Capítulo dez
(17/10) ESPECIAL PARA MARIANA BARBOSA, feliz aniversário <3
- capítulo dez: vídeos, DRs e prontos para operação verão
Narrado por: Dorcas Meadowes Fazendo:Pensando em passar no dentista e desinfetar a boca Ouvindo: O silêncio mortal do corredor
Então ele realmente teve a coragem de encostar em mim. Mais do que isso, ele teve a audácia de pensar que poderia ter alguma coisa comigo, que eu aceitaria um beijo dele. Bom, na verdade, eu não o devo culpar tanto assim. Afinal, beijar Dorcas Meadowes é o sonho alimentado por todo e qualquer estudante do sexo masculino. Só não esperava que losers tivessem esse desejo também.
Eles não eram assexuados?
Devo deixar bem claro que a culpa disso tudo é completamente de Lily Evans. Depois que ela começou seu namorico com aquele cara horroroso, os nerds dessa escola parecem pensar que têm algum direito a uma vida normal. Bom, está mais do que hora de deixar bem claro que eles não têm nada, absolutamente nada.
- De-desculpe! – ele gaguejou, me olhando horrorizado – N-não sei o q-que deu em mim!
Ele parecia realmente apavorado, arrependido. O que não muda em nada o fato dele ter tido coragem de se aproximar de mim. Antes meu nome impunha mais respeito por aqui. E eu também culpo a Lily por isso.
Mas nada na vida de Dorcas Meadowes é tão ruim que não possa... melhorar!
A menos, claro, que você pense na minha vida familiar insatisfatória. Mas não estou pensando na mamãe neste momento. Sorri meu melhor sorriso da vingança. Aquele que eu vinha praticando há algum tempo no espelho para os momentos de necessidade.
O garoto – se é que posso chamar aquela coisa assim – ainda me olhava aterrorizado, e eu tenho a leve impressão de que ele tremia. Mas, na verdade, pouco me importa que ele estivesse arrependido ou bêbado. Isso não muda o fato de que ele teve a coragem de respirar perto de mim. E mais do que isso, na verdade.
- M-me desculpe! – gaguejou novamente, enquanto eu o encarava como se fosse uma metralhadora – E-eu não tive a intenção...
- Não teve a intenção? – falei, limpando a boca teatralmente.
Não muito longe dali, uma das meninas da torcida filmava a coisa toda. O que me poupa um grande tempo, já que eu estava quase pronta para dizer: “Oh, alguém filme isso enquanto eu acabo com a semi-vida desse idiota”. Bom, hora do show.
- N-não – ele limpou a garganta e o suor da testa com a mão trêmula – Me desculpe, eu realmente não tive a...
- Quem você pensa que é? – perguntei lentamente, falando alto para que todos pudessem ouvir. E para que minha voz saísse boa no vídeo. – Quem diabos você pensa que é para vir aqui e achar que pode ter alguma coisa comigo? Que pode simplesmente tocar no meu braço e encostar sua boca nojenta na minha?
As pessoas do ginásio fizeram um grande e bonito coro de “ooooooh”, muito semelhante ao que elas fazem quando nós fazemos um movimento surpreendente na torcida. Algumas deram risadas e muitas delas apontavam. Quanto mais, melhor. Espero sinceramente que todo mundo da sala saia e venha dar audiência!
Menos a Lily, que acabaria com a festa toda. Mesmo que a culpa disso tudo seja diretamente dela.
- Então porque você cruzou comigo duas vezes no corredor e eu fui legal com você – ampliei a voz, pra todo mundo saber como eu era legal até mesmo com amebas ambulantes – você acha que isso lhe dá o direito de invadir a privacidade de uma garota? Uma garota como eu, ainda por cima? Bom, vamos deixar uma coisa bem clara aqui: não, não dá. Não deveria nem se quer lhe dar o direito de existir.
Ele piscou, assustado e sem nenhuma reação, tentando balbuciar coisas. Mas mesmo o QI de gênio dele não conseguiria se livrar dessa.
- Olhe para você mesmo! – falei, e ele fechou a boca, e me olhou mais espantado do que nunca – Você realmente acredita que um cara assim teria alguma chance comigo? Oh, acorde! Você me dá nojo.
As meninas da torcida riram enquanto os garotos faziam um lindo coro de “Loser-feio, loser-feio, loser-feio”. Se não estivéssemos no meio de uma coisa importante, do tipo o fim de qualquer aspiração social de uma pessoa, eu teria aplaudido. Olhei para eles com um sorriso, pedindo silêncio com um aceno. Eu ainda não tinha acabado por aqui.
E, quando eu acabar, mal vai restar o pó desse infeliz para que eles pisem em cima.
- Por favor, olhe ao menos um minuto no espelho: você não é nada. Você nem ao menos sabe como beijar uma garota! – dei risada, porque era a mais absoluta verdade. Nem quando tinha sete anos e praticava com o travesseiro era tão patética assim – Me diga, você realmente acreditou que eu ia gostar disso? Nem mesmo você pode ser tão estúpido.
O sinal que anunciava o começo da aula tocou, e nessa hora todo mundo já deveria estar devidamente acomodado em suas carteiras. Mas hoje era um evento raro, e até parece que eu me importo muito com o sinal. O garoto pulou (acho que o nome dele começa com P ou R) ao ouvir a sirene a as pessoas gargalhavam. Sim, porque um loser sempre, sempre ajuda a se afundar na lama um pouco mais.
- Bom, você deve estar querendo ir para a sua aula – dei risada, arrumando o cabelo e garantindo meu melhor ângulo – Ande logo. E nunca mais se esqueça de quem você é. Eu vou garantir que não o faça.
A menina da torcida, não lembro o nome agora, deu risada e fez um jóia com o dedo para avisar que tinha parado de filmar. O coro de vaias, risos e insultos veio com força total, enquanto o zelador tentava inutilmente conter a multidão e fazer com que todo mundo parasse de gritar e fosse para suas devidas salas. Mas era impossível, não quando a diversão era demais.
O garoto continuava lá parado, mas quando a multidão o engolfou eu o perdi de vista. O que para mim está muito bom: espero que ele nunca mais apareça na minha frente.
Falando nisso, preciso escovar os dentes.
- Alice! – falei, quando a menina que filmou apareceu na minha frente. Que sorte, acho que é esse o nome dela.
Ela sorriu, mostrando o vídeo no celular. Pareço linda e loira como sempre.
- Me faça um favor, querida – pedi sorrindo e deixando de falar o nome dela por via das dúvidas – Espalhe isso. Eu quero que o mundo todo saiba, que o mundo todo veja. E que ninguém nunca mais esqueça.
Ela sorriu e assentiu, correndo para o laboratório de informática. Muito provavelmente para deixar o vídeo em todos os computadores da escola, em todas as redes sociais e blogs conhecidos.
Esse é um dia que vai ficar na memória.
Narrador por: Lily Evans Fazendo: Piscando os olhos para ver se acredita no que vê Ouvindo: O próprio estômago embrulhar
Não acredito que ela teve essa coragem. Sinceramente, não consigo acreditar. Parece demais até mesmo para o nível da Dorcas. Mas, ao que tudo indica, ela realmente fez isso. Com o Remus, cuja aparente única infelicidade foi ter tentado ser um cara bacana para ela. Bom, agora estou com ódio mortal.
Quase tanto quanto ainda sinto por terem espancado meu namorado.
Cliquei para fechar o vídeo – ele estava em todos os lugares. Claro que eu percebi que o pessoal da escola estava excitado demais, bem mais do que o costume. Mas James ainda não tinha ido à escola e eu estava preocupada demais em anotar todas as aulas para ele para prestar atenção em mais alguma coisa. Quero dizer, ontem eu faltei na aula e Remus pegou a assunto. Mas minha mãe nunca ia me deixar faltar novamente, nunca!
Nem mesmo pelo novo favorito dela.
Até que o vídeo chegou no meu celular. Aparentemente, ele foi mandando para todos os números conhecidos e postados – pelo que eu posso ver – em todas as redes sociais imagináveis. Veja, postaram até no Orkut, para que as traças também vejam. Não consigo imaginar como o Remmie está, todo mundo não para de comentar, parece ser a nova piada do momento.
Talvez eu devesse passar na casa dele e oferecer socorro, mas isso pode o lembrar de Dorcas (quero dizer, a minha figura) e eu tenho medo de piorar a situação toda.
Meu Deus, quero atirar na cabeça de alguém.
- Aqui é Dorcas, deixe sei recado! – disse a caixa postal do telefone dela.
Oh, odeio caixa postal.
- Bom, aqui vai: eu não sei no que diabos você estava pensando, mas as coisas não são assim! – falei rápido, controlando a voz para não gritar. Não tão assim no começo –Você tem noção do que fez com o Remus? Tem noção de que ele é um ser humano? Porque ele é, e um ser humano muito legal. E meu amigo! Não consigo acreditar que você fez isso com ele Dorcas, eu...
- Alô? – ela atendeu no meio do recado. – Lily. Estava me perguntando quando você ia me ligar...
- É, eu liguei – falei – Dorcas, no que você estava pensando?
O pior é que, na verdade, isso não me surpreende tanto assim. Me surpreenderia se fosse Lene, que mesmo que se importe com tudo isso, jamais faria uma coisa dessas com outra pessoa. Ainda mais se levarmos em consideração toda a coisa do Sirius. Mas a Dorcas... é quase como se eu esperasse ouvir uma coisa dessas todo dia.
- Oh, Lily, não vem com essa – ela falou, ofegante. Provavelmente estava na esteira. Olhei pro pote de chocolate que eu estava devorando sem nenhuma culpa. Eu tenho um namorado e ai dele se não me amar assim mesmo – Você sabe o que o seu amiguinho fez? Ele me deu um beijo! Um beijo, Lily!
- E o que você fez? – falei. Então me descontrolei e gritei – Você humilhou o garoto! Você colocou o maldito vídeo na rede, Dorcas! Todo mundo está vendo, tem noção do que é isso? TODO MUNDO.
- Todo mundo viu mesmo? – ela perguntou animada – E ai, a galera ta gostando?
Tirei o telefone da orelha e olhei bem pra cara dele, certa de que tinha alguém ali me enganando. Não dá pra acreditar que ela me perguntou uma coisa dessas.
- Se você não queria um beijo dele – falei, ignorando o comentário esdrúxulo dela – Dissesse isso e fosse embora. Você não precisava fazer o que fez, Dorcas. Se eu fosse os pais dele, te processaria.
- Lily, você não entende como são as coisas por causa do seu namoradinho. Mas tudo isso só começou por sua causa. – ah, não envolva o James nessa história!
- Você está enganada – falei – A única coisa que eu tenho responsabilidade é de ver quem as pessoas são sem ligar para o que elas parecer ser e...
- Ah, mas isso é tão clichê de novela, Lily! – ela riu – Vindo de você, posso até esperar que recolha cachorrinhos abandonados.
Eu sabia que ela tinha falado aquilo pra me machucar. Todo mundo sabe que o meu primeiro cachorro, eu achei na rua e trouxe pra casa. E todo mundo sabe que eu odeio que falem nele porque minha vida nunca mais foi a mesma depois que ele morreu. Não acredito que Dorcas está jogando assim tão baixo.
- Não adianta conversar com você, Dorcas – falei, porque não adiantava mesmo –A gente se vê mais tarde.
Desliguei o telefone sem esperar nenhuma resposta. Na verdade, Dorcas não se importaria mesmo se eu usasse todas as palavras do dicionário. Nem se convenceria de que tinha feito uma coisa tremendamente errada. A única coisa que eu podia fazer era atravessar a rua e me afundar no colo do meu namorado, perguntando o que posso fazer pelo melhor amigo dele.
- Lily! – Lene entrou no meu quarto, se jogando na cama e me arrastando junto como fazem todas as melhores amigas.
- Lene! Nem reparei que você estava entrando.
O que, detecte, é uma ironia, já que até mesmo os insetos vão embora quando percebem a presença da Lene, porque sabem que ela vai causar um terremoto.
Espertos.
- O que estava fazendo? – perguntou, remexendo no meu celular. – Que milagre é esse que não está dando uma rapidinha na casa do seu namorado?
Oh, não, a história da rapidinha de novo não!
- Estava brigando com a Dorcas – ela me olhou com as sobrancelhas erguidas. Será que não viu o vídeo? Em que planeta ela estava? – O vídeo...
- Oh – disse – É, achei que você faria uma coisa dessas.
- Você acha que eu estou errada?
Lene coçou o queixo. Será que ela sabe que Sirius faz isso de montão? Toda vez que eu, James, e ele por um acaso (também conhecido como vontade de incomodar os outros) estamos juntos, e o Jay começa a dar indiretas, ele faz isso. Acho que ela está pegando o gesto. Assim como o autor do mesmo.
Mas acho melhor não falar nada agora.
- Não acho que nenhuma das duas está certa – abri a boca. Como assim eu não estou certa? Eu estou certa! Não estou? Estou! – Olhe, me deixa explicar. Vi o vídeo, a Dorcas sacaneou o menino. Certo, eu não faria isso nem você, mas Dorcas faria e nós sempre soubemos disso...
- Nem por isso significa que está certo! – interrompi.
- Eu não estava dizendo isso, Lily – Lene vincou a testa. Será que ela tem noção de como está pegando os gestos do Sirius? Isso é bizarro. Parece que eu estou falando com a versão feminina dele... Depois de uma plástica –Só estou dizendo que essa é a Dorcas. E nós somos amigas há tempo demais para você não saber que era exatamente isso que ela faria. O garoto deu azar.
Lene deu de ombros, mas eu sabia que ela era bem mais sensível do que isso. Tinha que ser.
- E isso não muda nossos planos para as férias – ela me olhou, enquanto eu brincava com meu bichinho de pelúcia e... que planos? – Fazemos isso todo ano... Está quase na hora.
Daí ela começou a sorrir e falar sobre as coisas novas que tinha comprado pro verão, e eu senti vontade de dar um soco em mim mesma. Não acredito que esqueci – esqueci completa e absolutamente – dos nossos planos pro verão. Todo ano, desde a quinta série, nós viajamos. E esse ano não tinha porque ser diferente. Passamos as férias na casa de verão dos pais da Dorcas, é uma tradição. Não posso quebrar uma tradição, mesmo que uma das minhas melhores amigas tenha pisado totalmente na bola. Seria totalmente uma sacanagem, e todo mundo sabe que dá azar quebrar tradições. Certo?
Acontece que eu já tinha planos de verão com o meu namorado.
Narrado por: James Potter Fazendo: Se recuperando muito bem e tomando banho de arruda pra prevenir Ouvindo: Lily falar, o que está muito bom, obrigado.
Então eu levo porrada e o Remus é humilhado publicamente e para o resto da vida. Bom, pelo menos os meus machucados saram com merthiolate. Eu dou o fora da escola por dois dias por estar parecendo um tabuleiro de xadrez e é isso que acontece. Sirius é o único que escapou ileso até agora. Se eu fosse ele, passaria a me benzer antes de sair de casa. E levar um pé de coelho na mochila.
- Sinto tanto, Jimmy – falou Lily, choramingando no meu colo.
Acho que ainda não me acostumei com tudo isso. Não estou falando sobre humilhações e surras, estou falando sobre Lily Evans deitada no meu colo, com a mão entrelaçada na minha. Desde quando a vida ficou tão boa?
- Eu sei, Lily – apertei a mão dela por carinho, de um jeito que eu sei que ela gosta. Eu sei porque sou o namorado dela. Namorado, entendeu? – Mas não se culpe, nós vamos ter tantas outras férias para sempre. São seus planos, suas amigas. E eu vou te ligar todos os dias, prometo.
Ela riu e afundou um pouco mais em mim. Tipo, no meu colo, não pense nada demais, seu pervertido! Estávamos no meu quarto jogando vídeo-game, Sirius e eu, quando ela chegou (“Então até mais, Sirius”. Eu disse assim que Lily entrou e se jogou na minha cama. “O quê? Eu nem estava de saída”. Mas graças a Deus ele se tocou. E à Marlene também, eu acredito). Desde que vi o vídeo do Remus – o que deu na cabeça dele? – que estava imaginando o momento que Lily viria pra casa.
Mas ela não queria falar sobre o Remus. Queria falar sobre as férias. E sobre o fato de que ela vai viajar o verão inteiro.
Não é nada que eu não tenha esperado, na verdade. Mesmo que tivéssemos planejado uma praia (ver Lily de biquíni) e jogar vídeo-game todos os dias (me agarrar com Lily na cama), eu sabia que ela ia viajar. Porque ela faz isso todos os anos, eu bem sei. Afinal, a persegui todo esse tempo da minha janela.
Mas ninguém precisa saber disso.
- Jura que vai ligar? – assenti – Eu vou morrer de saudades!
- Ainda temos uma semana até as férias! – ela sorriu, se endireitando – Podemos fazer qualquer coisa que você quiser fazer.
Lily sorriu, se levantando. Péssima ideia dizer que ela pode fazer o que bem entender. Péssima, péssima ideia.
Enquanto ela se decidia, pensei sobre as minhas próprias férias. Tirar o aparelho, consultas com o dermatologista, mamãe me mandando cortar o cabelo, Sirius querendo me arrastar para a academia (academia? Que infame! Que blasfêmia! Que idiota!)... Eu teria um verão realmente divertido. Mas não seria nada mal receber Lily com um novo visual, seria?
Preciso amadurecer essa ideia!
- Vamos ao cinema? – ela pediu, fazendo biquinho. Ela sabia que eu não estava lá muito animado para sair em público depois da coisa toda de pegue-James-Potter-e-o-faça-de-táboa-de-cortar. Não era muito agradável, se você ver as coisas sob a minha perspectiva. Mas não podia ficar em casa para sempre.
E até parece que eu deixaria de fazer alguma coisa que Lily me pede.
- Vamos! – sorri pra ela.
[...]
Na rua, todo mundo estava falando sobre o Remus. Ainda bem que ele atendeu o telefone (“Jimmy, depois. Tchau”), senão eu pensaria seriamente que ele tinha se matado. Mas isso não é importante.
Quer dizer, ele está vivo!
O fato é que todo mundo estava comentando. Na fila do cinema – “Você viu aquele vídeo do menino feio que beijou a gatinha loira? Hilário!” -, na fila da pipoca, na fila do churros (porque Lily tem que comer churros em qualquer lugar onde ela os veja). Como essa droga se alastrou tão rapidamente?
- Jimmy, todo mundo viu isso! – Lily comentou, enquanto um grupo de meninas olhava para a gente e ria.
Obviamente porque nós éramos quase uma versão dois do vídeo, ignorando o fato de que Lily não estava berrando atrocidades para mim. Mas eu não posso deixar isso me deprimir, certo? Não posso!
- Ignore – disse Lily, percebendo os olhares.
Era uma coisa meio difícil de fazer. Quero dizer, eu sei muito bem quem eu sou. Não sou como o Sirius, que acredita ser a última laranja do pomar. Estou falando sério, eu sei que sou um cara esquisito. E tenho uma namorada. E daí, porque caras esquisitos não podem ter também uma vida amorosa? Eu não estou forçando ninguém a ficar comigo, apesar de todo mundo acreditar que eu construí uma máquina de lavagem cerebral no porão da minha casa e fiz testes na Lily que afetaram seu cérebro para sempre.
Eu não fiz nada disso.
- Estou falando sério, James – ela passou os braços no meu pescoço e me olhou profundamente – Não deixe nada disso te afetar. Não tem nada a ver com a gente. Eu gosto de você exatamente como você é. E já passamos por coisas demais...
Era verdade, uma delas envolvia a minha cara sendo esfregada no asfalto. Mas, olhando Lily assim de perto, ela era ainda mais bonita. E, sabendo que ela estava me vendo igualmente de perto, eu era ainda mais feio. Se eu pudesse, faria qualquer coisa, qualquer coisa, para ser um cara com o qual ela pudesse andar pela rua, de mãos dadas, sem passar vergonha.
Eu faria qualquer coisa.
- E eu adoro o seu beijo – ela falou baixinho, sorrindo e se aproximando.
E eu não pude pensar em mais nada, a não ser passar os braços firmemente pela cintura dela e corresponder ao beijo com entusiasmo, enquanto aquele bando de desocupados e invejosos continuava a olhar e murmurar bobagens.
Narrado por: Lene McKinnon Fazendo: No laboratório de ciências outra vez Ouvindo:Meu acompanhante suspirar
Então aqui estou eu mais uma vez. Não dá pra acreditar numa coisa dessas, mas é a mais pura verdade. Estávamos todos estressados demais com a coisa da Dorcas, da humilhação e blábláblá. Sendo assim, não é minha culpa ter mandando Sirius vir até aqui, não é verdade? Aliás, isso é quase uma boa ação: foi assim que descobrimos que a escola inteira está cheia de panfletos e cartazes colados com fotos do “evento” promovido hoje mais cedo.
Tiramos o que deu pra tirar. Depois fomos queimar tudo no laboratório. E eu juro que é somente isso que estamos fazendo até agora. Estou falando sério.
- Espera, espera... – eu falei, enquanto ele passava a mão dentro da minha blusa e beijava o meu pescoço. Bom, as coisas iam evoluindo gradativamente, entende?
Era uma conversa amigável e cordial sobre o problema dos nossos amigos.
- O que foi? – ele falou sem levantar a cabeça de onde estava, nem tirar as mãos de onde tinha as colocado.
Na verdade, eu não tinha a mínima ideia do que diabos eu iria falar. Tinha chamado Sirius ali, eu juro, unicamente para tirar da cabeça dele toda e qualquer ideia de que pudéssemos ter alguma coisa, para não acabar repetindo o padrão da Dorcas. A escola estava vazia, ninguém via a gente. Parecia tão mais certo dar uma saideira antes de terminar tudo. Quero dizer, se tivesse alguma coisa acontecendo.
- Precisamos conversar – falei.
- Porque conversar? – ele mordeu o meu pescoço. ATENÇÃO, PRODUÇÃO, tem um nerd safado aqui. Socorro, de onde ele saiu? – Porque não podemos simplesmente ficar aqui mais um pouco, depois cada um segue o seu caminho e pronto?
Pisquei o olho, me afastando dele. Eu sinceramente não entendo esse garoto. Será que um alien prendeu um cara sedutor e cafajeste no corpo desse menino feio e esquisito? É a única resposta plausível. Quero dizer, ele me agarra, me seduz na academia, me agarra de novo, e depois quer seguir a vida?
De onde saiu essa criatura?
- Tenho que deixar uma coisa bem clara – falei – Nós não temos nada, Sirius. Nós não somos Lily e James. Isso aqui é só... bom, não é nada. Você tem que entender isso.
Ele riu e coçou o queixo, se encostando na pia (é uma pia aquilo, certo?) e me encarando. Na verdade, ele era feio, mas isso o tornava... sedutor. Ou talvez eu estivesse imaginando coisas porque gostava muito quando ele estava me agarrando. Então eu podia fechar os olhos, parar de olhar pra cara dele e curtir o momento.
- Veja bem, Marlene – ele disse, rindo – Você é que parece ter se enganado aqui. Nós não temos nada. E não vamos ter. Isso é só diversão. Ninguém precisa saber de nada, para mim está mais do que bom. Não está legal assim?
Pisquei os olhos. De certo modo, ele está me dando um fora. Não acredito nisso. A ordem mundial realmente não está mais no lugar, mesmo depois das tentativas de Dorcas de fazer com o mundo volte ao seu curso natural. Ou alguma coisa assim que faça um pouco mais de sentido. Não pode ser real. Ele está agindo realmente como...
Como eu.
- É – respondi estupidamente – Assim está bom.
- Ótimo – ele sorriu, se aproximando rapidamente de mim e me beijando com força.
Então ta né.
Narrado por: Sirius Black Fazendo: Compras Ouvindo: Suspiros de desejo por onde quer que passe
O Remus levou um fora e queria mofar em casa do pro resto da vida. Até parece. E, tudo bem, talvez eu tenha um pouco de culpa no cartório. Mas eu realmente achei que a gatinha estava na dele. A culpa é dela que erra ao mandar sinais, não minha. Muito menos do Remus, que só queria perder o BV.
Bom, pelo menos ele perdeu, certo? Há sempre um lado positivo na história.
- Ora, vamos logo! – falei, puxando o Remus da cama – Encare isso de frente e seja homem. Olha, se eu puder te dar um cons...
- Sirius – ele me interrompeu, tirando o travesseiro da cara – Eu nunca mais na vida vou ouvir um conselho seu. Cale a boca.
Bom, justo.
James riu. Na verdade, eu meio que tinha tirado ele a força do programinha de casal com Lily. Mas acho que ela entendeu, afinal, um amigo necessitava. E eu também já tinha tirado o meu atraso com a Lene. E ele tinha uma namorada. Era o Remus que precisava de ajuda no momento.
E o que melhor para levantar o astral de uma pessoa do que compras?
- Essa é uma ideia estúpida – disse Remus – O shopping? Pela noite? Onde estão todos os populares da escola? Você tem que estar brincando, Sirius.
Você tem que enfrentar o inimigo de frente, é o que eu digo. Ou diria, se não acreditasse que o Remus me bateria. Ele não estava tão deprimido assim. Só não queria nunca mais sair de casa. Ou pelo menos pelos próximos vinte anos.
- Vamos, Remmie – disse James, batendo na cabeça dele e o fazendo levantar. Porque eu não pensei nessa tática? – Você não vai deixar isso te engolir. Aquela garota não merece você, é simples.
Remus passou a mão pela cabeça, suspirando. Ele sabia das extensões do... problema. Na verdade, todo mundo sabia e os pais dele queriam ir a escola, chamar os pais da Dorcas e fazer um barraco. Com sorte conseguimos impedir. Quer dizer, isso seria pior ainda. Em uma semana a gente consegue hackear tudo e, pelo menos na internet, ninguém mais vai saber.
- Vocês estão certos – ele me olhou com cara feia. Mas eu sei que eu estou certo. – Não vou ficar assim. Mas eu digo uma coisa: - olhou para a frente com cara da maníaco – Isso vai ter volta.
Que bom, porque eu adoro assistir uma vingança de camarote. Pena que faltou a risada maléfica no final. Mas eu supero essa, vou me sentar aqui e relembrar os doces momentos que passei com Marlene no laboratório ontem. E então..
Compras!! Mal posso esperar.
[...]
- Sirius, essa camisa via ficar um horror em você! – reclamou James, franzindo a testa para a minha camiseta rosa bebê.
Adoro fazer compras, adoro mesmo! Quando disse pra mamãe que ir fazer alguns investimentos na minha aparência, ela me liberou totalmente o cartão de crédito. Tem noção de quanta moral isso significa? Eu me sinto o rei do mundo.
Só é uma pena que meus companheiros – o senhor “vamos comprar aquilo para Lily” e o senhor “tanto faz, vou cortar os pulsos” – sejam os meus acompanhantes da vez e que não entendam nada de moda. Eu, por acaso, li muito sobre isso antes de vir nessa empreitada (sem elfos nem duendes. Nem a Xuxa. Mas que droga!): passei horas e horas lendo blogs de como se vestir melhor. Juro que eram blogs sérios, porque eu pedi pra minha mãe escolher. E mamãe é um ícone da moda.
E essa camisa rosa combina com meus olhos. Eu vou levar e ponto final.
- Sirius, você só está levando isso porque viu o tal do Mark vestindo uma dessas um dia desses – disse Remus, olhando uns jeans. Pensando bem, eu também preciso de uma calça jeans descolada! – Sabe, o cara que pegava a Lene.
- Ridículo – disse James, me sacaneando. Mas não importa, eu roubei a Lene dele.
Com ou sem camisa cor de rosa.
- As meninas vão viajar nas férias – disse James, mas se apressou em corrigir: - Sabe, Lene e Lily. As férias todas.
É, eu estava sabendo disso. E é muito insensível do Jimmy comentar uma coisa dessas, as pessoas tem que ter sensibilidade, poxa vida! Ficar falando de garotas na frente do Remus, quando a experiência do primeiro beijo dele foi tão depressiva. Onde está a amizade?
Bom, tanto faz. O fato é que Lene vai viajar nas férias e eu vou ficar sendo torturado na academia sozinho o verão inteiro. Ou melhor, com James e Remus, porque nem morto eu fico naquele lugar fedorento sem ninguém por perto.
A não ser o instrutor anencéfalo.
- Não leve essa camsia, Remmie! – falei, deixando ele bem longe de uma camisa com bolso e assustando a vendedora. Provavelmente ela está a fim de mim – Bolsos... não. Nada fashion!
Jimmy riu, olhando disfarçadamente uma pulseira feminina. Babaca apaixonado. As pessoas deviam ser mais como Sirius Black, falando sério. Você pega, não se apega, e pega sempre que quiser. Preciso falar isso com o Remus, conversar, dar uns conselhos sobre garotas. Quero dizer, onde ele estava com a cabeça quando foi fazer aquela idiotice com a Dorcas?
Ah, é. Eu disse isso a ele.
- Bom, pelo menos com as garotas fora de casa – disse James. Não acredito que ele quer dar um olé na namorada e chamar umas gatinhas pra farra. Esse é o meu garoto! – Pensei em capricharmos, sabe? Mamãe marcou uns médicos e...
- Excelente ideia. – disse Remus friamente, pegando uma camisa roxa no estilo. E com sangue nos olhos.
Ah, adoro fazer compras!!
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n/a: Olá, todo mundo! O que acharam do capítulo? Preciso dizer que ele foi um dos mais importantes da fic até agora, cheio de informações muito valiosas sobre o futuro da fic. E eu, pessoalmente, adorei escrevê-lo. Sou suspeita pra falar, mas eu realmente gostei, e espero que vocês tenham curtido lê-lo. E, mais uma vez, obrigada pelos comentários. Adoro ler a opinião de vocês sobre o andamento da fic. Muito, muito obrigada. Agora eu só posto depois do meu aniversário (no domingo, lembrem-se ein? AHAHAHAHA). Isso porque com o ENEM do final de semana... eu preciso de uma boa nota. E estou fazendo minhas últimas revisões. Logo não vou ter tempo de escrever o 11 essa semana. Até a próxima então. Um beijo, Deb.
PS.: O twitter parou no @siriushtinho100 :D
n/b: Olá pessoal! Bom, aí está o capítulo 10 e eu só tenho uma coisa a dizer: Dorcas, você vai se arrepender, amargamente, desse dia. Argh! Sério gente, tadinho do Remmie :( enfim, espero que tenham gostado e desculpem qualquer erro gente, me empolgo demais com essa fanfic UHAUHAUHAUAHUHAUAHUAH comentem! <3
Comentários (5)
QUE LINDO PRESENTE DE ANIVERSÁRIO HEHE PARABÉNS PARA MIM! QUE CAPÍTULO BOM! ADOREI, se prepare Dorcas, vc vai se ferrar hahahaha
2011-10-19QUE DÓ DO REMMIE!!! EU VOU MATAR A DORCAS, DE VERDADE ok, eu realmente amo o James, mas isso não significa que eu não adore o Remus... quer dizer, ele é totalmente fofo e aquela vaca da Dorcas chega e faz isso... aff mas eu estou doida pra ver a transformação dos garotos... a Dorcas vai cair aos pés do Remus... vai amargar ter dispensado ele... aaaaaah vai mesmo e o Jamie vai ficar ainda mais lindo... *-* só quero ver o Sirius virando o cachorrão da escola e a Marlene babando... realmente, esse trio vai mudar totalmente a ordem do universo... ai que legaaaaal *-*³³³³³³³ me diz que no próximo capitulo vamos vê-los lindos e megavilhosos??? por favoooooor! Bom ENEM, feliz aniversário antecipado e não nos abandone Ps: por um milagre eu não li esse cap no estágio... infelizmente estava atacando os arquivos ¬¬ Ps2: o que aconteceu com a "shake and move it"? quer dizer, eu acompanhei a primeira versão (abalou mexeu) desde o primeiro capitulo, e agora eu estava realmente curtindo a ideia de rele-la, maaaas... não me diga que você a abandonou, excluiu, explodiu... isso é triste sabia =(
2011-10-18amei a fic, muuuuito boa. meu deuuuuss!!
2011-10-18Eu odeio a Dorcas! Desde o início eu falei que não gostava dela, sério mesmo! Que ódio que eu to pelo o que ela fez com o Remus! Até eu to com sangue nos olhos, querendo vingança! Espero que ele fiquei gatérrimo e faça a Dorcas se apaixonar e depois a largue e quebre o coração dela! Mal posso esperar pelo 11! Boa sorte no ENEM, Deb! E FELIZ ANIVERSÁRIO, MARI!
2011-10-17sangue nos zóio! Nada mais do que justo... Caraca que nervoso, estou louca para saber o que vai acontecer. #_#
2011-10-17