Capitulo III
- Severo, quanto tempo não nos vemos. – cumprimentou Sirius, dando espaço para que Snape pudesse se assentar em uma das cadeiras no escritório.
- Sabe como é Sirius, a nossa carga horário tem aumentado bastante, e nem temos mais direitos trabalhistas como antigamente. – respondeu sarcasticamente Snape.
- A que devo a honra da visita?
- Soube que algumas coisas têm saído do controle por aqui e que um dos objetos de Voldemort tem feito um efeito colateral em um de seus garotos. – afirmou seriamente Severo.
- Pra ser mais especifico, Snape, o colar de Opalas. – constatou Draco, encostando-se na porta.
- Junte-se a nós Malfoy. – pediu Sirius
- Estou bem aqui, obrigado.
- Como tal objeto pode surtir efeito em Hermione apenas pelo sonho? – indagou Sirius, confuso.
- Ela teve algum contato direto com ele? – perguntou Snape, sem responder.
- Não diretamente, ela nem ao menos o tocou. – afirmou Draco.
- Mas basta apenas que ela esteja no mesmo recinto que o mesmo. Isso é muito mais do que vocês viram, Sirius, objetos das trevas, e ainda mais feito diretamente por tamanho poder como o de Voldemort, podem causar mais danos do que pensam.
- Ainda sim não continuo entendendo o que isso tem a haver com a Mione.
- Por agora não posso lhe dar certezas, mas o colar de Opalas foi feito com o único desejo de ser usado para a Arte das Trevas e para se possuído por tal pessoa que tenha a experiência, no entanto, ele não causaria nenhum efeito em o alguém tão puro como posso falar da senhorita Granger.
- Ele é sustentando apenas pelo coração e desejos do seu dono, é basicamente uma bateria precisando de carga. Ele precisa de que algo o deixe cheio de poder, o que no caso é o ódio, vingança, maldade, mas dizem que quando ele esta na presença de uma pessoa que não possua isso, ele suga suas energias em busca de tal tentando recarregar as suas. E não achando tais sentimentos nessa pessoa pode levá-la até a morte. – explicou Draco.
- Como ela esta agora? – perguntou Snape.
- Bem. – declarou Sirius.
- Marcas?
- Não que eu tenha visto. – disse Draco.
- Onde esta o colar, Draco? – indagou Snape, curioso.
- Bem guardado.
Então se formou o silencio, naquele momento os três pensavam em algo que pudesse ter escapado dos olhos de cada um, uma nova descoberta ou algum detalhe importante. Na mente de Draco, todos os acontecimentos da noite passada vinham à tona sem precisa fechar os olhos, era tão presente que jamais se esqueceria daquilo
- Sirius, eu achei o que estávamos proc... – Hermione calou se no momento em que percebeu que não estava sozinha. – Desculpem-me, a porta estava aberta e não queria atrapalhar. – assentiu, virando o corpo no intuito de sair.
- Não, fique querida. – insistiu Sirius, carinhoso. – O que você trouxe?
- Adivinha? – perguntou animada.
- Um livro. – provocou Draco, não conseguindo conter o riso.
- Você é tão bom em constatar o obvio não é Draco! Eu marquei as páginas pra você dar uma olhada, vou deixar aqui na sua mesa e depois você me fala o que achou. – declarou Hermione, chegando mais perto da mesa e depositando o livro em frente a Sirius.
Hermione não deixou de perceber o olhar curioso de Snape e isso há incomodou um pouco. Não que o repudiasse ou outra coisa, mas ainda não havia acostumado-se a sua presença mesmo ele sempre mostrando o quanto era uma companhia boa.
Seu rosto ficou da cor da sua blusa fina de linho vermelha. Ela estava acompanhada também de uma calça jeans clara e uma faixa nos cabelos destacando a cor castanha com mechas finas douradas formando cachos firmes e delicados.
Afastou-se um pouco da mesa
- Senhorita Granger? – chamou Snape.
- Sim?
- Como esta?
- Muito bem, Severo, e o senhor?
- Tirando o Senhor, estou ótimo, admito que um pouco velho, mas prefiro que não deixe tão claro como agora.
- Oh! Não foi minha intenção.
- Sim, eu sei. Draco contou-me o quanto foi audaciosa na missão de ontem. – disse Snape, tentando não olhar e encarar os olhos frios e furiosos de Draco.
- Ou como fui estúpida, seria a melhor palavra.
- Sua coragem já vale muito.
- Nem sempre é o bastante, Severo. – confessou Hermione, seria, afastando os cachos do rosto e colocando-os atrás de orelha.
- Mas creio que será de muita ajuda. Quero muito que Sirius permita treinamentos para vocês, será muito importante que todos dominem perfeitamente a arte da Oclumência e Legilimência, é o primeiro passo e o mais importante de todos.
- Com certeza Severo Snape, o quanto antes melhor. – assentiu Sirius. – Fique a vontade, e aproveite a estadia na mansão, tenho que resolver alguns assuntos com os outros e espero que não se importe com minha ausência.
- Sem problemas, o que mais preciso é ficar sozinho.
Sirius saiu porta a fora levando consigo o livro que Hermione havia deixado na sua mesa, já esta virou-se sorridente pra Snape causando olhares de curiosidade entre Draco e Snape.
- Você chegou no dia certo.
- Por quê? – perguntou Snape, curioso.
- Se não provou, vai ter a oportunidade de comer a comida do seu afilhado. – declarou Hermione, não conseguindo conter o riso.
- Argh. – resmungou Draco, nervoso.
- Virou cozinheiro agora, Draco?
- Não temos elfos aqui Severo. – Vendo que Draco não falaria, Hermione tomou a frente e continuou: - Então dividimos nossas tarefas em grupos, e por sorte hoje é dia do Draco cozinhar.
- Sorte? Pensei que seria um azar. Acho que prefiro voltar para o castelo de Voldemort e comer por lá mesmo. – provocou Snape.
- Tenho que confessar que no inicio ele era insuportavelmente teimoso e ficou muitos dias se comer, resmungava demais. Não sei onde ficou sua educação. – disse Hermione, encarando Draco de forma advertida. - Mas a fome é algo que sempre fala maior, e como creio que aqui não é pior que no castelo, ele mostrou seus dotes culinários.
- Podem para de falar de mim como se não estivesse aqui. – esbravejou Draco.
- Desculpe, achei que mudos não falassem.
- Creio que hoje também é o seu dia, o que esta fazendo aqui ainda?
- Chato. – Hermione apontou a língua para ele e saiu pisando duro.
Draco apenas olhou a garota sair com seus cabelos balançando e soltou um riso, ela era tão fácil de se irritar e isso a deixava ainda mais bonita.
- O que foi? – indagou, vendo o olhar divertido de seu padrinho.
- Acho que todos nós vamos morrer de fome hoje.
- Cala boca, ela já deve estar na cozinha. Ela come demais, belisca e quer provar tudo ao mesmo tempo, ela consegue me tirar do serio até nas tarefas mais simples.
- Aproveite minha presença e faça meu prato preferido e quando terminar me chame no quarto, vou repousar. – Snape levantou-se, espreguiçou e foi se retirando deixando Draco parado e tentando criar coragem para enfrentar a pequena fera que o esperava com uma faca na mão.
- Hermione, você pode me emprestar àquela blusa vermelha sua? - pediu Pansy, entrando no quarto rapidamente.
- Essa? - brincou Hermione, apontando para o próprio corpo.
- Argh! E agora, qual irei usar hoje?
- Pansy, por Merlin você tem tanta roupa, e não sabe qual vai usar.
- Hoje Harry vai me levar na Café da Madame Poddifoot para comemorarmos nosso aniversario de namoro. – falou, pulando na cama, toda animada.
- Oh! Que bom, então quer dizer que a noite vai ser boa hoje? - declarou Hermione, colocando o livro de lado e encarando a amiga.
- Muito boa, posso até dizer que vai ser perfeita.
- Qual vai ser o cardápio de hoje?
- Eu.
- Pansy. - Hermione chamou a atenção antes que Pansy continuasse.
- Brincadeirinha amiga, você sabe que não é assim.
- Não sei é! Como se não te conhecesse.
- Importa-se se eu vasculhar seu closet atrás de algo pra usar?
- Fique a vontade, vou terminar de ler meu livro. – afirmou, pegando novamente o livro e concentrando-se na leitura.
Hermione fez questão de não verificar toda a bagunça que sua amiga estaria fazendo no seu armário, e isso não a incomodava, aprendeu a respeitar todas as manias e todo o orgulho Sonserino que havia nela, e ainda sim as duas conseguiam dar-se muito bem.
Se sua audição não fosse tão aguçada, Hermione poderia até dizer que algo batia levemente na porta, ficou em duvida se era só imaginação, mas ao ouvir novamente disse:
- Entre.
Não era todo dia que Blaise Zabini aparecia no quarto dela, Hermione ficou primeira estática pensando no motivo para que ele estivesse ali parado na sua porta. Não negava que sua beleza era de tirar o fôlego, assim como Draco; A diferença entre ambos era que Blaise tinha a pele morena e os olhos verdes como esmeraldas.
Tentava se lembrar do que dizer, mas ao reparar que Pansy havia ficado quieta no closet, com toda certeza percebendo quem estava ali, poderia jurar que ela fazia questão de ouvir toda a conversa de camarote.
- Tudo bem com você ,Blaise?
- Sim, e você, está melhor? – indagou, preocupado ainda parado na porta.
- Muito melhor, estou bem realmente, sem danos. - Ela brincou arrancando um sorriso tímido do moreno.
- Eu verdadeiramente sinto muito por todo meu plano furado quase colocou sua vida em risco, fui desatento e não dei atenção à realidade dos fatos e achei que pudesse ser fácil.
- Não se culpe Blaise, você foi ótimo, mas não é culpa sua, todos nós agimos sem pensar e como somos um grupo, todos nos responsabilizamos pelo ocorrido. - declarou Hermione, descendo da cama e aproximando mais dele.
- Mas eu mais do que qualquer outro sei de toda aquela historia do colar, e fui tolo, Hermione. Draco me culpa por todo o ocorrido da semana passada e em todos os anos de amizade, essa é a primeira vez que aquele idiota faz isso.
- Não ligue pro que aquele idiota fala. - Hermione brincou, olhando carinhosamente pro moreno a sua frente. - Eu que fui a que sofreu mais “danos” ontem não o culpo, ele é ranzinza, estúpido, chato, loiro aguado, mas fazer o que. – terminou, dando uma risada alta.
- Se eu lhe der algo, por mais que você diga que não se importa, ainda sim vai aceitar o meu presente de pedido de desculpas?
- Oh! - Hermione havia corado rapidamente. - “Presente? Por Merlin, ele queria lhe dar um presente, como poderia negar?”. - O que é? – indagou, tentando parecer a mais ansiosa e não tão constrangida como estava.
- É algo simples, sei que você não gosta de nada muito chamativo, então espero que goste. Minha avó tinha coleções, de todos tamanhos, cores e estilos, quando voltei da ultima viagem da França trouxe uma comigo. - explicou ele, tirando uma caixa de veludo, estendendo na minha direção.
Ainda receosa Hermione, estendeu a mão e pegou a caixa e abriu bem devagar, não tinha como não demonstrar o quanto estava constrangida e quando viu o que estava ali dentro, o rubor só aumentou.
Era uma linda tiara, fina e delicada, com contornos de pedras brilhantes que dependendo do movimento cintilavam cores diversas, havia no alto um pouco de lado uma estrela com pedras pequenas em formato de estrelas como uma constelação.
- Isso não é algo simples, Blaise. – confessou, ela admirando a beleza da jóia.
- Pra mim, sim. - Claro, tirando que ele é extremamente rico, que sua mãe havia se casado sete vezes e de cada marido havia herdado uma fortuna imensa, isso não contava. O que então seria algo extravagante pra ele?
Ele tirou delicadamente a tiara da mão da garota e colocou com cuidado em sua cabeça, arrumando os cachos, encaixando perfeitamente no formato do rosto.
- Você esta parecendo um pimentão, Hermione. - curtiu ele. - É só um presente, não fique assim. Vai usar?
- Estou usando, Blaise. - afirmou ela, divertida.
- Bom, espero que não a jogue fora quando sair pela porta.
- Para com isso. Nunca vou fazer isso e sabe muito bem.
- Ficou perfeitamente bem em você. Linda como sempre. - gesticulou ele, mexendo em suas mechas pra depois afastar o corpo na direção da porta. - Ele realmente não sabe o que esta perdendo. - dizendo isto, saiu porta a fora deixando uma Hermione de boca aberta e confusa.
Eles só não contavam que alguém além de Pansy estivesse ouvindo a conversa dos dois. “Ele realmente sabia o que estava perdendo, só não esperava perder pro seu melhor amigo”. Já era provação demais tê-la perto e não poder fazer nada, seria impossível conviver vendo-a com outro, imaginou Draco sumindo entre os corredores também.
- Oh Merlin! Não acredito no que acabei de ouvir, Mi! - disse Pansy, tirando Hermione do transe.
- O que você acabou de ouvir, Pansy?
- Ele ta afinzão de você. - Pansy quase gritava.
- Pára com isso, sua louca. Não tem nada haver, ele é meu amigo. - respondeu Hermione, saindo de perto.
- Amigos não dão jóias como essa de presente, é perfeita, linda, to passada, e ficou divina em você.
- Serio? – indagou, olhando-se no espelho e vendo a tiara na cabeça.
- Vai me emprestar?
- Claro que não, presentes assim não se emprestam, Pansy.
- Chata! - Elas ficaram deitadas na cama conversando um bom tempo sobre as coisas mais variadas e tolas ao mesmo tempo, Pansy foi arrumar-se com a ajuda de Hermione e Luna que apareceu alguns minutos depois havia acabado de chegar de seu passeio com Rony.
Pansy corria desesperada, se esquivando das árvores e tentando não tropeçar nos galhos que se encontravam no chão. Muitas das vezes caia e tinha que se levantar rapidamente, sem olhar pra trás numa tentativa de que não fosse pega. Não se importava com os machucados que se formavam cada vez que esbarrava seus braços e rosto algum espinho ou farpa de alguma árvore.
“Dessa vez não, por Merlin, eu não vou agüentar isso de novo”, pensava ela desesperada, tentando correr o mais rápido possível daquilo que ela sabia muito bem que vinha lhe perseguindo.
Havia cansado de toda aquela vida e não queria isso mais para si, não havia nascido pra isso e todos os seus sentidos a alertavam o quanto era errado.
Queria um milagre, queria uma salvação e uma luz no fim do túnel que a tiraria daquilo tudo.
Não queria mais nenhum castigo por sua displicência e seus deslizes, não queria mais ser tocada daquela forma e não queria ser escrava de mais ninguém. Ela precisava de amor, precisava de confiança e apoio, tudo que ela nunca teve na vida. Lágrimas começavam a sair dos seus olhos em sinal de desesperado, já não sentia mais as pernas e toda sua roupa estava rasgada revelando quase todo seu corpo.
Olhou para trás tentando ver se tinha alguém se aproximando e foi quando ao retornar o olhar para frente sentiu como se tivesse batido o corpo contra uma parede forte, não conseguiu segurar-se e se viu despencando no chão sendo amparada por braços fortes.
– Por Merlin, não, não faça nada, eu prometo que nunca mais farei isso novamente. – gritava ela, se debatendo contra o corpo a sua frente.
- Parkinson! Calma, não estou aqui para machucá-la. – afirmou uma voz grossa e firme. Ela, tentando reconhecer a voz que estava vindo da sua frente, levantou com cuidado o rosto para se deparar com uma par de olhos verdes de olhando carinhosamente por baixo da capa preta que cobria seu rosto.
Isso só poderia ser brincadeira do destino, não podia acreditar no que estava acabando de ver, tentou raciocinar melhor pensando se toda a dor no seu corpo não estava lhe causando ilusões. Ele a levantou nos braços e andou vagarosamente dentre as sombras em sua capa de invisibilidade.
– Eu não quero... Não deixe... P.. Por... Favor, não quero ser machucada novamente. – pediu, deixando lagrimas escorrerem do seu rosto.
- Ninguém vai machucá-la de novo Pansy. Eu prometo. – confirmou, beijando o topo da testa da morena. – Agora durma, você estará em um lugar seguro quando acordar.
O moreno a levou até a Mansão Black com pressa e cautela para que ninguém o visse, não se incomodou com os olhares curiosos e até desaprovadores em sua direção, subiu as escadas correndo sendo seguida por Hermione que não fez nenhuma pergunta, só lhe apoio sem saber o motivo de tudo aquilo. Abriu a porta do seu quarto com os próprios pés e a depositou na cama com cuidado.
– Que tal você ir pegar as poções, deixe que eu mesma cuide dela. – declarou Hermione olhando com carinho para o amigo.
- Tudo bem.
- Pegue toalhas, e peça a Luna para me trazer algumas peças de roupas mais largas que possam ficar confortáveis nela. Preciso também de um edredom e travesseiros, ok?
- Pode deixar. – afirmou Harry, ainda olhando estático para a garota.
- Agora Harry. – ordenou Mione.
Ela havia ficado quase uma semana desacordada, mas não era algo que pudesse causar alguma preocupação maior nos membros da Ordem. Seu corpo estava debilitado e machucado, precisava de remédios e cuidados minuciosos. Nesse tempo Harry revezava com Hermione as noites ao lado da morena. Por Harry, ele dormiria todas as noites ali, pois algo lhe dizia que ela precisava dele assim como de alguma maneira quase que estúpida ele precisava dela.
Todas as noites ela falava coisas sem nexo e estranhas, resmungava e depois voltava a dormir, tinha momentos que mesmo ela estando dormindo ele tinha a impressão de ver algumas lágrimas escorrendo do seu rosto. E foi assim até se passar uma semana certa desde o dia que havia chegado, então quando a chuva começava a cair ferozmente do lado de fora, ela abriu os olhos.
E seu sorriso tímido se alargou devagar reconhecendo os olhos verdes e tão expressivos a sua frente, estendeu a mão para que pudesse tocar a dele e quando sentiu o calor surgir em seu corpo lhe trazendo a vida de volta, adormeceu tendo a certeza de que a luz havia chegado à sua vida.
Blaise de longe avistou Draco sentado perto do lago que havia a alguns metros de distância da casa, havia deixado de lado os bancos que tinham lá, pra sentar-se no chão, com uma perna esticada e outra dobrada frente ao seu corpo. Ele apoiava o braço em cima do joelho com um cigarro na mão. Não se lembrava qual foi a ultima vez que presencio essa cena, ele havia abandonado há anos esse vicio, mas algo dizia que apenas uma coisa poderia deixá-lo assim.
- Olá Draco.
- Blaise.
- Revivendo os velhos vícios?
- Um pouco. - afirmou ele, dando uma ultima tragada e lançando fora o cigarro. - Velhos hábitos nunca morrem.
- Ansioso?
- Estou bem. - disse o loiro, sem mais rodeios. Não estava com saco pra conversa, o que normalmente era sempre, andava sem humor o que pra falar a verdade nunca teve um pingo de humor na sua vida. “Inferno de vida”, pensou consigo mesmo, iria a qualquer momento explodir de raiva e estava engasgado em sua garganta e não conseguiria segurar:
- Esta tentando impressioná-la, Blaise?
- Hermione? Ela não se impressiona com coisas assim, Draco, deveria saber melhor do que eu, já que convive com ela há mais tempo. Ela não se deslumbra com jóias ou coisas materiais. Apenas dei pra ela por achar que ela gostaria.
- Ela gostou? – perguntou, sem tirar os olhos do nada.
- Sim. Apesar de ter ficado extremamente envergonhada e achando que eu queria algo a mais e não querendo me dar esperanças, como é do feito dela, o que a torna ainda mais especial, ficou perfeito nela.
Draco sorriu imaginando o rosto dela e toda confusão em seus olhos expressivos e bonitos, ela era assim, pensava tanto nos outros e muitas vezes esquecia-se de si mesma.
- Por que acha que ela não quer lhe dar esperanças? - indagou Draco, apenas por curiosidade, de algum modo sabia o que ela sentia, de algum não, de todos os modos sabia dos sentimentos dela e isso deixava cheio de si, mas poderia chegar um dia que seus olhos não brilhariam apenas pra ele.
- Uma pergunta tola vindo de você, Draco. Hermione é diferente de qualquer tipo de garota que conhecemos, incluindo eu e você nesses termos, ela não precisa de mentiras e de esconder seus sentimentos. Ela é transparente como um cristal é só uma pena que alguém não note isso. - disse Blaise, olhando sem rodeios para o loiro ao seu lado.
- Ele sabe disso. - afirmou Draco, pensativo como se não fosse com ele.
- Você sabe, é claro que sei disso, mas espero que não se arrependa depois, Draco. Você não é o único que tem um interesse claro nela, quer dizer, ao contrario de você, outros demonstram muito mais.
- Outros? Ou você especificamente?
- Sonserinos nunca jogam limpo, amigo.
- Não. – confirmou Draco, sem deixar transparecer o cansaço e a raiva.
- Mas você ainda tem uma sorte a seu favor, eu não a incluo nos meus jogos, não ela.
- Você é tão gentil, Blaise.
- Só não espere muito, Draco. - declarou Blaise, levantando-se. - Posso ser seu amigo e até respeitar os sentimentos dela, mas vai chegar um momento em que eu vou partir pra briga e vai ser onde você não poder tê-la nem em pensamentos. – provocou, se afastando.
Sua missão ali estava cumprida, havia tocada no ponto fraco dele. Draco sempre foi muito orgulhoso e teve todos os objetos e pessoas que queria, mas agora era diferente, ele teria que ter e procurar por vontade própria o que mais almejava, saiu com um sorriso estancado no rosto.
Não que ele não estivesse interessado em Hermione, muito pelo contrario, qualquer homem em são consciência a queria pra si, mas sabia dos sentimentos dela pelo seu amigo, não precisa de muita observação. Ela havia tocado seu coração de forma intensa, mas sempre gostava de afirmar o quanto ele era só amigo e respeitava isso. Mas ainda sim, em qualquer brecha que seu amigo lhe desse, tentaria investir nela.
Hermione havia resolvido tomar um banho bem demorado e relaxante, por algum motivo ela estava muito feliz nesse dia, não sabia o porquê mais algo dizia que seria muito bom. Então acordou animada e querendo se arrumar ao máximo. Ficou um bom tempo esparramada na banheira, mas resolveu sair logo antes que seu corpo se arrugasse todo.
Quando estava em frente ao espelho enxugando seu corpo com a toalha, percebeu que tinha algo, como uma pequena macha, não tão pequena; estava na sua barriga, um pouco abaixo do umbigo só que mais para o lado. Não se lembrava de ter uma, ficou olhando cuidadosamente pra pequena pinta e esfregou com a mão pensando ser alguma sujeita grudada.
Mas nada, ela não saia, e se não estivesse ficando louca como pensava que estava, tinha a impressão de parecer o formato de um selo, mas era pequena demais pra se ter certeza, resolveu deixar de lado, saiu do banheiro e foi se vestir pra descer.
O dia havia se aquecido mais, e podia ver a neve solida derretendo-se entre as árvores e folhas, vestiu um vestido verde claro com branco um pouco acima do joelho, fazendo o formato dos seios sendo completado com uma faixa delicada, calçou suas botas de veludo preferidas cor mel. Desceu as escadas um pouco mais rápida do que o costume e percebeu que a casa estava mais silenciosa do que o normal, para uma casa habitada por tantas pessoas, andou pela sala, passou na cozinha e nada.
Viu a porta da biblioteca entreaberta e como sua curiosidade sempre falava mais alto do que o normal, não conteve e chegou mais perto no intuito de verificar quem estava lá. Snape – A confirmou tentando ver o que ele estava fazendo, abriu bem devagar a porta pensando que ele estivesse com mais alguém.
- Entre senhorita Granger. – concluiu Snape, sem conter o riso.
- Espero não estar atrapalhando. Não vi ninguém em casa e pensei que estivesse com mais alguém aqui dentro. – afirmou Hermione, tentando ver se não tinha mais ninguém ali dentro. De quem esta tentando esconder, ele não esta aqui, alguém ou ninguém sempre era pensando nele. Idiota.
- Acho que todos resolveram dar uma saída.
- E esta só o Senhor aqui?
- Visivelmente sim, a não se quer tenhamos fantasmas por aqui e não saiba.
- Não, não temos. – afirmou ela, risonha. – É um dos meus livros preferidos. – apontou para o livro que se encontrava na mão do homem.
- Sem duvidas, fascinante. Mas então, esta procurando algo ou alguém? – perguntou Snape, sem tirar os olhos do livro.
- Er...Oh... Não, bem, acho que não.
- Acho que a senhoria podia ajudá-lo a encontrar as respostas certas.
- Eu? – indagou Hermione, sem precisar perguntar quem.
- Claro.
- Ele nem ao menos deixa aproximar, e me corta em tudo que falo. – bufou irritada, sentando-se ao lado de Severo.
- Ser insistente sempre é bom, sabe, pra uma grifinória boa que é não deve desistir fácil. Ele vai precisar de alguém que conheça tão bem quanto ele livros.
- Onde ele está?
- Na Mansão Malfoy.
- Por quê? – questionou Hermione, confusa.
- A Senhorita tem o deixado um pouco desnorteado. – Riu ao lembrar-se de alguma coisa que só a deixou mais confusa. Sabia que Snape não falaria muita coisa, ninguém falava e isso a deixava frustrada enraivecida.
- Eu queria entender, fico perdida.
- Ser paciente em certo ponto, ajuda, creio sim que ele lhe contara muitas coisas que a deixariam perplexa. Não pelas coisas ruins que já fez o que são muitas, mas digo por coisas que ninguém jamais soube. Draco é daquele jeito, foi criado assim, e precisa de tempo para adaptação, mas é digno e merece muito mais respeito mais do que muitos lhe dão.
- Eu sei, e entendo, mas esperava que ele retribuísse a confiança que lhe dou com um pouco menos de receio. Penso que tudo será como sempre foi. Ele o Sonserino metido e arrogante, e eu a Grifinoria sabe-tudo e sangue ruim. – desdenhou Hermione, com uma pontada de tristeza.
- Não deveria usar esses termos, sabe muito bem que ele os enoja agora, ele aprendeu e sofre com as conseqüências de seus erros, mas é o mais correto, temos que nos arrepender e pagar pelo que fizemos.
- O que vou fazer numa casa onde todos que moram me odeiam? – disse sem pensar, recebendo um olhar de desaprovação por Snape. – Ou quase todos. – corrigiu Hermione.
- Arruma mala rápido, Granger? – perguntou Severo direto, sem deixar duvidas do que estava tentando fazer.
- Ele não vai me deixar entrar e...
- Vamos, sem perguntas, agora não se preocupe em deixar algum recado, avisarei aos seus amigos, preocupe-se consigo mesma.
Não iria desperdiçar aquilo, não agora, Snape estava praticamente induzindo-a a ir e ela não via ao que pudesse ser contra isso. Largaria de ser boba e temerosa, faria a prova dos 30 e não voltaria antes de ter a certeza de que isso teria ou não um futuro, deixaria o medo de lado.
Sempre fora tão corajosa e intuitiva, não teve medo nem quando protegeu seus amigos e lutou em tantas missões, por que esse idiota loiro e estupidamente sexy e bonito a deixaria com medo, esfregaria na cara dele o quanto é uma mulher boa, boa até demais para alguém como ele. Não levaria uma mudança, só o necessário, com certeza seria rápido, então separou o que achava necessário, pegando algumas roupas até sem perceber o porquê daquilo.
Ainda bem que Pansy não esta aqui., pensou Hermione, corando ao imaginar o que sua amiga a faria levar, e não teria como fazê-la parar, acho que em toda sua vida ele nunca escutou um NÃO.
Tremeu ao pensar que iria pisar na Mansão Malfoy, um lugar que era quase que impossível de entrar, um lugar que se algum trouxa colocasse os pés seria expulso não a pontas-pé, mas sim a feitiços mortais.
Quando voltou para o escritório, viu Snape em pé preparando a lareira com o Pó de Flu nas mãos, como não seria uma viagem longa, ou melhor, seria uma viagem de segundos. Hermione colocou por cima dos ombros apenas um casaco curto combinando com a bota e aproximou-se da lareira.
- Pronta? – perguntou Severo.
- Sim.
E lá estávamos nós parados em frente ao enorme portão em frente à Mansão. Não era nem de perto o que imaginava, não tinha palavras para descrever o seu tamanho ou toda a perfeição que havia por fora. Gramados em perfeitos alinhamentos e com chafarizes espalhados em cada lado por onde cortava um caminho longo até a entrada da casa.
Imaginava tudo diferente, uma casa sombria e mal cuidada, mas era tudo tão limpo, verde e perfeito, tão clara e bem cuidada. Tinha estatuas e pedras altas de mármore dando um espaço entre uma a outra formando um corredor coberto por teto tendo como iluminação apenas os raios solares.
Caminharam devagar, Hermione estava quase imóvel, parada e receosa a cada passo. Snape andava como ela não estivesse ali.
Snape abriu a gigantesca porta sem ao menos bater e esperou que ela passasse. Hermione não tinha mais palavras para descrever nada, estava deslumbrada e só admirando cada detalhe.
- Espere ali dentro, acho que vai ser o melhor lugar pra você. – assentiu ele, apontando na direção de outra porta.
- Aham.
Deixou tudo ali no chão e se direcionou para o local onde Snape lhe pediu que esperasse. Ele só poderia estar brincando com ela, sim, ele sabia qual era sua maior paixão, sabia o quanto ela gostava de ler e pediu para que ela lhe esperasse em uma biblioteca. Não, não era qualquer uma, era tão... tão... tão cheia de livros. Oh Merlin, não saberia nem por onde começar.
Era toda iluminada e dois andares que estavam abarrotados de livros onde jamais pensei ver igual, ela poderia passar o dia todo ali e não se cansaria jamais de tudo aquilo. Andou apressada até um enorme livro no meio do salão, lá continham todos os nomes, autores, e tudo relacionado a qualquer livro que quisesse ler. Mas como acharia um em meio a tantos outros? - Indagou em pensamento folheando as paginas.
- Apenas escreva o que quer. – explicou Draco, envolvendo os braços em volta dela, aproximou-se mais, colocando seu corpo ao da morena. Pegou a caneta entregando em sua mão. – E você achará qualquer livro que quiser. – terminou ele, sussurrando em seu ouvido.
N/A : Postando mais um cap ! Valeu a todos os comentarios ( apesar de poucos, são muito bons de receber ) espero que gostem desse cap assim como gostei de escrever. Até mais - Beeeijokas - No proximo agradeço melhor amoooures ;D
(S)ara C
N/b: Também quero que o Draco me abrace e sussurre no meu ouvido, e muito além também... (66). Adorei esse capítulo, ficou vem interessante. Mesmo. Fico a espera do próximo xD
Beeijinhos.
Betina Black
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