Capitulo 15



Capítulo 15


A última coisa que Mione esperava re­ceber pelo correio da agência era um convite para uma festa. Por um instante olhou para os nomes, sem reconhece-los. Encontrou no envelope, em sentido horizontal, uma linha escrita à mão:

“Espero que venha à nossa festa”
Sônia.

Por que fora convidada? Não havia nenhum mo­tivo para que não fosse. Na verdade não tinha nada melhor para fazer. Ultimamente só tinha ficado na cama a pensar em Harry. Encontrar o casal mais velho certamente iria aumentar essa saudade. Olhou para o vidro de perfume Desejo da Meia-Noite, que possuía lugar de honra em sua penteadeira.
Uma coisa que a deixava triste era o fato de não pensar em Kevin desde que ele saíra ofendido de sua casa. Não sentia a menor culpa em relação ao rompimento do noivado, apenas uma sensação de alívio por ter terminado tudo. O único problema era sua mãe, que ligava todos os dias para perguntar se ela recuperara o bom senso. O que Mione achava engraçado nas conversas com a mãe era que ela não gostava de Kevin. Mesmo sendo bom partido.
Perguntou-se se Sônia aceitaria um vestido de ca­samento com pouco uso e que jamais participara de uma cerimônia. Apanhou novamente o convite, e reparou no número de telefone que constava ao lado do remetente.
Estendeu a mão para o aparelho antes que mu­dasse de idéia outra vez.

— Que bom que você veio — saudou Sônia, sor­rindo e cumprimentando a amiga com um abraço apertado e um beijo.
— Você foi muito gentil em me convidar — res­pondeu Mione, contente com a recepção calorosa.
— Eric e eu nem sonhamos em celebrar nossas bodas de ouro sem as pessoas que foram tão boas para nós durante a falta de luz na Bradley´s — respondeu a anfitriã, conduzindo-a para o interior da casa. — E não se sinta mal por não conhecer todo mundo. Tudo o que precisa fazer é caminhar até alguém, trocar os nomes e logo vai conhecer quem quiser.
Mione riu e entregou a Sônia uma caixa embru­lhada,em papel decorado.
— É um presente para você, mas acho que Eric vai gostar, também — murmurou ela, piscando o olho. — Seria melhor não abrir na frente dos convidados.
Sônia corou visivelmente ao apanhar o presente. Tomou o braço de Mione e conduziu-a por uma gran­de sala cheia de antiguidades e cores quentes, que convidavam a acomodar-se no imenso sofá para uma boa conversa. Apresentou-a aos membros da família e alguns amigos.
Mione quase perdeu o passo quando avistou Harry do outro lado da sala. Lisa, Davis e Brandon estavam com ele. A filha não parecia chateada ou ausente, e os dois pareciam estranhamente "bem-comportados".
— Pedi que Harry e os filhos viessem também - esclareceu Sônia, percebendo a direção do olhar dela. — E tenho certeza de que vai encontrar outros rostos familiares.
— Oi, Mione — cumprimentou Gina, aproximando-se e entregando-lhe uma taça de vinho branco. — Não é maravilhoso?
— É ótimo.
— Vou deixar vocês duas conversando para aten­der a porta — anunciou Sônia, partindo em seguida.
— Trouxe seu noivo? — quis saber Gina, assim que a anfitriã saiu.
Mione estalou os dedos.
— Bem, a vida é cheia de surpresas.
Os olhos da amiga se arregalaram.
— Você terminou o noivado? Ele já sabe?
O olhar de ambas dirigia-se a Hary.
— Não, e não há nenhum motivo para que saiba.
— Não é o que parece pelo jeito que ele está co­mendo você com os olhos.
Mione recordou-se da noite na casa de Carolyn Jeffreys. Duvidava poder assistir a uma queima de fogos de artifício sem lembrar o que acontecera no deque. Não fosse o perigo de serem apanhados, sabia que teriam feito amor ali mesmo, sem pensar duas vezes. Só o fato de imaginar a cena era suficiente para que o rubor surgisse em seu rosto. Tomou um grande gole, na esperança de acalmar os hormônios.
— Fora esse problema, como vai indo?
— Estou descobrindo que relaxar pode ser muito divertido.
Brandon, escapando por um segundo da mão do pai, que segurou-lhe a gola da camisa. — Pai!
— Ela está ocupada conversando.
Ele observava a conversa de Mione e Gina, com certa apreensão. Lisa percebeu.
— Você gosta mesmo dela, hein pai?
— Acho que ela é ótima pessoa — respondeu ele, sem se comprometer.
Como Marie concordara que seria ótima idéia ele ficar com as crianças no semestre inicial das aulas... afinal de contas, ela não tinha mais vinte anos e não podia se cansar muito... e desde então seus filhos estavam merecendo uma medalha por bom compor­tamento. Marie mandaria os brinquedos e roupas. Lisa não reclamara por entrar numa escola diferente e Davis opinou que seria bom fazer novos amigos. Até Brandon não demonstrou apreensão por entrar para o jardim-de-infância, começando a frequentar a escola. Não se o pai o acompanhasse no primeiro dia, bem entendido. Harry ficou feliz e despreocupado com as mudanças. A única coisa que faltava era Mione. O fato de vê-la novamente não facilitava nem um pouco as coisas. Assim como na festa de Carolyn, ela usava um traje que ressaltava sua feminilidade. O vestido azul com decote em V tinha mangas bufantes e saia rodada à altura das coxas. Para com­binar com o visual antigo, sapatilhas de bale de couro bege.
Harry não pôde evitar de perguntar-se por que aquele sujeito não estaria ao lado dela. Nenhuma mulher com aquela aparência podia ser deixada sozinha.
— Ele provavelmente avistou algum possível cliente e deve estar na outra sala vendendo carros — resmungou para si mesmo.
— Mione chegou! Vou lá falar com ela — disse Brandon
Lisa aproveitou para estudar a expressão do pai. Já o vira com Carolyn para saber que ele nunca olhara outras mulheres daquele jeito, inclusive a mãe, pelo que ela recordava. Mesmo inexperiente, pressentia que Harry sentia algo especial por Mione. E era justo admitir que ela fora boazinha com eles, até mesmo com Davis.
— Sônia disse que tinha coisas para crianças na outra sala. Vamos até lá, rapazes — convidou ela, animada.
Harry ficou surpreso ao ver os irmãos acatarem a sugestão.
— Vá falar com Mione — sugeriu Lisa. — Você vai ter de fazer isso de qualquer forma, portanto é melhor ir logo.
— Tem certeza que você é minha filha? Será que está com febre? — indagou o pai, colocando a mão na testa da menina.
— Não estou com febre, e sou sua filha, mas não posso dizer o mesmo daqueles dois degenerados — sorriu Lisa. — Agora vá de uma vez.
Harry aproximou-se enquanto Mione estava de cos­tas, de forma que ela não percebeu. Mas Gina es­tava alerta, com um sorriso de quem entendia tudo.
— Oi, pessoal. Como vamos? — cumprimentou ele. Mione girou nos calcanhares. Seus lábios apertaram-se.
— Oi, Harry.
— Mione! Como vai?
— Estou ótima. E você?
Gina rolou os olhos nas órbitas.
— Não estou acreditando...
— Foi bom ver você outra vez, Gina — disse Harry, encarando-a.
— Acho que alguém ali naquele grupo está me chamando. Foi bom ver você Harry. Boa sorte — de­sejou ela, sabendo reconhecer a indireta.
— Está usando um belo vestido — observou ele, com vontade de tomá-la nos braços.
— Obrigada.
— Onde está o... — perguntou Harry, olhando em volta, como se esperasse que Kevin lhe desse um tapa nas costas a qualquer momento.
— Ele não veio — murmurou ela.
— Que pena não ter a oportunidade de revê-lo.
— Não seja hipócrita. Você não está sendo ho­nesto.
— Não, mas soou bem, não acha?
— Carolyn está com você? — quis saber Mione.
Ele balançou a cabeça, numa negativa.
— Pensei em vir apenas com as crianças.
O orgulho fez com que se recusasse a dizer a ver­dade. Pelo menos toda a verdade. Que Deus o aju­dasse, pois amava aquela mulher que ia casar com outro homem.
Os olhos de Mione baixaram.
— Foi bom ver você outra vez, Harry — disse ela, antes de afastar-se.
Ele ficou observando o andar gracioso realçado pela saia esvoaçante. Xingou a si mesmo por não ter tido coragem de dizer que terminara com Caro­lyn. Ela teria uma chance de resolver terminar com o sujeito e ficar com ele.
Não tinha idéia de que a filha observava seu olhar triste. Se o que Lisa imaginava era correto, seria possível ajudar os dois a ficarem juntos. Era bom manter o olho em ambos durante a festa.
Mione não se lembrava de sentir-se tão desanimada desde que rompera o noivado. Sabia que a causa era o fato de rever Harry, sabendo que era comprometido!
— Oi, Mione! — disse Brandon, passando os braços em volta das pernas dela
Ela sorriu e abaixou-se.
— Tudo bem, bonitão? — cumprimentou ela, abra­çando-o. --- Está se divertindo?
Ele fez um sinal afirmativo com a cabeça.
— Eles têm um monte de netos naquela sala — explicou ele, apontando. — Com jogos e brinquedos. Davis está jogando Guerreiros Demônios com outro menino. Está acabando com ele.
Mione riu. Fez um carinho na cabeça do menino.
— Claro que está. Mas por que você está aqui quando tanta coisa está acontecendo lá?
— Porque eu queria ver você.
Ela teve vontade de abraçar Brandon e não soltar mais. A expressão dele, entretanto, entristeceu.
— O que foi?
— Minha mãe vai ter um bebê. Lisa está brava com ela, e Davis diz que o bebê vai sair parecido com Frank, mas com outro irmãozinho ou irmãzinha, não vou mais ser o bebê — explicou ele.
— Você não começa o jardim-de-infância esse ano? — perguntou ela fazendo um carinho no rosto dele. Brandon concordou. — Quando você começar o jar­dim-de-infância, não vai mais ser o bebê da família. Vou ficar triste quando isso acontecer, porque vai significar que você não vai querer mais me beijar e abraçar, porque não vai gostar mais de meninas.
Ele atirou-se aos braços dela como um foguete.
— Eu sempre vou querer que você me beije — disse ele fervorosamente.
Mione precisou fazer força para conter as lágrimas. Em seguida ele saiu correndo, deixando-a abai­xada. De repente em seu campo de visão apareceu um braço para ajudá-la a levantar-se. Aceitou sa­bendo a quem pertencia. Depois de erguer-se, Harry recusou-se a largar sua mão.
— Você foi muito gentil em dizer essas coisas para o Brandon. Ele tem passado maus pedaços desde que soube da gravidez.
— Só falei o que sinto. Brandon é um menino adorável, é fácil gostar dele.
— Espero que tenha um em seu casamento — disse ele. — Vai ser ótima mãe.
Afastou-se, para não impor a presença a ela.
Mione ficou observando até que ele saísse de seu campo de visão. Depois disso parecia haver um acor­do tácito entre eles, que se evitaram durante uma hora. Os cinco filhos de Eric e Sônia haviam pro­videnciado uma cerimônia de renovação dos votos. Quando chegou o momento, Mione teve vontade de ir embora. A última coisa que desejava era assistir a uma renovação de votos matrimoniais.
— Nem pense nisso — avisou Gina, tomando-lhe o braço.
— Nem pense no quê?
— Em sair de fininho. Você está com um olhar de pânico. Além do mais Sônia praticamente adotou tanto você quanto Harry, portanto quero ver um sor­riso bem bonito até acabar a cerimônia.
Sônia encontrava-se ao lado de Eric, trajado a rigor. O pastor estava em frente aos dois.
— Talvez desta vez você faça os votos direito — provocou Sônia.
— E vamos ver se você vai chorar de novo.
O pastor, velho amigo do casal, iniciou seu dis­curso, e Mione perguntou-se se conseguiria ficar até o final. Enquanto o casal repetia seus votos matri­moniais, ela sentiu um aperto no coração.
Sem conseguir resistir, procurou Harry com o olhar e teve a impressão de que todas as outras pessoas na sala haviam desaparecido. Fez o possível para manter os olhos secos, e na primeira oportunidade afastou-se. Mas não sem antes prometer a Gina que iria almoçar com ela qualquer dia desses. No momento, não queria ver a compaixão estampada nos olhos dela. Só desejava ir para casa e cuidar das feridas do coração.
Mione e Harry não tinham idéia de que alguém os observava. Para dizer a verdade, nenhum dos dois teria percebido uma bomba explodindo na casa. Po­rém Lisa, no outro extremo da sala, observava seu pai e Mione olhando um para o outro como se esti­vessem hipnotizados. Não compreendeu bem qual o motivo para a expressão de dor em Mione e de preo­cupação em seu pai.
Seguiu Gina e conversou com ela. Ficou sabendo coisas muito interessantes. Em seguida ela levou os irmãos para uma pequena sala ao lado, onde man­tiveram uma conversa franca.
— Muito bem, vocês dois parecem gostar da Mione, estou certa?
Ambos concordaram.
— Claro, ela é legal — disse Davis.
— E que tal Mione como nossa mãe? Gostariam que ela fosse nossa mãe?
— Mesmo? — fez Brandon esperançoso.
— Mesmo, mas se quisermos que isso aconteça precisamos fazer alguma coisa, porque os dois estão se comportando como adultos típicos. Não estão fa­zendo o que deviam fazer, nem dizendo o que pre­cisam dizer. Quem está a fim de ajudar?
— Por que você é quem manda? — quis saber Davis.
— Porque sou a mais velha e você só iria estragar as coisas — respondeu ela, sorrindo em seguida. — Vai ajudar ou não?
Os dois assentiram, e os três irmãos se abaixaram para combinar os detalhes do plano.

Mione detestava ter tempo de folga. Queria voltar a trabalhar. Quando trabalhava parava de pensar em Harry, ou pelo menos podia ocupar-se com algo útil. Descobriu que o tempo se arrastava. Uma semana se passara desde a festa de Eric e Sônia, e ela só saíra para almoçar com Gina. Como sempre, a amiga cu­tucara sua ferida exposta com habilidade cirúrgica.
— Odeio os homens. Odeio o Quatro de Julho. Odeio a mim mesma — resmungou ela, abrindo sua caixa de correio e retirando cartas e circulares.
Separou as contas, as propagandas, o cartão-postal e... seu coração quase parou quando deparou com um envelope bege com seu nome escrito em letra caprichada. A mão esquerda largou o restante da correspondência.
Rasgou o envelope e abriu. Seus lábios mal se moveram ao tomar conhecimento do conteúdo:
— Você está convidada para uma cerimônia de casamento — leu ela. — Que ótimo, todos estão con­tentes, menos eu.
A princípio teve vontade de mastigar o papel, de­pois resolveu pisoteá-lo e em seguida atirá-lo no lixo. A última coisa que desejava fazer era ir ao casa­mento de Harry.

— Mas precisamos ir, pai — insistiu Lisa, obser­vando o pai amassar o convite bege.
— Por que você quer que eu vá ao casamento da Mione?
Ela cruzou os braços e encarou o pai, parecendo mais adulta do que nunca.
— Acho que podemos chamar de encerramento do assunto — disse ela. — Uma vez que ela esteja casada, vai saber que se foi para sempre.
— Sei que ela se foi para sempre — disse ele com tristeza.
— Nós vamos com você — ofereceu Lisa. — Seria bom para Brandon também, você sabe como ele ado­ra Mione. Talvez ajude aos dois.
— Está bem, mas isso não significa que tenho de gostar.
Lisa simplesmente sorriu.

— Eu não podia vir sozinha — confidenciou Mione a Gina, quando a apanhou para irem à cerimônia.
— Eu sei, você já disse isso umas vinte vezes no telefone. Estou contente que tenha mudado de idéia sobre usar preto — observou a amiga, olhando-a de alto a baixo.
— Preto me faz parecer patética. Eu queria mesmo usar vermelho para ganhar coragem, mas chama muita atenção. Achei melhor esse verde-água com saia rodada — comentou Mione, evitando mencionar que sempre havia a esperança de um homem em especial admirar sua beleza.
— De alguma forma não consigo imaginar Carolyn concordando com uma cerimônia num parque — dis­se ela ao chegarem.
Olhou ao redor, reparando no grande número de carros, incluindo um que se ela não soubesse ser impossível, era idêntico ao de sua mãe.
Como não sabia o número da placa de Gwen, não tinha certeza. Seria bom ficar prevenida.
— Pelo menos aqui não é preciso se preocupar com falta de energia — observou Gina, sorrindo.
Como resposta recebeu um olhar capaz de causar uma fratura exposta.
Mione ficou contente por ter optado pelos saltos baixos quando desceram uma encosta gramada. Sur­preendeu-se ao constatar o número de pessoas co­nhecidas e desconhecidas. Tinha razão. Gwen estava entre os convidados, conversando com Lisa!
— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, assim que se aproximou o suficiente.
Gwen sorriu e abraçou-a, ignorando a falta de educação.
— Meu bem, essa garotinha é de ouro — comentou ela, com a mão no ombro de Lisa. — Adorei o jeito dela. E os meninos são tão alinhados. Acho que vão destruir alguns corações quando crescerem.
Mione permaneceu de boca aberta, sem saber o que dizer. ,
— Estou contente que tenha vindo, Mione — cum­primentou Lisa, soando como uma adulta.
Mione sacudiu a cabeça, tentando clarear as idéias ou mudar de cenário em seu sonho.
Lisa voltou-a pelos ombros na direção de um gran­de e imponente carvalho, que dominava a paisagem. Sob a árvore estava Harry, com uma expressão avas­saladora no olhar.
— Olhe! — disse Brandon, puxando-a pela mão até uma mesa coberta com uma toalha de linho branco.
Um bolo de três andares estava no centro, com um noivo e uma noiva no topo. Numa das extremi­dades, vários recipientes térmicos.
— Fui eu que escolheu os sabores de sorvete — anunciou Brandon, orgulhoso. — E o bolo é de cho­colate por dentro.
— Também foi você quem escolheu? — perguntou ela, sentindo-se aérea.
A sensação transformou-se em vertigem quando reparou nos porta-guardanapos. Neles estava escri­to: Harry e Mione.
Certa vez fora atingida por uma bolada durante um jogo e perdera o fôlego momentaneamente. Por alguns segundos que pareceram intermináveis, per­guntou-se se chegaria a respirar outra vez. Como naquele momento.
— Foi sim — respondeu Brandon. Ela apontou os guardanapos.
— O que está escrito aí?
— Perguntei a mesma coisa, mas até agora nin­guém teve a delicadeza de me responder — disse a voz de Harry, atrás dela.
Ela voltou-se para encará-lo.
— Pensei que você e Carolyn fossem casar hoje.
— E eu pensei que você e o... fossem casar hoje. Você não me contou que tinha brigado com ele.
— E daí? — intrometeu-se Lisa. — Você também não contou para ela que terminou com Carolyn.
O olhar de Mione procurou o de Harry, com um brilho de esperança.
— É verdade?
Ele concordou com um gesto de cabeça, mantendo os olhos baixos.
— Esperem um pouco. O que está acontecendo aqui?
— E a sua mãe acabou de dizer que você era inteligente — disse Lisa, sorrindo.
Harry apanhou as mãos dela e beijou-as. Manteve-as entre as suas.
— Acho que é muito simples, Mione. Meus filhos tiveram a iniciativa de planejar tudo. Resolveram que se ia haver um casamento, seria o nosso — disse ele olhando ao redor. — Só preciso dizer uma coisa antes que responda: ganhei a custódia dos três. Agora ficam comigo e vão visitar a mãe seis semanas no verão e em feriados alternados.
— E daí? São seus filhos, você gosta deles, eu gosto deles, portanto qual é o problema?
— Então case comigo, Mione — murmurou Sam, com todo o fervor. — Se você casar comigo, vai ver fogos de artifício todos os dias.
Ela não conseguiu responder, com a garganta em­bargada de emoção. Aquela era a proposta que toda mulher desejava ouvir! Respirou fundo.
— Vou avisando que sou viciada nos fogos de ar­tifício que você oferece — murmurou ela, com von­tade de rir e de chorar ao mesmo tempo. — Além do mais, quantas mulheres podem dizer que encon­traram o marido numa loja de departamentos?

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