Parte VII



O dormitório masculino do quinto ano da casada Sonserina, como sempre, era dominado por um silêncio anormal, mesmo para as três da madrugada. Ninguém diria que alguem ainda estava acordado. Tom Riddle, oculto pelas duas camadas de cobertores necessários para superar o frio invernal, escrevia em um livro, iluminado por sua varinha.

Havia apenas uma hora ele finalmente recebera uma resposta de Sherazade. Ela agora acabara de contar-lhe tudo o que lhe passara graças a aquele livro. Tom estava surpreso com o como um simples objeto magico podia afetar negativamente o mundo trouxa. "a tal Anahita era, sem duvidas, alguem sob os efeitos da polissuco fugindo, quem sabe, do ministério" Pensava ele, enquanto continuava a escrever " O pai dela é o Gran Vizir, ou seja, técnicamente o bruxo do reino."

- "Sobre seu pai... há como eu, em algum momento, falar com ele?" - Leu, em voz baixa, o que a cabava de escrever antes de ser substituído pela resposta - "Nao"... - Tom franziu a testa. Será que ela desconfiava de suas verdadeiras intençoes? - Duvido muito, deve haver outra explicaçao.


Sherazade estava sentada na sacada. Diferente de haviam três horas, nao vestia sua costumeira túnica branca, que era substituído por um lençol pertençente à cama do Rei. Escrevia, iluminada mais uma vez pela mágica luz prateada da lua cheia, no pequeno livro negro repousado em seu colo, sorrindo vagamente para o que escrevia. Na parte de dentro do quarto podiam-se ouvir um ou outro ronco do soberano Persico.

Por algum motivo acabara de descrever tdos os recentes acontecimentos à pessoa que controlava o livro. Nao sabia o porque, mas lhe transmitia uma segurança que mais ninguém que já conheçera em carne e osso. Principakmente depois do que acabara de fazer.

Se havia surpreendido por sua reaçao quase indiferente, ainda mais quando perguntou se poderia falar com seu pai. Sua resposta foi direta e sem escrúpulos, o que devia abalar ao tal Tom, mesmo sem demonstrar-lo.

"Você deve ter seus motivos, mas gostaria de saber quais sao" leu a resposta, o que deixou seu sorriso ainda mais vizível. Nao se conteve e escreveu logo a seguir. "Como você já deve ter notado, este livro já causou. Prefiro que meu pai ou qualquer outra pessoa querida saiba sobre você ou sobre as fantásticas propriedades mágicas deste livro."


Tom entendera perfeitamente o que ela queria dizer. Sabia que fracassara em sua tentativa de aprender sobre os segrdedos da antiga magia persa. Mas, para seu prório assombro, nao sentia remorços. Apenas um estranho vazio no fundo do estômago, o qual lhe encomodava imensamente. Depois de um longo intervalo de aceitaçao dos fatos, ele voltou a escrever, sem ter uma real noçao do que escrevia.

"Entendo... mas o que você pretende, de fato?" A resposta veio mais rápido do que ele esperava. "Vou me casar com Xeriar. Sei que pode parecer loucura, mas sei que eu posso curar sua loucura. Posso acabar com essa matança sem sentido." Tom se perguntou o porque de nao estar surpreso com a resposta. "Muito nobre de sua parte, mas acredito que terás uma morte va."

"Sim, posso ser morta, mas nao seria, de forma alguma, em vao. A nao ser que você prefira acreditar que nao tenho a menor chance de fazê-lo mudar." Tom começara a irritar-se. Nao estava acostumado a ser contradito daquela maneira. Ainda insistindo, escreveu, com um traço mais forte e levemente agrssivo que antes: "Sabe, às vezes acreditamos ter mais poder do que nos é concedido, apenas digo isto."

A resposta tardou mais uma vez em vir. Tom se arrependia ligeiramente de ter escrito tais palavras àquela jovem e sonhadora mulher que, mesmo a séculos de distância, se parecia muito com ele. "Neste caso terei que procurar por mais poder, se for necessário para realizar meus desejos." Essa resposta fez a cabeça de Tom girar. Sabia que era apenas uma frase em sentido figurado, mas mesmo assim nao pôde deixar de notar certa vericidade nela. Isso lhe deixou sem argumento algum.


Sherazade nao sabia porque, mas simplesmente teve que escrever aquelas palavras. Saíram tao naturalmente quanto um de seus fantasiosos relatos e histórias. Mas para seu agrado tinham surtido o efeito desejado, Tom já nao protestava contra essa decisao. Após esperar alguns segundos, voltou a molhar a pena em um tinteiro que havia no quarto do rei e escreveu:

"Mas, me diga, por que te preocupas tanto comigo? Nao serias um Deus protetor, verdade?" Mesmo ela nao podendo saber, imaginou a reaçao da pessoa com a quem converçava. "ele deve estar zombando de mim depois dessa pergunta óbviamente inútil" pensava ela, preparando-se para a resposta provávelmente sarcástica que receberia. Quando esta chegou, leu "Posso nao ser um Deus, mas acredite que um dia terás conhecimento de mim."

Ela, ao mesmo tempo sobressaltada e feliz pela resposta, interpretou-a de uma maneira muito mais inocênte do que Tom tinha, de fato, em mente. "Se isso algum dia acontecer, espero poder te contar outras muitas histórias, afinal, você foi, sem dúvidas o melhor público que tive." escreveu ela, corando imperceptívelmente. Levantou-se, segurando o lençol e o livro com os braçoes e a pena entre os dedos, manchando um pouco de tinta a fina seda. Girou-se, colidindo de frente com a magnífica paisagem que o fim da noite a proporcionava, transformando as inumeras casas de barro e cerâmica em meras sombras zombeteiras, ocultando qualquer açao, fosse ela boa ou ruim, dos olhos dos Deuses.

Sherazade hesitou e abriu o livro. Nele, escreveu uma pequena frase antes de fechá-lo novamente. Subiu no parapeito da sacada e, após abraçar levemente o livro, atirou-o com todas as forças que conseguira juntar. O pequeno encadernado conforme caía, parecia ter seu conteúdo roubado pelo vento e pelas sombras. A jovem mulher assistia, com um largo sorriso o livro se perder entre as casas enquanto o sol começava a revelar-se, dificultando um pouco sua visao.

"Parece que esse livro ainda tem um largo trajeto a recorrer... sejam suas heranças boas ou ruins, espero que ajude a Tom mais do que eu pude." pensou Sherazade, enquanto rumava de volta para a cama onde estava Xeriar, roncando desritimadamente

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