O mesmo erro



Eram cinco da tarde e o sol estava quase se pondo. Hermione esperava ansiosa, pela chegada do marido. O céu estava claro, sem nuvens, diferentemente da noite anterior.

A jovem estava sentada em uma pedra, diante da lagoa. Seu cabelo estava liso e bonito, já que ela se preparara especialmente para esse momento. Usava também maquiagem e o seu vestido preferido, cor das folhas das árvores.

Eram cinco e meia e Hermione começou a ficar ansiosa. Segundo ela, Ronald devia estar planejando uma surpresa. Talvez chegaria poucos minutos antes do pôr-do-sol, ou talvez já estivesse a caminho.

O céu começou a se tornar vermelho e a jovem ficou impaciente. A grande bola laranja começou a sumir, deixando o céu ligeiramente escuro. Aos poucos, estrelas começaram a salpicar o céu. O momento que ela desejava passar com o marido, tinha passado sozinha.

Os sapatos de salto alto já começavam a incomodar. Em razão disso, ela os tirou e se levantou, pisando descalça na grama macia e verde. Andou na direção de casa, deixando algumas pegadas na terra escura.

Assim que adentrou a sala de estar, sentou-se no sofá e cruzou as pernas. Estava extremamente irritada com o marido, que se atrasara para um encontro proposto por ele mesmo.

Ficou esperando, olhando para o fogo que crepitava na lareira. Os segundos passavam e nada de Ronald chegar. Uma luta ocorria dentro da mente de Hermione e ela não sabia em qual dos dois lados acreditar.

“Ele se atrasou, como todas as noites!” Disse uma voz em sua cabeça “Esqueceu de você e dos bebês mais uma vez!”

“Ele deve ter esquecido” Sugeriu uma outra voz.

“Se tivesse esquecido uma vez, tudo bem” Falou a voz “Mas ele cometeu o mesmo erro várias vezes! Isso eu não perdôo!”

“Ele só esqueceu!” Insistiu a segunda voz.

“Se ele desse a mínima importância para a família, não teria esquecido!” Gritou a primeira voz.

“Ele ainda te ama, só esqueceu de um compromisso! Só isso!” Berrou a segunda voz, defendendo Ronald.

“Ele não esqueceu do compromisso, ele esqueceu de você!” Disse a voz “Não se esquece daqueles que se ama!”

“Está dizendo que...” Falou a voz que defendia o marido, parando na metade da frase.

“ELE NÃO A AMA MAIS!” Gritou a primeira voz.

Aquilo fora como um jato de água fria para Hermione. Não era possível. Ronald dizia amá-la mais do que tudo, mas não podia ser verdade. Não se ele esquecesse dela e dos bebês todos os dias.

Sua cabeça estava funcionando muito devagar, algo fora de costume. Demorou algum tempo para concluir que os momentos de tensão e raiva do casal eram muito maiores do que os de alegria e amor.

– Ele não me ama mais – falou para si mesma, uma lágrima brilhante escorrendo pelo rosto – É isso. Ele não me ama mais.

Chorar não ia adiantar de nada, naquele momento. O casal provavelmente ia se separar em pouco tempo, talvez antes mesmo dos filhos nascerem.

O relógio deu nove horas. Hermione continuava absorta em seus pensamentos, olhando para a lareira, refletindo sobre o relacionamento problemático.

A luz da lua foi tapada por várias nuvens. Vários grossos pingos de chuva começaram a cair delas. O tempo devia ser como o relacionamento dos dois: não era nada firme.

Hermione pensou ter ouvido um barulho do lado de fora. Foi até a janela e abriu-a, para ver se Rony chegara. O vento açoitou seus cabelos e várias gotas de água espirraram nela. Logo viu a sombra do marido, que chegava do Ministério. Nem se deu ao trabalho de sair para falar com ele, voltando para onde estava.

A porta escancarou-se quando ela tinha acabado de deitar no sofá. Rony entrou, encharcado, deixando uma poça de água e lama no chão. Logo tratou de justificar-se:

– Hermione! Desculpe, querida! Obrigaram-me a fazer nove batidas, hoje. Não tive como ir embora! É verdade! Por favor, me perdoe.

– Está vendo como não dá a mínima para mim? – perguntou, ignorando o que Ronald dissera anteriormente – Se tivesse consideração, não sujaria a sala inteira de lama. Isso porque não é você quem limpa a casa todo dia!

Rony aproximou-se da esposa, ajoelhando-se do seu lado, para ficar mais perto dela, deixando mais lama pela sala.

– Você acha que a culpa é minha? Acha que eu posso fazer tudo que quero? Parece que você acha sim! É você quem não dá a mínima para mim! Quer que eu vá contra a vontade do Ministro da Magia, do meu chefe, de todas as pessoas do meu departamento e...

– E você quer que eu fique escutando você dar suas mil e uma desculpas, todas as noites? – cortou Hermione, levantando-se – Para mim, já chega! Eu vou dormir no meu quarto. Tenha uma boa noite!

Ela passou direto por Rony e, pisando na lama, subiu as escadas para o segundo andar. O marido ainda tentou persuadi-la:

– Hermione! Você sabe que eu não fiz por mal! Por favor!

Ela fingiu não escutar o que o homem dizia. Entrou em disparada no quarto, tentando abafar a voz do marido. Sentou-se na cama de casal, alisando a colcha branca. Deixou algumas lágrimas escaparem, controlando-se ao máximo.

– Aí está a prova – falou para si mesma, soluçando – Ele não... não me ama mais! Ele não ama mais... os nossos filhos...

Deitou-se, abafando o choro no travesseiro de plumas. No dia seguinte, ela tomaria a melhor decisão para o casal, estava decidida.

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