Cup Of Coffe





 Debussy - Clair de lune


|PS: Na boa, tentem ler escutando a música. Eu sei, é música clássica, chatinha, mas tentem. Ok? Prometem que tentam? Certo então. Au revoir!|


Cup Of Coffe



Você soube que ele era especial no momento em que pôs os olhos nele. Você simplesmente soube, como sua mãe mesma havia lhe dito que você saberia. Você soube no momento em que ele entrou naquele café e seus olhos viram os dele. Eles tinham cor de café. Uma cor estranha para olhos, mas fazia ele parecer mais expressivo, astuto.

Ele não era um deus grego, galã de novela. E você sabia que ele também não tinha aquele charme que exalava por todos os poros do corpo como sua paixonite de colégio, Sirius Black, tinha. Mas o sorriso de desculpas que ele te ofereceu ao se sentar ao seu lado e largar o cachecol vermelho quase em cima do seu café desajeitadamente fez algum ponto adormecido no seu peito esquentar. E, tentando convencer-se que era por causa do café quente naquela tarde de inverno, você ignorou aquele calor repentino.

Você lia o jornal no dia seguinte quando ele entrou pela segunda vez no café. Você tentou ignorar aquele calorzinho que se espalhou pelo seu corpo quando ele sorriu e acenou para você, como se já fosse seu amigo. “Ele não deve ser daqui”, você pensou. E estava certa. “Frank Longbottom” Ele se apresentou, estendendo a mão já sem luvas para você. Você aceitou, somente por educação. “Sou novo por aqui, será que você pode me dar uma ajuda?” Ah sim, era por isso que ele tinha acenado pra você.

Você se lembra como se fosse ontem quando ele lhe disse que precisava achar algum lugar para morar. E de quando ele acrescentou que vivia com um amigo, mas que esse amigo em breve se casaria, e então ele teria que sair de lá. Você, ainda com um pé atrás, aceitou ajudá-lo. Indicou-lhe alguns lugares bons para morar, de acordo com o emprego dele, e ele se despediu de você com um beijo no seu rosto. Ele saiu correndo, viu-se atrasado, e você ficou lá, pasma, percebendo que cobrira com a mão o lugar em que os lábios dele roçaram em seu rosto. “Ele deve ser do interior” você tentou se convencer, e tentou também ignorar os tolos arrepios que atingiram seu rosto. E o calor que se espalhou por tudo. Aquele inverno com certeza não estava mais tão frio.

Você pegou seu cachecol e viu que o dele tinha ficado sobre o balcão. Pensou em deixá-lo ali, o rapaz viria buscar depois. Ou não? Por precaução, você levou-o para casa. E, sem pensar muito no por que, dormiu enrolada nele. “Estou muito tempo sem namorado” você tentou mais uma vez esconder aquilo que brotava devagar no seu peito, como uma mudinha, ainda muito pequena. Achou que se esquecesse de regá-la, se não pensasse nele, isso tudo acabaria. E, no dia seguinte, você estava decidida. Iria entregar o cachecol a ele e ignorá-lo totalmente.

Lembra de como se sentiu tola quando desviou o olhar rapidamente da porta quando ele entrou, após ficar pelo menos quinze minutos encarando a vitrine do café, esperando-o, ansiando para que ele viesse? Tentou guardar todos esses sentimentos em algum cantinho para que murchassem, secassem e morressem, como a mudinha nova que você via brotando em você. Mas tudo foi por água abaixo quando ele abriu um sorriso para você, um grande sorriso. E estranhamente, depois de ele ter sorrido, você viu tudo mais claro. O dia parecia mais claro. Como se aquele rapaz fosse uma espécie de sol particular seu. Seu café quente numa tarde de inverno.

“Você viu meu cachecol?” Ele perguntou e você assentiu com a cabeça, tirando a peça da bolsa. Ele pegou-o agradecendo e colocou-o em volta do pescoço. Você não podia imaginar por que ele começou a respirar tão profundamente. Não podia sequer saber que a respiração dele se modificara por sua causa. Mais precisamente por causa do seu perfume, agora impregnado no cachecol do moço.

Ele lhe informou que não tinha conseguido arranjar o apartamento. Todos os lugares que ela lhe tinha indicado ou estavam virando prédios comerciais ou já estavam lotados. Disse também que estava ficando sem esperanças, e que pelo jeito teria de voltar para Winchester. “Ah, então você não é aqui de Londres?” a pergunta saltou da sua boca sem que você conseguisse se conter. Ele sorriu e assentiu com a cabeça. Começou a contar um pouco da sua família, e pediu para que você contasse um pouco da sua. E ao final de quinze minutos de conversa ele já tinha te convencido a ajudá-lo a buscar apartamentos por ali. “Persuasivo” foi o que você pensou quando viu-se aceitando que ele lhe pagasse o café. E vocês passaram a tarde assim, conversando e procurando apartamentos.

No final do dia ele te levou em casa. Se despediu novamente com um beijo no seu rosto, e você corou quando ele te pediu um de volta, com um sorriso que fez seu mundo dar voltas. Mas ele só saiu dali quando você o fez.

E quando você percebeu que a mudinha que crescia em seu coração estava crescendo, após ter sido regada com tanta conversa e recebido tanta luz com os sorrisos, você quis arrancá-la dali. Você decidiu que tomaria café em outro lugar a partir do dia seguinte. E assim você fez. Mas se arrependeu de imediato ao vê-lo sentado numa mesa com um casal, rindo alto. A mulher era ruiva e muito bonita, e o rapaz ao seu lado era bonito também. Mas, você lembra com um sorriso, Frank não parecia notar que quando os olhares dos dois se cruzavam, saíam faíscas. “Eles querem ficar sozinhos” você pensou com um sorriso que só ele mesmo para não perceber isso.

Mas, espera aí, desde quando você o chama pelo nome? Você tomou um susto quando fez essa constatação. Mas não pôde sequer se recuperar dela, pois Frank já tinha te visto, e estava acenando ansiosamente para que você fosse sentar com eles. “Oh não” foi seu pensamento desesperado quando ele se levantou da mesa e foi até você com aquele sorriso no rosto, aquele que fazia a muda no seu peito se espreguiçar como se estivesse esperando por aquilo, aquele calor que a atingia toda a vez que ele sorria daquele modo. Ele colocou um braço casualmente sobre os seus ombros e a dirigiu até a mesa que os amigos estavam. Você ficou sabendo que a ruiva se chamava Lílian, e o moreno ao lado dela chamava-se James, e que eles estavam de casamento marcado. Viu que a ruiva olhou para ela com um sorriso malicioso mal-contido, e que ela cochichou algo no ouvido do noivo, que sorriu do mesmo modo. Você corou, mas aliviou-se ao ver que Frank não percebera nada.

Você lembra que, naquele momento, pensou que nunca conseguiria rir tanto na vida. Frank começara a contar histórias e piadas, e todos na mesa riam muito, riam até que pedissem para que ele parasse com aquilo, pois já doía de tanto rir. E percebeu que ele parecia brilhar com a satisfação de fazer os outros rirem, por sua causa. E a mudinha no seu peito quis crescer, quis crescer e ficar maior que o seu peito. E então você, por fora, murchou, porque percebeu que ele nunca veria você de outra forma, a não ser a de uma amiga. A ruiva, você notou, pareceu perceber que seu estado de ânimo se modificara. Mas, novamente, Frank não percebera nada. Ele era só um garoto, no final das contas.

Depois daquilo você tentou voltar a sua rotina normal. Mas nada mais parecia normal, pois ele começou a freqüentar o seu café, e logo depois a sua casa. Convidando-te para ajudá-lo a encontrar o apartamento, te convidando para tomar cafés, te convidando para caminhar no parque. Vocês acabaram virando bons amigos, e a mudinha no seu coração cresceu consideravelmente sem que você percebesse. E vocês passaram por muita coisa juntos: comemoraram quando ele achou o apartamento perfeito, a apenas duas quadras do trabalho; riram juntos quando viram James procurar quase em pânico as alianças (que, a propósito, Frank tinha escondido em seu próprio bolso) na hora dos votos; lembra-se de como o apoiou com a morte da avó dele.

Você estava andando na chuva quando o viu no parque. Mas ficou paralisada ao perceber que ele não estava sozinho. Não, ele estava de mãos dadas com uma garota, e a beijou nos lábios com doçura. Você percebeu num estalo que estava desejando ser aquela garota, estar entre os braços dele, sendo beijada por ele. Então você percebeu que o que antes era uma muda, agora já era uma árvore forte e bem enraizada em seu peito. E você ficou repentinamente consciente da magnitude daquele sentimento que você nutria por ele.

Você evitou-o semanas a fio. Estava determinada a matar aquela planta de sede e fome. Estava determinada a não amar Frank como sentiu que já amava. Você não percebeu que já era tarde demais. E não percebeu que ele procurava-a desesperado, achando que tinha feito algo errado. E, na realidade, para você, ele tinha. Mas ele nunca saberia daquilo. Nunca. Mas você não conseguiu evitar de irromper em lágrimas quando abriu a porta de casa e viu que ali jazia um ursinho de pelúcia, com uma plaquinha que dizia “Me perdoa?”. Você chutou o urso escada abaixo, esperando que alguém o pegasse. Mas quando voltou do serviço viu que o bicho continuava ali jogado. Com pena, levou-o para casa. E, novamente sem pensar no por que, adormeceu abraçada nele.

No dia seguinte você voltou a falar com ele. Amaldiçoou-se por ser tão fraca, mas viu que não podia mais viver sem o seu sol. Mas seu sol veio acompanhado de nuvens de chuva, pois você chorou escondida quando ele lhe apresentou a nova namorada. O destino devia estar brincando com você, pois até o nome da garota era uma ironia aos seus olhos: Alicia! Mas você resignou-se a aceitar aquilo. Se não podia tê-lo inteiro, ao menos regozijaria-se dos raios de sol que vinham em sua direção. Você decidiu seguir os passos de Charles Chaplin em “A Corrida Do Ouro”: Sofrer em silêncio.

Dois meses depois vocês três foram visitar a casa de James e Lily. Esta última observou você com cuidado, desconfiada. Ela te chamou para conversar na cozinha e você percebeu que ela já entendera tudo. Você chorou, chorou e contou-lhe tudo o que estava entalado em sua garganta por tanto tempo, sentindo que não agüentaria mais muito tempo. Ela abraçou você e garantiu que tudo ia ficar bem. E, você novamente não soube o por que, mas acreditou nela.

A ruiva começou a chamar você pra sair com ela. Vocês viraram boas amigas, e você começou a ter a sua agenda cheia com ela e suas novas amigas, que ela começou a te apresentar. Nesse meio tempo você recebeu a notícia de que Frank havia terminado com Alicia. Quis ir falar com ele, mas Lily não deixou. Disse que, se ele quisesse mesmo falar com você, ele viria. Mas ao contrário do que a ruiva previra, ele só viera falar com você duas semanas depois do ocorrido. Ele te encontrou sentada naquele café, e pagou um cappuccino para vocês. Ele parecia transtornado e pediu para você largar o jornal e olhar para ele. Assim você fez, um pouco assustada pela atitude dele. E então ele começou a falar:

“Lice, eu... Eu não sei nem como começar” Ele riu e você sentiu seu peito se aquecer, inundado de esperança. Você tentou tirar aquela esperança de lá, mas era impossível. Ela já tinha te dominado. Você esperou ele falar. “Nesse tempo que você ficou ocupada, que agente não se viu muito, eu percebi uma coisa. Eu percebi que, tudo o que eu tenho tentado evitar esse tempo todo, já não tinha mais volta. E eu terminei com a Alicia por causa disso” mais uma vez ele deu uma risada triste, e você se deu conta da ansiedade e da consternação naqueles olhos cor de café. Você aguardou mais uma vez.

“Alice, eu queria te dizer que eu não posso mais esconder isso. Eu me apaixonei por você, Alice” Você não teve reação alguma àquelas palavras. Simplesmente porque elas chegaram ao seu cérebro e fizeram uma verdadeira bagunça lá dentro, tirando o controle do seu corpo de você. “Eu não consigo mais ficar sem você, Lice. Se você não se sentir desse jeito eu vou entender, e agente mantém tudo como estava. Mas, se você sente algo por mim além de amizade, venha falar comigo.” Ele se levantou do lugar dele e, enrolando o cachecol no pescoço, te deu um beijo no rosto.

Só alguns segundos depois, quando ele estava prestes a atravessar a rua, foi que você conseguiu se mover. Você bebeu um grande gole de café e pegou a bolsa, correndo pela rua ao vê-lo do outro lado da calçada.

“Frank!” Você gritou, e ele se virou para você. Você correu até ele e ele sorriu, e você sentiu seu peito esquentar tanto que você pensou que poderia estar com febre. Ou poderia ir para uma praia, mesmo no outono.

Você se aproximou dele e colocou as mãos dele em sua cintura. Beijou-o, um beijo com gosto de café, gosto de quero mais, gosto de pra sempre. Você sempre soube que era ele, e, olhando naqueles olhos cor de café, sentindo seu peito se aquecer ao ver o sorriso de sol dele, você teve certeza. Você teve certeza de que seria ele que você amaria até o seu último suspiro.

“Me faz um favor, Frank?” Você pediu a ele, e ele te perguntou o que era. “Nunca mais pare de sorrir, ta legal?”. Ele deu uma gargalhada alta e te girou no ar, naquela calçada da esquina do café em que vocês se viram pela primeira vez. “Alice?” ele te chamou e você olhou para ele.

“Quer uma xícara de café?”

_____________________________________________________________________________________

Photobucket

Presente de natal adiantado. MENTIRA :XX tem mais presente pra vocês, relaxem ;DD
Crédito especial pra Lunni que deu essa idéia fodástica Aliás, essa fic é originária do perfil dela, pq é uma série de fics que chama "Cup Off" e descreve várias situações com copos de várias coisas (tem leite, chá, vinho...) . São varios shipps tbm. e tá tudo lá. Depois eu posto o link. Créditos do estilo de narração á Mimi Granger (vejam o perfil dela no ff.net. Não vão se arrepender).

E beijo com gosto de café e sorrisos com jeito de sol pra todo o resto de vocês. Aliás, quem não quer um Frank assim, não? ;]

Doods xD – 14/12/2008


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.