A Revelação e a Concretização
Como combinado, Morgan e Tom aparataram para uma nova casa na manhã seguinte. Morgan esperava por algo no padrão das duas últimas casas -uma grande casa dedois andares, afastada de todo o resto-, porém não chegou a ver o exterior da casa. Aparataram diretamente na sala de estar, que era fria e escura.
-Onde estamos Tom?
-Londres. Pode-se dizer que esta é a “sede da minha empresa”. Assim poderemos passar mais tempo juntos.
Morgan não teve tempo para se surpreender. Tom a levava até o andar de cima por uma escadaria velha e rangente. No segundo andar havia um corredor com algumas portas aqui e ali. Ele a guiou até uma no fim do corredor e abriu a porta.
-Este será seu quarto.
-Meu quarto? Você não vai dormir comigo?
-Receio que possivelmente não. Provavelmente terei que trabalhar por mais tempo agora que estamos perto de conseguir nossos objetivos.
Morgan soltou uma interjeição de compreenção. Tom a ajudou a desfazer suas malas e se virou para retirar-se.
-Agora, suponho que você queira voltar a trabalhar. Mas devo lhe dizer que você deverá aparatar para chegar até lá.
-Sim, claro.
-Ótimo.- Ele sorriu e deu-lhe um beijo na testa. Vou voltar para o serviço agora. Divirta-se Morg.
Ele se virou e saiu, fechando a porta atrás de si. Morgan admirou o aposento em que se encontrava. Era escuro como o resto da casa, não tinha janelas e sua única luz vinha de um abajur velho sobre uma escrivaninha. Ela viu uma outra porta no quaro e supôs que fosse um banheiro. Saiu então do quarto para ver o resto da casa.
Enquanto passava pelas portas do corredor, Morgan achou que ouvia gemidos. Mas devia estar alucinando -não havia mais ninguém naquele andar da casa. Desceu e encontrou, ao lado da sala de estar, um grande aposento com uma cadeira com um alto espaldar no fim. Aquele era o único móvel na sala, o que deixou Morgan curiosa. Andou até a cadeira. Ela lembrava um trono e, ao mesmo tempo, parecia-lhe extremamente assustadora. A casa inteira lhe dava essa sensação.
-Morgan! Você por aqui!
Morgan se virou e viu um homem pálido de longos cabelos loiros. Já o vira várias vezes enquanto recepcionava os visitantes na casa da praia.
-Olá Lucius. É bom vê-lo.
-Também é bom vê-la. Não sabia que você vinha aqui.
-Agora eu moro aqui.- Lucius soltou uma interjeição de compreensão.- E Narcisa, como vai?
-Vai bem. Quem sabe você pode se juntar a ela algum dia desses e fazer o que quer que mulheres façam quando se reunem.
-Sim, seria ótimo.
Ficaram em silêncio por algum tempo, e então Tom chegou. Mostrou-se surpreso em ver Morgan naquela sala. Ele se sentou na cadeira e Lucius se curvou respeitosamente.
-Milorde.
-Morgan, você gostaria de ficar e ouvir o que Lucius tem a me dizer?
-Sim, por que não? Assim não preciso ter um ataque histérico todas as vezes que descobrir alguma coisa que você fez.
Lucius olhou de relance para Morgan e se voltou novamente para Tom, para que pudesse reportar-lhe seus feitos e o que descobrira.
Morgan ouviu tudo, horrorizada. Porém não demonstrou-o. Manteve-se firme, logo atrás da cadeira onde Tom estava sentado. Ouviu não apenas Lucius, como também todas as pessoas que o seguiram até que Tom disse-lhe que deveria ir almoçar, uma vez que não comera nada desde o café da manhã. Ela se dirigiu até a cozinha, onde comeu uma maçã. Ficou ali por mais algum tempo, observando o local. Notou que também ali não haviam janelas. “Nenhum cômodo tem janelas, se pensar bem. E também não vi nenhuma porta de entrada”, pensou. Não poderia ficar ali o resto do dia, então decidiu ir trabalhar. Porém, quando passou na frente da sala da cadeira, Tom a chamou. Ela entrou e foi até ele, que conjurou uma cadeira para que ela se sentasse.
-Morgan, há quanto tempo estamos juntos?
-Estamos juntos casados, morando juntos ou outra definição?- Perguntou ela, sentando-se.
-Morando juntos… Creio que sim, essa é a definição que estou buscando.
-Cerca de cinco anos ou mais, por quê?
-Apenas gostaria de saber. Suponho que isso seja o que se possa considerar como um “grande tempo”, não?
-Sim, é um grande tempo.
-Morgan, não vou mais tentar escondê-lo de você. Já faz algum tempo que eu tenho esse desejo, e talvez você já o tenha notado. Eu quero que você tenha um filho meu.
Morgan se sentiu extremamente feliz por estar sentada, ou então teria caido. Agora sabia seu propósito nos planos dele: seria sua “barriga”, apenas a mulher que carregaria seu filho por nove meses e depois seria dispensável.
-Você quer ter um filho? Não creio que isso combine muito com você. E também não combina com seus planos. Se você pretende viver para sempre, qual o uso de um descendente?
-Não fale assim Morg. Não tenho nenhum plano quanto a ter um filho. Simplesmente achei que uma pequena criaturinha iria alegrar a casa…
-Já pensou em um cachorro?
Tom lançou-lhe um olhar irritado. -Creio que a diferença seja muito grande, não? Afinal, você não o quer fazer?
-E…Eu…- Gaguejou.- Posso responder depois?
-Claro Morgan, você tem todo o tempo do mundo para considerar minha proposta.- Ele sorriu tentando parecer amável, o que causou um arrepio em Morgan. Ela se levantou para se retirar e saiu o mais rápido que pôde dali, aparatando em seguida para sua empresa.
Quando chegou lá, seu assistente entregou-lhe uma carta de seu irmão que dizia que seu bebê havia nascido, era uma menina, e Morgan deveria ir o quanto antes pudesse para conhecer a sobrinha. Aquilo definitivamente animou seu dia, que passou mais rápido ante a perspectiva de viajar para a casa de seu irmão.
A noite, procurou Tom assim que chegou na nova casa, porém não viu sinal algum dele. Subiu para seu quarto e começou a fazer as malas para a viagem. Estava quase terminando-a quando ouviu a porta de seu quarto abrindo-se.
-Vai viajar, Morgan? Ela se virou e viu que Tom a observava fazendo as malas.
-Sim, vou ver meu irmão. Minha sobrinha nasceu este final de semana.
-E vai ficar longe por muito tempo?
-Eu não sei. Talvez uma semana, um mês… Mais… Não tenho certeza.
Ele concordou silenciosamente e se aproximou dela, que fechava a mala em cima da cama. -E você já pensou em minha proposta?
-Me perdoe Tom, mas ainda não tive tempo para pensar nisso direito.
-Tudo bem. É até bom que você visite seu irmão. Quem sabe assim você se inspira a ter um bebê só seu?
Morgan sorriu alegremente para ele e terminou de fechar a mala, colocando-a no chão.
-Estou indo então. Tente não fazer muitas barbaridades enquanto eu estiver for a, sim?
Tom riu. -Não posso prometer nada.
Ela beijou-o levemente e pegou sua mala, pronta para ir. -Então, até.
E então, Tom sumiu de sua vista e seu irmão apareceu.
Katherine, a sobrinha de Morgan, era uma pequena menininha gordinha. Porém Morgan não pensava que ela pudesse ser de qualquer outra forma, uma vez que criara a idéia de que todos os bebês eram pequenininhos e gordinhos. A tia aproveitava suas férias bem merecidas e bancava a babá da sobrinha, uma vez que sua mãe permanecia um tanto ocupada. Levava-a para passeios no jardim do castelo de seu irmão e brincava com ela enquanto o sol não estava forte. É claro que era razoavelmente difícil brincar com um recém-nascido, mas Morgan não teve problemas nesse departamento.
Era um dia ensolarado e Morgan saira para caminhar sozinha, quando reparou que estava sendo seguida. Sua mão se aproximou de sua varinha, guardada na manga do blusão que usava. Olhou ao seu redor, porém não viu nada nem ninguém. Deu mais alguns passos. Sim, ela estava sendo seguida, tinha certeza disso.
-Eu sei que você está aí.- Morgan olhou para ambos os lados, procurando a pessoa que a seguia.- Apareça.
A figura de um homem encapuzado apareceu na sua frente. Ele pegou-a pela mão e puxou-a por entre as árvores do bosque que margeava a estrada, até estarem em um local no qual as árvores estavam tão entrelaçadas que não se via a luz do dia. Ele tirou seu capuz e a beijou.
-Severo! O que você está fazendo aqui?
-Tom mandou que a seguissem. Achei melhor vir eu mesmo fazer o trabalho.
-Eu estou sendo seguida? O que ele pensa que está fazendo?
-Assegurando-se que você não desapareça novamente. Morgan, está tudo certo com você?
-Sim… por quê?
-Achei que você fosse estar… Bem, isso não importa.
-Fosse estar o quê?
Severo abriu a boca para falar, porém não disse nada. Morgan viu em seus olhos que ele sabia sobre o mais recente desejo de Tom.
-Você vai mesmo fazer isso? Mesmo sabendo que é possível que ele te mate depois?
-Severo, você não trabalha apenas para Tom, não é? Você também trabalha para Dumbledore.
-Isso é um absurdo! É claro que não sou um agente duplo…- Severo notou que havia revelado informação demais para Morgan, porém nada mais podia fazer.
-Eu não vou contar para ele, não se preocupe. Seu segredo está a salvo comigo. Severo consentiu com um aceno.
-Você não me respondeu. Você pretende ter um filho dele?
-Não se eu puder evitar.- Severo se animou com a notícia.- Mas ele provavelmente espera que eu engravide. Deve estar esperando isso desde… Como eu pude ser tão idiota!
Morgan se deixou cair no chão e Severo se ajoelhou a sua frente.
-Morgan, você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, não? Eu sempre estarei aqui para você.
-Obrigada Severo. Porém não acho certo continuar envolvendo-o em meus assuntos. Talvez seja melhor não nos vermos mais.
-Não faça isso. Você não precisa aguentar isso tudo sozinha. Deixe-me ajudá-la, por favor.
-Não, creio que o melhor seria que não nos vissemos mais.
Severo parecia contra sua resolução, porém nada disse para contradizê-la.
- Se é o que você deseja… Então creio que eu deva ir embora. Adeus, Sra. Riddle.
Snape desapareceu, porém Morgan sabia que ele ainda estava lá. Preferiu não dizer-lhe mais nada e voltar para o castelo.
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