Entre um Weasley e um Malfoy



Ultimamente - notou somente agora - se via muito na frente de um espelho, observando seus defeitos, e somente estes, pois acreditava agora mais do que nunca, que só possuía defeitos.
A mão foi erguida à altura da face, o dedo direcionado ao olho direito, tocando-o com leveza. Estava inchado, num tom roxo escuro que chegava a assustar em comparação ao resto de seu tom de pele. O nariz estava menos arroxeado, talvez já estivesse melhor logo. Abaixo de seus olhos, havia bolsas – o que não era uma real novidade desde o dia anterior, já que seu único passatempo se tornara algo como: ‘aprenda a encher a piscina da Mansão com suas lágrimas’ -, de repente, a idéia e a necessidade de ter de usar um óculos escuro o tomou, talvez lhe desse até um ar de seriedade e segurança, é... De qualquer forma teria que esconder aquele olho das pessoas, ou seria perturbado com perguntas idiotas e curiosas de como havia conseguido aquilo.
Tirou os olhos da figura refletida a sua frente, direcionando-se para sua higiene. Abriu a torneira e apanhando sua escova de dente, os escovou e deu seu melhor sorriso – não sincero – deixando os dentes à mostra para então constata que estava satisfeito com o que fizera. Juntando as duas mãos como se fosse uma concha, usou-as para juntar água em suas palmas e joga-la na face, lavando o rosto, despertando o sono. Mas a ardência que sentiu em seu olho indicava que deveria fazer aquilo com menos pressão.
Dirigindo-se para o closet, apanhou a roupa que usaria para ir trabalhar e dirigiu-se para o quarto, onde começou a se arrumar com calma. Roupa social só o lembrava de Hogwarts, principalmente camisas brancas. E de repente um sentimento vindo não sabia ele da onde com um propósito que ele ainda não sabia qual era, o açoitou. E teve vontade de reviver alguns momentos de sua adolescência, e apagar outros: esquece-los como se fosse somente mais um conto que lera em um livro idiota plagiado de uma história trouxa. Mas infelizmente ainda não podia tal coisa, quem sabe se encontrasse alguém no Ministério que pudesse fazer isso por si? É... Certamente iria procurar alguém capacitado.
Não tomou café, mas fez questão de apanhar a correspondência. E no meio de alguns panfletos de propaganda de marcas bruxas, encontrou um de roupa que lhe chamou atenção. Conhecia sim aquela morena que estava usando aquele longo vestido branco de noiva, rasgado até a coxa, deixando a perna da modelo completamente de fora. Realmente, não diria nos tempos de escola que aquela menina se tornaria tal mulher, como era mesmo o nome dela? Estudara durante sete anos de sua vida com uma menina, e jamais gravara seu nome, isso poderia até parecer idiotice, uma vez que ela estava tão linda, e um desperdício, já que sempre soubera da queda que ela tinha por si. E riu com isso. Estava perdendo seu tempo com propaganda de roupas matrimoniais femininas.
Aquele saguão ainda lhe trazia péssimas recordações, era como se pudesse ver – nitidamente – Weasley e a Granger logo ali, parados na frente do chafariz, trocando carinhos. Idiotas era o que os dois eram; um casalzinho que combinava muito, e realmente tinham muito haver um com o outro, vinham da mesma classe praticamente: ele um pobretão de família de sangue puro, porém que havia se renegado a se juntar ao resto da família e se unir ao Lord; ela a menina trouxa que nascera com uma anormalidade, era bruxa, mas a família parecia se orgulhar dela, tudo bem, ela não era pobre, mas sua família ao menos era nobre... Eles deveriam ficar juntos e morrerem assim: velhinhos, rodeados de filhos e netos, todos tão patéticos quanto ambos.
Passou pelo chafariz sem ao menos dirigir seus olhos a esse. Dirigiu-se ao elevador, após apresentar sua varinha ao guarda - que ficava por ali, monitorando as entradas e saídas do Ministério - e pegar seu crachá de funcionário. Espantou alguns do aviões-expressos-de-papel que zuniam acima de sua cabeça no elevador.
Conforme conversara na noite anterior com o Ministro, deveria se encaminhar à sala do mesmo, uma vez que sua função ali dentro ainda não estava certa. A mocinha que ficava em uma mesa ao lado da porta da sala de Dayer (o novo ministro bruxo. Uma vez que, depois da Guerra, aquela em que Potter destruíra o Lord das Trevas, Cornélio Fudge renegou-se - mais por pressão da comunidade, do que por vontade própria – ao cargo. Alguém tinha de tomar essa posição, e em meio a uma eleição justa, Vicente Dayer tomou o posto, elegido pela comunidade bruxa), sua secretária apertou um botão em um aparelho trouxa que ficava sobre a mesa, e apanhando algo que lhe lembrava um vidro de shampoo retangular com pontas arredondadas anunciou sua chegada.
- O senhor Dayer estava a sua espera – levantou-se, ajeitando o conjuntinho social rosa bebe que usava no corpo, caminhou até a porta e girando a maçaneta a abriu, dando espaço para Draco entrar em uma sala do tamanho de sua biblioteca na Mansão. Era engraçado o fato de que a sala do ministro se assemelhava a um cômodo de sua casa, até mesmo na decoração e moveis.
Vicente Dayer, o homem jovem de cabelos grisalhos, levantou-se, estava sem a parte superior de seu terno de riscas, o suspensório caindo de cada lado de sua calça, apenas a gravata parecia permanecer intacta, pois até sua camisa de mangas cumpridas já havia sido dobrada. Tal desleixo com sua aparência se davam o crédito ao amontoado de papeis sobre a mesa em que trabalha, onde juntos com algumas pastas compunham o que parecia ser o ‘serviço do dia’.
- Desculpe-me em ter de atrapalhá-lo em seu serviço senhor Dayer – Draco levou a mão à face, retirando o óculo escuro, sorrindo nem tão disfarçadamente quanto desejava ao ver os olhos do homem se deter em seu olho direito, guardou os óculos em um dos bolsos internos de sua capa. – Nossa cidade tem estado a cada dia que passa mais perigosa, não é? – sentou-se na poltrona estofada de roxo que o Ministro lhe indicava.
- Não é incomodo algum Malfoy, sabe o quanto eu admiro e reconheço os valores de uma pessoa... – Vicente sentou-se, apanhando a varinha e convidando uma bandeja a vir descansar sobre a mesinha de centro, serviu um pouco de café para ele e para o jovem louro, lhe passando a xícara. - E a violência está em todos os lugares não é? – recostou-se no encosto da poltrona, colocando o calcanhar de sua perna esquerda sobre o joelho da direita. - O que houve com o senhor? Resistiu a um assalto? – tentou incrementar a frase com um toque de graça.
- Na verdade foi uma agressão pessoal, de alguém que se a mídia soubesse, causaria um tremendo escândalo, mas eu não quero meu nome metido nisso, já basta meu pai ter manchado o sobrenome Malfoy, não é? – dirigiu a xícara aos lábios provando do café, estava doce e forte, bom para se manter em atividade o dia inteiro.
- De fato, mas o passado é algo que se deixa guardado para quando precisarmos dele, e não irei fazer perguntas pessoais ao senhor, seus problemas não dizem respeito a mim e tão pouco a qualquer outra pessoa, mas algo formiga em minha curiosidade, e tenho de lhe perguntar... Por acaso andou brigando por mulher? – Dayer sorriu dessa vez como se fosse um adolescente que pergunta ao seu melhor amigo como que fora o encontro com a menina mais bonita da turma.
- Por alguém que não merece – colocou a xícara sobre a pequena mesa a sua frente, desabotoando o paletó – Mas diga-me senhor Dayer, conseguiu algo para mim? – estava ansioso para começar logo a fazer algo, assim não pensaria em tantas besteiras, tão pouco teria tempo para pensar Nela. Aceitaria o emprego que fosse, e preferia até que fosse um pouco escravizado, assim poderia viver menos a sua vida, e mais o trabalho.
- Ah sim! O senhor será o nosso representante no ministério não bruxo. Trabalhara com um jovem rapaz – também se livrou da xícara, apanhando do bolso de sua camisa uma caneta e um papel. Apoiou na mesinha a sua frente e começou a escrever algumas coisas, a caneta corria quase incessante pela folha lisa. – Ele chama-se Abel Yansk, formou-se em uma faculdade trouxa em Relações, tem conhecimento da comunidade bruxa, pois tem primos que o são. Ele lhe ensinara e mostrara o que deve ser feito. – terminou de escrever e passou a pequena folha para o outro lado da mesinha, para que Draco a pegasse. – Yansk sabe de sua ida ao prédio, e o estará esperando no estacionamento, próximo a porta de entrada...
Draco corria os olhos pelo papel, escutando o que o homem falava, mas também tentando absorver o que estava escrito na folha. Estava o nome do rapaz, e o endereço do local onde deveria ir. Ergueu a face e olhou para Dayer. Então teria de trabalhar no mundo trouxa. O que mais faltava acontecer em sua vida, para acreditar que Merlin e o mundo conspiravam contra ele?

Assim que acordou – e isso já passava da uma da tarde - foi para o banheiro, tinha de ir a Mansão Malfoy o mais rápido possível, tinha de falar com o Malfoy. Achou que aquele banho fora o mais rápido de toda a sua vida, mesmo lavando os cabelos não demorou mais de quinze minutos embaixo do chuveiro. Vestiu-se na mesma velocidade com que um ladrão foge da policia em uma perseguição. Despediu-se da mãe após pedir a benção da mesma, e tomando os fundos da casa, aparatou direto para o pé da colina que levava a Mansão Malfoy.
Avistou o carro-bruxo parado por ali em uma sombra, embaixo de uma árvore frondosa. Deduziu tão logo que Draco não estaria em casa. Girou nos calcanhares levando as mãos à cabeça, não fazia a mínima idéia de onde ele poderia ter ido, já que pouco convivera tão intimamente com o rapaz, a ponto de saber sua rotina. Decidiu não espera-lo, talvez só chegasse mais tarde ou até mesmo durante a noite. Disfarçou ao ver que um carro vinha passando ali pela estrada, encostando-se no capô do carro estacionado. Praguejou quando o carro prateado parou, e sua dona abaixou o vidro, mostrando óculos escuros que mais lembravam um besouro.
- Quer ajuda mocinha? – perguntou a mulher que não aparentava ter mais de quarenta anos, porte fino. Voz enjoativa, assim como seu perfume que exalava do interior do carro, neste, uma música denominada brega, tocava ao fundo.
- Ahn – olhou para os lados, avistando somente mato e árvores. – Ah não – voltou a olhar para a mulher, um sorriso amarelo nos lábios. – Sabe o que é? Meu namorado foi... – ergueu o braço, os dedos indicando algum ponto atrás de si. – Foi... – um sorriso sem graça. Aquilo era ridículo demais.
- Oh, sim – sorriu percebendo que a mocinha descabelada ali estava sem graça. – Tudo bem então. Só parei por que achei estranho... Mas tudo bem. – sorria a face levemente rosada agora. – Tchau... – acenou, voltando a dar partida no carro. Saiu sem pressa alguma, não querendo levantar poeira atrás de si.
Hermione olhou para o chão, um sorrisinho nos lábios. Ainda existiam pessoas boas no mundo, e isso era estranho por que a senhora não temera ser assaltada ou algo do tipo.
“Trouxa, é isso que ela é.” Ouviu claramente a voz arrastada as suas costas, acompanhada do piar de alguns passarinhos que pareciam ter feito um ninho naquela enorme árvore.
Olhou para trás de pressa, como se fosse realmente ver a figura pálida de Malfoy. Não havia nada, e não foi uma total decepção, respirou fundo. Olhou para os lados, certificando-se de que não havia mais ninguém por ali. Aparatou no segundo seguinte. Veio a desaparatar num beco abandonado e escuro, atrás de latões de lixo. Saiu de detrás desses, passando as mãos nas vestes, certificando-se de que não ficara vestígio algum de sujeira em sua roupa. Caminhou pela calçada até encontrar uma porta de aço com uma pequena tela em sua parte superior e uma portinhola embaixo para gato ou cachorro.
Tocou a maçaneta, sentindo-a como se fosse o próprio gelo, girou-a rápido já que se a ficasse segurando, acabaria por queimar a palma da mão. Subiu o lance de escada que havia por ali, passando reto pela porta do térreo, onde uma velha rabugenta morava. Era engraçado como em todos os duplex’s, sempre havia uma velha encrenqueira no andar inferior. Chegou à porta do primeiro e único andar com o coração na mão. Hesitou em bater nessa. Não pensara muito bem no que falaria para Rony. Respirou fundo, erguendo a cabeça e fechando os olhos; quando resolveu abaixar a face novamente deparou-se com um par de olhos verde cintilantes a fitando, assustou-se dando um grito baixo, guiando as mãos ao coração. Harry riu, achando muita graça naquilo.
- Você me assustou, sabia? – segurando a manga do suéter lilás claro que usava, bateu a mão de leve no ombro do amigo, que ainda ria empolgadamente, como se lhe tivessem contado a piada mais engraçada do universo.
- Deu pra perceber que você se assustou mesmo – passou a língua pelos lábios, tomando fôlego e tentando se concentrar para não rir mais. – Por que estava olhando para o teto? – ergueu a face, olhando para o mesmo. – Por acaso tem algum buraco lá? – voltou a olhar para a menina e só de ver o semblante dela, riu nada disfarçadamente.
- Pára chato... – não esperou ser convidada para entrar, passou esbarrando em Harry, adentrando no cômodo quente que era o apartamento do amigo. Parou antes mesmo de chegar a sala, notando só agora que havia outra visita na casa.
Harry logo veio, usava apenas um conjunto de moletom cinza e meias, os cabelos estavam despenteados – tudo bem que sempre estavam, mas dava para perceber que ele ao menos tentara dar um jeito neles.
- Yara... – chamou dirigindo-se para o sofá onde uma bela moça se encontrava, a fez se erguer lhe estendo a mão, dirigiu o outro braço a Hermione, a indicando. – Essa é Hermione Granger, uma amiga dos tempos de escola... – sorriu para a amiga. – Hermione... Essa é Yara Stocky, minha namorada.. – agora sorriu para esta.
- Muito prazer – Yara era o tipo de mulher que parecia não existir. Longos cabelos castanhos, morena que possuía a pele claramente limpa. Tinha sua beleza aparentemente natural. Um corpo que causou inveja a Hermione. Estava mais para uma boneca de menina trouxa, ou para uma modelo de capa de revistas, do que para uma mulher de verdade.
- O prazer é todo meu – acenou de volta, sorrindo, ainda segurando as mangas do suéter, olhou para o lado meio sem graça, depois para a menina, ao ouvir aquele clichê que as namoradas de Harry sempre diziam ‘Ouvi muito a seu respeito’. – Harry também me falou de você, aliás, ele só fala de você – olhou para o amigo. Não estava falando uma verdade, mas não era em total uma mentira: ouvira do amigo vagamente que estava saindo com alguém, nada demais. – E Rony? – arqueou brevemente a sobrancelha.
- Está no quarto – o moreno-despenteado indicou o corredor que levava aos dois quartos e banheiro.
- Obrigada, eu vou lá, preciso falar com ele. – e voltou-se para Yara. – Foi realmente um prazer – sorriu, se virando e dirigindo-se para o corredor iluminado por uma fraca luz alaranjada, parou de fronte a porta a direita. Estava fechada, por isso bateu antes de abri-la. Viu Rony erguer as vistas da revista que possuía em mãos e sorrir ao deter seus olhos nela. Acenou brevemente, controlando o sorriso nervoso, antes de entrar e fechar a porta.
- Que bom que veio me ver – ele fechou a revista, colocando-a sobre a cabeceira da cama, estava sentado nessa. Observou-a vir em sua direção, apreensiva demais para seu gosto. Não gostava daquela expressão dela, não gostava nem um pouco do estado em que ela se encontrava. Era como se evidenciasse que algo ruim viria a acontecer em seguida.
-É... – sorria ainda, um tanto forçosamente, o outro tanto, tentando disfarçar todo o nervosismo que sentia, em ter que fazer o que faria, em ter que falar o que acontecera e o caminho que escolhera para a sua vida. Sentou-se a frente dele na cama, as mãos repousando sobre o colo, como que pedindo abrigo em algum lugar para se esquentar e esconder-se da vergonha de estar tremendo compulsivamente. – Eu preciso falar com você muito seriamente... – procurava palavras, havia uma semente enorme de algo presa em sua garganta, não a deixando respirar direito, ou tão pouco as palavras saírem. – E preciso que me entenda... – era a semente do receio e do temor.
Mexeu-se desconfortavelmente, o coração desandado dentro do peito, já sabendo o que viria a seguir, mas a razão teimosa que só ela, se negando a acreditar. Claro, ela poderia estar brincando: nunca tivera muita fé, mas rezava para ser somente uma brincadeira boba da menina. – Pode.. – engoliu o excesso da saliva, era amarga como a dor de quem já sabe que perdeu quem ama. – Falar.
- Eu disse que esperaria, e esperei por muito tempo – desviou as vistas das dele, indo abrigar-se na cômoda que havia no espaço do quarto. – E eu ainda gosto muito de você – respirou fundo para não afogar-se nas lágrimas que se refugiavam em seus olhos, levou as mãos à face, tampando essa e o pranto que já tivera inicio.
Ergueu o corpo, deslizando para perto dela, seus braços a envolvendo, os olhos na parede à frente. Afagou os cabelos dela carinhosamente, sentindo-a tremer, ouvindo-a fungar baixinho. Deixava-a chorar, só assim a menina se acalmaria uma hora ou outra para dizer o que queria. Na verdade estava adiando sua dor, iludindo-se ao pensar que se ela passasse mais algum tempo em seus braços, poderia gostar bem mais dele, do que realmente gostava. Escutou-a fungar um pouco mais alto, buscando a serenidade mais de pressa. Hermione afastou a face de seu peito, as mãos tentando secar o rosto, ajudou-a com a manga da blusa que usava. Ela ficava linda com o rosto inchado e vermelho daquele jeito, na verdade, achava-a bonita de qualquer forma. E fosse o que fosse que ela tivesse que lhe falar, aceitaria, pois a amava, e assim funciona: quem ama, aceita as decisões do outro...
- .. Eu estou apaixonada por outro – a voz ainda estava embargada, ela pigarreou limpando a garganta. – Fui desleal com você – olhou-o, humilhando-se em pensamentos. – Mas juro que foi uma única vez. Porém – o choro queria vir de novo, segurou no peito. – Sinto que estou realmente gostando dessa pessoa.
Olhou para baixo, querendo que a agonia e a vontade de chorar não fossem notadas. Pior do que receber um fora, era receber a ‘dó’ da pessoa amada. – Tudo bem Hermione – olhou-a, mordendo com leveza o lábio inferior. – Eu sabia que, bonita como é, alguém se aproximaria de você – um riso fraco; fungou passando a mão sobre o nariz. Sorriu, sabendo que a face estava manchada de vermelho, o que acontecia quando repreendia o choro. Passou a mão brevemente pela testa. – Eu te espero – disse com convicção. – Afinal de contas, eu ainda tenho chance, não é? – prendeu o lábio por dentro da boca.
Sorriu, aparentando mais tranqüilidade. Era verdade que não esperava que Rony fosse tão sensato, justo ele, que sempre demonstrara pouca paciência, lhe propondo algo do tipo. Mas sua mente não funcionou para se questionar o porquê de tal ação, estava feliz demais, por saber que meio caminho já havia sido andando. – Claro, a gente nunca sabe o que vai acontecer mais tarde, não é? – também passou a mão no nariz, sentindo o coração amenizando em suas batidas.
- Que ótimo – retribuiu o sorriso dela, vagando os olhos pelo cômodo que começava a escurecer com o cair da tarde e início de noite, estava um clima um tanto estranho. Voltou a fita-la, Mione passava a unha pelo contorno de um desenho que existia somente em sua mente e fazia sobre o tecido da calça, na coxa, como se o estivesse desenhando. – E eu poderia saber quem é o homem de grande sorte e ousadia? – quis descontrair a pergunta, ou de outra forma, perguntaria quem era ‘o desgraçado e filho de uma puta’ que se atrevera a meter-se em seu caminho.
Seu dedo parou de deslizar pelo tecido da calça, os olhos perdendo o foco, a mente abrindo-se, deixando a lembrança mais gostosa de Malfoy tomar-lhe, sorriu brevemente e mal se deu conta de que seus lábios revelavam aquele que não poderia sair de sua mente. – Draco Malf.. – e quando se deu conta, já era tarde demais, o que tinha que ser escondido, já havia sido confessando sem culpa alguma.
Não foi susto, mas igualmente ao susto, aquela declaração fez tudo em si parar por segundos. Fez o ar parar, a respiração parar... Apenas o ponteiro do relógio continuou a badalar, dando ao quarto agora silencioso uma tensão maior do que estivera anteriormente.
Taciturnidade quebrada apenas pelo riso demente de um Weasley descrente do que a pouco ouvira. Levantou-se indo se apoiar no parapeito da janela, onde instavelmente deixou seus olhos na rua, o riso transformou-se em desespero ao não ouvi-la desmentir o que ele sabia agora ser uma verdade cretina. Relembrando-se imediatamente da noite anterior, quando se encontraram com Malfoy no Ministério; o tom dele; o olhar dela... Tudo tinha um sentido absurdo. Olhou para o parapeito. – Quando..?
- Antes de ontem – ainda olhava para a coxa, o dedo ainda esticado para desenhar. – Me perdi quando fui visitar a Luna, não sabia que eles eram quase vizinhos. Estava chovendo e eu não conseguia aparatar, foi quando encontrei a mansão. Fui pedir ajuda e lá estava o Malfoy.. Acabou acontecendo que..
Não queria ouvir aquilo, não era obrigado. – Chega! – gritou sem se importar se Harry na sala com sua namorada ouviria ou não. E se ouvissem também, nada fariam, todos tinham direito a privacidade naquela casa. Hermione ficou em silêncio, podia ouvir apenas a respiração assustada dela. – Ser trocado pelo Malfoy? – sua indignação beirava a incredulidade. Ela não disse nada, talvez agora preferisse ficar quieta. – Me admira ele, uma pessoa que odeia pessoas como você...
Ergueu os olhos para ele – E como são as pessoas como eu, Rony? – colocou-se de pé, soltando as mangas do suéter, as mãos estavam pegando fogo.
- Você sabe. Nascidas trouxas! – virou-se para ela finalmente. – Estar agora com você. Você! – apontou-a. – A ‘sangue-ruim’ que ele tanto odiava nos tempos de escola...
- Ódio demais é amor, nunca ouviu isso? – não o deixaria a envenenar com sua dor de cotovelo. – E, é melhor eu ir embora, já está ficando tarde e tudo que eu tinha a dizer eu já disse. Você me desculpe Rony. – caminhou em direção a porta, segurando a maçaneta dessa.
- Desculpo – tinha ar de deboche. – Desculpo e espero, por que sei que o Malfoy, só está querendo te usar. E orgulhoso do que jeito que aquele aguado é: não vai querer ficar com você, pelo o que aconteceu ontem...
- Ele me ama... – mas não pode concluir, mais uma vez Rony a impedia.
- Ama? E desde quando o Malfoy sabe o que é amor, Mione? – inclinou a cabeça levemente para o lado, fitando-a ainda.
“E te amo Hermione. Mesmo não sabendo o que é o amor...”
- Ele não sabe ainda – olhou para baixo balançando a cabeça vagamente, ergueu-a novamente. – Mas não importa, por que o que eu estou sentindo por ele, compensa qualquer ignorância que o Draco possa possuir...
- Mesmo? – seu tom de incredulidade só se acentuava mais a medida que a conversa prosseguia. – Ele não passa de um filhinho de papai, querendo descontar tudo que você possa ter contribuído para que a família dele fosse acabada...
”...mesmo sabendo que sou pra você o que sou pras outras pessoas”
Estava com raiva de Rony por tudo que ele dissera por querer colocá-la contra uma pessoa que não merecia mais tanto rancor. Olhou-o, um sorriso cínico percorrendo os lábios. Não se importava com o que ele acharia, ou se ficaria magoado, mas o ruivo havia ido longe demais com seus comentários demasiadamente desnecessários.
- Não importa sabe Rony? – abriu a porta, saindo, parou antes de fechar a mesma. – Ao menos – caminhou a língua sobre os lábios, mordendo o inferior. – Ele transa melhor do que você – sorriu acenando com a outra mão.
A reação de Rony, ela não viu, mas seu ego, havia ido às alturas. Despediu-se de Harry e a namorada, deixando-os largados no sofá a assistir televisão. E decidida aparatou ao chegar à rua, iria a Mansão Malfoy.
Nada mais importava para si. E se Draco não a quisesse mais por orgulho besta, o faria entender de qualquer modo, que era ele que seu corpo queria. Que era ele, em que sua mente mais a fazia pensar. E que por ele, renunciaria até a própria vida.


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N.A.: Depois de mais de meses, resolvi voltar a publicar a fic. Acho que devo desculpas as pessoas especiais que se deram ao trabalho de perder o precioso tempo de suas vidas, aqui, lendo a fan-fic. *-*
Demorei a escrever, por que lí o sexto livro e fiquei receosa. Enfim, a fic não segue o sexto livro, é a partir do quinto, ok? o.-
Não sei se de fato, iram ler e gostar deste capítulo, que eu vejo como um dos mais entediantes; mas vejam, eu preciso de um modo ou de outro desenrolar a história e o drama em que Hermione se meteu. Alguns pedidos influenciaram sim em quem a protagonista escolheria. Mas me resta uma grande dúvida: Será que Draco vai aceita-la de volta? O_o’
Prometo dessa vez, não demorar muito para publicar o próximo capítulo e mais uma vez, desculpem-me pelo transtorno >.<’ Espero que tenham gostado, e comentem, contando o que acharam, ou até mesmo me mandem email’s [[email protected]] estarei esperando críticas, hum? ^^~
Byeeeeeeeeeeeeeeeeeeee o//
















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