O Verdadeiro Passado de Voldem



G: Como todo bom livro de luxo - capa preta e letra garrafal dourada - viemos por meio desta lhes contar uma história de superação, audácia e muita astúcia.

F: Nosso héroi…

G: Nosso ídolo…

F: Nossa inspiração…

G: O homem que mais passou por dificuldades…

F: E plásticas faciais…

G: Ninguém menos do que Michael Jackson! Graças a esse exemplo de vida, de coreógrafo de passinhos para trás e sanguinário conquistador de mulheres, confesso que, em meu primeiro ano na Escola de…blábláblá…, levei Kate para o armário.

F: Qual foi seu método de sedução?

G: Cantei Thriller no ouvidinho dela e depois…!

F: Cahãm. Não estamos aqui para falar disso. Estamos aqui, caros espectadores, para apresentar os fatos mais macabros e sombrios da vida de Tom Marvolo Riddle! E que nominho, hein!

Uma plaquinha sobe: “Medo”. A platéia corresponde.

G: Há quem pense que Tonzinho use preto por ser a cor relacionada às trevas e à desgraça. Não, caros amigos!

F: Só abrindo um parênteses…

G: Fred, poupe-me, parênteses empobrecem o texto.

F: Desculpe, caro irmão, abrindo entre tracinhos o meu comentário, por que diabos não chamá-lo de V-O-L-D-E-M-O-R-T?

Ao ser pronunciado o nome de Você-Sabe-Quem, as luzes do estúdio piscam.

A platéia corresponde com gritinhos histéricos.

G: Usando as sandalinhas de Cristo deslocar-me-ei até nosso saudoso público para fazer a coleta de dúvidas pertinentes sobre o assunto. Estimado amigo, qual seu nome?

George, delicadamente, insere o microfone até a traquéia do convidado.

Convidado: Da Vinci.

G: Oh! E qual sua dúvida pertinente, meu querido artista?

DV: Minha dúvida, pertinente e constante, é saber, por meio de fontes confiáveis e dentro da lei, se, por algum acaso do destino, ou infelicidade momentânea na vida deste pobre diabo, sua vida…

F: A resposta para sua dúvida pertinente e constante é não, ele não foi. PRÓXIMO!

G: Você, menina de trancinhas…?

A menina de trancinhas aponta para si própria e faz uma cara de “Quem? Eu?”

G: Seu nome?

Menina: Samanta Horse.

G: E qual é a sua dúvida pertinente, meu querido pônei?

SH: Por que o Tom é mau?

F: Era essa pergunta que estávamos esperando! RODA O VETÊ!

-Vetê-

Um inocente bebê veio ao mundo, nada amado por seu pai e precioso para sua mãe, e teve que aprender desde cedo a se virar sozinho. No pobre orfanato em que fora acolhido, era solitário e introspectivo. Mas isso mudou.
Num belo dia de primavera, no seu percurso para a escola trouxa, Tonzinho sente um volume debaixo de seu pé. Mal sabia ele que esse volume mudaria para sempre a sua vida. Era uma tampinha de uma edição comemorativa da Coca-Cola. Vermelha e brilhante, foi amor à primeira vista.
Desse dia em diante, Tom levava a tampinha para qualquer lugar que fosse. Ele dava banho na tampinha, passava loção na tampinha, contava seus segredos mais íntimos para a tampinha, disputava garotas com a tampinha…
Os dois cresciam juntos, sua amizade se fortalecia e Tom finalmente havia encontrado algo em que confiar. Não demorou muito para a tampinha se tornar o motivo de existência de Tom.

Waking up I see that everything is ok
The first time in my life and now it’s so great
Slowing down I look around and I’m so amazed
I think about the little things that make life great

I wouldn’t change a thing about it
This is the best feeling

Naquele dia cinzento e mórbido, na qual Tom brincava de verdade ou consequência com sua amiga tampinha, algo aconteceu. Um tremor balançou a terra, no que Tom viu ser seu colega Stewart correndo em sua direção. O pequeno jogou-se para proteger a sua única amiga, mas não foi rápido o bastante. Ele viu a coisa mais importante de sua vida ser pisoteada, amassada e destruída, esvaindo qualquer resquício de vida em seu ser avermelhado e brilhante.

This moment is perfect, PLEASE DON’T GO AWAY.

Foi este fato mal resolvido de sua fase fálica do desenvolvimento psicossexual de Freud que tornou o nosso pequeno Tom um ser mal, insensível e com complexo de perseguição.

- Fim do Vetê -

Fred seca as lágrimas e faz sinal para George continuar a interrogar os telespectadores.

G: E você, alguma pergunta pertinente?

Um garotinho estranho, usando roupas pretas e aparentando estar triste, levantou os olhos cobertos de delineador preto e disse com a voz chorosa:

Emo: Por que Tom começou a usar preto?

F: Esta é uma pergunta realmente interessante. Por que será? Huum, vai ver ele não tinha nada AMARELO NO ARMÁRIO DELE!

Fred já perdia as estribeiras com as perguntas nada pertinentes do público.

G: Este é um fato irrelevante.

F: Larga a PORCARIA DO VETÊ!

- Vetê -

- Não, Tom. Nosso relacionamento não é mais possível. Eu amo o Alvinho, e nada poderá mudar isso!

- Minerva, ele é gay!

- Vou mostrar para ele o que uma mulher de verdade pode fazer!

- Se você fizer isso eu nunca mais vou usar cores na vida, e você será a única responsável por tornar meus dias mais escuros. E sombrios. E mórbidos, eu adoro essa palavra.

- Fim do Vetê -

F: O vetê é auto-explicativo.

G: Alguém tem mais alguma pergunta antes de passarmos para a segunda parte do nosso programa?

Fred e George ignoram a mão de Harry Potter no ar.

Comercial.

F: George, você sabia que 75% das pessoas que assistem o Jornal Nacional dão boa noite para o William Bonner?

George olha para a platéia e diz:

G: Boa noite!

F: Voltamos com a segunda parte do nosso programa. Nessa parte estaremos analisando os fatos mais gritantes de toda a passagem de You-Know-Who pela série Harry Potter.

G: Começaremos comentando sobre a Pedra Filosofal. O que levaria uma pessoa a querer tanto uma pedrinha vermelha? Seriam reações do seu inconsciente em busca da sua tampinha vermelha e brilhante, amassada e destruída por seu colega brutamontes?

F: Ou seria apenas a sede de possuir algo novamente?

G: Acho que tenho a resposta para a nossa pergunta!

F: Tem?

G: Não, eu prefiro apenas acreditar na história da tampinha. Você acha que eu tenho que saber tudo?

F: Tudo bem. Passemos para o segundo livro. O diário de Tom Riddle. Que coisas obscuras e maléficas ele teria escrito no seu diário?

G: É o que saberemos, pois estou com ele em mãos.

Os gêmeos exibem sorrisos maliciosos idênticos e abrem na página vinte e três, intitulada “Meu Primeiro Amor”.

"Diário, eu sei que você não é como minha tampinha, mas sinto que isto eu posso lhe contar. Hoje eu a vi novamente. E como estava linda colhendo flores no quintal do orfanato. Eram margaridas de miolo amarelo, como seu cabelo. Uma pena que nunca poderei sentir seu cheiro, tocar sua pele…"

F: Pule essa parte.

G: Ok. Página vinte e oito: “Minha Primeira Maldade”.

"Diário, hoje eu fiz a minha primeira maldade. E é muito má! Muito. Mesmo.
Sabe o que eu fiz? Eu risquei o desenho da menina que tinha ido ao banheiro. Ela tinha feito uma flor, e eu fiz um diabinho."

Fred e George trocam olhares.

F: Uau, que mau.

G: É muita maldade para uma pessoa só, cansei desse diário!

F: E veja só! Tom é tão insignificante que nem apareceu no terceiro livro!

G: Claro que não! Ele estava preparando a sua mega ultra power super maldade: sua aparição no quarto livro.

F: Chegamos ao ponto crucial. Tom finalmente regressou ao seu corpinho sarado e turbinado. E aquela capa preta refulgindo à luz do cemitério lhe deu um ar jovial.

G: Como se não bastasse o preto e a vocação para ser malvado, Tom ameaçou Harry Potter com uma faca! Só pessoas más fazem isso.

F: Mas mais mau ainda foi quando ele tentou possuir o corpo de Harry Potter no quinto livro. Por isso ele tinha ciúme de Dumbledore, por que você acha que Harry era o aluno preferido de Dumbby?

G: E que porcaria o sexto livro, contando o regresso de Snape ao seu ninho de amor junto ao Lord das Trevas. Snape não só corrompeu um menino inocente intitulado Draco Malfoy, como também foi chorar suas mágoas.

F: Devo ressaltar mais uma vez, como dito na parte em que desbancamos Harry, que Tonzinho tinha uma perseguição especial ao menino da marquinha. E vejam, senhoras e senhores! Ele foi morto por um EXPELLIARMUS!

G: Como um homem desse porte de maldade pôde ser morto pelo único feitiço decorado por Harry Potter na vida escolar?

F: Ele, no mínimo, merecia uma morte com mais glamour! Avada Kedavra seria o ideal, o que você acha George?

G: Até a morte da tampinha foi menos vergonhosa do que essa!

F: E agora é a parte que todos estavam esperando. Trouxemos Tonzinho para ser entrevistado. Iniciamos a parte “Não quero ser mais mau”. Por favor entre.

Fred bate palminhas, imitando a apresentadora de Casos de Família.

Voldemort abre as portas com estrondo. As luzes do estúdio piscam, enquanto um raio corta o céu do lado de fora.

Problemas no sinal.

Fim de transmissão.

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