Capítulo 1
-Aaah, hahaha! - ria Vicent, com os braços abertos, como se imitasse o Cristo Redentor. - Me adorem, me idolatrem, me amem! Ha, suhahsuahsauhasu! - Ele estava em pé, sobre uma enorme plataforma e embaixo dele estavam milhares de milhões de pessoas que gritavam seu nome, atiravam flores e cartas. Seus fãs! Só seus! Era uma sensação maravilhosa, era a melhor coisa que poderia acontecer, era... era...
...Apenas um sonho!
Ele acordou com umas estranhas batidas na janela de seu apartamento em Londres. Empurrou uma almofada com a qual havia dormido abraçado para o chão e levantou de sua desarrumada cama. Caminhou até a cozinha (que era no mesmo cômodo, assim como a sala e a lavanderia) e olhou pela janela. Uma pequena coruja cinzenta pedia para entrar. Vicent abriu um pouco a janela para que ela pudesse entrar. Se arrepiou todo ao sentir uma corrente gélida entrar junto com a coruja. Pegou o jornal que ela trazia e a pagou, mas ela não foi embora. Piava impacientemente, com uma perna levantada, mostrando um rolo de pergaminho. Devia ser para ele!
-Ah, é do jornal, vejamos o que acharam de minha histó... bah! - Parou de falar no exato momento que leu a primeira linha da carta:
"Estou sem palavras!
Que droga foi aquela? Não, não, não! Não é isso que nós queremos! Contos sobre os pais do tão famoso Harry Potter, dele mesmo e sobre seu espetacular último ano de vida... não! Quero coisas nova, po! Force esta sua miúda cabecinha e tire dela algo de útil! É sua última chance: ou me envia algo realmente interessante, ou adeus Profeta Diário pra você!
Dropus Finger- Editor Chefe Profeta Diário
PS: Última chance!!!"
-Aquele cretino! - Comentou Vicent à si mesmo, jogando no lixo a minúscula carta. - O que ele quer? Agora todos escrevem histórias sobre o jovem Harry Potter, seus pais e seus amigos! Nisso eu sou especialista! Especialista! Por que ele não gosta? - Deu uma mordida em uma torrada que acabara de preparar, mas esquecera de passar geléia. - Vou dar uma volta! Quem sabe assim eu não consigo algo para uma história "nova" - disse com desdém.
Vicent era um jovem escritor, recém formado em runas antigas e filosofia mágica. Trabalhava como escritor na seção de novelas do Profeta Dominical, mas pelo visto suas histórias não faziam grande sucesso entre o público alvo: os jovens. Eles já estavam cansados de ouvir sempre o mesmo nome: Potter. Atualmente, Harry vivia afastado da sociedade bruxa, com sua namorada, Gina Weasley. No último ano conseguira, ao lado de seus amigos, derrotar mais uma vez a tirania do Lord das Trevas, mas negou-se a ter sua privacidade violada pelos papparazzis e resolveu mudar-se para algum lugar longíncuo, onde poderia aproveitar a vida numa boa.
Inúmeras histórias, nominadas "Potter's-Fiction" pelos fãs, são escritas diariamente por bruxos e bruxas de todas as idades, não por dinheiro, mas sim para ver algo criado por eles sendo visto e comentado por outros bruxos e bruxas. Mas Vicent havia sido premiado inúmeras vezes por suas histórias e agora cobrava por elas, mas parecia qu já não interessavam tanto.
Ultimamente caminhava de cabeça baixa pelas ruas de Londres, cheias de neve acumulada nas calçadas. Era mais um frio janeiro, mas mesmo assim as ruas estavam movimentadíssimas.Os trouxas não paravam de passar, apressados. Vicent Caminhava tranqüilamente, observando as poucas coisas interessantes que haviam naquela cidade tão grande e tão chata. Sentou-se em um banco, em frente a um prédio enorme em construção. Muitos homens se encontravam em andaimes e guindastes ali, trabalhando contra o frio.
Vicent também era um apreciador dos trouxas. Para ele, eram muito engenhosos, como as formigas. Ficou observando durante meia hora, até que se deu conta do tempo e do frio que fazia e resolveu se movimentar. Duas horas de caminhada e nada de "inspiração escritora", apenas o início de um resfriado. Após espirrar, resolveu dar meia volta e ir pra casa.
Mas, no meio do caminho, algo chamou-lhe a atenção; uma loja. Uma loja de antigüidades e raridades, ou, em outras palavras, um vende-treco. Resolveu entrar e observar as velharias trouxas. Sempre lhe divertira ver suas engenhocas. A loja possuia uma fachada sombria e velha, estava em um prédio estreito e mal podia-se percebê-la, já que era ofuscada pelo hiper-mercado ao lado. Atravessou rapidamente a rua e passou pelo portal protegido apenas por um manto de seda dividido em dois.
A loja, por dentro, não era muito diferente que por fora. Um cheiro de poeira invadiu suas narinas, obrigando-o a dar um particularmente barulhento espirro, bem em cima de um porta-frutas que um casal de trouxas pensava em levar, mas devolveram-no ao seu luga com um pouco de asco. Fungando, Vicent ficou ali parado, olhando para vitrolas, móveis, pratos e outras coisas pertencentes a outra época. Era, definitivamente, uma chatice. As coisas que ele gostava eram as eletrônicas, não as de manivela! Já estava dando meia-volta quando foi empurrado para uma prateleira, fazendo cair metade das peças de porcelana que haviam ali.
-Carai, olha por onde anda, ô mula! - Começou a reclamar, enquanto se virava para encarar seu agressor. Era um homem que usava uma máscara negra, que cobria-lhe toda a cara, um boné e uma coisa que Vicent sabia o que era, só não lembrava o nome. Eram tipo varinhas, cuja função limitava-se apenas em matar ou ferir. E apontava para ele. Vicent o analizou dos pés à cabeça e parou na máscara, comentando. - Putz, tá bom que está um frio do cão, mas precisava apelar pra uma máscara? Um cachecol já dava pra...
-Cala a boca! - Interrompeu-lhe o homem, apontando a arma para a testa de Vicent. - As mão para o alto! Vamos! Levante as malditas mãos! - Agora o homem gritava, com uma voz muito nervosa e trêmola. Vicent resolveu obedecer e levantou as mãos. - Fique agachado naquele canto! Nem tente alguma gracinha!
-Ow, folgado você, hein, cara? Eu vou é pra casa que tenho muito traba...
BANG!
O homem disparara contra a mesma estante na qual colidira Vicent, deixando ali uma marca muito visível.
-Aaaah, tá bom, tá bom! Vou lá pro cantinho! - Vicent, assustado pelo barulho, correu até onde o homem mascarado lhe mandara ir. Este se encaminhava ao balcão, onde uma velha senhora assistia a tudo com muita naturalidade.
-O que o senhor deseja? - Perguntou a velha, com uma voz arrastada e monótona, mas parecendo não notar que estava sendo ameaçada com uma pistola. O homem, com as mãos tremendo, gritou:
-Todo o dinheiro que você tem aí no caixa, vovó! Vamos, tire tudo! Isto é um assalto!
"Um assalto!" pensou Vicent, empolgado "Putz, que emoção! Estou presenciando uma das coisas mais chiques dos trouxas: um assalto à mão armada!". E estirou um pouco o pescoço para ver melhor sobre uma estante, mas sem sair do lugar. Poderia neutralizar o bandido, mas pensou melhor. Queria um pouco de ação. Queria viver algo interessante, nem que fosse uma vez, queria...
-Vai logo, velha! Não tenho o dia todo! - Gritava o ladrão, olhando constantemente para a porta, como se esperasse que a polícia entrasse por ali em qualquer momento. - E você nem um pio, hein! - Disse, apontando a arma a Vicent, o único cliente na loja. Ele ia responder, mas o bandido virou-se novamente para o balcão, onde a velha tirava moeda por moeda o dinheiro do caixa e colocava no balcão.
"Bah, isso tá muito chato! Eu vou pra casa!" - Depois de cansar-se de ficar observando uma velha tirando dinheiro do caixa, Vicent resolveu abandonar a loja, que conseguia ser monótona até quando era assaltada! Se levantara e começara a caminhar quando foi ameaçado novamente pela pistola do ladrão, que o mandava voltar para onde estava.
Ele responderia com um feitiço paralizante no ladrão e um apagador de memória na velha, mas voltou ao seu lugar, com um sorriso ao ver algo lá fora que poderia fazer a história ficar um pouco mais excitante.
Dois policiais irromperam pelo portal, arrancando uma das metades do pano de seda e apontando suas pistolas ao bandido.
-Abaixe a arma! - Gritou um dos policiais
-Nunca! - Gritou o bandido, saltando para detrás de uma das estantes. O outro policial disparou, talvez por acidente, talvez não, mas a bala ficara incrustrada na testa de uma estátua. Vicent observou o bandido rastejar até ele e agarrar-lhe pelo pescoço com uma chave de braço bem apertada, pressionando a ponta da pistola em seu crânio. Pensou em impedi-lo, mas preferiu ver no que dava. - Fiquem aí! Não se aproximem, ou estouro os miolos deste cara!
Os policiais engoliram em seco, recuando um paso.
-Caraca, e precisa gritar? - O berro que o ladrão dera fora bem do lado da orelha esquerda de Vicent, que sentira uma penetrante dor no tímpano. - Eles tão ali, a dois metros, controla essa boca , mano!
O bandido nem ligou. Começou a avançar em direção à saida. Empurrava Vicent em sua frente, como um escudo humano, mantendo firmemente a chave de braço. A velinha, percebendo que o ladrão não iria levar o dinheiro, chingou em voz alta todo o trabalhão que teve para tirar o dinheiro do caixa e foi tomar um cafezinho.
-Levarei seu carro, policiais! - Disse o ladrão, com um nervosismo disfarçado na voz quando já estava fora da loja, caminhando de marcha ré até um carro-patrulha estacionado ali. - E este mané? Por via das dúvidas... Adeus! - Jogou Vicent no banco traseiro do carro, entrou e pisou fundo no acelerador. Quando o carro virou uma esquina, um dos policiais deu um tapa na cabeça de seu companheiro:
-Última vez que você dirige! Nunca lembra de tirar a droga da chave!
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Minha fic mais famosa, repostada! Por favor, comentem, me faz feliz =3
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