CAPITULO 4 - UM PRESENTE DO DE



CAPITULO 4 - UM PRESENTE DO DESTINO

Na noite após a volta do Carvahall, Harry decidiu testar a pedra como Merlock havia feito. Sozinho em seu quarto, ele a colocou na cama e pôs três ferramentas ao lado dela. Começou com um martelinho de madeira e bateu na pedra levemente. Aquilo produziu uma reverberação sutil. Satisfeito, pegou a ferramenta seguinte, um pesado martelo para couro. Um toque lúgubre repercutiu no momento do impacto. Finalmente, bateu com uma pequena talhadeira na pedra. O metal não lascou ou arranhou a pedra, mas produziu um som bem claro. Quando a nota final ia se esmorecendo, achou ter ouvido um fraco grunhido.
Merlock disse que a pedra era oca. Poderia haver algo valioso dentro dela. Mas eu não sei como abri-Ia. Deve haver algum bom motivo para alguém tê-la esculpido, mas seja lá quem tenha mandado a pedra para a Espinha não se deu ao trabalho de ir pegá-la ou não sabia onde ela estava. Mas não acho que um mago que tivesse poderes bastante para transportá-la não fosse capaz de reencontrá-la. Então, será que era o meu destino ficar com ela? Ele não conseguia responder à pergunta. Submisso a um mistério insolúvel, recolheu as ferramentas e voltou a colocar a pedra na prateleira.
Naquela noite, foi despertado abruptamente. Escutou com cuidado. Tudo estava em silêncio. Inquieto, passou a mão por baixo do colchão e agarrou sua faca. Esperou alguns minutos, depois, lentamente, voltou a cair no sono.
Um chiado quebrou o silêncio, voltando a despertá-lo repentinamente. Saiu da cama e puxou a faca para fora da bainha. Manejando atabalhoadamente uma pederneira, acendeu uma vela. A porta do quarto estava fechada. Embora o chiado tivesse sido alto demais para ser o de um camundongo ou de um rato, ele, ainda assim, olhou embaixo da cama. Nada. Sentou na beirada do colchão e esfregou os olhos, com sono. Outro chiado encheu o ar, dando-lhe um grande susto.
De onde vinha aquele barulho? Nada poderia estar no piso ou nas paredes, pois eram feitas de madeira maciça. O mesmo valia para sua cama, e ele teria notado se algo tivesse entrado no seu colchão de palha durante a noite. Seus olhos depararam-se com a pedra. Ele tirou-a da prateleira e segurou-a distraidamente enquanto examinava o quarto. Um chiado ecoou nos ouvidos dele e reverberou em seus dedos. O som emanava da pedra.
A pedra não lhe tinha dado nada além de frustração e raiva e, agora, nem o deixava dormir! Ela ignorou seu olhar furioso e ficou imóvel, piando ocasionalmente. Depois, soltou um chiado muito alto e ficou em silêncio. Harry guardou-a cuidadosamente e voltou para debaixo dos lençóis. Fosse qual fosse o segredo que a pedra guardava, teria de esperar até a manhã seguinte.
A lua brilhava através da janela quando ele acordou de novo. A pedra estava se chacoalhando rapidamente na prateleira, batendo contra a parede. Estava banhada pela fria luz do luar, que deixou sua superfície esbranquiçada. Harry pulou da cama, faca na mão. Os movimentos pararam, mas ele continuou tenso. Depois, a pedra começou a chiar e a chacoalhar mais rápido do que nunca.
Reclamando, começou a se vestir. Não queria saber o valor que a pedra poderia ter, ele ia levá-la para longe e enterrá-la. A pedra parou de chacoalhar e ficou quieta. Tremulou, depois rolou para a frente e caiu no chão, produzindo um baque seco. Ele afastou-se em direção à porta, assustado, pois a pedra rolava na sua direção.
De repente uma rachadura apareceu na pedra. Mais outra e outra. Petrificado, Harry inclinou-se para a frente, ainda segurando a faca. No topo da pedra, onde todas as rachaduras se encontravam, um pequeno pedaço se mexeu, como se estivesse se equilibrando em cima de alguma coisa, em seguida se ergueu e caiu no chão. Depois de outra série de chiados, uma pequena cabeça escura saiu pelo buraco, seguida de um estranho corpo distorcido. Harry agarrou a faca com mais força e segurou-a imóvel. Logo, a criatura havia saído completamente da pedra. Ela ficou parada por um momento, depois, agitou-se em direção ao luar.
Harry recuou chocado. Em pé, na frente dele, lambendo a membrana que o envolvia, estava um dragão.



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