Tribruxo.



Capítulo 39 – Tribruxo.


 


Harry não estava reconhecendo o lugar onde estava. Parecia uma casa bruxa, mas uma em que ele nunca esteve.


Havia uma cadeira perto da lareira, que parecia ser a única fonte de luz e calor no ambiente.


O menino não estava entendendo o que estava fazendo ali, mas decidiu andar pela sala para ver se encontrava algo que pudesse identificar onde estava. Foi assim que ele percebeu um movimento na cadeira. Parecia que uma pessoa bem pequena estava sentada nela. Ele foi se aproximando para ver o que era.


Neste instante, a porta da sala se abriu revelando um homem encapuzado. Logo foi reconhecido como um comensal da morte, mas Harry não conseguir ver que realmente era.


Atrás dele, vinha uma enorme cobra.


- Já de volta, Nagini? – perguntou o ser na cadeira.


- Aqui as presssasss sssão muito boasss, messstre.- respondeu a cobra se enrolando próximo ao fogo.


- Milorde, seus planos estão indo bem. Ninguém desconfia de nada. – disse o comensal depois de se ajoelhar na frente da cadeira.


- Você está se mostrando fiel, apesar da demora de me encontrar, você está sendo útil aos meus planos. – disse o ser.


- Mestre, você sabe bem que tenho que manter as aparências, os outros não acreditaram quando falei que você ainda estava vivo. Tentei localizar você por toda ilha, e sempre que tinha uma suspeita, tentava correr atrás. Graças aos últimos acontecimentos no mundo mágico, pude ir até a Albânia te encontrar.


- Suas falhas serão perdoadas, já que foi com sua ajuda consegui esse corpo rudimentar e pude voltar à Inglaterra. E você será fundamental para que eu retorne ao meu poder. – disse o homem.


Harry percebeu que esse era Voldemort, mas ainda não conseguia identificar o comensal.


- Seu perdão me é estimulante, Senhor. Farei de tudo para merecê-lo.


- Fará mesmo. – disse Voldemort. – Mas antes terá que me trazer Harry Potter.


 


Neste instante, Harry acordou em sua cama, com a cicatriz ardendo muito e completamente suado.


Ele pensou se tinha algo relacionado com o sonho. Será que realmente era um sonho?


Tentou acalmar seu coração. Respirou fundo e tomou a decisão de contar para seus pais sobre o sonho. Assim que todos acordassem, ele contaria para eles.


Saiu de seu quarto para a cozinha, para ver se um copo d’água poderia melhorar seu estado.


Para sua surpresa, encontrou Tiago parado olhando para a janela com um copo cheio de gelo pressionado contra a testa.


- Parece que não fui o único a ter um sonho perturbador. – disse o auror.


- Sim, com Voldemort. – disse o menino. – Mas foi realmente um sonho?


- Infelizmente não. – disse Tiago oferecendo um copo com gelo para Harry. – Isso aconteceu de verdade. Quando Voldemort nos atacou, ele criou uma conexão entre nós. Assim quando ele sente uma emoção mais forte, raiva ou satisfação, sentiremos. Principalmente se ele recuperar seu corpo. Ou quando nossas mentes estiverem em estado mais relaxado, quando dormimos ou estivermos sobrecarregados, a conexão ocorrerá. Acredito que nem sempre teremos as mesmas coisas. Somos diferentes. Por isso sempre que ocorrer me avise.


- Foi assim que ocorreu com você? Quem era o comensal? O que eles planejam?


- Sim, mas ninguém me explicou o que estava acontecendo. Dumbledore achou que a conexão era de dupla via, ou seja, Voldemort poderia entrar em minha mente também. Não consegui identificar o comensal, eles costumam ter atitudes diferentes perto de Voldemort e perto dos outros, isso inclui a voz. E como não estava fisicamente presente, nem quis alerta o cara de cobra da minha presença, não pude fazer nada além de observar. Eles planejam capturar você.


- Imaginei isso mesmo. – disse o menino derrotado.


- Ei, eu estou aqui, mesmo com eles planejando me matar. Se bem que da minha vez foi o Rabicho.


Os dois riram deste comentário.


 


Harry estava na Toca, assim poderiam ir para a estação todos juntos. Seus pais iriam de casa mesmo.


Hermione estava bufando, todos estavam correndo arrumando tudo de última hora.


- Que cara... AAAA... é essa? – perguntou Harry bocejando.


- Essa bagunça. Sinceramente como podem todos viver assim? Até mesmo você que parece que acabou de acordar.


- Reclama não. Você vai sentir saudade disso quando formarmos. Além do mais, minhas coisas já estão arrumadas do lado das suas. Por isso acordei agora.


 A morena ficou sem graça e teve que reconhecer que ele tinha razão quanto a bagunça, e começou a se divertir com ela.


- Alguém viu...? – perguntou Gina descendo as escadas com apenas um tênis e o outro na mão.


- Aqui. – disse Harry entregando um livro para ela.


- Obrigadinha. – disse a ruiva dando um beijo no rosto dele e voltando a subir as escadas.


- Como você sabia que ela estava procurando aquele livro? – perguntou Hermione. – Você o pegou antes mesmo que ela aparecesse.


- Eu apenas vi o livro sobre a mesa e vi que era dela, já que era do terceiro ano. Imaginei que fosse o que ela estava procurando. – disse Harry desviando o olhar das escadas e pela segunda vez em segundo corando. Primeiro pelo beijo e agora por omitir algo da amiga.


Logo Molly botou ordem na bagunça, bem a tempo da chegada dos taxis, que haviam chamado para levá-los para Londres. Depois de muita confusão conseguiram sair, principalmente depois de colocar os cinco malões nos carros, alem da coruja de Harry, os dois gatos e um cachorro.


Gui e Carlinhos os acompanharam, já que Arthur precisava trabalhar assim com Percy.


Molly fez as recomendações tradicionais para todos e reafirmou varias vezes para os gêmeos que eles não devem fazer nada de perigoso.


- Acho que não vamos ficar muito tempo sem vê-los. – disse Carlinhos.


- Sim, quem sabe não aparecemos por Hogwarts este ano.  – disse Gui. – Queria eu estar na escola agora.


- Eu, se fosse vocês dois, parava de atormentar seus irmãos. A Gina está quase azarando vocês dois quando vocês falam desse evento misterioso. Percy aprendeu da pior maneira. – disse Harry apenas para os dois.


Os ruivos se encararam e decidiram ficar quietos.


Entraram no trem e tentaram encontrar uma cabine para eles.


- Você não devia ter falado nada para eles. – disse Gina de forma que somente Harry escutasse. – Não precisa protegê-los de mim, não ia machucá-los. Muito.


- Tinha muita gente lá fora. E você ia atacá-los sem varinha.


A ruiva corou, Harry estava a protegendo, não aos irmãos.


Os gêmeos seguiram em frente enquanto eles entravam em uma cabine. Mas isso era comum.


A viagem começou tranqüila. Luna se juntou a eles assim que conseguiu encontrá-los. Parece que o que aconteceu no fim do ano anterior tinha algum efeito.


A mulher dos doces já havia passado pela cabine deles quando aconteceu a única coisa aborrecida da viagem. A visita de Malfoy.


- Aposto que você, Santo Potter, vai tentar participar. Para aumentar a sua fama. E você Weasley deve tentar pelo dinheiro. – disse o loiro.


- Alguém te chamou aqui? – perguntou Hermione.


- Não falei com você sangue-ruim. – disse o sonserino acreditando que a proteção dos gorilas que o acompanhavam seria eficaz. – Pela cara de vocês, não sabem do que estou falando. Sue pai é tão insignificante no ministério que não ficou sabendo do que acontecerá em Hogwarts este ano?


- Malfoy, ao contrário do que pensa, meu pai sabe do que se passa em Hogwarts, aliás, foi o próprio Ministro que falou com ele. Vimos eles conversando na tribuna de honra da Copa Mundial. Se seu pai precisa pagar para ter informações no ministério, o problema é dele. – disse Rony se levantando e ficando de frente para Malfoy, que tremeu ao perceber que o ruivo era maior que ele.


- Sem contar que vamos ficar sabendo do que você está falando quando chegarmos em Hogwarts. – disse Luna sem se alterar.


- Agora além de pobres traidores do sangue e sangue ruins, você se mistura com lunáticos? Achei que você conseguiria arranjar companhia melhor, Potter.


- Malfoy. – Harry chamou a atenção dele. – Corre.


Malfoy olhou para os lados e viu Hermione e Luna com as varinhas encostadas na testa de Crabbe e Goyle. Rony e Gina apontando diretamente para ele. Mas o que mais assustou foi a expressão de Harry. Sua cara mostrava nada, mas seus olhos pareciam brilhar fortemente. Ele engoliu em seco e saiu correndo esbarrando na porta, quase caindo e batendo na parede contraria. Os seus dois gorilas acabaram trombando um no outro e caindo assim que saíram da cabine.


A explosão de risos que começou naquela cabine foi se espalhando pelo vagão, por onde os sonserinos iam passando.


- Vocês têm que ver as fotos que fiz do Malfoy e seus capangas correndo. – disse Colin entrando com o irmão Denis pela porta que ainda estava aberta. – Vou fazer cópias e mandar para todos em Hogwarts.


- O que vocês fizeram para ele sair daquele jeito? – Perguntou Denis.


- Ele que é um covarde medroso mesmo. Não consegue enfrentar alguém em uma disputa limpa. – disse Harry fazendo os irmãos rirem.


 


- Eu não estou entendendo. Por que eu tenho que fazer minhas malas? – perguntou Letícia.


- Você vai morar com a gente em Hogwarts. – disse Lilian. – Eu já te falei que vai acontecer uma coisa interessante lá este ano. Como eu e seu pai estaremos ocupados e não teríamos tempo para visitar você, pedimos para Dumbledore que você fosse morar lá também.


- Eba. Vou poder ver vocês, o Harry e a Gina todos os dias. – disse a ruivinha, pulando de alegria. – Eles já sabem?


- Não, minha rainha. – Disse Tiago. – Isso ainda é segredo, se contássemos para eles teríamos que contar o porquê.


- Mas...


- Let, assim você pode fazer uma surpresa para eles. Sem contar que eles estão no meio do caminho, quando a coruja chegasse neles, eles já estariam em Hogwarts.


- Uma boa idéia. Vou me arrumar. – disse a menina saindo para procurar uma roupa para impressionar a todos.


- Tem certeza disso? – perguntou Lilian.


- Sim, melhor agora que ano que vem. Assim ninguém pode associar uma coisa na outra e Tom não vai tentar usá-la. Fora do castelo, ela vai ficar mais desprotegida e não quero deixá-la com ninguém. Não que não confie na Molly, mas não quero longe de mim.


- Você vai permitir que Voldemort volte? – perguntou espantada, quase gritando.


- Permitindo ou não, ele vai voltar. Já te disse que nem tudo poderemos alterar. Melhor que ele retorne agora, que eu sei onde, como, quando, e por que. Mas não pretendo deixar que o Harry participe do torneio. Por isso garanti que tanto Bartô Jr e Rabicho ainda estão na cadeia. Mas tenho tudo planejado, caso isso não seja possível.


- Mas o sonho, você ainda não identificou quem é o comensal?


- Não, já vi muitos assumirem posturas diferentes quando estão na ‘sociedade’. Mas ficarei de olho em todos este ano.


- Espero que algo de bom saía disso tudo. – disse Lilian suspirando.


- Espero evitar que Cedrico morra desta vez. Assim tiramos Cho de perto do Harry.


- Hum, certo. Assim a Letícia também deixa a menina em paz.


 


Logo o trem vermelho parou na estação de Hogsmeade. Mas uma tempestade caia naquela região, fazendo os alunos correrem para pegar as carruagens. O mesmo ocorreu quando saíram delas e foram para o castelo.


- Ainda bem que conseguimos chegar aqui rápido. – disse Rony. – Iríamos ficar muito mo...


Ele não terminou de falar, pois foi atingido por um balão de água lançado por Pirraça.


- Pirraça, pare com isso. – disse Minerva com um tom que admitia ser contrariada.


- Mas eles já estão molhados.  – disse o poltergeist.


- Isso não importa. – disse a professora.


Pirraça saiu dali uivando e lançando os balões que ainda segurava no alto acertando uns sextanistas.


Hermione secou o amigo com um aceno de varinha, enquanto este ainda reclamava do fantasma. E todos seguiram para o salão.


Parece que todos ficaram sabendo que algo iria acontecer no castelo este ano, mas cada um tinha uma teórica sobre isso.


- O que a Letícia está fazendo aqui? – perguntou Harry para Gina, assim que viu a irmã ao Aldo dos pais. – Ela te falou alguma coisa?


- Não, mas vamos esperar. No fim do banquete ela vai conversar com você. – respondeu a ruiva. – Não deve ser nada ruim, ela está feliz.


Mas todos ficaram quietos quando os alunos novatos entraram pela porta com Minerva. Harry ficou impressionado com um aluno que parecia vestir o casaco de Hagrid, se bem que o professor estava sem ele. Olhando melhor, ele reconheceu Dennis, o irmão de Colin que foi lhe apresentado no trem.


- Eu caí no lago. – disse o menino ao cruzar com o irmão na mesa, fascinado.


A seleção ocorreu normalmente, mas todos esperavam pelos avisos do diretor. Este se levantou e abriu o banquete.


- Os elfos capricharam hoje. – disse Nick-quase-sem-cabeça, que estava perto deles.


- Elfos? Hogwarts possui elfos domésticos? – perguntou Hermione.


- Sim, por volta de uns cem. – disse o fantasma. – Como você acha que essa comida fica pronta e todas as coisas arrumadas?


- Mas Hogwarts, uma História não cita nada disso. Nem uma linha. – disse a morena. – Isso é revoltante.


Ela pareceu que não ia encostar na comida, mas acabou vencida pela fome e comeu um pouco, mas apenas Harry percebeu isso.


Assim que o nível de conversas começou a aumentar Dumbledore ficou novamente em pé.


- Boa noite a todos, e uma boa vindas aos novos alunos. Tenho a felicidade de anunciar que depois de muito tempo e esforço, retornaremos com o Torneio Tribruxo.


- Só pode ser piada. – disseram os gêmeos.


- Posso garantir que não Srs. Weasley. Mas falando nisso...- respondeu o diretor.


- Alvo! – chamou Minerva.


- Bom voltando ao assunto, para aqueles que sabem do que se trata, peço desculpas. Vou explicar o que é para os que não sabem. O Torneio Tribruxo é uma competição mágica envolvendo alunos das maiores escolas da Europa, Hogwarts, a Academia de Magia de Beauxbatons e o Instituto Durmstrang. Um aluno de cada uma delas demonstrara sua pericia e controle de magia em provas. Os campeões de cada Escola serão escolhidos por um juiz imparcial. Mas por medidas de segurança somente os maiores de idade poderão se inscrever.


Boa parte do salão protestou. Mas Dumbledore fingiu não escutar e continuou.


- Além da Honra e ser reconhecido como o Grande Campeão do Tribruxo, o vencedor receberá Mil Galeões. As Delegações das escolas chegaram dia 30 de outubro e no banquete do Dia das Bruxas serão revelados os nomes dos representantes de cada escola. Por causa dos novos hóspedes a segurança do castelo será aumentada, mesmo que vocês não percebam. Assim o Auror Potter e sua esposa ficaram o tempo integral na escola assim como a auror Tonks. Desta maneira a filha dos Potter, Letícia passará a morar no castelo com eles. Devo avisar que ela seguirá as normas do castelo, mas caso algo aconteça com ela quem tomará as providencias será Tiago Potter baseado nas leis inglesas para isso, além das do próprio castelo.


Todos sentiram um frio subir a espinha e aqueles que poderiam pensar em pregar uma peça na menina, decidiram ignorar essa vontade.


O diretor começou a dizer os recados normais de inicio do ano, enquanto os alunos começaram a cochichar.


- Essa regra da maioridade é injusta. – disse Fred.


- Ela foi feita para evitar que pessoas despreparadas se machuquem. –disse Hermione.


- Não somos despreparados. Vamos dar um jeito de participar. –disse George.


-Sim, mil galeões são muita coisa. – disse Rony. – O que acha disso, Harry?


- Se vocês querem tentar, por mim tudo bem, vou torcer por vocês. Mas eu não entraria nisso. – disse o moreno. – Nem pelo dinheiro, nem pela fama. Podem esquecer eu nunca me escreverei nisso.


- Por quê? – perguntou Gina.


- Eu já tenho fama, por algo que eu não me lembro de ter feito, e que me fez perder meus pais. E não quero servir de diversão para esses abutres. – disse Harry olhando para a mesa verde.


- Certo. – disse a ruiva satisfeita, mesmo não sabendo o motivo.


Assim que Dumbledore terminou de dar os recados, todos começaram a sair para seus salões.


Letícia saiu correndo e abraçou Harry.


- Vamos morar juntos de novo. – disse a menina feliz.


- Sim, pequena. Mas eu vou ter que dormir na torre e você com nossos pais. – disse Harry.


- Mesmo assim vou ver vocês todos os dias. – disse Letícia abraçando Gina.


- Eu já estava com saudades de você. – disse Gina para a menina.


- Eu também. – disse a menina.


Tiago e Lilian chegaram perto para conversar com o filho e explicar tudo.


- Não sei onde iremos parar. A família Potter inteira na escola. Justamente quando teremos visitantes. – disse Snape passando por eles.


Os quatro olharam para ele, mas logo voltaram a conversar normalmente, o que deixou Snape realmente bufando.


Letícia apesar de tentar ignorar aquele ser, decidiu que podia aprontar com ele. Seus pais falaram para evitar enfeitiçar as meninas que chegavam perto de Harry, mas não falaram nada sobre professores e meninos. Com um sorriso maldoso, ela lançou um feitiço no morcegão. Um que Sirius a ensinou. Era temporário, mas muito difícil de ser retirado.


- Tenha uma boa noite, Snape. – disse Tiago, só para importunar o ‘colega’.


Ele se virou para dar uma resposta ríspida, mas não conseguiu. Tentou de novo e nenhum som saia de sua boca. Encarando Tiago, tirou a varinha do bolso e tentou um Finito não verbal, mas mesmo assim não conseguiu falar nada. Desistindo o professor virou as costas e saiu batendo pé.


- O que deu nele? – perguntou Lilian. – Ou melhor, o que você fez?


- Eu não fiz nada. Só tentei ser educado. – disse Tiago. – Acho que foi a consciência dele que o bloqueou.


O moreno sabia que tinha sido a filha, mas não ia estragar uma peça tão boa como aquela.


 


 


 


 

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