, Neville, ou é minha impressão?
—É sua impressão —respondeu ele— Já chegou o topo de sua carreira. A partir de agora tudo irá cair —brincou.
—Vou te mostrar já o que vai começar a cair —replicou Gina. Ficou rapidamente de pé e agarrou um punhado de neve.
—Não, Gina, não —suplicou Neville enquanto protegia sua câmera—. Recorda as fotos que acabo de tirar. Não perca o controle —acrescentou. Então, deu-se a volta e pôs-se a correr para a cabana.
—Cheguei ao fim de minha carreira, né? Toma!
A bola de neve golpeou Neville de cheio nas costas. Continuando, pôs-se a correr atrás dele e, quando o alcançou, lhe subiu à costas e começou a lhe golpear na cabeça.
—Continue —lhe disse Neville transportando-a sem esforço algum—. Estrangule-me, me cause uma lesão cerebral, traumatismo craniano... mas não toque em minha câmera!
Justo quando se aproximavam da cabana, Harry saiu de seu interior.
—Olá, Neville —disse—. Acabou?
—Senhor Potter —comentou ela em tom muito sério —Tenho que falar com você. Acredito que devemos contratar um novo fotógrafo. Este acaba de sugerir que minha carreira esta acabada.
—Eu não tenho culpa —protestou Neville —Figuradamente, levo meses com você em braços e agora a transporto literalmente. Acredito que está engordando.
—Isso é o cúmulo —protestou ela—.Agora já não tem mais jeito. Tenho que matá-lo!
—Deixa-o durante mais alguns dias, certo? — pediu-lhe Luna, que acabava de aparecer na porta— Ele não sabe ainda, mas vou levar ele para um passeio romântico pelo bosque.
—Muito bem —afirmou Gina —Deveria me dar o tempo suficiente para considerar minha decisão. Deixe-me no chão, Neville. Acabo de lhe conceder um indulto.
— Esta com frio? —perguntou- Harry a Gina, quando entraram na cabana e ela começou a despojar-se do macacão de esquiar.
—Estou congelada. Há alguns entre nós que têm anticongelante em vez de sangue nas veias.
—Exercer a profissão de modelo não é só glamour e sorrisos, verdade? —perguntou Harry enquanto ela se sacudia a neve do cabelo —Está satisfeita? -quis saber ele de repente—Não deseja nada mais?
—Esta é minha profissão e é o que sei fazer.
—Mas, é o que quer fazer? —insistiu ele —É a única coisa que deseja fazer? Fotografar?
— A única? Parece-me que é mais que suficiente por hora! —replicou ela.
Harry a observou durante um instante. Então, deu a volta e partiu. Inclusive com jeans, movia-se com uma grande elegância. Completamente perplexa, Gina observou como desaparecia pelo corredor.
A tarde passou muito tranqüilamente. Gina tomou o chocolate quente com o que tanto tinha sonhado e cochilou um momento sobre uma poltrona que havia ao lado do fogo. Continuando, observou como Harry e Bud jogavam xadrez.
Cho não deixava Harry nem um só instante, apesar de acompanhar a partida com evidente aborrecimento. Quando terminaram de jogar, insistiu que Harry lhe mostrasse o bosque. Para Gina foi evidente que não estava pensando nem nas árvores nem nos esquilos.
Pouco a pouco, começou a obscurecer. Cho, com aspecto um pouco zangado depois de seu passeio, queixou-se sobre o frio e logo anunciou como se tratasse de uma rainha que ia tomar um banho durante ao menos uma hora.
Jantaram um guisado de carne, que desgostou profundamente à megera. Compensou seu descontente bebendo mais vinho do que aconselhável. Ninguém prestava atenção a suas inumeráveis queixas, por isso o jantar passou em um ambiente de pessoas que se acostumaram à companhia de outros.
Uma vez mais, Gina e Luna tomaram conta da cozinha. Estavam a ponto de terminar de recolher quando Cho entrou, com outra taça de vinho na mão.
—Acabou já com seus afazeres femininos? —perguntou com um profundo sarcasmo.
—Sim. Agradecemos profundamente sua ajuda —replicou Luna enquanto colocava os pratos em um aparador.
—Se não importar, eu gostaria de falar com Gina.
—Não, claro que não me importo —respondeu Luna. Sem alterar-se, seguiu guardando pratos.
Cho se dirigiu para o fogão, que Gina se estava limpando.
—Não penso tolerar seu comportamento durante mais tempo —começou a oriental.
—Muito bem. Se prefere fazê-lo você... —replicou. Então, ofereceu-lhe a bucha com o que estava limpando a Cho.
—A vi esta manhã com Harry —lhe espetou Cho.
— Sim? —repôs Gina. Então, voltou a centrar toda sua atenção na limpeza da cozinha—Na realidade, estava lhe atirando bolas de neve. Eu acreditava que você estava dormindo.
—Harry despertou quando me levantei da cama.
Cho tinha falado com voz suave, mas a implicação de suas palavras era evidente. A dor se apoderou de Gina. Como podia ter abandonado Harry os braços de uma mulher para ir tão facilmente aos de outra? Fechou os olhos e se sentiu empalidecer. A diversão e a intimidade que tinham compartilhado aquela manhã carecia de significado. Agarrou-se a seu orgulho desesperadamente e voltou a enfrentar com Cho.
—Cada um tem direito a ter seus gostos —replicou.
Cho se ruborizou dramaticamente. Depois de lançar uma furiosa praga, derramou o conteúdo da taça sobre o casaco de Gina.
— Você foi muito longe, Cho! —explodiu Luna, muito zangada—. Não vai sair desta assim!
—Perderá seu trabalho por me haver falado assim, Luna querida.
—Tenta. Quando meu chefe ver o que...
— Já basta! —interrompeu-as Gina—. Não quero que faça uma cena, Luna.
—Mas Gina...
—Não, por favor. Esqueça. Falo sério —afirmou, apesar de sentir necessidade de arrancar o cabelo de Cho—Não precisa colocar Harry nisto. Já tive mais que suficiente.
—Hunf... —resmungou Luna. Então, lançou a Cho um olhar de desprezo-. Só por você, Gina.
Gina saiu da cozinha com rapidez. Desejava desesperadamente poder alcançar o santuário de seu dormitório. Entretanto, antes que chegasse à escada, encontrou-se com o Harry.
—Acaso esteve na guerra, Gina? -perguntou-lhe, ao ver as manchas vermelhas que levava na veste — E parece que perdeu.
—Eu não tinha nada que perder —murmurou ela antes de tratar de seguir com seu caminho.
—Um momento... O que aconteceu? —perguntou-lhe Harry segurando-a pelo braço.
—Nada...
—Não me venha com essa... olhe para você —ordenou-lhe Harry. Tratou de segurar Gina pelo queixo, mas ela o impediu—. Não faça isso. O que aconteceu? —insistiu. Agarrou-lhe o rosto e o imobilizou.
—Não aconteceu nada —replicou ela—. Simplesmente estou cansada de que me manuseiem.
Rapidamente, observou como os olhos do Harry se obscureciam até alcançar uma obscura expressão.
—Tem sorte de que haja outras pessoas na casa ou te daria um bom exemplo do que é realmente manusear. É uma pena que eu respeitasse sua frágil inocência, mas lhe asseguro que, no futuro, manterei as mãos afastadas de você.
Harry a soltou por fim. Então, com o queixo e o braço doloridos pela pressão, Gina o empurrou com suavidade e começou a subir tranqüilamente as escadas.
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Quem quer matar a Autora levanta a mão!!!
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Genteeee!! Me perdoemmm a demoraaa!!
Minhas férias acabaram e o 5º período tá bombando!!! muita matéria, 2 trabalhos pra fazer já, mais estágio!!!! Tenhammm dó de mim!!!
Rsrsrs.
Como esse fim de semana não estarei em casa segue um capitulãoooo pra compensar minha ausência!!!
Desculpinha não responder aos coments, mas vcs sabem que tão no meu S2 né???
BIG BJS!
*__Lya
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