Snape



Com o passar do tempo, Morgan veio a conhecer todas as pessoas estranhas que apareciam na casa. Sabia seus nomes, suas profissões e o que faziam para Tom. Às vezes, enquanto algumas dessas pessoas esperavam por Tom, ela conversava com eles sobre banalidades. Já não sentia um interesse muito grande em saber as coisas que Tom fazia.


Até que um dia apareceu um homem que ela nunca vira. Mais exatamente, para Morgan ele não passava de um garoto ainda, devendo ter pouco mais de 18 anos. Ela o conduziu até o “sofá de espera” e sorriu amavelmente após perguntar se ele aceitaria algo para beber e receber uma resposta negativa.


-Creio que esta é a primeira vez que nos encontramos.- Ele concordou silenciosamente, não incentivando conversas.- Sou Morgan. Qual é o seu nome?


-Severo Snape.


-Prazer em conhecê-lo. Desculpe minha intromissão, mas você não é muito novo para estar envolvido nessas coisas “políticas”? -Não existe idade para se envolver com política.


-Oh, sim, claro. Com política normal não existe. Mas suspeito que neste caso deveria haver.


Neste instante, Tom saiu de sua sala e se dirigiu até eles.


-Olá Snape. Espero que Morg não esteja incomodando-o.


-Cuidado para não ser gentil demais comigo.- Disse Morgan, com um olhar irritado.


-De modo algum senhor.- Tom fez uma careta ao ser chamado de senhor.


-Bem, então vamos aos negócios. Por aqui, sim?


Ele guiou o outro até o escritório e Morgan, sem saber o que fazer, foi para a praia.


Na noite daquele dia, Morgan decidiu esperar até Tom ir dormir, o que aconteceu perto do dia seguinte.


-Ainda acordada? Suponho que queira falar comigo.- Disse ele, sentando-se na cama ao lado dela.


-Sim, eu gostaria… sobre aquele Snape…


-Snape… Deveria ficar com ciúmes?


-O quê? Não! Eu só queria saber… ele é muito mais novo que o normal dos seus… “seguidores”. Por que você o recrutou?


-Ora, porque eu precisava de alguém infiltrado em Hogwarts. Por isso.- Tom se deitou, admirando o rosto da outra.- Mais alguma dúvida?


Morgan estava surpresa com a facilidade com que obtivera a resposta. Tão suspresa a ponto de não conseguir pensar em qualquer outra pergunta para fazer. Ela se virou para poder olhar para Tom também. Ele estava empalidecendo muito. Provavelmente, se ela tivesse acabado de o conhecer, não ficaria com ele, uma vez que sua aparência a assustava constantemente. Passou a mão no rosto dele. Sua pele pelo menos ainda era macia. Será que algum dia ele criaria escamas?


Tom beijou sua mão e se aproximou dela, beijando-a calidamente. Pelo menos isso nunca mudaria.


 


Alguns meses se passaram sem que Morgan visse Snape novamente, e ela não sabia porque, porém realmente queria vê-lo novamente. Porém ele só retornaria quando acabassem as aulas em Hogwarts, Tom havia dito. Então, em Julho, Morgan teve sua vontade de o ver saciada quando ele apareceu na casa em um dia muito quente. Tom não estava em casa naquele dia, e Morgan não sabia quando voltaria.


-Certo, eu volto outro dia. Muito obrigado.- Ele se virou para ir embora, porém Morgan o chamou.- Sim?


-Você não prefere ficar e esperar? Digo, foi uma longa viagem e Tom provavelmente não vai demorar muito. Enquanto isso você poderia me fazer companhia.


Snape não parecia nem um pouco tentado a aceitar, porém como Morgan insistisse, aceitou ficar e acompanhá-la em um copo de refresco. Ela o levou até a cozinha para que pudessem tomar o refresco na varanda que dava para o mar.


-Então, você já acabou a escola? O que vai fazer agora?


-Pretendo dar aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts.


-Vai virar um professor? Tão novo! Suponho que você seja muito inteligente então.


-Suponho que sim. Srta. Funchs…


-Não é necessária tamanha formalidade. Pode me chamar de Morgan.


-Sim, Morgan. Poderia perguntar o que uma pessoa com você faz por aqui com o Lorde…?


-Bem, eu fico por aqui e não faço nada e quando ele está desocupado eu faço companhia para ele.


-Então você é a mulher dele?


-Não formalmente. Mas suponho que exerça tal função.


-Nunca imaginei que ele pudesse ter uma mulher. Ou que quisesse uma.


-Pois é, eu também não. Mas gosto de pensar que ele precisa de mim. Funciona perfeitamente assim.- Ela sorriu tristemente.


-Desculpe-me discordar, porém não parece que você pensa assim realmente. Está infeliz?


-Eu…


-Snape! Não esperava encontrá-lo aqui hoje.- Tom entrou pela porta da varanda e cumprimentou Morgan com um beijo.- Olá Morg. Está tudo bem com você?


-Sim está. Obrigada pela preocupação.- Ela sorriu convicentemente para ele, que sorriu de volta.


-Vamos entrar Snape? Temos muito o que conversar.


Snape concordou e entraram. Morgan, novamente sozinha, foi se ocupar de uma leitura qualquer. Assim que Snape foi embora, Tom dispensou todos que queriam vê-lo e foi até Morgan, que estava deitada em uma espreguiçadeira na varanda do segundo andar. Ele se sentou na espreguiçadeira e Morgan deixou seu livro de lado para conversar com ele.


-Não pude deixar de ouvir…- Começou ele, calmamente.- O final de sua conversa com Snape. Você está infeliz Morg?


Morgan sabia que não podia mentir para Tom, e decidiu não fazê-lo. -Um pouco.- Tom pareceu surpreso com a notícia.- Não é que eu não goste de morar com você… Digo, a casa é linda, a praia… E ainda posso ficar com você… Mas o problema é que eu não tenho aboslutamente nada para fazer. E você quase não tem tempo para mim. Eu sei que você tem coisas mais importantes para fazer do que ficar atrás de mim me dando atenção, mas eu não consigo evitar me sentir solitária.


-Morgan, você é muito mais importante do que tudo o que eu possa ter que fazer qualquer dia. Agora, se você estiver se sentindo muito sozinha, é só me chamar que eu cancelarei tudo para ficar com você. Como eu fiz hoje. Agora, quanto a sua desocupação… Suspeito que você queira algo mais do que ser minha secretária particular. Vou ver o que posso fazer sobre isso. Agora, eu serei seu pelo resto do dia de hoje e, quem sabe, amanhã. O que você quer fazer?


Morgan sorriu alegremente e o abraçou. Tom beijou sua testa e alisou seu cabelo gentilmente. Ela tinha grande planos para o dia, e iria aproveitá-lo ao máximo, pois não acreditava que teria esse tipo de oportunidade novamente tão cedo.

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