Desconhecido Malfoy
Hermione olhou a sua volta, estava dentro de um dos banheiros da Mansão dos Malfoy’s, os cabelos molhados pingando ao chão. Era um cômodo realmente confortável, fora o fato de que devia ter o tamanho de sua sala, na casa à qual morava com os pais, no subúrbio ao norte de Londres. Também muito moderno, suas paredes revestidas até o teto de pedras que pareciam azulejos, usados pelos trouxas nesse caso. Mas pareciam bem mais grossos e estranhamente protuberantes, se aproximando mais, notou que eram pedras negras. Um cano dourado saia da parede a sua frente, trazendo a bacia da pia; a torneira parecia flutuar sobre esta. Um espelho que tomava a parede toda, do lado direito ao esquerdo. A um canto o vaso sanitário, de tampa abaixada e sobre esta um pano na cor igualmente negra, como as das pedras. Mas o que mais lhe agradou foi àquela banheira, grande e ovular, a água cristalina e as luzes das velas faziam um efeito lindo, refletido na parede, aquilo parecia ouro.
Da água que ondulava calmamente, soltava-se fracas brumas, demonstrando a temperatura quente da mesma. Foi despindo-se, a camisa escorregou pelo ombro, e com ela na mão avaliou o lugar mais próprio para colocá-la. No mesmo instante em uma das pedras afastou num ruído surdo, dando lugar ao que pareceu ser um cesto de roupas sujas. Jogou-a lá e fez o mesmo com o resto das vestes, até mesmo com a roupa intima. Seus olhos indo instintivamente para o espelho de parede toda. Observou o corpo, enquanto o cabelo lhe caia sobre o busto, com as costas das mãos o tirou de lá. Umidesceu os lábios, os dedos gélidos indo de encontro aos seios de bicos enrijecidos pelo frio. Tocou com leveza, somente com as unhas, e conforme foi descendo-as, sentiu que – sua pele como a de um pêssego – foi se arrepiando, eriçando-se a um toque tão simples. Respirou fundo afastando as mãos de si própria.
Com passos curtos, aproximou-se da banheira, colocou o primeiro pé, em reação ao aquecimento bem-vindo, sorriu, entregando-se a água e adentrando a banheira. Primeiro, ainda cautelosa, com medo que seu corpo escorregasse, depois, com prazer, estava mais uma vez sendo aquecida... Mais uma vez?
Abriu os olhos apressada, encontrando a sua frente às pedras refletindo cada ondulação da água.
Sim, mais uma vez. Não poderia admitir aquilo para outra pessoa, mas para si mesmo admitiria. Gostara daquele beijo.
Escorregou, afundando um pouco mais o corpo, os olhos fechando-se.
O beijo do louro era bom, o modo como se movimentava... Até aquele momento ninguém lhe mostrara tanta tara em um beijo... Nem Krum, nem Rony...
Apenas pressa, fora assim seu primeiro beijo com ambos, havia pressa e talvez fora isso que deixasse o beijo de Malfoy com um gostinho de “quero mais”, a calma com que agia. Não só prazer, mas amor. Amor? No que estava pensando?
Afundou-se um pouco mais, água cobrindo a cabeça, seu cabelo sendo limpo, sua face tento o frio aliviada com a água quente. Soltou o ar pelo nariz, pequenas bolhas subindo para a superfície e se estourando lá. Seu oxigênio... O fôlego que perdera naqueles poucos minutos. Levantou-se de presa.
“Merda, saí daqui Malfoy!” – bateu na cabeça, respingando água para fora da banheira.
Aquilo tudo, devia esquecer... Mas ele agira tão normalmente depois de tudo. Tudo bem que nunca ele pegaria em sua mão – enlameada – e a guiaria até o banheiro de sua casa, depois de beijar a menina à qual ele menos suportava.
E o pior, lhe daria abrigo numa noite tempestuosa!
Iria matá-la e enterrar seu corpo, só queria tirar proveito! Era isso, só poderia ser, não havia outra sugestão a não ser essa.
Não conseguiu mais relaxar para tomar o banho, pensava que a qualquer momento, ele passaria por aquela porta, varinha na mão e a mataria, o que não aconteceu.
Com uma compressa gelada encostada no nariz fez o sangramento parar e a inchação diminuir, mesmo assim seu nariz ainda se encontrava dolorido e maior que o habitual. Jogou a bolsa de gelo na direção da porta do banheiro, errou acertando a parede, olhou para os lados e constatou que não havia ninguém ali para ver seu erro, algo que seria muito humilhante. Olhou para a porta que levava ao corredor onde haviam outras portas para outros quartos, em um desses estava ela. Mas não tinha coragem o suficiente para levantar-se e ir ver como ela estava, sua coragem apenas lhe permitiu levantar um pouco o colchão da própria cama e pegar de debaixo desse uma das revistas que estivera pensando na mesma noite, para avaliar as fotos e os “textinhos” trouxas que ali haviam.
Não haveria problema dar umas olhadinhas, Granger, por vergonha – ela devia sentir pelo menos um pouco – não viria ao seu quarto. Puxou o edredom de cor escura e indefinível em conseqüência da pouca luz emitida pelas duas velas – uma a cada canto da cama sobre o criado mudo – e cobriu o corpo até a barriga. Deitado de lado, apoiou a revista na cama e abiu no editorial, nunca o lera e não seria agora que iria fazê-lo. Foi passando as páginas, a medida que os números na parte inferior iam aumentando – indicando a página – as cenas iam ficando mais picantes. Uma de suas mãos escorregaram para debaixo do edredom atingindo o próprio sexo, encontrando-o já estimulado pelo que seus olhos focalizavam. A mão sorrateira escorregou pelo abdômen, passando pelo elástico do short do pijama e atingindo o outro, da cueca, só mais uma barreira facilmente passada.
A mão gelada em comparação ao calor do corpo, tocou o membro. Draco mordeu o lábio inferior, contendo o gemido com o contato.
Deixou o corpo tombar pro lado quando começou a movimentar a mão, se masturbando. Os olhos fechados à ter as mesmas visões que tivera mais cedo, quando Hermione ainda estava na sala. O corpo arqueando-se de prazer contido, de gemidos presos, as mãos aumentando o movimento. Estava quase...
- Malfoy...
Uma voz rouca o fez abrir os olhos, a mão parando ao mesmo tempo, sentando-se viu quem temia ver. Hermione Granger estava parada ao batente da porta, trajando apenas o que lhe dera para dormir, a camiseta de um dos próprios pijamas, verde. Os cabelos que ainda se secavam com as condições que o tempo lhe dava, a cair pelos ombros, alguns fios espetando para cima.
Draco arriscou descer um pouco a mão que estava sobre o membro, o calor imaginário do corpo dela, dobrando agora. Com um lance rápido fez a revista ir ao chão. Sabia que estava vermelho, e seus cabelos lhe caiam sobre os olhos impossibilitando-o de ver as feições dela, assim como a pouca iluminação e a distancia.
- O que quer Granger? – foi mais seco do que tinha a intenção de ser, jogou a cabeça para trás, o cabelos tomando o mesmo caminho, mas outros fios voltaram a cair sobre sua testa e olhos, não se importou com esses.
- Nada – virou-se, a indiferença dele doera até em seus ossos. Parou, a mão indo à testa, os olhos fechando-se para pensar. Tinham de conversar. Tornou a virar no calcanhar e quando olhou para dentro do quarto o pegou olhando por debaixo do edredom, esse erguido um pouco pela mão que não estivera oculta. – Tu... Tudo bem aí?
Draco deu um leve pulo na cama, de susto. Pensou ter visto-a se virar para ir embora. Abaixou rapidamente o edredom e colocou a mão sobre o colo, a outra ainda oculta. – Está tudo bem sim. Vai ou não dizer o que quer? – quando a pergunta foi feita deu ênfase a sua duvida, uma resposta que lhe soaria perfeita e uniria o “útil ao agradável” foi : “Você”. E apenas essa palavra o faria pular da cama, esquecendo que estava excitado, jogando-a contra a parede e a beijando, tirando-lhe da posse do pijama...
- Eu tô... Confusa – coçou a testa próxima aos cabelos, escorregou os dedos para esse, e por alguns segundos seus dedos mantiveram-se presos por uma pequena poção de cabelo que se encontrava já embaraçado. Abriu mão disso, puxando os dedos e rasgando os fios.
Doeu, mas não demonstrou. – A gente pode conversar? – tentou perguntar normalmente, não dando impressão de que queria discutir a relação, afinal de contas a única relação ali era de ódio, até pelo menos uma hora trás. – É claro se não for incomodo... – tentou parecer educada.
- Pare de idiotices Granger – franziu levemente a sobrancelha. – Anda, sente-se logo, estou cansado demais para me retirar do quarto e ir até o seu ou a sala. E não espere que eu lhe ofereça um café ou chá – como conseguia, mesmo na situação em que estava, ser tão rude com ela. Estava no seu sangue, tratar mal à ela. – Se não vou me levantar para ir a um cômodo aqui do lado, quem dirá ir a cozinha preparar algo para você – recuou as costas, encostando-se à cabeceira da cama.
Respirou fundo, não pensara em chamá-lo para seu quarto, apenas para conversar. E quem falara em café ou chá? Muito por que, não gostava mais de nenhum dos dois. Adentrou o quarto com o orgulho a se debater dentro de si. Olhou-o parando aos pés de sua cama.
- Posso me sentar? – perguntou meio irônica, temendo que a frescura dele a repelisse assim que se encostasse em seu leito.
- Se espera prolongar mais a conversa sim, se não pode manter-se em pé – sua mão, a que ainda se encontrava debaixo do edredom, tomava agora a mesma temperatura dos órgãos. Voltou a jogar a cabeça para trás, os fios foram, mas meia dúzia de mechas voltaram a lhe cair sobre os olhos.
Hermione crispou os lábios, ia sentar-se, mas ele a fez parar.
- Sente-se mais para cá. Não quero que grite – sorriu com o canto dos lábios, mas na verdade sua intenção era outra. Quem sabe seus desejos gritassem mais alto que a razão?
Pelo menos uma atitude benéfica ele tivera, pelo menos uma gentileza. Caminhou até o lado em que ele estava, queria que o rapaz a ouvisse muito bem.
Draco fitou-a de perfil, fora assim que ela sentara, em relação ao seu corpo ela estava de lado. Os olhos fitando a janela a frente, compenetrados. Houve um mínimo tempo em que se perguntou em silêncio o que ela queria lhe falar...
- Por que fez aquilo lá fora? – não separou seus olhos da cortina na janela, que escondia o mundo lá fora.
- Sinceramente falando? Fui tomado por impulso, Granger. Se não foi do teu agrado, posso viver com esse desgosto... – olhou para baixo, para a mão sobre o edredom.
- Quem é você afinal de contas? – olhou-o, virando-se, uma de suas pernas se dobrando deitada sobre a cama. Sentindo o tecido macio do que o cobria.
- Se eu soubesse lhe contaria – olhou-a com um simples sorriso, não era o mesmo sorriso que ele vivia exibindo, tão pouco algo safado. Mas simples. E somente isso.
Gostou de olhar nos olhos dele, podendo se aprofundar no azul-acinzentado sem sentir medo ou notar desdém. Seus olhos também tocaram a face dele, e notou-a rósea como nunca estivera. Malfoy não estava vermelho de raiva, e sim de constrangimento. E isso se certificou quando ele baixou a cabeça.
- Não devia olhar assim para as pessoas Granger... Podem querer lhe matar por isso – a mão direita levantou-se atingindo a nuca, massageou-a um pouco, enquanto mexia com o pescoço, fazendo-o estralar. Voltou a olhá-la.
- As pessoas Malfoy, ao contrario do que você pensa sobre elas, não teem o coração feito e lapidado de gelo – sua resposta foi um tanto ignorante à pergunta dele. Observou-o baixar mais uma vez a cabeça, dessa vez a outra mão retirou-se de dentro do edredom.
- O que acha que tem dentro de mim Hermione ? Uma pedra de gelo? Ou que não tem nada? – perguntou ainda sem ter a petulância de encará-la.
- Eu acho que você é oco Malfoy – nem notara que ele falara seu primeiro nome, lhe dando também intimidade. - Nada – passou a mão no nariz, coçando-o.
– Eu tenho bem mais coisa do que você e qualquer outra pessoa têm. Eu sou tão humano quanto você ou o seu amiguinho Potter-Perfeito é...
- Não fala do Harry! – exclamou. – Você não faz idéia do que ele já passou nessa vida.
- Cala a boca – gritou ele indo inconscientemente para cima dela, os olhos com um brilho estranhos, marejavam em lágrimas.
- Não me manda calar a boca – devolveu no mesmo tom, dando a cara à tapa. – E não se compara ao Harry não.
Não era obrigado à ouvi-la defendo o Preferido-Perfeito-E-Amado-Potter. Levantou-se, indo na direção do banheiro, mas antes de alcançar metade do caminho voltou-se para ela.
- Por que você o defende? – apontou-lhe o dedo. – Por que o coitadinho não teve pai nem mãe? Por que eles morreram tentando salvá-lo? Que merda Hermione! – girou, estava perturbado. Apanhou o porta retrato sobre o criado mudo. – Está vendo isso daqui?
Hermione que estava assustada, olhou para a foto onde Narcisa e Lucio Malfoy sorriam falsamente. Concordou com a cabeça.
- Eu preferiria que eles tivessem morrido antes que eu fizesse noção do que é o medo! – com força jogou o retrato no chão. O barulho de vidro se estilhaçando foi alto.
Mione puxou as pernas para cima da cama, tentando proteger os pés dos pequenos cacos de vidros que voaram para todos os lados.
- Ele – apontou para a testa, indicando a cicatriz de Harry – Ele tinha e sempre teve amigos, as pessoas a sua volta o amavam... Eu? Nada! Apenas dinheiro! – abriu uma das gavetas. Dessa apanhou alguns nuques. – E isso Hermione! Isso não compra nada! – jogou-as também ao chão.
Granger estava realmente assustada, os olhos arregalando-se gradualmente. Uma manifestação de revolta de Draco Malfoy era assustadora. Por que ele gritava, apanhava coisa e jogava-as ao chão e pisava sobre cacos, sem reclamar dos cortes que eram feitos.
- Amor e carinho! Que porras são essas?! - parou de repente, os olhos mais vermelhos, os caminhos das lágrimas que pela face rolaram ainda reluzindo a luz da vela. estava parado a sua frente, a um metro de distancia. As mãos rentes ao corpo, o peito erguendo-se, arfava e na face nenhuma lágrima. – Nunca tive isso na minha vida... O Potter não... Foi mais amado do que eu poderia ser em anos de existência e mesmo assim é um ingrato....
Draco parecia uma criança que crescera demais. Então era isso. Malfoy invejava todo o carinho e amor que Harry recebia, seus ataques à ele era só pra lhe causar dor, para que Harry não tivesse somente amor em sua vida. Mais uma vez naquela noite, sentia dó daquela pessoa a sua frente.
- As pessoas olham para ele, e não vêem seus defeitos, apenas as qualidades. Comigo é ao contrario... Sou o retrato vivo da crueldade, sempre me desenham ao centro de uma tragédia, sempre do lado mal... Sou ignorante, sou desprezível e nojento... Mas sou um ser humano.... E te amo Hermione. Mesmo não sabendo o que é o amor, mesmo sabendo que sou pra você o que sou pras outras pessoas – bateu os braços no corpo. – E foi por isso que te beijei... E é por isso que lhe trato tão mal... Por que se lhe dissesse o que sinto, me machucaria mais...
Agora estava em estado de choque, mais uma vez ele conseguira ser único sem a intenção de ser inesquecível. Ninguém jamais dissera que a amava naquela vida, achava até que era impossível terem tal sentimento por si.
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N/A:.: Quero agradecer pelos comentários e pelas boa notas dadas a essa fan-fic. Eu havia feito a capa já fazia alguns meses e não tinha idéia de como começar, vejo agora que valeu a pena começa-la meses depois da capa.
Espero que continuem lendo-a. Acho que as idéias são legais para o desenvolvimento dela.
Fazendo um pouco de marketing... O nome do próximo capítulo será...
Insônia e Verdade: Uma noite de amor
Aguardem!
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